Beethoven Virus escrita por AnneWitter


Capítulo 3
Compasso Composto


Notas iniciais do capítulo

-Cap Não betado

—Novamente obrigada pelos comentarios, e espero que gostem desse capitulo!

—Bjokas e não se esqueçam de deixar review!



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Ichigo olhou a lanchonete defronte ao cinema com um olhar observador, procurando entre as pessoas sentadas – que conversavam alegremente – a ruiva. Ele tinha prometido para ela mais cedo que a levaria para o cinema, e devido a isso combinara com ela que se encontrariam diante deste ás 19 horas, e já eram 20 horas e Ichigo não a encontrou e a sessão que ele comprara os ingressos começaria dali dez minutos.

'Onde você está?' digitou em seu celular, para logo em seguida – pela quinta vez - mandar uma mensagem para ela.

Orihime não atendia o celular e tampouco respondia suas mensagens, aquilo estava começando a preocupar ele. Ichigo continuou a observar o local, o shopping estava realmente lotado naquele dia, apesar de ser meio de semana, e isso estava dificultando na parte de procurá-la, mas uma coisa ele tinha certeza, caso estivesse por ali certamente já teria visto-o, ou mesmo respondido suas mensagens... Mas onde ela estaria então?

Ele suspirou impaciente, seu nervosismo misturava-se com sua preocupação, fazendo ele ficar sem saber qual era maior naquele instante.

Talvez fosse a preocupação, percebeu quando chegou uma mensagem de texto em seu celular. Apressado ele o abriu.

'Acabei de sair da escola'

Ele olhou inicialmente sem entender corretamente aquela mensagem, para logo se lembrar da conversa que tiveram após a aula de violino.

'-Que horas nos encontraremos? - perguntou Orihime enquanto guardava suas coisas.

-As 19 horas.

-Hum, eu terei que voltar para escola depois do almoço, por isso nos encontraremos lá, ok? - disse ela sorrindo.

Ele carinhoso tocou-lhe o rosto e num gesto de cabeça concordou.

-Somente não demora, ok?

-Ok. - Hoje não terei treino com o professor, portanto não será demorado.

-E porque então você virá, já que não será uma aula com o professor?

Ela fechou sua maleta cuidadosamente, ainda não havia falado para ele que queria tentar novamente a regência, mesmo depois dele lhe dizer que o melhor era ela continuar somente com violino, afinal, como ela mesma havia falado, reger uma orquestra não era realmente o sonho dela, ela somente quis aquilo por causa dele – o que, apesar de não ser uma mentira, não era toda a verdade.

-Tenho que treinar, ouvi mais cedo que o meu violino dar náuseas.

Ichigo franziu o cenho diante dessa fala e, a olhou com curiosidade.

-Náuseas?

-Sim.

-E quem disse isso? - indagou enquanto se encostava numa cadeira.

-Um aluno... Bem tenho que ir, depois a gente conversa.

Os dois se aproximaram, era ainda estranho para ambos aquela parte do relacionamento, ele ser carinhoso com ela e vise versa, era já algo natural, mas beijarem-se era algo tão estranho que raramente ele faziam aquilo. Renji, um amigo comum deles – que também estudava violino – dizia que aquilo significava somente uma coisa: Os dois não foram feitos para se namorarem, e teimar nisso somente destruiria a amizade deles. Nem Ichigo e nem Orihime ouvia essas palavras dele, mas todas as vezes que se beijavam as terríveis palavras assaltavam a mente de ambos, como que alertando para a realidade, qual eles queriam negar.

Após o rápido beijo Orihime saiu da sala com pressa, como se estivesse receosa em ficar ali e ter que beijá-lo novamente... Aquilo realmente era estranho num relacionamento como aquele...'

Orihime ouviu sempre de seu irmão que se tem que fazer alguma coisa, que a faça direito, nunca faça errado ou pela metade. Contudo Orihime não conseguiria fazer aquilo de forma alguma, nem meio nem certo, ou errado... De forma alguma! Concluiu quando finalizou aquela música.

O rapaz a olhava como se ela tivesse acabado de assassinar toda a sua família, e que ainda estivesse rindo para ele, como se aquilo fosse a coisa mais engraçada. E pior ela realmente estava sorrindo, mas não porque achava aquilo divertido, mas sim porque não tinha outra coisa a fazer, ela estava completamente sem jeito e talvez sorrir resolvesse. Ela descobriu que não.

Ele sem dizer nada caminhou-se para a porta e abriu num estrondo, sobressaltando-a.

-Fiz alguma coisa de errado? - perguntou ela abaixando seu violino.

Ele virou-se para ela lentamente.

-Não, mas seu professor certamente. - disse friamente, a olhando com um olhar que Orihime estava acostumada a receber somente em concursos ou audições, olhares esses que sempre deram a ela motivos para decidir da música – Ichigo era quem a levantava, sempre ele.

-E o que o Sr. Urahara fez de errado? -perguntou inocentemente, tentando ignorar aquele olhar tão gélido.

-Colocou você para treinar comigo. - suas palavras saiam de uma forma tão naturalmente indiferente -frias – que dava a certeza em Inoue que eram completamente verdadeiras, não havia verdade além daquelas palavras.

-Toquei Bach tão mal, para que diga algo assim? - disse tentando sorrir, mas falhando miseravelmente.

-Era concerto de Bach para violino?

Aquela pergunta a fez perder o chão.

-Você não havia reconhecido?

Ele simplesmente balançou a cabeça num lento não. Neste Instante Urahara colocou-se diante da sala, olhando com curiosidade o rapaz próximo a porta, e Orihime com um semblante raramente visível em seu rosto – algo que lembrava a extrema tristeza.








-Alguma coisa de errado?

O moreno olhou para o recém chegado com certa contrariedade, que somente era visível em seu olhar.

-Não estaria se você tivesse seguido as minhas orientações.

Urahara sorriu abertamente para o rapaz, seus cabelos loiros estavam sobre seus olhos, contudo o moreno conseguia enxergá-los muito bem, e via neste o que a expressão sorridente tentava esconder – Antipatia.

-Não seja tão chato, Schiffer-san, algumas mudanças ás vezes é bom. – piscou-lhe o olho. – Agora deixe-me ouvi o que estão treinando.

Ulquiorra contrariado deu passagem para ele encostando-se em seguida na parede, para então cruzar os braços. Orihime olhou para Urahara receosa entre continuar em sua posição ou começar a tocar. Vendo que ambos a olhava resolveu por iniciar a tocar.

Novamente ela começou a tocar o concerto de Bach para violino em lá menor. Um concerto alegre, escrito nos primeiros anos de carreira de Bach, quando ele era mestre –de-capela em Cöthen. Bem antes, portanto, de tornar-se diretor de coro, em Leipzig, ou de assumir o Collegium Musicum, onde ficou até morrer.

Urahara instantaneamente ficou sério quando ela começou a tocar, sentindo a vibração que seu violino passava através daquela peça, tão contagiante que ele parecia que a qualquer momento tomaria o rapaz presente para iniciarem uma valsa. Mas não era sempre assim que ele se sentia quando Inoue tocava? Alegremente contagiado, contudo o que ela tocava não atingia realmente sua alma, não o fazia ser levado para outro lugar, ou mesmo trazia dentro de si o sentimento real daquela música. Orihime ainda não conseguia trazer isso á tona.

E talvez fosse por isso que Ulquiorra a olhava com censura.

-Basta. – disse o moreno um tom cortante, sem levantar a voz.

Orihime parou o arco sobre as cordas do violino mirando-o surpresa, Urahara também o olhava, não surpreso, e sim intrigado.

-Ouça.

Ao dizer isso Ulquiorra abriu sua maleta e tirou dali seu violino e seu arco, ele suspirou profundamente e fechou os olhos. Inoue abaixou seu instrumento quando o rapaz começou a tocar. Nem ela e nem Urahara conseguiu conter-se, ambos em menos de segundos estavam de olhos fechados, seguindo de boa vontade para onde aquela melodia queria os levar.

Orihime se viu num campo florido, onde as flores pareciam desprovida de cores. Suas pétalas longas – que fazia a ruiva lembrar-se de girassóis – eram cinza, embora todo o resto, as árvores ao longe, as folhas das flores, o céu, proviam de cores alegres e vibrantes.  Ao som daquela melodia harmoniosa  - conseguindo sentir cada nota retirada daquele violino envernizado de cor vinho – ela seguia entre as flores cinzas. Um vento envolvente tocava sua pele a cada passo, enquanto o violino ganhava uma sonorização calma e suave... Inoue sentia tudo ao seu redor enquanto ouvia aquela música, como se ela realmente estivesse naquele lugar, envolvida ela cheirou uma das flores, essa não exalava aroma algum, tão morta quando sua cor – algo estava faltando ali.

Ela olhou todo o campo, passos e passos longe dali estava aquele que construirá para ela aquele cenário, tocando de olhos fechados seu violino cor vinho.   Cuidadosa ela seguiu para aquela direção, sentindo as notas dele iam de encontro á ela, mas nenhuma dela lhe trazia o complemento daquele lugar. As cores e aroma daquelas flores... Antes de se aproximar dele a música acabou quebrando como um quadro de vidro todo o cenário, a puxando de volta para realidade.

Orhime e Urahara abriram os olhos ao mesmo tempo. Ulquiorra já estava com o violino abaixado.

-Você tinha a peça toda gravada em sua mente, como eu? – indagou Orihime sorrindo.

-Sim tenho toda a peça gravada em minha mente, mas não como você. – respondeu cortante.-Agora que o senhor ouviu o que estamos treinando poderia nos deixar sozinhos?

-Que garoto. – disse Urahara rindo. – Tudo bem, até manhã. – e saiu sem dizer mais nada encostando a porta atrás de si.

Orihime voltou-se para Ulquiorra receosa.

-Como eu disse, você não tem a peça toda em mente, somente fragmentos dela, as lacunas você está preenchendo com coisas sem sentidos. Eu realmente estou me perguntando o que seu professor faz nas aulas para você ser tão indisciplinar. Pegue sua partitura de Bach.

Orihime o olhou confusa, da mesma forma como fizera quando ele entrou, sem pedir licença, uma hora atrás dizendo que iria treinar com ela a pedido do professor Urahara. Ele não havia ido a aula de mais cedo, e ainda sim parecia ter todo o controle sobre o professor, e agora sobre ela, como se fosse o dono daquele lugar.Qual fosse o intuito daquele professor louco, ou daquele violinista arrogante, não era algo que a ruiva conseguia compreender.

Ainda perdida naquilo tudo ela pegou sua partitura que demonstrava nitidamente que raramente foi usada de tão conservada.

-Tsc. – emitiu ele em respostada a aquela visão.

Orihime pegou uma da estante de partitura que se encontrava na sala e colocou diante de si, para em seguida depositar o livreto sobre ela.

-Olhando-a, toque novamente.

Ela olhou as paginas na sua frente, algo começava a lhe dizer que teria uma longa e cansativa tarde pela frente...


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