Ele respirou fundo e começou:

"Antes que você tenha uma síncope, vou lhe explicar porque esse lugar é importante. Bom, importante para mim, pelo menos. Aqui foi o local em que tudo começou. Essas ruínas foram, um dia, o meu lar. Com a guerra, a minha casa foi destruída e reconstruída no local onde é hoje.

Isso quer dizer que conheci Katherine aqui e que, portanto, fica mais fácil para mim pensar em tudo. Quer dizer, eu estou tentando lembrar muito do que aconteceu naquela época e uma ligação com o passado reaviva minha memória. E essa é a única que eu tenho.

Além do mais, aqui é um lugar mais afastado da cidade, podemos ter privacidade. Aqui posso tentar te convencer de que podemos ficar bem novamente."

Ele parou por um instante, com olhos cheios de esperança. Eu ainda não o tinha perdoado completamente, mas estava perto disso. Ainda assim, não disse nenhuma palavra. Ele continuou:

"Lembro-me de Katherine me falando sobre esse tal amuleto. Acho que ela nunca chegou a especificar o que era, mas disse-me que precisava protegê-lo. A história que ela me contou foi que um bruxo muito poderoso era casado com uma mulher Petrova - o verdadeiro sobrenome de Katherine - e que essa mulher o traiu. Ao que parece, o pai da criança era um vampiro. Sabemos todos que vampiros não procriam, mas a raiva do bruxo era tanta que ele fez com que nascesse uma criança dessa relação - uma criança que seria amaldiçoada. A mãe, por ter sido infiel, passou por uma gravidez extremamente difícil, sofrida, além de saber que seu bebê seria um monstro, como o pai. Após nove meses de sofrimento, a mãe morreu no parto.

O bruxo criou o bebê - Margarett, se não me falha a memória - até que a menina fosse grande o suficiente para compreender a sua sina. Assim sendo, no 16° aniversário de Margarett, o bruxo entregou-lhe este amuleto como uma espécie de presente. Junto com o amuleto, havia um bilhete dizendo que ela deveria proteger o artefato até que a próxima doppelganger aparece-se. A menina poderia levar uma vida normal, contudo, depois que sua primeira filha mulher nascesse, ela deveria se transformar em vampira, garantindo que seria ela em pessoa que entregaria o amuleto à próxima Petrova. A história se passa, então, de doppelganger para doppelganger e o resto, como você sabe, é lenda”.

Pensei naquilo por algum tempo, Stefan observou o meu silêncio apreensivo, mas, ainda assim, paciente.

Quando finalmente consegui falar alguma coisa, perguntei:

-Quer dizer que, cedo ou tarde, eu vou ter que compartilhar um segredo com o Outra? Quer dizer, a Outra vai me chamar para um passeio e eu simplesmente terei que aceitar???

Stefan ergueu uma sobrancelha e indagou, tentando parecer sério, mas deixando escapar um riso:

-A Outra?

Fiquei vermelha no mesmo instante. Esqueci completamente que eu não usava este apelido na frente do Stefan. É claro que Damon sabia, mas Damon não ligava para ela.

Mas Stefan ligava. Tínhamos nos afastado por este motivo.

Tentei disfarçar emendando um “a outra doppelganger”, sem soar nada convincente. Eu era uma péssima mentirosa.

Stefan agachou na frente do balanço, colocando uma mão no meu joelho enquanto colocava uma mexa do meu cabelo atrás de minha orelha e disse:

-Anjo, não existe “outra”. Existe “única”. Existe a Elena e só a Elena.

Fiquei ainda mais tímida, olhei para os meus joelhos. Stefan tinha tirado a mão de lá.

-Elena... – ele começou novamente – Querida, eu já disse isso antes, mas sei que preciso repetir. Meu amor, não há mais ninguém no mundo que eu queria chamar de “minha”, mais ninguém que ilumine o meu dia com um simples sorriso, mais ninguém que aqueça meu coração com um simples olhar, mais ninguém que me faça sentir protegido com um único abraço. A única pessoa em todo o planeta capaz disso está sentada bem em minha frente, com os olhos tristes e expressão apreensiva. E o pior de tudo, é que eu nem sei como convencê-la de que tudo o que eu acabo de dizer é verdade e, principalmente, não sei como devolver a alegria aos seus olhinhos castanhos. Então, Elena, se você se convencer de que eu estou sendo sincero, diga-me como posso compensá-la e eu farei. Eu te amo, Elena. Amo você e só você.

E antes que eu pudesse perceber, Stefan me mostrava uma caixinha de joia que eu não vira de onde ele tinha tirado. Ele continuou:

-Elena Gilbert. Agora, mais do que nunca, sei que encontrei o amor da minha vida. Levei quase 200 anos para encontrar o amor, mas agora que tenho você, tenho certeza que finalmente o encontrei. Elena – ele abriu a caixinha, revelando um anel delicado com aro de prata e uma grande pedra azul, como a que havia em seu próprio anel – isto aqui é o meu amuleto para você. Lápis Lazúli não protege somente vampiros do sol. Diz-se que esta pedra é uma fonte de proteção para todos e que quando você estiver usando ela, jamais se sentirá sozinha. Pegue este presente e mantenha-o com você, pois, o que quer que seja que te espera, você precisará de proteção. E sempre que você estiver se sentindo solitária, lembre-se de mim e do quanto eu te amo. Este anel será, se você aceitar, a nossa aliança, símbolo do que somos juntos.

Fiquei sem palavras, algo que se tornara habitual desde que conheci Stefan. Fiz a única coisa que pude fazer naquele instante.

Levantei minha mão direita e deixei que ele colocasse o anel em meu dedo, lugar de onde ele jamais sairia.