-Elena, não olha agora, mas tem um cara encarando você.

-Quem?- eu disse olhando rapidamente para trás.

Eu devo ter feito uma careta muito feia quando vi aquele menino lindo me olhando do outro lado do corredor, senão ele não teria fechado o rosto e saído pela porta à direita rápido de mais, como ele fez.

Mas que estranho, eu pensei. Alguma coisa no meu rosto o fez ficar desolado. Uma reação totalmente atípica para quem nunca me viu na vida.

-Meu Deus, Elena! Eu disse para você NÃO olhar! E como você consegue afastar os caras tão rápido quanto consegue atraí-los? Podia usar um pouco da sua beleza e charme para atrair alguém, mas sem assustá-lo, né? Ter um namorado é saudável, você sabia? E nenhum deles vai te morder, bem a não ser naquelas horas...

-Por que eu sempre atraio homens estranhos, Caroline? – Eu disse interrompendo todo aquele falatório. – Quer dizer, eu não fiz nada para afastar aquele cara. Eu só olhei para ele.

-Bom, eu não sei. Mas você é mesmo um ímã para pessoas esquisitas.

-Eu cansei disso, Caroline. Eu vou ir atrás dele. Ao menos uma vez eu vou ter uma resposta do porque as pessoas são tão estranhas comigo.

-Elena, você não pode...

Mas eu já estava indo. Saí pela mesma porta que ele. Pela janela do corredor em que entrei vi que ele seguia em direção ao campo de futebol. Comecei a correr para alcançá-lo.

Quando cheguei lá, ele estava sentado na arquibancada resmungando algo que eu não podia entender.

Fiquei parada ali por uns instantes observando. Ele pareceu não notar minha presença.

Só agora que eu chegara mais perto podia ver como ele era lindo. Mas não só isso. Agora eu podia ver detalhes que não tinha visto no corredor.

Aquela boca bem definida e o cabelo ondulado. Os braços fortes e as mãos grandes. E os olhos. Olhos tão verdes que me fizeram perder a noção de tempo e de espaço.

Só voltei a mim quando vi que ele me encarava com a cara amarrada. Ele finalmente percebera minha presença e parara de falar. Então respirei fundo e perguntei:

-Por que você fugiu de mim no corredor?

Ele me olhou com um olhar de reprovação e respondeu:

-E por que você fugiu de mim em 1864, Katherine?