Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 48
Um Pouco dos Dois.


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo, boa leitura!



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POV. Edmundo.

Estavam todos reunidos para o café da manhã, mas deixei para conversar sobre Julian após a refeição, quando poderia falar a sós com Pedro e Caspian. Houveram alegres cumprimentos durante todo o café da manhã, mas ainda se notava o clima pesado, principalmente quando soubemos das mortes durante o ataque da Feiticeira.

E, por Tirian, também soubemos de como Lilliandil havia “sido estritamente fundamental para salvar a todos da morte certa”. Ela, corava. Ele, a vangloriava. E nós, bem, nós notamos claramente a queda dos dois um pelo outro.

Susana e Caspian pareciam estar em outro mundo sozinhos, com Pedro e Rany era a mesma coisa, mas nesses últimos havia um brilho a mais que não estava ali antes. Lúcia comia calada, sentada entre Susana e Lilliandil, com o rosto levemente inchado. Lilliandil estava corada, pois Tirian não se cansava de repetir tudo o que aconteceu no acampamento. Aposto como ele nem se deu conta da falta de Julian. Rillian estava de poucos sorrisos e várias vezes o encontrei com o olhar perdido. E quanto a Jay, ela ainda estava muito abatida.

De vez em quando lancei olhares para ela, sentada ao meu lado, mas ela não correspondeu em nenhum momento. Ela não era mais a mesma desdes aquele dia, se esforçava para parecer diferente, mas não conseguia muito. Eu queria ajudá-la, queria consolá-la, mas então lembrava de que era eu o responsável por esse sofrimento. Certo, não fui eu quem cometi o crime, mas fui eu quem mandou à morte o criminoso. Mesmo não tendo culpa me sentia culpado. Na noite do ocorrido, fiquei acordado até que ela pegasse no sono, afagando seus cabelos, mas desde aí formou-se uma fina barreira em volta dela a qual eu ainda não conseguira ultrapassar. Jay estava no meio de uma ponte de corda, sobre um abismo. Eu estava de um lado, Julian de outro e as cordas arrebentavam. Ela tinha que correr para um dos lados e eu temia que fosse para o lado de Julian.

Ela parou de comer, encarando a fatia de torta ainda pela metade com uma mão segurando o garfo e a outra debaixo da mesa, sobre a coxa. Estiquei minha mão e segurei a sua, mas ela deslizou sua mão da minha e voltou a comer. Suspirei, voltando a prestar atenção no que Pedro me dizia.

Quando terminamos de comer, chamei ambos para uma conversa no gabinete onde eu os atualizei sobre os acontecimentos aqui, contei sobre meu casamento com Jay logo no dia em que cheguei e a chuva de raios, passei a eles meus rabiscos sobre o prejuízo causado pelas torres que caíram e tentei ao máximo evitar o assunto principal. Mas Caspian acabou por perguntar.

–Achei que o encontraria feliz depois de seu casamento, Edmundo. - comentou ele, enrolando o pergaminho com meus rabiscos.

–É mesmo – concordou Pedro. - Aconteceu alguma coisa?

Soltei o ar pela boca.

–Jay está chateada comigo.

–Nossa, casaram há poucos dias e já tiveram brigas? - admirou-se Pedro.

–Quem dera. - confessei. - Na noite da chuva de raios... - então contei o que aconteceu, até o jeito que Julian falou comigo. Não entrei muito em detalhes, mas quando soube o que ele fez com Lúcia, Pedro ficou pálido e no segundo seguinte bateu na mesa, com o rosto vermelho.

–ELE FEZ O QUE?!

–Eu também fiquei furioso. - falei vendo-o franzir a boca, as narinas inflando. - Julian está preso nas masmorras. E eu o sentenciei à execução, como manda a lei. - A raiva de Pedro pareceu amenizar quando deu-se conta de minha situação. - Eu disse à Jay que queria esperar o retorno de vocês para ver o que fazer, mas...

–Ele traiu uma Rainha, não podemos passar por cima disso. - disse Caspian.

–É... Eu sei.

–Jay ama você, Ed, vocês vão se entender. Tente falar com ela. - falou Pedro.

–Assim espero.

Segundos de silêncio.

–Espera aí – Caspian balançou a cabeça de um lado a outro, como se estivesse vendo duplo ou tivesse perdido alguma parte importante. - É impressão minha ou o Pedro acabou de dar um conselho amoroso?

–Eu acho que foi isso mesmo, Caspian. - não pude deixar de rir um pouco. Pedro rolou os olhos.

–Acho que alguma coisa aconteceu entre ele e a Rany para chegar a esse resultado. - disse Caspian e eu entendi que se referia a eles estarem juntos finalmente, mas Pedro demonstrou uma reação inesperada. Caspian e eu o olhamos esperando um pronunciamento, mas logo nos entreolhamos com descrença. Voltamos a olhar Pedro. Não pode ser...

Era impressão minha... Ou o Grande Rei Pedro estava vermelho...?

POV. Pedro.

Enquanto Caspian e Edmundo me encaravam com expressões descrentes e curiosas, eu hesitei em falar qualquer coisa, revendo em minha mente o que provavelmente responderia a indagação no rosto de ambos.

Assim que cheguei – depois de tomar um belo banho, claro – fui ver Rany. Eram altas horas da noite, mas eu estava movido pela imensa saudade que sentia dela, porém hesitei ao chegar em frente ao seu quarto. Não queria acordá-la. Quer dizer, queria sim, e tenho certeza de que ela não se importaria. Bati na porta.

–Escuta aqui...! - brigou ela, mas parou ao me ver. Eu sorria por finalmente ouvir sua voz enquanto ela ficou parada à porta como se estivesse em estado de choque, com os cabelos bagunçados. Parecia não acreditar que me via e vê-la de camisola fez meu coração acelerar. Acabei tirando proveito disso, indicando a vestimenta com o queixo.

–Gostei da camisola. - falei surpreendendo a mim mesmo. Antes de viajar eu não teria coragem de lhe dizer uma coisa dessas, muito menos de vir ao seu quarto tão tarde, mas a distância me fez ver como estava sendo tolo em esperar. Ela corou e sorriu, ajeitando o cabelo atrás da orelha.

–Obrigada.

Mais silêncio. Até que voltei a falar.

–Sinceramente, eu achei que você pareceria mais feliz com meu retorno. - eu estava nervoso, muito nervoso, mas para meu alívio, ela riu um pouco.

–Desculpe. - pediu, envergonhada. - Eu... Só estou surpresa. As batidas na porta me acordaram num susto, num momento eu estava de frente para um bolo de chocolate e agora estou olhando para você que estava a milhas de distância, o que me deixava morta de saudades e acho que eu estou um pouco zonza...

Nós rimos. Bolo de chocolate. Isso é a cara da Rany.

–Bem – comecei, interrompendo-me em seguida. Sem hesitar mais, puxei-a para um beijo. Eu não fazia ideia da minha saudade até transmiti-la para aquele beijo ardente. Pegara Rany de surpresa e deixei os braços firmes à sua volta. Nenhum beijo antes foi tão intenso. Ela passou os braços em volta de meu pescoço, correspondendo da mesma forma. Interrompi o beijo depois de um tempo, porém não desfiz o abraço.

–Estou tão feliz que você tenha voltado. E vivo! - disse ela, sorrindo de orelha à orelha.

–Eu também senti muitas saudades suas, mas acho que não é uma boa conversarmos de pé aqui. - falei, sorrindo de lado, indicando o corredor, ao tempo que hesitava com os olhos. Tomado por uma imensa segurança e coragem, mordi o lábio inferior rapidamente. - Não vai me convidar para entrar?

Rany me olhou num misto de curiosidade, surpresa e nervosismo. Ergui as mãos em sinal de rendição.

–Eu não vou morder, prometo.

Ela rolou os olhos, sorrindo torto e puxando-me para um beijo. Sem quebrá-lo, levou-me para dentro do quarto e eu fechei a porta. Os beijos continuaram de uma forma que eu não pude controlar...

Na manhã seguinte, acordamos na mesma cama, abraçados sob os lençóis creme e bagunçados...

Mas Caspian e Edmundo não precisavam saber disso.

–O que foi? - perguntei para ambos.

–Nada – Caspian deu de ombros.

–Nadinha. - concordou Edmundo. Ambos disfarçaram.

POV. Lúcia.

Não fazia ideia de que eles tinham voltado. Fui pega de surpresa no café da manhã, encontrando todos ali. Senti-me tomada por um grande receio, medo de encarar Rilian depois de tudo o que aconteceu. Parte de mim sentia vergonha dele, vergonha de receber um “eu avisei”. Tentei convencer-me de que isso era uma coisa tola e agi o mais natural que pude, mas sem puxar assunto com ninguém, muito menos com ele.

Confesso que era uma atitude errada, mas eu esperava que ele viesse atrás de mim. Enganei-me. Rilian não me dirigiu mais do que um aceno de cabeça acompanhado de um sorriso quase imperceptível. Como sou tola.

Contudo, mesmo ele não me dirigindo a palavra - talvez com medo de ser magoado por mim novamente – percebi o quanto ele estava cabisbaixo, calado e de semblante triste. Esse não era o normal de Rilian e tenho certeza que não era ainda pelo mesmo motivo que fez Pedro o levar para o acampamento. Acontecera algo mais, porém não tive coragem de puxar assunto. Após o café, quando Edmundo saiu com Caspian e Pedro, puxei Jay para minha sacada preferida, a mesma onde li a carta de Rilian. Reboquei-a ignorando os protesto dela que diziam o quanto ela queria ir para a cama.

–É sério, Lu, qualquer pessoa é melhor companhia do eu agora. - disse, quando chegamos à sacada.

–Não vou deixar você se trancar naquele quarto de novo. - afirmei. - Vamos ficar aqui, admirando o dia lindo que está fazendo lá fora e conversar sobre qualquer coisa para nos distrair. - convidei. Ela respirou fundo e abriu um suave sorriso.

–Obrigada, Lú, de verdade.

–Não precisa me agradecer – garanti, olhando para o chão em seguida. - Você está sofrendo e de certa forma me sinto culpada por isso. E-eu estava tão desesperada naquela noite que não me dei conta das consequências... Se... Se eu não tivesse feito um escândalo Julian não seria condenado e você não estaria tão mal assim. Você e Edmundo não estão bem, dá pra ver, e me sinto culpada por isso. Eu acabei estragando esse momento mágico que você deveriam estar vivendo e...

–Lúcia, Lúcia! - chamou ela, pondo as mãos em meus ombros. - Calma! - pediu, depois respirou fundo. - Se alguém tem culpa nessa história é Julian. Ele é bem crescidinho. Ninguém o obrigou a fazer o que fez. Foi ele quem magoou a todos nós. - disse ela, olhando-me nos olhos. Pude ver, nos olhos de Jay, a dor que ela sentia em dizer isso. Eu ia falar, quando demos pela presença de alguém na porta.

–Desculpe, não quis atrapalhar. - disse Rilian.

–Tudo bem. - disse Jay. - Eu já estava de saída. Vejo você depois. - virou para mim e piscou, Rilian não viu, mas isso me deixou nervosa. Jay escapou antes que eu pudesse impedi-la e obrigá-la a ficar, deixando-nos a sós.

Rilian olhou Jay se afastar, depois olhou para mim.

–Foi eu que passei muito tempo fora, ou todos estão muito estranhos? - perguntou. Ri de leve.

–Acho que um pouco dos dois. - confessei.

Mergulhamos num silêncio constrangedor que fez meu receio aumentar drasticamente. Passei a encarar o chão, logo voltando-me à paisagem. Rilian se aproximou de mim ficando ao meu lado, observando-me.

–Você também está estranha. - disse por fim. - O que aconteceu?


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Notas finais do capítulo

Que tal um review? Esse ficou bem grandinho e o próximo será postado em breve.
Beijokas!!