Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 28
Um mau pressentimento.


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei, mas espero que gostem mesmo assim.
Explicações nas notas finais!
Boa leitura!



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POV. Edmundo.

            Já era noite, eu estava no lugar marcado e nada da Jay. Comecei a bater pé impaciente olhando em volta para ver se ela já vinha. O bosque estava tranquilo e azulado por causa da luz da lua que brilhava alto em meio às estrelas acima das altas copas das arvores. Eu sabia que estava me arriscando, mas queria um tempo com ela, eu precisava desse tempo sem que ninguém nos atrapalhasse. Ouvi o som de passos e duas mãos cobriram meus olhos. Eu sorri e reconheci as mãos delicadas.

            - Demorei? – sua voz doce sussurrou em minha orelha.

            - Não. – menti, virando-me para ela. Ela sorria. Segurei sua cintura e puxei-a para mim, beijando-a.

            - Senti sua falta... – ela afagou meu rosto. – É praticamente impossível ficar sozinha com você no acampamento...

            Eu sorri de leve, encantado com sua pele perolada à meia luz da lua.

            - Só uma questão de tempo. – dei de ombros. – Daqui a alguns meses tudo isso vai acabar – pus uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha aproximando meu rosto do dela mais uma vez. Segurei sua face entre minhas mãos. Foi um beijo lento e sereno no qual minha mente se perdeu. As mãos dela subiram por minha nuca e meus braços apertaram mais em volta da sua cintura. Foi quando alguém nos interrompeu com palmas. Interrompi o beijo e olhei para a tal pessoa indesejada. Era uma mulher, alta, loira, olhos e um casaco de pele preta por cima de um longo vestido verde que arrastava na neve. Ela nos encarava com um olhar de tédio. Fiquei na frente de Jay e ela segurou em meu braço.

            - Que cena linda. – falou a mulher.

            - Quem é você? – perguntei.

            - Alguém que você não precisa saber. – respondeu. Puxei a espada lentamente.

            - Ed, calma. – Jay sussurrou.

            - Se me permite perguntar... Edmundo... Por que você veio para o bosque sozinho e... À noite? É muito perigoso...

            - Talvez seja algo que você não precise saber. – resmunguei. Ela me encarou, mas depois deu um sorriso torto.

            - Parece que eu fiz a escolha certa. – sussurrou ela.

            - Escolha...? – perguntei mais para mim mesmo.

            - Parabéns, Edmundo, você foi o escolhido. – disse a loira com animação.

            - Escolhido para quê? – eu já estava me irritando.

            - Para vir comigo. Tenho um destino para você. – ela estendeu os braços em minha direção. Arqueei uma das sobrancelhas.

            - Desculpe, dona, mas não vai dar não. – provoquei.

            - Você não contou a ele? – a loira falava com Jay e se mostrava indignada.

            - Não contou o que? – virei para ela que parecia não saber o que dizer. O que estava acontecendo?

            - Hm... Hm... Eu... – Jay gaguejava.

            Ela foi interrompida, soldados inimigos surgiram da sombra do bosque, nos cercando.

            - Parabéns, querida, você cumpriu muito bem sua parte. – a loira continuava falando com Jay.

            - Parte no que?! – eu já estava irritado, olhei para Jay e ela permanecia com cara de culpada. Ela não pode ter feito isso. Ela não me respondeu, quem falou foi a mulher.

            - Sua namoradinha fez um trato comigo, Edmundo, eu lhe dava sua cura e em troca ela me entregava... Você. – respondeu com um sorriso no rosto.

            - Você não pode estar falando a verdade. – falei com o coração batendo forte.

            - Não? Diga a ele, querida, diga se estou mentindo.

            Olhei para Jay torcendo para isso não passasse de uma brincadeira de mau gosto, por mais improvável que fosse essa possibilidade.

            Ela, ainda olhando para o chão, assentiu apressadamente.

            - Como você pode?! – avancei para ela, mas alguns dos soldados me seguraram.

            - Desculpe, Ed. – ela sussurrou antes de me acertarem na cabeça e eu apagar.

            POV. Caspian.

            Se alguém, um dia, me perguntasse qual era a sensação de acompanhar a barriga crescendo, pôr a mão e sentir os chutes, mal esperar para ver o rostinho daquele ser pequenino e frágil que crescia dentro da mulher que eu amo, e amá-lo sem ao menos saber como é, apenas que ele existe e é a minha continuação, meu filho... Eu simplesmente responderia que não há palavras.

            Eu estava com Susana, em nossa tenda, com a cabeça deitada em seu ombro enquanto ela afagava distraidamente a barriga, pensativa.

            - A Lu vai ficar bem, Susana... O pior já passou. – falei sussurrando.

            - Não sei não... – ela respirou fundo.

            - Não sabe o que?

            - Isso tudo está muito estranho, Caspian. – ela falou, fitando o vazio.

            - Estranho como?

            - O que aconteceu com o Julian e a Renere... A Jay retornando depois de tanto tempo... A Lucia nesse estado... Tem alguma coisa errada nisso tudo. – falou. Esperei ela continuar. – E por acaso você viu a Renere depois do que aconteceu?

            - Talvez ela queira ficar um tempo sozinha... Por vergonha, sei lá. – dei de ombros. Houve alguns minutos de silêncio, até Susana falar, mudando de assunto.

            - O que vocês decidiram na reunião? – ela se referia ao breve conversa sobre o próximo passo entre Pedro, Edmundo, o Tisroc, Franco, Rillian e Tirian.

            - Bom, agora que temos um exercito, podemos voltar para Cair Parável e juntar esse exercito com os outros soldados narnianos que ficaram lá... – contei em resumo.

            - E quando vamos?

            - Amanhã ou depois... Talvez seja mais fácil ser depois. – dei de ombros. Susana assentiu lentamente ainda olhando para frente, sem nada ver. - Su, não estou gostando nada desse seu jeito. Me fala, o que está acontecendo?

            - Só estou preocupada e... – ela parou e a senti estremecer, sua respiração acelerou irregularmente e Susana ficou gelada.

            - Su?! – chamei, me sentando para olhar em seu rosto. Ela estava pálida, unindo as sobrancelhas.

            - Eu... Eu tive uma... Uma sensação ruim... Um mau pressentimento... Onde está Edmundo? – finalmente ela olhou para mim.

            - Deve estar na tenda dele, ou conversando com Pedro, fica calma, Su. – supliquei. Ela negou com a cabeça.

            - Não, ele não está, aconteceu alguma coisa com ele, Caspian. – ela se levantou pegando o casaco e indo em direção a entrada da tenda. Levantei logo atrás dela e segurei seu braço delicadamente.

            - O que aconteceu, Su?

            - Aconteceu alguma coisa ruim com Edmundo, Caspian, eu sei que aconteceu. – ela estava mesmo preocupada e seus olhos a beira do desespero. Vi que era sério, então acompanhei Susana até onde Pedro estava.

            Ele estava junto com Franco, Helena, Rillian e Tirian na tenda do Tisroc.

            - Pedro onde está Edmundo? – Susana exigiu uma resposta, aflita.

            - Susana, você está pálida, o que aconteceu? – observou Helena.

            - Onde está Edmundo? – Susana voltou a perguntar.

            - Ele saiu... Está com a Jay... – Susana mal esperou ele falar e já saiu da tenda.

            - O que ela tem? – perguntou ele a mim quando nós a seguimos.

            - Ela teve um mau pressentimento. – contei, percebendo que os outros nos seguiram. Eles trocaram um olhar preocupado, todos sabiam o quanto os maus pressentimentos podiam ser verdadeiros. Alcançamos Susana no mesmo instante em que ela chegou até Ranyelle, Julian, Bri, Eustáquio, Jill e Huin.

            - Rany, você sabe onde está a Jay? – perguntou Susana, ofegante e ainda aflita.

            - Não, tem um tempo que não a vi, ela deve estar com Edmundo, você já perguntou a ele? – respondeu Rany.

            - É exatamente dele que eu estou atrás. – Susana respirou com dificuldade. – Talvez ele estivesse com ela.

            - Majestade, eu sei que não me perguntou nada, mas nós vimos seu real irmão. – disse Bri em sua voz seria.

            - Viram? Onde?

            - O vimos, ele e a general. – informou Huin em sua voz doce e calma. – Eles entraram no bosque.

            - No bosque?! – indagou Franco.

            - Mas eles sabem que o bosque é perigoso, principalmente para duas pessoas sozinhas! – falou Helena. Susana ficou parada, tentando respirar, cada vez com mais dificuldade.

            - Há quanto tempo foi isso, Huin? – perguntei.

            - Tem mais de uma hora. – respondeu ela.

            - É melhor irmos procura-los. – disse Julian.

            - Acho que devemos esperar mais alguns minutos para ver se eles aparecem, e só então entrar no bosque atrás deles. – sugeriu Aravis.

            - Não aguento mais uns minutos... – sussurrou Susana, aflita, vindo para o meu lado. Abracei-a lateralmente, tentando confortá-la.

            - Que será que deu no Edmundo, ele sabe que não deve ir para o bosque! – resmungou Pedro, irritado. – Ah, quando ele aparecer ele vai ouvir...

            - JULIAN! – ouvimos a voz desesperada de Jay quando ela surgiu na sombra do bosque. Ela correu até os braços do irmão. Ela chorava e Susana enrijeceu ainda abraçada a mim. Jay desabou nos braços de Julian, chorando ofegante.

            - O que aconteceu? – perguntou ele, preocupado.

            - Onde está Edmundo? – Susana foi logo perguntando. Jay soluçou.

            - Foi horrível. – começou ela. – Eram muitos... – parou por aí começando uma nova série de soluços.

            - Muitos o que?  - perguntou Tirian.

            - Soldados. – respondeu ela, engolindo. – Tinha uma mulher com eles – ela chorava histericamente. Estranho... Não me lembro de ter visto Jay chorar antes e não achava, pelo comportamento reservado dela, que seria desesperadamente daquele jeito; e com a bravura que muitas vezes vi ela demonstrar duvido muito que fugisse para pedir socorro, ela ficaria e lutaria com Edmundo mesmo não sendo só eles dois contra um monte de soldados - ela fez isso com Rany quando as duas fugiram da Arquelândia - no mínimo ela teria o mesmo fim que Edmundo mesmo eu não sabendo que fim era esse. Esperei ela continuar. – Ela é aliada da Feiticeira...

            Rillian e Eustáquio trocaram um olhar.

            - Mulher? – perguntou Rillian. – Como ela é? – ele estava receoso.

            Jay pareceu não entender o motivo da pergunta dele, mas mesmo assim respondeu ainda abraçada a Julian. 

            - Não lembro muito bem... Estava escuro...

            - Tente. – insistiu Rillian.

            - Ela era loura, acho. Pele clara e usava um longo vestido... – sussurrou por alguns segundos tendo os soluços e lágrimas incessantes esquecidos.

            - Que cor era esse vestido? – perguntou Rillian recebendo olhares intrigados de todos. De que importava a cor do vestido?!

            - Verde... – sussurrou Jay, confusa. Rillian xingou baixo.

            - Xii... Sujou. – Eustáquio balançou a cabeça negativamente. – Ela está te perseguindo, Rillian, só pode. – falou ele, logo recebendo uma cotovelada de Jill.

            - De que importa a cor do vestido, Rillian? – questionou Helena.

            - É a Dama do Vestido Verde. Rainha do Submundo. – respondeu ele como se odiasse o assunto.

            - Como você sabe disso? – perguntou Rany.

            - É uma longa história. – ele deu de ombros. – Isso não vai dar certo... – murmurou ele. – Se a Dama se uniu à Feiticeira, temos sérios problemas.

            - Já tínhamos sérios problemas, ela já tinha outros aliados se for por isso. – Resmungou Julian. Rillian o encarou.

            - Até onde sabemos Rabadash e seja lá quem mais ela tem, só serviriam para aumentar o exercito, mas a Dama serviria para muito mais do que isso, ela é uma feiticeira também.

            - Você ainda não respondeu minha pergunta. – Susana falava com Jay e eu sabia que ela estava com o coração na mão. Jay pareceu não gostar nem um pouco do tom de voz dela. Essa garota está cada vez mais estranha.

            - Ela o levou. – contou Jay. Susana arfou, já com as lágrimas descendo por seu rosto pálido.

            - Eu sabia que tinha acontecido alguma, eu sabia!

            - Calma, Su. – pedi urgentemente.

            - Ouça Caspian, Susana, ele tem razão, você não pode ficar nervosa desse jeito, vai fazer mal ao bebê. – Helena afagou seus cabelos, sussurrando docemente para ela.

            - Depois que a gente achar Edmundo, eu vou matar ele! – Sim, Pedro estava com raiva. – Ele sabe tanto quanto qualquer um que não podia ir para o bosque, mas que droga!

            - Rillian – falou Rany – Você, de alguma forma, sabe quem é essa Dama.

            - Da pior forma possível. – resmungou ele.

            - Será que você tem ideia de onde Edmundo possa estar? – terminou ela.

            - Submundo, Rillian? – sugeriu Jill.

            - É bem improvável que ela tenha o levado para o Submundo, seria burrice demais, então não, não faço ideia.

            - Ela disse outra coisa também... – continuou Jay. – Pelo que eu ouvi... Eles estão com Renere também...

            - Renere? – Rany uniu as sobrancelhas.

            - Sim. Você não estranhou não ter visto ela depois que...

            - É, não vimos mesmo. – Julian a interrompeu, não querendo tocar no assunto.

            - Será que ela foi para o bosque também? – Eustáquio fez uma pergunta óbvia.

            - Provavelmente... – sussurrou o Tisroc.

            - Outra... – rolei os olhos.

            - Mesmo ela sendo minha irmã – falou Rany – Acho que nossa prioridade é Edmundo.

            Jay olhou-a indignada.

            - Os dois são nossa prioridade, Rany. – opinou ela.

            - Não. Edmundo é. Renere está bem. Duvido que Aller vá deixar acontecer alguma coisa a ela. – argumentou Ranyelle.

            - Acho que vamos ter que esperar até amanhã – falou Pedro. – Não podemos fazer muita coisa à noite.

            - Vem, Jay, vou lhe preparar um chá. – Helena estendeu os braços para ela. Jay soltou Julian e foi até ela que a abraçou lateralmente. – Rany, Jill, Huin, vocês vem? – chamou, já andando.

            - Claro. – Huin a seguiu. Jill e Rany logo atrás.

            - Vou mandar os soldados deixarem tudo preparado, partimos amanhã de manhã. – Tisroc se retirou junto com Pedro, Tirian e Rillian. Julian foi embora logo depois.

            - A senhora está bem, majestade? – Bri se aproximou de mim e Susana. Ela estava em silêncio já tinha alguns minutos.

            - Acho que vou ficar. Não se preocupe. – ela deu um leve sorriso melancólico para o cavalo que assentiu e se retirou. Levei Susana de volta a nossa tenda.

            - Su? – chamei, preocupado quando ela seguiu em silencio para a cama improvisada. Ela parou antes de chegar a ela.

            - Sim?

            - Você está mesmo bem?

            Susana suspirou.

            - Acho que só vou ficar depois que ele nascer – ela afagou a barriga, sussurrando. – Quando tudo isso acabar.


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Notas finais do capítulo

Peço um milhão de desculpas pela demora! Desculpa mesmo, eu estava sem criatividade e para piorar minha internet fugiu de novo, só voltou hoje e cá estou eu. Bom, eu tomei uma nova decisão, gente, como eu estou com seis fanfics para atualizar, sempre tem uma ou duas que fica atrasada, eu só vou postar capítulo novo quando tiver capítulo novo de todas as outras fanfics, eu posso demorar a postar, mas assim nenhuma das fanfics ficam abandonadas!
Espero que não tenham me abandonado!
Beijokas!!