Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 22
Uma Voz.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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POV. Edmundo.

Não prestei muita atenção em que momento eu peguei no sono, só lembro-me de ter me jogado na cama, doido para dormir e ver se sonhava de novo. Aquele sonho ainda me intrigava profundamente. Ele fora tão real, definitivamente não foi apenas um sonho. Mesmo depois de acordado eu ainda podia sentir o abraço e o beijo. Fora real demais.

Bati a face varias vezes contra o travesseiro balbuciando coisas sem sentido. Mudei de posição em vários momentos. Parecia que a cama não queria me acomodar.

            Eu estava parecendo uma criança me debatendo daquela maneira birrenta. Suspirei. Tentei relaxar e até contar carneirinhos eu contei, mas nem sinal do sono. Pensei em varias maneiras de pegar na inconsciência, até em bater a cabeça com força, mas no instante seguinte comecei a rir com tamanho pensamento insano. Decidi trocar de animal. Em vez de carneirinhos eu vou contar... Deixa-me ver... Jiboias? Leões da montanha? Ursos polares? Ornitorrincos? Andorinhas? Macacos? Chimpanzés? Ou elefantes de sainha rosa? Baleias com asas? Coelhos com molas nos pés?

            Fiquei tão absorto decidindo que bicho usaria que eles nem foram necessários. Acabei dormindo sem decidir o bichinho. É, eu consegui dormir, mas para minha infelicidade, sonhei com os ornitorrincos, os chimpanzés e as baleias com asas. Acordei irritado, mas logo comecei a rir. Como eu puder ter um sonho tão tolo? Vi que o sol nascia então decidi levantar mesmo não tendo descansado nada. Tomei um banho, vesti roupas limpas e pus-me a observar da varanda até a hora de descer.

            Assim que esse momento chegou, fui rumo ao jardim, guiado pelas lembranças de uma conversa que fora interrompida por sinos de batalha. Sorri de lado ao lembrar o que quase aconteceu ali. Por um lado, foi bom aquele momento ter sido interrompido, estava muito cedo para aquilo e talvez Jay não tivesse reagido amigavelmente depois de tal atrevimento meu, ou não, mas eu não saberia essa resposta.

            - Atrapalho? – uma voz familiar e completamente irritante. Virei na direção da mesma e vi Renere.

            - Não. – respondi tentando ao máximo ser gentil com a nossa nova “aliada”.

            - Se importa se eu ficar aqui? – perguntou gentilmente.

            - Não. – voltei a andar e ela veio junto.

            - Eu... Queria dizer que lamento por tudo o que fiz no passado... Agora percebo que fui infantil e... Enfim... – ela suspirou.

            - Tudo bem. – permaneci olhando para frente.

            - Olhe Edmundo... Posso chama-lo assim, não é?

            - Claro, claro...

            - Eu sei a aversão que deve sentir de mim, e com razão, mas eu queria... Se possível... Uma segunda chance... Uma chance de mostrar como sou de verdade...

            Parei para olha-la. Ela também parou e esperou que eu falasse. Pensei por um minuto... Na verdade segundos, mas enfim... Decidi que era certo.

            - Tudo bem...

            Renere abriu um sorriso. Um sorriso que eu nunca tinha visto. Claro, já vira a mesma sorrindo antes, mas naquela época tinha um toque de arrogância em seu sorriso, agora não. Aquele sorriso era puro e sincero. Acabei sorrindo também, mas de leve.

POV. Lucia.

Eu ria da cara fofa de Julian.

- Isso, vai rindo mesmo! Não é você que está nessa situação! – falou ele.

- Tudo bem, desculpe. Mas você não me respondeu. – acusei.

- Não há nada para responder.

- Claro que há! Eu lhe fiz uma pergunta e, logicamente, você tem que responder. – eu o seguia pelos corredores do castelo.

- Nada a declarar. – ele parou virando-se para mim ao chegar a porta de seu quarto.  Dei um sorriso torto.

- Sabe que posso tomar seu silêncio como um sim.

- Tome como quiser. – ele fechou a porta em minha cara. Eu podia ficar furiosa com isso, mas preferi não perder tempo. Eu iria descobrir querendo ele ou não. Saí dali antes que Pedro ou Edmundo me vissem, indo para o meu quarto. Tomei um banho e dormi. Naquela noite não tive nenhum sonho, apenas flashes do dia anterior. Levantei na manhã seguinte, pronta para importunar Julian. Brincadeira, não iria fazer isso, tinha outra coisa em mente. Vesti um vestido azul e desci para o café da manhã.

POV. Julian.

Droga, droga, droga! Tudo culpa da Rany, por que ela foi falar aquilo?! Agora a Lucia veio questionar, e com todo direito, mas olha a situação em que eu fiquei! Bom, ontem, quando entrei em meu quarto, ela parou de importunar, talvez tenha se conformado e não fosse mais me perguntar essas coisas.

Depois de pronto desci. Encontrei com Ranyelle no caminho das escadas. Hora de explicações.

- A culpa é toda sua! – acusei, ela parou, virando para mim com as sobrancelhas unidas e a expressão confusa.

- Culpa de que?

- Da Lucia está me fazendo perguntas.

- Ah! – ela sorriu travessa ao lembrar. – Sinto muito querido, mas você mesmo é culpado. Se não tivesse secando a garota, feito bobo, ela não estaria fazendo perguntas, você está dando muita bandeira, Juju. – disse, despreocupada.

- Não me chama assim. – pedi.

- Ah, Julian, já é hora de você esquecer a Rachel.

- Não fala esse nome!

- Medinho de fantasmas? Fique calmo, ela não poderá perturbá-lo...

- Como sabe?

- Por que ela ainda está viva. – sorriu como se tivesse feito a descoberta do século.

- Nossa, Rany, você descobriu tudo isso sozinha?! – debochei, ela me deu língua. – Olha, só, a Ellezinha está de volta! – falei sínico. Ela me encarou com os olhos estreitos. Sorri provocante.

- Ah, Rany, já é hora de você esquecer isso. – falei irônico.

- Você não presta. – acusou.

- Olho por olho... – Sorri. Ela bufou.

- Tudo bem. Mas fala o que está acontecendo entre vocês dois? – ela mudou de assunto. 

- Nada! Não está acontecendo nada! Estava tudo bem! Mas ai chegou a Dona Rany e colocou coisas na cabeça da Lucia!

- Coloquei coisas na cabeça dela, ou ela colocou coisas no seu coração? – perguntou de repente. Deixando-me mudo. Longos segundos se passaram. – Bom dia Lucia! – Rany a cumprimentou quando a mesma passou por nós. Meu coração acelerou.

- Bom dia, Rany. – ela sorriu.

- Bom dia, Lucia. – gaguejei, mas a mesma prosseguiu como se eu não tivesse dito nada, encarei suas costas à medida que ela se afastava de boca aberta. – Ela está me dando gelo?! – perguntei incrédulo para Rany que caiu na gargalhada.

POV. Susana.

Despertei de um sono restaurador. Não lembro a ultima vez que tive um sono que me deixasse tão descaçada. Respirei profundamente, sentindo o perfume de Caspian. Ele havia dormido abraçado a mim, por isso seu cheiro estava tão perto. Se dependesse de mim eu não sairia dali nunca, mas o mundo não iria parar por nossa causa e já estava na hora de levantar. Beijei sua testa.

- Caspian... – chamei baixinho afagando seus cabelos, mas seu sono pesado não deixou acordá-lo. Eu sorri. – Caspian... – chamei de novo. – Cas, está na hora de acordar... – sabia que ele adorava quando eu o chamava pelo apelido que havia lhe dado. – Cas... – beijei sua testa novamente.

- Mais cinco minutos, sim...? – ele murmurou. Eu ri baixinho.

- Está na hora de levantar – lembrei.

- Ah, não, Su... – ele apertou mais seus braços a minha volta. Voltei a rir.

- Ah, sim. Vamos. – afaguei seu rosto. Ele abriu os olhos, mas logo os fechou pois os mesmos ficaram incomodados pela claridade. Voltou a abraçar-me.

- Cas...

- Você está apelando. – ele sorriu enquanto minha mão deslizava pela lateral de seu rosto. Sorri junto. – Sério, Su, ninguém deve estar acordado tão cedo... – ele resmungou.

- Não está cedo, Cas, está na hora. Nosso anfitrião deve estar nos aguardando para o café...

Ele suspirou.

- Só mais cinco minutos? – arriscou.

- Eu troco os cincos minutos por...

- Um beijo? – sugeriu com um sorriso torto.

- Pode ser.

- Troca feita. – não pude falar mais nada. Passei os longos segundos seguintes com os lábios ocupados. – Bom dia. – Caspian sorriu quando o beijo acabou.

- Bom dia. – eu ri. Seus lábios voltaram aos meus mais uma vez em seguida levantamos e nos preparamos para descer.

Encontramos com os outros para o café. Nossa refeição foi tranquila, embora o assunto principal tenha sido a guerra que prometia ser desastrosa... Já estava sendo, no fim das contas... Edmundo, Pedro, Caspian e o Tisroc traçavam estratégias e estipulavam as possibilidades de vencermos. Comecei a sentir um mal estar, de vez em quando a visão ficava turva e o enjoo estava voltando. Senti também um arrepio, mas não dei muita importância para isso. Pedi licença para me retirar. Caspian quis vir comigo, mas disse que não precisava que era só um mal estar passageiro. E era. Nada de anormal em uma gravidez... Caminhei em passos lentos e cautelosos até o quarto onde estava hospedada, subindo os degraus com calma agarrada ao corrimão. Tudo girou rapidamente e precisei do apoio da parede para me apoiar pouco antes de dobrar no corredor do quarto.

Assim que consegui me equilibrar direito sobre meus pés continuei, dobrando no corredor. Mas ali eu parei, sentindo novamente o arrepio e aquela sensação estranha que sentia em relação à Calormânia. Bufei e prossegui para meu quarto repetindo para mim mesma que devia deixar isso de vez no passado. Abri a porta decidida a esquecer de tudo. Então a surpresa. A porta da varanda estava aberta. Dei passos inseguros em direção a ela. Enquanto eu ainda tentava entender o que estava acontecendo, a porta do quarto se fechou e eu ouvi uma voz.

- Há quanto tempo, Susana, senti sua falta... – aquela voz fez meu sangue gelar e meu coração parar.


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Notas finais do capítulo

Então quem será o dono ou dona da voz?? Dêem seus palpites!
Beijokas!!