Escuridão!

Onde estou? Por que não enxergo nada? O que é esse sentimento? Por que estou apavorada?

Essas perguntas se formavam em minha mente, sozinha, naquele lugar escuro, a única coisa que eu podia fazer era pensar.

Um ruído!

Naquela vasta escuridão, ouço o som de algo se arrastando.

_Por favor!

Palavras são proferidas de algum lugar a minha frente, a voz melancólica, apavorada.

_Fica comigo, não me deixe sozinho, por favor.

A voz estava amedrontada, necessitada de companhia.

Mais um ruído!

Ouvi algo se arrastar em minha direção, novamente. Eu estava sentada, abraçando minhas pernas, com medo.

Luz!

Um desfecho de luz vinha de cima, de algum lugar, iluminando meu rosto, pela primeira vez, pude enxergar minhas mãos.

_Por favor!

A voz vinha de mais perto agora, pude enfim reconhecer a voz como sendo masculina.

_Eu não sinto minhas pernas, não consigo enxergar, está muito escuro...

Pude sentir a dor em suas palavras.

_Está muito escuro, onde você está? Ajude-me, por favor...

Seu pedido era desesperado.

_Eu não quero morrer aqui, sozinho... Por favor, sei que você esta ai, posso ouvir sua respiração...

Gelei. Quem eu pensava que era, para fingir que não estava aqui, enquanto alguém se arrastava por ai, nesta escuridão, querendo ajuda, com medo...

_Consegue enxergar um feixe de luz?

Perguntei, minha voz saíra tremida.

_Onde? Esta muito escuro, não consigo enxergar nada.

A voz parecia mais calma ao escutar a minha, estava aliviado por encontrar mais alguém.

_Olhe em volta, procure por um pequeno feixe de luz, estou em baixo dele, ou então, siga a minha voz.

Falei decidida a ajudar aquele cara.

_Você não sabe como estou feliz por ouvir sua voz, por um momento pensei estar ficando louco.

Ele falava, não sabia se ria ou se chorava, sua voz estava tremida.

Nesse momento eu percebi o quão desprezível eu era, ao fingir que não estava aqui, enquanto ele se arrastava na escuridão, sozinho, assustado, duvidando da própria sanidade.

_Eu estou vendo agora, posso ver o feixe de luz e posso ver você.

Sua voz estava aliviada, embora eu olhasse para todos os lados, não conseguia enxergá-lo.

_Onde você está?

Perguntei olhando ao meu redor.

_Bem aqui!

Sussurrou em meu ouvido, e então, o feixe de luz desapareceu, voltei a ficar na escuridão, e pior, não estava mais sozinha, estava com algo, ou alguém que com certeza, não era uma boa companhia.