Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 79
What are the reasons why and how?


Notas iniciais do capítulo

Nota: devo confessar que me inspirei nessa cena, depois de ler dois capítulos de uma fanfic do Avenged aqui no Nyah. Mas devo dizer que não tem nada semelhante, só foi inspiração mesmo.
Ah: esse é o marco inicial de algo que vai ocorrer mais pra frente, que vai deixar todos de cabelos em pé. Sério, é a parte favorita da fic *-* e foi uma das primeiras coisas que planejei, qnd comecei escrever. Só saibam de uma coisa: essa cena não foi a toa, só por causa de uma inspiração de leitora. Ela tem peso ENORME na trama. Pronto, falei demais MUAHAUAAHAU).
Agradeço imensamente a Recomendação que recebi da Lavinia159. Obrigada flor, eu adoro quando vocês fazem essas coisas, me sinto emocionada, sério mesmo ♥
E lógico, agradeço para todas as leitoras que mandaram review, principalmente a Lilith Malfoy, que estava sumidinha, mas voltou presenteando-me com um review muito foda. Adorei a forma que ficou questionando os acontecimentos da historia, e cogitando hipóteses. Adooorei mesmo, de coração. Bem... boa leitura. E BARRRAAAACÃÃO.
Ah, gente, uma coisa que percebi hoje e vim aqui tratar com vocês: a história começou em 2011 e está, no momento, em julho de 2012. Matt, na história, tem 29 anos, e dia 31 fará 30. Ele é um ano mais novo, okay? E Marie tem 23, fazendo 24 dia 30 de agosto. Pronto, HSASHUSH resolvido.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/130789/chapter/79

<!--[if gte mso 9]>Normal021falsefalsefalseMicrosoftInternetExplorer4<![endif]--><!--[if gte mso 9]><![endif]--><!--[if !mso]> <![endif]--><!--[if gte mso 10]> <![endif]-->

A cena a seguir aconteceu no dia 14 de julho de 2012, sábado.

Eu estava tão nervosa para aquele acontecimento. Tá, já fui em várias festas das editoras, dos escritores, e tals. Mas nunca, NUNCA acompanhada pelos Avengers. Não acompanhada por Matthew e companhia.

Tão estranho... tão diferente. Sei lá, sabe aquela palpitação, aqui dentro... e as pernas bambas, tentando superar as expectativa de todos? Isso, senti isso o dia todinho. Só à noite, quando estava me arrumando, que melhorei. Como Anne dizia: “Hoje é seu dia. Aja como se fosse a dona da situação”.

Isso, eu era a dona da situação.

— Vamos Marietta! Vai se atrasar novamente? – berrou Matthew, impaciente, andando de um lado para o outro (pelo que Zacky disse depois)

— Tá, chega de exageros, cá estou! – berrei em resposta, descendo calmamente pelas escadarias, escoltada por Anne e Mel, que agarravam cada um de meus braços.

Bem... não posso descrever a reação dos meninos, mesmo porque, não tenho o dom de viajar por mentes (droga... são nessas horas que gostaria de ser uma maga).

Só sei que Matthew olhou para mim, de cima para baixo, e soltou um assovio baixo (como se houvesse escapado). Syn, a mesma coisa fez, só que com um pouco mais de escândalo. E Zacky... bem, nem preciso dizer, né?

— PORRA MARIETTA! Se você não fosse nossa amiga, eu te pegava, LOUCAMENTE!

— Vou considerar isso um elogio. – ri, soltando-me das minhas amigas. – Mérito da maquiagem para Anne, e do cabelo, para Mel. Bem... podemos ir.

Ninguém se moveu. Ficaram ali, ainda, olhando para meu vestido (um vestidinho preto com o espartilho por cima {aquele que usei no dia em que fiquei bêbada, com Matt. Deve ser por isso que ele ficou tão quieto... devia ter lembrado daquele vexame}). Se eu estava enganada... percebi uma olhadela bem marota do Syn para o lado de Mel, que estava linda também, com um vestidinho mais curto e justo. Deixa de ser galinha, seu miserável.

— Hello? Vamos indo? – repeti, estralando os dedos. Quem sabe assim aquele bando de marmanjos parariam de babar, hum?

— Bem, vocês vão indo... e eu também. Boa festa Marie. – despediu-se Anne, descendo com a pressa as escadas. Matt, piscando algumas vezes, questionou. Aleluia, Gibi ambulante:

— Não vai conosco?

— Lamento, mas é aniversário de meu irmão. Veio para Londres para uma festa que darei. Faz tanto tempo que não o vejo! – sorriu, correndo para a porta. – Beijos seus gatos, Marie, amanhã conta tudo. Beijoos!

— Tchau Anne! Manda beijos pro Gabri! – acenei, descendo também. – Bem, pela terceira vez: vamos?

— Bora! – concordou Syn, roubando as chaves das mãos de Matt. – Vou tirando o carro enquanto vocês vão.

— Cuidado com a minha garota, ein? – pediu Matt, sério. – Esse carro era do meu avô. Se você fazer alguma coisa... corto seu pinto.

— Ai gente, tanto exagero por causa de um carro. – riu Mel, correndo atrás de Syn. – É só um monte de lata velha.

— Lata velha não, olha o respeito! – corrigiu, parando ao meu lado. – Aquele carro vale minha vida completa... um Dodge Charger, antigo e restaurado... da década de 70. Man... se um dia tentassem fazer algo com ela, acho que eu mataria.

— Não está apelando não? Nenhuma vida vale um carro.

— Já disse, Mel, não é qualquer carro, é um Dodge Charger!

— Tá bom, tá bom, é um Dodge Charger! – ironizei, esperando que ele saísse pela porta, para que eu a trancasse.

Irritava-me facilmente com pessoas materialistas, mas entendia que aquele carro tinha história na família Sanders. E acabara de chegar do EUA, depois de uma reforma.

Tá, desta vez deixaria passar. Eu acho.

Percebendo que havia apelado, talvez, ao exibir com tanto entusiasmo sua obsessão por carros antigos (ainda mais aquele, que nomeava carinhosamente de “minha garota”), iniciou outro assunto, que envolvia ninguém menos que Anne. Uau, não estou surpresa.

— Pena que Anne não pode nos acompanhar.

— Não faltará oportunidade. – respondi, com um tom estranho na voz, que nem eu mesma entendi porque usei. Sei lá... não sei explicar.

— Marie... você está muito linda. – disse do nada, aproximando-se do carro. Syn arremessou-lhe a chave, sentando-se no banco de trás, com Zacky e Melissa.

Não me importava nada além de querer saber... se eu estava ouvindo bem. Como? Matt disse que eu estava bonita?

— O que você disse?

— Que você está linda. – repetiu, como se não houvesse falado nada demais. – Esse espartilho caiu perfeitamente no vestido.

— Estou surpresa. – confessou, abrindo a porta do carro.

— E por que?

— Oras... você nunca me elogiou de tal forma.

Matthew sorriu, só que de uma forma diferente do que eu esperava. Entrou dentro do carro, pôs a chave no contato, e esperou que eu também entrasse, para responder:

— Talvez eu tenha sido burro de ignorar... que você já tem 24 anos. E é uma mulher.

Tá bem Matthew, você é o único homem que consegue me deixar sem palavras. Seu Ogro Maldito!

(+++)

Oh meu Deus, preciso descrever o quanto chorei na festa? É, aquela maldita da Mel fez uma homenagem muito linda para mim. Não só ela, como todos meus amigos da editora. E os Avengers também, que ajudaram.

Argh... ainda bem que a maquiagem era a prova da água, porque... chorei mesmo, como doida, como louca, como uma criança. Ah, porra gente, eu sou de ferro, mas nem tanto.

Meus sonhos estavam se realizando, minha vida entrando nos eixos. Qualquer pessoa, por mais insensível que seja... ficaria emocionado.

E eu, a manteiga derretida por dentro de uma virginiana orgulhosa e teimosa... não resisti.

Mas... pra ser sincera, não é muito bem da festa que quero contar.

Pode parecer estranho, não? Não contar de um dos acontecimentos mais lindos da minha vida. É que tudo foi ofuscado por algo que aconteceu na madrugada, logo que voltávamos para casa, no meio de uma rua (que fazia cruzamento com outra).

— Troca de música, Matthew. – pediu Syn, escorando no bando do passageiro. – Que noite ein? Achei muito foda a homenagem que te fizeram.

— Essa puta da Mel me fez chorar. AAAAAH MEU DEUS, ESSE SALTO ESTÁ ME MATANDO! – gritei, arrancando-os e jogando em Melissa, que parecia preocupada. – O que foi?

— Impressão minha, ou aquela moto está nos seguindo desde o clube? – questionou, olhando para trás.

Matthew, a viagem toda, estava um pouco quieto. Não participava das brincadeiras, e parecia estar nervoso, preocupado... como se temesse que algo acontecesse. Percebemos isso porque... ao longo do percurso, acabou caçando atalhos e rotas alternativas, sem sequer nos consultar.

Por fim, resolveu abrir a boca... e falar algo que nos deixou bem mais ansiosos:

— Eu já havia percebido, mas não falei nada para não... assustá-los.

— Como assim? - resmungou Zacky, virando a cabeça também. – Estamos sendo seguidos por quem?

— Possivelmente assaltantes. QUE BOSTA, CARALHO!

A moto acelerava cada vez mais, e Matt também. Até que, não foi possível. O veículo fechou nosso carro. Um dos caras, encapuzado, desceu com pressa. Abriu a porta do passageiro (no caso, onde eu estava) e agarrou-me, apontando uma faca.

— DESCE DO CARRO, AGORA! – ordenou.

Puta que pariu! O que eu faria? Desceria? Ficaria? Mas... se eu tentasse reagir... poderia ferrar os outros. AAAAH CARALHO!  

Acabei cedendo. Desci do carro com pressa, e acenei para Matt, como se fosse para ele acelerar o carro e atropelar a moto. Foda-se: se eu morresse, ao menos, salvaria a vida dos outros.

Que nada. Aquele marmanjo é mais teimoso que não sei quem. Ordenou que os três do banco de trás descessem, para procurar ajuda. Não vi muito bem, mas ouvi o barulho de passos apressados.

— CORRE ATRÁS DOS OUTROS. LOGO O CARRO VEM PRA PEGAR... – gritou o cara que me agarrava, para o da moto, que o obedeceu.

Fiquei completamente transtornada, o desespero já estava tomando conta de mim. Senti-me em um dos meus livros, o “Assassinato de Emilie Coonoley”, e rezei, pela primeira vez em muitos meses, que aquilo fosse um sonho. Que eu acordasse em minha cama, em Barra Bonita. Que nada, absolutamente nada, pudesse fazer mal aos meus amigos.

— LARGA ELA, CARA. – berrou Matt, aproximando-se. Aquela voz matutou na minha mente... matutou de tal forma que eu percebi... que era real.

— MATT, FOGE, SOME! – no auge do meu desespero, que crescia cada vez mais, gritei. Se me matassem, que pelo menos poupassem a vida do Matthew. Pelo visto, eu era o alvo.

— Não vou mesmo!

Matt, numa atitude totalmente impensada e irresponsável, deu um chute na mão do homem. A faca voou para o chão, talvez a um metro dali. Aproveitando a brecha, soltei-me, e corri ao lado dele, que agarrava minha mão com força. Acabamos nos escondendo nos muros de um beco, escuro e sujo. Era o subúrbio de Londres, totalmente abandonado.

— Eles vão nos matar. – choraminguei, agarrando em seu braço. Ele não respondeu. Estava cansado demais para isso.

— Fica calma, nada vai te acontecer, enquanto eu estiver aqui.

Espiei, por um buraco na parede, que o cara da moto não encontrou nenhum de meus amigos. Suspirei aliviada, acreditando que já haviam encontrado ajuda. Logo logo o inferno terminaria. Porque era assim que eu me sentia: no inferno.

— Espera... esse é o som da “minha garota”. – resmungou Matt, olhando para o buraco também. O bandido deu partida no carro... e desapareceu. Só restara um: o da faca, o que queria me pegar. Talvez estivesse planejando uma armadilha. Talvez quisesse nos matar.

Só por Deus.

(...)

Passou algum tempo, e Matt tremia de raiva. Eu também, só que de frio e nervoso. Suspirei, torcendo as mãos, rezando para que tudo estivesse bem mesmo. Talvez fosse momento certo de sair... e de fugir.

— Acho que podemos ir, não ouço mais nada. – sussurrei, levantando-me. Matt me impediu, levantando com mais rapidez. Prensou-me na parede, e cochichou, bem perto do meu rosto:

— Vou fazer uma ronda. Fica aqui! E quieta. – instruiu, correndo logo em seguida.

Bela coisa que foi acontecer, para carimbar aquela noite tão espetacular da minha vida. Puta que pariu! Possuo algum tipo de carma, ou o quê?

Passou algum tempo (não sei dizer precisamente, já que não carregava relógio). Acreditando que alguma coisa havia acontecido com Matthew... sai de meu esconderijo, tentando procurá-lo. Fiz a coisa mais medíocre que um fugitivo pode fazer: GRITEI.

— Matthew, onde está você?

Bem... alguém deu sinal de vida, mas não era o meu Ogro preferido. Era o tal bandido, agora sem o capuz, que praticamente pulou em cima de mim, jogando-me no chão.

Prendeu-me com uma mão, apontando a faca com a outra. Senti um tremendo nojo só de imaginar que aquele cara, escroto, estava sobre meu corpo... e iria fazer sabe-se o que comigo.

Desespero, parte um.

— O que você quer, caralho! – gritei, tentando afastá-lo de mim. Nem dava... a faca que carregava era mais afiada que minhas unhas.

— Você é nossa mina de ouro! – sorriu, com aquela cara de bêbado e sanguinário. – Não vou deixar escapar.

— Que inferno você está dizendo?

— Deixa meu amigo dar o fim naquele bombadinho... que o seu está guardado.

— MATTHEW, SOCOOOORRO! – berrei, tentando fugir. Aquele filho da puta teve a coragem e a audácia de me dar um tapa no rosto. Pra completar, tapou minha boca com a mão, colocando força sobre as pernas, para que não tivesse forma de escapar.

— CALA A BOCA, VADIA!

Matthew surgiu do nada, atrás do bandido, com um pedaço de pau. Acertou-lhe a cabeça com força, e senti um pingo de sangue espirrar na minha mão.

Como se fosse vingança, ou não, o cara tentou me atingir com a faca, mas Matt foi mais rápido. Agarrou-lhe pelo colarinho e o afastou de mim. Agora sim, a coisa ia ficar feia.

— DESGRAÇADO, EU VOU TE MATAR! – berrou, acirrando os punhos.

Fiquei muito assustada, para ser sincera. Continuei caída, com a mão no peito, tentando entender o que estava acontecendo. Minha vida havia sido salva, mais uma vez, por Matthew. Seria bonito... se não fosse trágico.

— Qual é, filho da puta, não vai falar qual era seu planinho? – gargalhou Matt, antes que eu pudesse ver, com detalhes, o que acontecia. Quando levantei... dei de cara com ele, em cima do bandido, socando-o sem dó nem piedade. Pior de tudo, era que ele ria... como se fosse a coisa certa a fazer.

Parecia um assassino, descontrolado. Acabei agarrando-o por trás, a beira de uma crise de choro. Era demais para mim.

— NÃO MATT, NÃO SE TORNA UM CRIMINOSO POR CAUSA DESSE LIXO! – implorei, puxando-o. Ele não queria me ouvir.

— CALA A BOCA, MARIETTA.

— PELO AMOR DE DEUS, ESTOU TE IMPLORANDO, LARGA DESSE CARA.

— ELE NÃO MARECE VIVER, CARALHO!

— MATTHEW, PAAAAAAAAARA!

— EU JÁ DISSE PARA VOCÊ CALAR A BOCA! – berrou, agarrando-me pelo braço. Apertou com tanta força e com tanta intensidade... que senti meu osso estralar. Soltei um gemido, junto de uma lágrima, e percebendo que não havia desmaiado ainda o bandido... empurrou-me. Cai no chão, com o braço formigando.

E continuou a socar aquele homem. E socou, praguejou, de tudo que possam imaginar. Fechei os olhos, não conseguia mais ver. Era sangue... muito sangue... e meu querido Matthew se tornando um bandido. Senti tanto medo... que pensei em fugir. Não adiantaria muita coisa. Seria encontrada... a poucos metros dali.

Meu rosto já estava todo molhado (porque não conseguia parar de chorar), quando ele parou. Era o barulho da viatura de polícia chegando. Ouvi Mel gritar: “Ali os dois!”, para, talvez, algum policial.

Matt parou por um tempo, com a cabeça baixa. Deu um último soco no homem (que já estava todo deformado) e levantou, com as faces púrpuras. Não o reconheci.

Aquele ali, não era o meu amigo. Era apenas um idiota... que movido pelo impulso de um assalto... perdeu o controle, e virou um bandido. Um bandido qualquer, que resolve as coisas agindo com violência.

(+++)

— O alvo era a escritora. – contou o bandido, na delegacia. – Mas esse idiota estragou tudo. OLHA COMO ELE ME DEIXOU! EU QUERO PROCESSÁ-LO, POR AGRESSÃO. – continuou, apontando para Matthew.

— Você não tem moral alguma pra pedir algo. - resmungou o delegado, percorrendo a saleta em que estávamos, com as mãos para trás. – Então, um seqüestro? E de lambuja, levou o carro antigo. Item de colecionador... muito caro. Bem, vai nos ajudar, não? – perguntou, sentando na frente dele. – Onde está seu comparsa? E onde está o carro?

— Você é idiota de pensar que falarei isso. – riu, mostrando que um dos dentes haviam caído (pelos socos). – Ficarei aqui por pouco tempo. Não vou entregar meus companheiros.

— Então tem mais de um?

— Somos em 5, para inicio de conversa. Só eu fui pego. Temos mais 4, para a vingança. E teremos vingança, anotem que eu digo. – ameaçou, elevando o tom de voz.

Não liguei muito para o que estavam dizendo. Pra variar, aposto, teríamos que andar com seguranças. Acabar com a nossa liberdade, por causa de um bandido escroto. Eu só queria... ficar longe de tudo. Fiquei, o tempo todo, no canto da sala, agarrada ao meu braço adormecido. Devia ter machucado o nervo, ou algum osso.

Já Matthew, estava a todo vapor. Ainda corado, com uma notável raiva, disse em bom tom, quase avançando novamente no cara.

— Se você voltar a chegar perto da Marietta... eu te mato. E não estou brincando.

— Acalma seu namorado, por favor. – pediu o policial, acenando para aquela figura alta e irritada. Balancei os ombros, sem dar a devida atenção.

Não me importava nada, nem o fato de nos confundirem com um casal. Foda-se, tinha tanta coisa pra me preocupar.

Depois de resolvermos tudo (boletim de ocorrência, isso, aquilo, nada que eu entendo), acabei saindo antes, à espera de Syn (que buscara um carro para nosso transporte, e levara Mel e Zacky para casa). Matt chegou tempo depois, tentando vestir em mim sua jaqueta. Achou que eu estivesse com frio. Esquivei-me, quieta, olhando para um ponto fixo.

— Vamos, Marie... podemos ir. Posso pegar emprestado um carro e...

— Não, irei com o Syn.

— Ele pode demorar, vem, vamos. – insistiu, agarrando-me pelo braço. Soltei um gritinho, soltando-me, agarrando o braço novamente. Deixei a mostra uma marca horrível, entre os tons arroxeados e vermelhos. Parecia uma mordida... ou algo pior.

— O que é isso? – questionou, corando novamente. Lá ia ele ter outra crise raivosa, para completar a noite. – AQUELE DESGRAÇADO FEZ ISSO CONTIGO?

— NÃO FOI ELE, MATTHEW, FOI VOCÊ! – berrei, enxugando meus olhos. – Você não percebe o quão escroto agiu essa noite. Tudo isso por causa de um carro.

— Um carro? Como assim?

— Você podia ter morrido, ele estava armado! E... e... sorte sua que ele não morreu. Você estaria preso agora... meu Deus, como você é idiota. Pôs a vida de todos nós em risco por causa de uma lata velha.

— Você acha realmente que eu seria capaz de botar a nossa vida... a sua vida, acima de qualquer coisa material? – questionou, ficando de frente para mim. Parecia decepcionado. – Essa é a pior coisa que poderiam dizer pra mim. Eu quase me matei pra salvar sua vida! Aquele cara ia te estuprar, se eu não chegasse, e é assim que você reage, achando que fiz tudo isso por CAUSA DE UM CARRO IDIOTA? MINHA AMIZADE NÃO TEM PORRA DE VALOR ALGUM PRA VOCÊ? COMO PODE... PENSAR ISSO?

— O que você quer que eu pense? Hum?

— Que eu só queria te defender. Se você fosse menos imatura e infantil, teria percebido. Quando te conheci, sonhei com Jimmy... e ele disse que cabia a mim, SOMENTE A MIM, a sua segurança. – gritou, ignorando que havia policiais olhando para nós. – E você vem e fala isso para mim? Sinceramente... não sei como você considera alguém seu amigo... se você não o conhecesse. Vai atrás de alguém que você confie... pensa no Hugo, quem sabe ele teria feito algo melhor, como por exemplo, ter fugido, hum? Ou melhor: vai pra puta que te pariu! Abro a mão de você.

Depois disso, não voltou a falar comigo.

Por um tempinho, achei que eu possuísse razão, em ficar tão assustada. Agora... o sentimento foi substituído por algo estranho. Eu sentia, aqui, bem dentro de mim... uma culpa imensa, por não entendê-lo. E um medo... ainda maior... dele nunca mais me perdoar, por ter feito isso.

Por que eu agia por impulso? Por que sempre quero ser a certinha da situação? Por que não entendi que... ele perdeu o controle... por que teve medo de me perder também?

Droga, Marietta, como você é criança! Por que afastou o homem mais importante da sua vida?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!