- Matthew, cadê a chave dessa porra? – gritei, chegando perto da sala onde todos os atores, produtores, diretores, o caralho a quatro, estavam. Matt riu, jogando a cabeça para trás. EU ODIAVA QUANDO ELE FAZIA AQUILO!

- No meu bolso. – respondeu, com calma e naturalidade.

- Ótimo, qual bolso? – voltei a perguntar, esticando a mão esquerda (a livre).

- O terceiro...

- Mas essa sua jaqueta não tem bolso, cara...

- Terceiro bolso da minha jaqueta marrom que está no hotel. – riu, enquanto era agredido por mim e Mel. – Ah cara, a culpa é de vocês.

- Nossa? AH, CLARO, EU QUE TRANSEI COM AQUELE TRIO DE VADIAS!  – gritei, enquanto Matt abria a porta da sala, com força.

- Marie, não se envergonhe de sua homossexualidade, eu já disse. – sorriu para mim, acenando, em seguida, para todos dentro da sala. Lógico, fez questão de mostrar que estávamos de algemas.

Corei bruscamente. Senti meu rosto queimar de vergonha e de ódio. Mel, um pouco surpresa pela coragem de Matt em me enfrentar, dava gargalhadas altas. Ele, aquele corno manso maldito e desgraçado, também ria, arrastando-me para dentro da sala. E lá estavam Tim Burton, Helena Carter, Misha Collins... olhando para mim, cogitando a hipóteses sobre minha vida pessoal.

Missão: MATAR M. SHADOWS! Não joguei pedra na cruz não, pô!

Que... vergonha... Deus!

Não, eu não podia deixar que ele saísse por cima da situação. Nunca fui mulher de abaixar cabeça para homem. Desde que comecei minha vida, e tive decepções no passado (isso é uma outra história, depois eu conto), amadureci. E nenhum cara, por mais foda que fosse, iria pisar em mim.

Quando tive certeza que todos olhavam, acenei, como se nada me afetasse. Por fora, uma máscara de porcelana, transmitindo a calma. Por dentro, um ferro incandescente a ponto de torrar alguém:

- Antes de qualquer coisa, pessoal...  gostaria de dizer que estou namorando uma mulher. Apresento-lhes M. Shadows. – disse com naturalidade, esticando minha mão esquerda. – Nossa história de amor começou há pouco tempo... e na nossa primeira relação sexual, descobri que ele... no caso, ela, porque seu nome verdadeiro é Shirley, não tinha... pênis. O que eu faria... se não ficar com o amor da minha vida?

AHÁÁÁÁÁÁÁ! EU IA ME VINGAR. SEXTA VINGANÇA! AVENGED SIXFOLD!

Tudo bem que eu não percebi, na hora, o quão estranho ficou aquele papo. Eu, apaixonada por M. Shadows... HUSASHASHUASH. Nem em um dos melhores sonhos. Matt não era homem para mim. Eu não era mulher (se é que tem como ser mulher com 23 anos) para Matt.

Ignorando o ódio que estava dominando minha razão naquele momento (o que me tornava capaz de esfaqueá-lo), gostava dele como amigo, apenas. Mesmo cobiçando aquele corpinho forte, aquela voz de macho alfa, e aqueles olhos verdes profundos e brilhantes... acredito que eu nunca teria a coragem de ficar com ele. Eu, infelizmente, amava Hugo. E se fosse ficar com alguém, NA CERTA não seria ele. Syn, lógico.

Enfim, continuando com a história.

Matt olhou para mim com as faces coradas. Não entendi sua reação... porque, com certeza, não foi por causa da minha brincadeira. Ele não era homem de se irritar ou envergonhar com pouco.

- Posso te provar o quanto sou homem, se quiser. – sussurrou, dando uma piscadinha. Ignorei totalmente. Mel continuava com aquela risada maldita, com as faces vermelhas como pimentão. Acabamos sentando no centro da roda (formada pelos presentes), depois de cumprimentá-los.

Faltava alguém. E não foi só eu que percebi.

- CADÊ O TIOZINHO SÓSIA DO PANIC AT THE DISCO? – gritou Matthew, batendo palmas.

Isso é algo inédito nessa história, mas serei obrigada a fazê-lo:

Devo:

• Matar Matt da forma mais torturante que existe, enfiar um pau no cu dele, e dar choque no saco! E depois disso, cortá-los e fazer aperitivos para todas minhas amigas e amigos homossexuais!

• Realizar minha sétima vingança (que tem que ser fodelástica).

• Ignorar totalmente o fato que o sorriso dele é muito lindo.

• Ignorar os anteriores, porque essa história não é um diário, escritora idiota.

• Parar de me tratar (xingar, praguejar, derivados) em terceira pessoa.