Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 27
Enfim, acordando.




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O tempo para mim não tinha relevância alguma. Só sei que acordei três vezes, e não me lembrava de nada. Da primeira vez, conversei com Matt (ou era alucinação?). Da segunda, vi Syn e Mel (outra alucinação?). Da terceira, só vi o teto, e parecia diferente do outro, o da primeira vez.

Da quarta, no dia em que desprezo, eu já entendia as coisas. Pude sentir minha perna e meu corpo, e já não considerava a hipótese de ter morrido. Aquele bang que imobilizava minha garganta foi tirada... e, enfim, pude me levantar e movimentar.

Pude, também, ver o estado que Matthew estava, e foi nessa hora que preferi ficar travada, sem mover o pescoço. Era muito estranho... ele estava ali, ainda vermelho, cheio de aparelhos ligados nos braços (não pude ver seu rosto, já que tinha uma cortina que tampava). Ai Deus, e aqueles braços... tão fortes e tatuados, cheios de aparelhinhos estranhos. Nunca pensei ver cena tão... tão... assustadora. Juro que preferia... estar no lugar dele. Tá, um pouco clichê...

Esfreguei o rosto com as mãos... e esperei que alguém aparecesse, para perguntar o estado dele... e quando eu poderia comer algo (Pô, gente, eu estava com uma puta fome!).

Um tempinho depois, surgiu Melissa, que ficou feliz em me ver (eu acho pelo menos).

- Beeest, ainda bem... está melhor, não é? Da última vez, você estava confusa... meia... alta.

- E Matt, como está? – sorri, feliz por minha voz ter voltado. Uma tagarela como eu... sem poder falar... é um castigo, mesmo.

- Na mesma. – suspirou Mel, se aproximando. – Amor... foi um pouco grave o que ele teve.

- E o que isso quer dizer? Por que está falando isso para mim? Mel, ele vai... morrer?

- Vira essa boca pra lá, Marietta! Não, não vai morrer... rezo pra Deus que não.

Momento silencioso, parte um. Eu e Mel nos olhamos, por algum tempo. Desviei e observei o quarto em que eu e Matt estávamos... e percebi, que nele, só havia dois leitos.

- Esse quarto é particular?

- Uhum... – concordou Melissa. - Vocês saíram da UTI noite passada.

- Pra que isso?

- Marie... o Matt... estava muito mal, e você bateu a cabeça. O que queria?

Desviei novamente o olhar... e percebi o quanto estava encrencada. Tinha sido mais grave do que eu imaginava. Eu, Matt, numa UTI? Nunca pensei passar por uma experiência tão horripilante quanto essa.

- E eu?

- Você está bem... graças a Deus. Só vai ter... que ficar com a perna engessada... até... o osso voltar no lugar. Você tem alta ainda nessa semana.

- E Matt vai ficar mais?

- Não sei... se ele reagir bem... acho que tem chances.

- Você não avisou meus pais desse incidente, né?

- Seus pais não... mas... Hugo ficou sabendo, me ligou e disse que já já chega em Londres à sua procura. – disse Mel, sem respirar, com medo de minha reação. Eu sorri, afastando o cabelo do rosto.

- Ótimo... já dou a notícia do filme pessoalmente e... acabamos com essa porra de uma vez.

- E aí, bandigatinhas! – chegou Syn, abrindo a porta com violência. – Espero que hoje esse viado que chamamos carinhosamente de Filho da Puta Shadows acorde. Ah, e Marietta... a enfermeira disse que... se você quiser tomar um banho, pode ir. A Mel te ajuda. Ou eu, se assim desejar...

- Syn, cala a boca vai. – pedi, rindo loucamente. Tudo bem que a ideia era agradável, mas... ignorem. – Vamos lá Mel, pelo menos troco de roupa e fico mais apresentável...

- Você é apresentável de qualquer forma, gatinha.

- Xii, vamos parar com isso porque não nasci pra ser castiçal. – riu Mel, ajudando-me a levantar. – Syn, fica aqui, quietinho, e dorme.

- Dormirei, sonhando com as duas melhores amigas mais gatas que conheço. – piscou Syn, sentando-se na poltrona ao lado de Matt. Antes de fechar a porta do banheiro, ouvi-lo dizer, bem baixinho:

- Não tem graça fazer piadas sem você pra rir... idiota.


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