Palavras de Heagle escrita por Heagle
A pizzaria que encontramos aberta era agradável. Suas portas eram de vidro, e alguns acabamentos de madeira. O melhor de tudo era a música: podíamos curtir um clássico rock ‘n roll admirando as luzes da cidade, e as estrelas do céu. Muito se engana quem pensa que na Europa... não há noite estrelada. Lógico que não é igual ao do meu interiorzão de São Paulo... mas já quebra o galho.
- Mel, escolha uma pizza aí pro entregador levar pro Matt. – pediu Syn, entregando um cardápio. Pela forma que se olhavam... dava pra ver que, enquanto estive desmaiada, muita coisa andou rolando. MUUUUUUUUUUUITA... e da forma que Mel era louca por Syn (como artista e homem) e ele um galinha de primeira categoria... não me surpreendo muito em cogitar tal hipótese.
- Você não sabe o sabor que ele curte? – questionei, enquanto Mel escolhia, passando o dedo pelos sabores.
- Na verdade... não. – riu, dando uma piscadinha marota. – Ele pediu que levasse qualquer sabor... já que não quis vir porque... vocês sabem, né? Mas cara, que foda, você e o Matt atuando juntos! Vai ser do caralho!
- É, muito... – respondi, um pouco (talvez muito) irônica.
- Puts, que ânimo ein? Ah, pronto, vou escolher uma de calabreza simples... que tal?
- Isso, nada com pimenta, Matt é alérgico. – avisou. – Teve uma vez, quando éramos adolescentes, que eu e o Jimmy lotamos a comida dele de molho. Não sabíamos, lógico... puts, mew, ficamos com o cu na mão... o cara começou inchar... passar mal... nossa, foi foda! Tentando se vingar de mim... ele me tacou contra um enxame de abelhas. E como sou alérgico... imagine a cagada que deu, né? Meu pai queria matar ele... UHSAUSUAHUSH.
E ficamos assim... conversando, até as cinco da manhã.
- Certo dia, fomos na sorveteria: eu, Hugo, meu ex-namorado e Marietta. Essa louca tomou tanto sorvete, mas tanto sorvete... que de noite, a garganta dela começou a doer. Em menos de uma semana, estava com pneumonia. – riu Marietta, um pouco “alta” devido às quatro cervejas que tomara junto de Syn. Como eu não bebo... me contentava com a coca-cola (porque não tinha Sprite).
- Valeu, sua puta manca. Conta pro Syn do dia que tive que te buscar com Hugo em um motel! E damos de cara com nosso professor da faculdade.
- AAAh não, o caso do motel foi épico. Eu comecei namorar um carinha muito linds. – contava, gesticulando com as mãos. – Daí, no primeiro mês de namoro... ele disse que ia me dar um presente. Vendou-me e fomos ao tal lugar especial. Quando vi: Motel da Fonte. FALA SÉRIO NÉ? Na hora quebrei o barraco com aquele filho da puta... e como eu não podia ligar pros meus pais, porque pensariam merda... liguei pra Marie.
- E lá fui eu... salvá-la. Daí, saindo do tal motel... demos de cara com o carro do nosso professor, Izac. Ele deu um sorrisinho malicioso porque estavam... eu, meu namorado e ela.
- Hum... ménage. Já fiz um desses com o Matt. Foi legal.
Momento tenso, parte infinita.
- QUE NOJO, SYN! – gritei, tapando os ouvidos para não ouvir mais merda. – Eu NÃO precisava saber disso.
- Cara, antes na banda era uma putaria... daí eu e Matt sossegamos... e depois que ficamos solteiros, começamos novamente. Não há um dia que não pegamos alguma mulher. Faz bem... treinamos a voz, hoho. E há também a troca. Hoje eu, amanhã o Matt. As garotas gostam de pegar rockeiros...
- Eu... vou... vomitar. – resmunguei, enquanto Mel ria, ria, ria loucamente, aquela vadia desgraçada.
Falamos merda por mais um tempinho, até que Syn e Mel deram uma desculpa chucra, e saíram juntos. Nem insisti em saber da história, porque da forma que a Mel tinha um fogo, tão enooorme quanto o de Syn, os dois dormiriam juntos, então...nada a declarar. Juro que fiquei muito feliz, então... fingi que acreditei, e fiquei sozinha, terminando minha coca-cola. Vi o entregador levar a pizza de Matt e voltar, e depois de uma hora, levantei-me, para pagar a conta.
- Duas pizzas pequenas de mussarela, nove cervejas, quatro refrigerantes e uma pizza grande de calabreza apimentada para entrega... hum... 60 euros, senhora. – disse-me o caixa. Olhei-o um pouco descrente, e pegando a notinha, li o tal de “calabreza apimentada”.
- Calabreza apimentada? Não, deve haver algum engano... pedimos uma grande de calabreza normal.
- Hum... – suspirou, correndo para a cozinha. Voltou com outro papel em mãos, um pouco corado. – Me desculpe senhora, o garçom confundiu os pedidos.
- Não, sem proble... ér... o cara já entregou a pizza né?
- Já faz uma hora...
- Hum... – resmunguei, pagando a conta. Só que, depois de perceber o que havia acontecido... entrei em desespero. Syn tinha sido muito claro: Matt era alérgico, e poderia morrer por culpa disso.
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