Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 149
Lay Down


Notas iniciais do capítulo

IIIIMPOOORTAAAANTE: BANDILEITORAS *---* sumi pela faculdade, serviço, mas cá estou com um post COOOOOOOOOOOOMBO. Eu não peço muitos favores, mas please gurias, postem seus comentários aquii na fic UHSAHHSUASHAU. eu gosto do facebook, mas aqui fica mais gostoso de ver toda vez que quero >< também pra ajudar a popularizar a bagaça HUSAHSUASAHUS enfim, deixa de putice e vão ler.



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Terceiro Dia

“Está tocando Into The West, da Annie Lennox. Está no repeat há horas. Fecho os olhos e ainda sinto o cheiro dela. Sei lá, deve ser porque estou deitado em sua cama, abraçando seu travesseiro e imaginando que a qualquer momento, ela vai surgir por aquela porta e mandar eu tirar meu traseiro gordo e sujo de seu edredom.

Olha... não sou fã de escrever, nem de ficar pagando pau pra Deus, mas pelo amor... eu faço tudo, tudo nessa vida, até mesmo sumir se necessário... mas eu só quero a minha Marie de volta. Eu preciso dela.

Antes de ver Jimmy, cogitei o suicídio. Achei viável, de boa... mas daí... sei lá, fraquejei. Talvez eu seja muito fraco para partir dessa forma. Preciso viver mais algumas esperanças que a Marietta vai resistir.

Mas, para ser franco... acho que isso não vai acontecer. Meu Deus, ela tem uma bala na cabeça! Não sei se a tiraram, não lembro do que Connor disse, mas cara... minha menininha está em uma hora dessas estirada numa maca vegetando, sem sequer poder respirar. Não sei o que eu fiz para merecer isso... mas se realmente mereço, devo ter feito muito mal a alguém.

Bem, pensando... porra, quantas vezes Marie chorou por minha culpa e eu fingi que não percebia? E aquele dia que a vadia da prostituta me chapou e eu quase... não, CHEGA, CHEGA DE REMORSO, chega de lamentações. Preciso desligar, preciso fazer alguma coisa.

Pensei na maconha e na heroína também... mas caralho algum vai suprir o vazio que estou agora. Hey, peraí... meu celular”.

Matthew largou aquele bloco amassado de anotações (que antes tinha função de cartas, agora funcionava como um diário) e pegou o telefone. A música tocava no fundo, bem naquela parte do You and I will meet again and you'll be here in my arms just sleeping (Eu e você, nos encontraremos novamente e você estará nos meus braços dormindo). O filho da mãe nem se deu ao luxo de diminuir o som.

Se bem que qualquer barulho era irrelevante diante de sua taquicardia. Era Syn quem o chamava.

- Syn? – gaguejou, com as mãos trêmulas. A ligação do melhor amigo sempre remetia coisas ruins, ainda mais na situação em que se encontravam. Temia que Deus tivesse conquistado mais um anjo para seu exército. Um encantador anjo escritor. – O que...

- A MARIETTA, PORRA! – gritaram do outro lado, demonstrando um ataque sinistro (Synyster, sinistro, entenderam o trocadilho infame?). Se Matthew estivesse nos corredores do hospital naquele momento, de certo veria um marmanjo de trinta e todos anos pulando feito uma criança, abraçando todas as enfermeiras e aproveitando para tirar umas casquinhas dela. Tá, sem enrolação... - A MARIETTA MEXEU O DEDO DUAS VEZES! A ENFERMEIRA VIU!

- CARALHO! – berrou, olhando desesperadamente para os lados. Precisava de um foco, porque se não encontrasse, cairia em choro. Seu orgulho masculino já estava ferido o suficiente para suportar mais uma daquelas crises existenciais e emocionais.

Não adiantou muito, quando foi perceber, já estava com o rosto todo ensopado e vermelho, tremendo feito uma vara verde. Procurava as chaves do carro no bolso, mas por fim, depois delas serem abduzidas por algum ET ou coisa do tipo, ele apelou para um táxi. Fudesse o mundo, ele queria mesmo era ver sua pequena Marietta.

Chegando lá, a situação era a mesma da noite anterior, mas com um clima bem menos pesado. Zacky, com as bochechas gordas bem mais coradas, recepcionou o amigo com um abraço. Syn o mesmo fez, exibindo aquele sorriso galinha característico.

- Logo, logo, você vai poder comer ela. – cochichou, esfregando as mãos. – Mete com força, se vinga por ela ter deixado você e nós com o cu na mão.

Matt não teve escolha a não ser rir. Tá... a ideia o excitara de certa forma, já tivera duas experiências sexuais com a amiguinha (embora ela não soubesse/lembrasse) e ambas foram muito, mas muito BOAS. Enfim, aquele não era o momento certo. Na verdade, mesmo se Marietta acordasse naquele instante, não faria nada com aquele corpo tão frágil. Não faria nada com o corpo nem com a alma. Deixara-a em paz.

- Ela acordou? – perguntou, olhando para o fim do corredor. Não sabia porque, mas sempre tinha a impressão que Marietta surgiria por ali. – Diga que sim, por favor.

- Não... – confessou o outro, sem deixar que o sorriso morresse. – Mas ela mexeu o dedo. Duas vezes. Bem, pra quem não respondia à porra nenhuma, ela está bem, isso no terceiro dia.

- Está descartada a hipótese dela... morrer? – essa, de fato, era a pergunta que mais doía. Foi nessa hora que Zacky e Syn perderam aquele brilho no rosto e murmuram quase que em um coro.

- Não.

Não foi tão fácil viver aqueles dias. Parecia que o fato de Marietta ter um reflexo não houvesse mudado nada seu estado gravíssimo. Continuava imóvel no coma, com aparelhos e todas aquelas complicações. Não demorou muito tempo que a alegria da movimentação dos dedos sumisse por completo. O clima fúnebre voltava a rondar os Avengers e Melissa, que abobalhada e cinco quilos mais magra, foi liberada da internação no quinto dia.

Como estava diferente. Vivia olhando o nada como se não pudesse ver. O andar não possuía rumo, sequer Syn conseguia atrair sua atenção.

Olhava fixamente para os sapatos. Lembrava exatamente do dia que os ganhara. Parece que foi ontem quando...

- Fecha os olhos, estica as mãos e diz: Marietta é foda. – gritou Marietta, no auge de seus 19 anos. Ainda frequentava a Unesp com sua melhor amiga Melissa, a louca que todos conheciam como a “guria que tentou matar o gay que tentou agarrar seu namorado também gay”.

Em resposta, ela mostrou a língua, espiando um embrulho mal feito nas mãos da amiga.

- O que é? Por que estou recebendo presente?

- Porque você disse que ia se esforçar e que apresentaria nosso trabalho sem papel. E além do mais, que tiraria nota máxima na prova daquele filho da puta. Então... como prometi, estou te recompensando pelo esforço. Toma!

Melissa não ganhava muitos presentes, ainda mais dos pais. Na ansiedade de rasgar todo aquele embrulho, atacou-o como se fosse um pedaço de carne. É, se fosse carne ela teria feito a mesma coisa, ainda mais uma picanha.

Em uma caixinha preta, arrumadinho lado a lado, estava um par de sapatos de caveirinha. Lembrou-se, de cara, que comentara com a amiga que queria, mas não possuía dinheiro suficiente.

- MAAARIIIEEE! – berrou, dando pulos frenéticos no meio do povo. – NÃÃÃO CREEEEEEEIO!

As caveirinhas ficaram ali, olhando para Melissa. Elas também estavam olhando naquele momento, embora estivessem mais desbotadas e sujas.  Aquele corredor de hospital era frio demais, e os sapatinhos aqueciam seus pés. Só mesmo Marie para... para...

Não terminou o raciocínio. Afundou a cabeça entre as pernas e começou a chorar.

Matthew não disse nada. Isolou-se com seu bloquinho e continuou a escrever. Dessa vez, em uma nova página: a do quarto dia.

“Não consigo ver Mel dessa forma, eu sinto em seu olhar que me culpa por tudo. Eu sei que sou culpado, mas não precisa fazer isso sempre, porra. O que querem que eu faça? Espere Marie acordar para verem, seus filhos da puta!”


Quinto dia.

“Marietta teve um sangramento estranho pela manhã. Connor correu de um lado para o outro como se... mais do que nós, zelasse pela vida da paciente. Nunca me esquecerei do quanto esse homem está lutando para manter Marie conosco. Se eu pudesse agradecê-lo da melhor forma que posso... lhe daria minha menina. Infelizmente, ele é casado... é... deve cuidar bem de sua esposa. Diferente de mim, que não defende sequer a mulher amada”.


Sétimo dia.

“Não escrevi ontem porque... surtei. Ainda não sei o que está acontecendo, mas calma... um dia fico sabendo. Mas acho que é algo com Marietta...”


Décimo primeiro dia.

“Tentei me matar no oitavo dia. Duas vezes, comendo pimenta... mas infelizmente a maldita não fez efeito. Vai tomar no cu!, descobri que não sou alérgico a todos tipos de pimenta. Nem pra me matar eu presto, que caralho!

Por que tentei fazer isso? Lembra que no sétimo dia eu surtei? É... Marie teve outra parada e Connor chegou a anunciar sua morte. Não sei que tipo de anjo, Deus, o caralho que a protege... mas ela está viva. Pior do que antes, sem chances de voltar do coma... mas... está.

Digo e repito: se eu fiz algo para merecer tudo isso... preferia que acontecesse todas essas desgraças comigo. Deus, por que me afetou desta forma? Não se vingue de mim com meu bem mais precioso. Ela não merece. Não... faz...”


Décimo sexto dia.

“Perdi a porra do bloquinho, fui encontrá-lo no bolso do Syn. O corno manso disse que eu estava ficando neurótico por escrever, como se fosse meu ópio. Porra, era pra ficar feliz que minha droga é escrever e não matar as pessoas. Ah é, tentei me matar novamente, só que dessa vez com analgésico. Errei a ampola da medicação, CARALHO!”


Décimo sétimo dia.

“Connor pediu para que eu... visitasse o quarto de Marietta. Ele queria que eu me despedisse... porque...”

Décimo oitavo dia.

“Eu senti... eu senti, pela primeira vez, que meu mundo perdia o chão. Connor teima em dizer que o estado de Marietta é irreversível, mas eu não acredito, eu vou continuar nesse corredor até que aquela acorde e corra até mim gritando o quanto sou seu ogro engibizado. E o quanto Syn é filho da puta, e Zacky um gordo, e Mel... ah meu Deus, já cansei de pedir em seu nome. O QUE EU VOU TER QUE FAZER PARA VOCÊ PARAR DE ME CASTIGAR? PROMETER QUE NUNCA MAIS CHEGAREI PERTO DE MARIETTA? É ISSO QUE VOCÊ QUER!?”


Vigésimo dia.

“Estou no quarto de Marietta mais uma vez, a todo instante parece que ela vai partir e me deixar, então faço o que posso para matar minha saudade, minha necessidade de vê-la. Esse bloquinho está sendo minha salvação... me sinto bem escrevendo. Agora sei o que Marie... ér... peraí. PORRA, CALMA... MEU, PERAI... ESTOU FICANDO LOUCO... OU ELA APERTOU MINHA MÃO ESQUERDA (no caso, a mão livre). POOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORRRAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA”.

Vigésimo primeiro dia.

“Connor mostrou-se otimista depois de muito tempo. Não houve mais sangramentos e Marietta apertou minha mão duas vezes! DUUUUUUUUAS! Agora estou aqui novamente, tentando cantarolar a música do Avenged que ela mais gosta... mas minha voz não sai. Só me resta enrolar Into the West. ‘Soon you will see, all of your fears will pass away’”.


Vigésimo terceiro dia.

“Mel deu um tapa em meu rosto. Me chamou de assassino e de outras coisas que não consegui ouvir. Sai correndo, como um covarde. Marietta teve um sangramento e passou por outra cirurgia. Connor não sabe mais que fazer para... ér... me desculpe....”


Vigésimo quinto dia.

“Ouvi Mel conversar com os pais de Marie pelo telefone. Pelo visto, a conversa não foi tão amigável assim, porque depois disso tudo... ela voltou a ter uma crise de nervos. Por ironia do destino, fui eu quem a auxiliou. E ela, talvez percebendo que estava sendo dura demais comigo, murmurou um ‘não deixe a Marietta partir’ antes de desmaiar. Ah, minha cara... é o que mais quero...”


Trigésimo dia.

“Não consegui escrever esses dias, estive trabalhando em outros projetos. Músicas... músicas para o novo álbum do Avenged. Não sei se essa foi a melhor decisão a se tomar em um momento desses, mas eu decidi... que por mim, Jimmy e Marietta, vamos prosseguir no sonho. Por que... são 4 da manhã... você tem mais uma chance de morrer”. É, 4 da manhã é um bom título para uma música.


Trigésimo terceiro dia.

As palavras somem a partir do momento que você percebe que sua vida tem sentido novamente, porque... Marietta abriu os olhos. A MINHA Marietta despertou”.


The night is falling

You have come to journey's end

Sleep now

(A noite esta começando

Você chegou ao fim da jornada

Durma agora)


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