Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 12
Dia seguinte.




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O dia seguinte não foi um dos melhores de minha vida. Nunca encarei a morte tão de perto como naquela ocasião. Prefiro não comentar o que ocorreu no hospital, quando Matt soube da morte de Johnny. Na verdade, não houve reação. Ele foi embora, tempo depois, e só voltou a se unir aos amigos no enterro, que cortesamente, me convidou, através de um bilhete breve.

Não fui. Não achei justo ir em uma reunião tão familiar de bicão, já que eu nem mesmo conhecia Johnny direito. Lamentei muito sua morte, como fã. Preferi guardar sua imagem viva, tocando loucamente nos shows que tive prazer de ir.

Assim, fiquei o dia todo no meu quarto, deitada na cama, escrevendo. Conversei com Diego, meu melhor amigo (pesquisador e biólogo responsável pelo centro de análises da USP), com meus pais... e só. Pra ser sincera, só sai de meu recanto isolado para almoçar e jantar, porque... comida é algo que considero sagrado! E não, não consigo passar dos 53 kilos... com 1,70 de altura. Sou, o que carinhosamente chamo de... OBESA DE MENTE, mas isso não vem ao caso. Não agora. E sinceramente, lamento ter tocado nesse assunto e ter fugido do assunto principal, mas... parei.

Lá pelas nove horas da noite, cansada de não fazer nada e daquele clima assustadoramente pesado, desci para o hall do hotel para saber se havia recados para mim (porque pedi que a recepcionista falasse, para quem quer que me procurasse, que eu não estava).

- Um homem, que se identificou como seu marido, ligou perguntando se você estava. – contou-me Janny, minha amiga da recepção (da forma que eu sou sociável, fiz amizade até com a camareira).  

- Hugo? – murmurei, corando um pouco. Não pude ver como fiquei na hora, mas senti meu rosto queimando, de ódio, ao lembrar nosso último contato. Como era possível eu odiar meu próprio marido?

- Ele mesmo, Marietta. Disse que, quando você voltasse, era para retornar a ligação.

- Retornarei... retornarei uma ligação mandando ele tomar no... ér... enfim... – me contive, percebendo que eu não estava em minha casa pra gritar palavrões. Tentei mudar de assunto, ainda um pouco desconcertada. - E o produtor e a Mel?

- Também ligaram, apressando a data dos testes.

- Aff, apressando a data dos testes... com tudo que tem acontecido, esqueci totalmente disso.

- E tem outro... do hóspede Matthew Sanders. Pediu que você o encontrasse quando possível, no apartamento dele.

- Matt? – perguntei, arqueando uma das sobrancelhas. A princípio, acreditei que era uma notícia desatualizada, talvez do dia anterior. Mas não, foi com surpresa que Janny contou que a mensagem fora escrita há poucos minutos, talvez meia hora, no máximo. Olhei para os lados, cocei sutilmente meu queixo e sorri, despedindo-me:

- Valeu Janny... e... ér... tem certeza que era Matthew?

- Sim! Como não reconhecê-lo? É alto... muito alto, cheio de tatuagens, vive com óculos escuros e possui um corpo que... pelo amor dos deuses, que é aquilo? – começou, dando a impressão que a qualquer hora deixaria uma gota de baba cair sobre a bancada. Legal, não precisam falar isso pra mim toda hora... eu já sei que o corpo dele é uma perdição!

- Okay, Janny, entendi o que você quis dizer. – resmunguei, ignorando todos aqueles detalhes que eu já conhecia. Dei um giro de calcanhares, andei até o elevador... mas acabei decidindo ir de escada. Sempre odiei elevadores.


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