Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 102
Noite difícil.


Notas iniciais do capítulo

Oii meninas, to com pressa então vou postar sem muitas frescuras HUSAUHSHUA ignorem, pela decima vez, se houver algum erro. Rascunhei essa fic no meu caderno. UHSAHHSUAS beijos.



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Adormeci brutalmente na cadeira, devido ao cansaço daquelas últimas semanas. Por volta das sete e meia da manhã, Matthew se aproximou, cutucando meu ombro:

- Marie... chegamos. Zacky está com Syn lá embaixo. Vou ficar aqui contigo, okay? – murmurou, próximo de mim (senti a respiração dele, dava pra perceber).

Assenti, esfregando os olhos com a mão fechada. Demorou um tempinho para que eu me contextualizasse. É... infelizmente cai em mim, e percebi que estava no hospital. A mesma história das horas anteriores: em frente do quarto em que Melissa estava.

- Meu Deus, dói tudo. – reclamei, tentando me mover. Dormir em uma cadeira quadrada não é tão confortável, como vocês já devem ter imaginado. – Estou um caco.

- Acredito que esteja. – suspirou, sentando ao meu lado. – Nada sobre o estado da Mel?

- Ela perdeu um dedinho do pé, pelo que Lahrissa falou. Não tive detalhes apurados... Syn gritava e eu quase dormia em pé. – murmurei, sentindo uma súbita ânsia de vômito. – Deve ser pela falta da insulina. Aquela maldita tem que ficar contente por não ter ficado cega... ou ter perdido o pé... ou ter alguma seqüela cerebral mais grave.

- Perdeu o dedo mesmo?

- É... e pelo que falaram, demorou muito para a pressão estabilizar, isso dificultou as coisas. Vocês não sabem, mas... ela tem pressão alta, por isso a diabetes.

- Por que nunca contou a verdade?

- Fizemos um pacto de sangue, jurando. Ela prometeu que não contaria a ninguém um segredo meu, em troca eu nunca falaria da doença.

- Segredo seu? – questionou, demonstrando certa curiosidade. Por mais que eu amasse e confiasse em Matt, meu segredo era cabuloso demais... e ninguém, absolutamente ninguém, era merecedor dela... mesmo que me fitasse com aqueles olhos             que...

CHEGA! Não, definitivamente não. Era algo que acabava com minha sensação de ser uma mulher normal, toda vez que tentava ser uma.

E ANTES QUE PENSEM MERDA, EU NÃO TENHO UM PÊNIS. E NUNCA TIVE.

- É. – retruquei, virando o rosto. – Enfim... esse é o motivo nobre de não ter dito nada.

Matt não respondeu, ainda olhando para mim. Juro que tentei, inúmeras vezes, fingir que não estava percebendo. Não, não podia sentir aquela mesma sensação de estar se afogando em um olhar, tão simples e tão estonteante. Parece tão idiota... tão tonto... mas eu não era forte o suficiente para evitar.

Acabei cedendo, virando a cabeça.

- E você e Anne? – perguntei, sem saber (exatamente) porque fazê-lo. Um assunto que atormentava, mas foda-se, tudo para a distração dos olhos de ressaca (leia ressaca no sentido literal da palavra).

- Ér... estamos bem, acho. Acho que ela não sabe ainda de Mel. – respondeu, tirando do bolso os óculos. – E deixe-me vestir isso, as olheiras estão dando sinais absolutos de...

- Você fica tão bonito sem óculos. Deixa a melhor parte do seu corpo à mostra, que são seus olhos. Eles dizem tanto sobre... ér... – dizia, interrompendo-me no meio do discurso. Que diabos eu estava dizendo? Que porra era aquela de olhos e o caralho? – Talvez seja melhor você pôr os óculos mesmo. – completei, com pressa, virando novamente o rosto. Senti uma queimação insuportável; eram sinais claros da minha vergonha.

Já Matt, não pareceu se importar tanto com minha “gafe”. Voltou a guardar os óculos no bolso e sorriu, levantando-se:

- Entendo o que Brian deve estar sentindo. Não sei o que faria se a mulher de minha vida estivesse a ponto de morrer.

- Infelizmente muitas pessoas vivem isso. Penso por Leana, quando Jimmy morreu. E Valary, em relação ao Johnny.

- É... verdade. – lamentou, sem se mover de onde estava encostado. – Sabe o que isso me lembra? Do seu livro, o “Assassinato de Emillie Coonoley”, quando Liane leva o tiro... bate o carro... e Hugo fica louco e tals, a ponto de tentar se afastar, para vê-la junto do verdadeiro amor, o ex-marido.

- Puts... esse livro. – ri, espreguiçando. – Lembro de quando fiz essa cena. Basicamente pus minha alma na perseguição, na tragédia... Como se eu estivesse na pele da Liane, levando o tiro na cabeça e tudo isso. Foi foda.

- Essa história parece demais com sua vida. – observou, estalando os dedos da mão esquerda. – E não é apenas pelo fato do cara ter o nome do seu ex brocha.

- De fato, esse livro retrata tudo que eu imaginava que seria... quando tivesse 27 anos. Só que MUITA coisa mudou. Não vivo em Londres por causa do Jornalismo, no final de tudo não fiquei com meu ex marido, e nunca conheci o “Greg”.

- Quem é esse Greg, ele realmente existiu?

- Lógico que existiu. – ri, levantando-me, tentando fazer meu pé parar de formigar. – Namorei pela internet por muito tempo. Meu primeiro amor... pra ser sincera. Dois anos de vida jogados no ralo.

- Como você consegue amar alguém que nunca viu na vida? –questionou, com um tom de voz que me remetia à grosseria. Tentei ignorar, manter a postura e responder, com educação. A última coisa que faria seria brigar com Matt... dentro de um hospital... em frente do quarto da Mel.

- Da mesma forma que conseguia gostar de ti, apenas por um simples pôster no quarto e as músicas no fone de ouvido. Você não estava pessoalmente presente, mas vivia dentro de mim.

AHÁ, DORME SEM ESSA, SEU FILHO DA PUTA!

Bem, como já devem imaginar (porque vocês são realmente inteligentes), Matt não esboçou reação alguma. Já era de se esperar, ele nunca fazia isso.

Voltou a se sentar, com os braços cruzados, tentando escapar de meu olhar repreensivo. Inútil... totalmente inútil fugir de mim. Estávamos tão próximos... e não exatamente fisicamente.

- O que está olhando? – disse por fim, demonstrando impaciência por ser observado.

- Um ogro bem grosso. – respondi, também irritada.

- Espero que esteja falando do meu...

- Chega, nem termine! – gritei, tapando os ouvidos antes que ouvisse mais merda. A hipótese de discutir a extensão das partes baixas de Matt era algo que me encabulava.

Sei lá... estranho.

- Então acredito que você esteja falando que estou estúpido.

- Uau! Você é bom mesmo, ein cara?- ironizei, aliviada pela mudança do assunto. Virei de costas, com os braços cruzados, incrivelmente irritada com as últimas atitudes daquele Ogro filadamãe.

Tá, eu sei, ele estava preocupado com Mel e com Syn, mas não precisava ser um cavalo.

- Não tive uma boa noite de sono. – tentou se justificar, passando as mãos pelo rosto. – Pesadelos.

- Que graça, um marmanjo desse tamanho com medo de pesadelos.

- Não enche o saco.

- Não vou encher. – suspirei, levantando-me, um pouco cambaleante. – Vou ir com Syn e Zacky, talvez por lá eu não leve patada de graça.

- Valeu mesmo, Marietta, não tenha culpa se tenho medo... de perder... – mas não completou.

E já não interessava mesmo. Eu já estava longe, pelo corredor... tentando me afastar, fisicamente quanto emocionalmente, daquele cara.

Não era possível... mas eu tentaria.


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