Segredos Reais escrita por Lena


Capítulo 27
Vinte e um


Notas iniciais do capítulo

Hey! Como estão? Boa leitura!



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Come What May – Ewan McGregor and Nicole Kidman

Bella PDV (três semanas e dois dias depois)

— Faça força! – eu ouvi uma das empregadas ao meu lado dizer. – Vamos! – continuou ela, eufórica.  Era fácil para ela falar. Ela não carregava uma coroa todos os dias, não tinha que pensar em milhões de pessoas, não tinha que se preocupar com guerras e muito menos tivera o filho cercada de gente. Tudo bem, eu estava no meu quarto, mas ele estava mais lotado do que era comum. A parteira estava no meio das minhas pernas. Gianna enxugava o suor da minha testa com um pano. Quatro ou cinco empregadas andavam de um lado para o outro com bacias de água e panos limpos. E eu estava de camisola, deitada na cama, apertando dois travesseiros com as minhas mãos fechadas em punhos.
— Ahh! – eu gemi pela tricentésima vez. Ofeguei, de novo e de novo.
— Só mais um pouco, Vossa Majestade. – a parteira finalmente se pronunciou. Ela estava me dizendo isso fazia mais de meia hora: só mais um pouco, Vossa Majestade; só mais um pouco, Vossa Majestade... A dor, eu percebera depois, pouco importava, minhas pernas doloridas, meu rosto encharcado de suor, assim como a camisola... não havia nenhuma importância. Depois de nove meses, sentindo tudo o que eu sentira, era lamentável que se chegasse ao fim tão rápido. Mas o meu coração de mãe (recém formado) não podia deixar de sublinhar a frase: seu pequeno bebê vai estar contigo, nos teus braços, e ninguém poderá deixá-lo longe de ti. Eu gemi uma última vez, arqueando o corpo para frente. Nos segundos seguintes, meu coração falhou duas ou três batidas pelo simples som que eu ouvi. Único no mundo inteiro. O choro do bebê me atingiu como uma flecha, estendi os braços agarrando o nada. As palavras saíram antes que eu conseguisse impedi-las. Era notória toda a minha preocupação.
— O que foi? O que há de errado? Ele... – hesitei – ela está bem?
A parteira demorou a me responder. Aflita, sem conseguir me mexer, com todas as minhas forças esgotadas até o ultimo fio de cabelo, estiquei o pescoço, tentando enxergar algo por cima de minhas pernas cobertas pela camisola, sem sucesso.
— Eu não entendo. – ouvi-a murmurando – Fiz o parto de vossa avó, de vossa mãe... Elas só tiveram meninas, mas tu... Não entendo. Como é possível? – minha expressão era de dúvida.
— O que queres dizer?
— É um herdeiro, Vossa Majestade. Um pequeno príncipe. Homem. – de repente a voz de minha mãe me levou para longe dali, nos meus pensamentos, e eu finalmente entendera o que ela quisera me dizer. “Eu disse que terias escolha, filha. Disse que não seria fadada a um destino que não quereis. Quebraste barreiras, Isabella. Acabaste com nossa sina. Podes seguir o caminho que desejares. Se não quiseres usar uma coroa, não use-a, se não quiseres viver neste tempo, não vivas.” Uma lágrima escorreu pelo meu olho.
— Majestade? Majestade? – Gianna perguntou para mim, tentando chamar minha atenção.
— Sim? – ergui a cabeça para ela. Meus olhos brilhavam a procura de meu filho pelo quarto.
— Precisamos levar o pequeno Príncipe para uma ama de leite. Ela irá amamentar o pequeno. – a ideia de outra alguém dando de mamar para meu filho fez com que eu soltasse um sonoro “não!”.
— Não, não! – repeti murmurando. – Eu vou amamentá-lo. É meu filho.
— Majestade – interveio uma das empregadas mais antigas – é imprudente que Vossa Majestade. Nenhuma Imperatriz dá o peito para o filho. É costume que a ama de leite amamente os herdeiros...
— O que eu disse a governanta sobre costumes?  - a moça de vinte anos que eu havia nomeado apressou-se me corrigir o erro da empregada de mais idade.
— Senhora, - disse a garota – acredito que deveis fazer o que queres. Se quiserdes que seja assim, assim será. És a Imperatriz e todas as tuas ordens serão cumpridas por nós, que só abaixaremos a cabeça e ouviremos.
— Ótimo. Dê-me meu filho, chame meu marido. Não quero ninguém aqui a não ser nós. A guarda deve ser retirada de todos os corredores e concentrada do lado de fora do castelo, as damas devem ficar no primeiro piso, entretendo-se na biblioteca ou na sala de música. Não quero ninguém neste andar, neste quarto, e em nenhum outro. Estou forçando a repetição para que entendam todas, claramente o que eu quis dizer.
— Sim, Vossa Majestade. – todas as mulheres disseram, inclinaram-se fazendo uma pequena mesura, pegaram todos os panos sujos, bacias e saíram em fila para fora do quarto. Restaram apenas duas empregadas que limparam e vestiram meu filho. Deixaram o quarto logo depois de entregá-lo para mim, devidamente vestido num creme.
Os segundos pareciam intermináveis enquanto eu segurava meu pequeno tesouro. Ele se parecia tanto com Edward, mas eu reconhecia os meus lábios, as covinhas da bochecha, e minhas sobrancelhas nele. O resto era tudo Edward. Meu pequeno, cópia fiel do pai. A cor dos olhos, o jeito desgrenhado do cabelinho ralo, as mãozinhas pequenas que se agitavam, agarrando a minha camisola... Eu estava sorrindo para ele abobada. Uma completa tola. Quem diria algum dia que a Imperatriz sorria assim para alguém, com tanta devoção? Ou seria submissão? Eu faria qualquer coisa por meu pequeno bebê.
  Henry Louis Daniel Cullen. Príncipe herdeiro de Swan.
O barulho da porta se abrindo não fez eu me mover um centímetro. Eu olhava detalhadamente as feições do meu pequeno anjinho agitado. Ele estava confortável em meus braços, eu nunca o deixaria de outro jeito. Era verdade que eu ainda precisaria de um pouco de prática para realmente segurá-lo direito, mas ele estava seguro ali, e se dependesse de mim seria deste modo até que ele tivesse autonomia para ocupar a posição de Imperador.
Senti os lábios de Edward em minha testa, dando-me um beijo carinhoso. Logo ele se abaixou, ajoelhando-se ao meu lado, os olhos grudados no nosso filho.
— Vais contar-me o nome que escolheu? A propósito, é uma menina? – ergui a cabeça por um momento para olhar para Edward. Os olhos dele brilhavam tanto. Emanavam o mesmo que os meus: devoção.
— É um menino. O nome do nosso filho é Henry Louis Daniel Cullen, futuro Imperador de Swan. – sorri para Edward, dizendo a parte do Imperador de brincadeira. Ele me beijou rapidamente.
— Realmente lindo. Pena que tenha tanto dele em mim. Os cabelos podiam ser os seus, eu os acho muito mais bonito do que os meus.
— Bobo. És muito mais bonito do que eu.
— Não tenho tanta certeza disso, senhora Cullen.
— Amo quando dizes isso.
— Isso o que? – Edward fingiu-se de desentendido.
— Seu sobrenome. Sua senhora. – eu sussurrei para ele, mas antes que pudesse continuar, Henry começou a chorar. Um choro agudo, de recém-nascido.
Toda a nossa atenção voltou-se para ele imediatamente. Eu tinha idade suficiente para lembrar-me de quando Lívia chorava. Mamãe sempre sabia se ela estava com fome ou não. Renée sempre me disse que era questão de sentir. Claro que eu nunca havia entendido, até aquele momento. Ouvir o choro de meu filho fez com que meu coração batesse rápido e eu me sentisse responsável por ele estar chorando, mesmo que fosse por fome.
— Edward, segure-o para mim, por favor. – eu disse, já impaciente. A cada segundo, meu coração tinha mais urgência. – Sustente a cabeça dele, com cuidado. Vê o modo como estou segurando ele? Imite.
Depois que Edward pegou Henry, apressei-me em desabotoar os botões da parte de cima da camisola. Edward franziu o cenho para mim. Dei um sorriso e peguei Henry de novo.  Ele se ajeitou co facilidade nos meus braços. Uma de suas mãos foi logo para meu seio, descoberto. Coloquei o pequeno mais perto, para que ele começasse a mamar. Estávamos criando um laço ali. Eu dependia dele, ele dependia de mim.
— Eu acho fascinante isso. – Edward murmurava consigo mesmo. – Quando entraste porta adentro desse quarto, hoje à tarde, eras a Bella morrendo de medo, gritando de dor. Agora o que eu vejo é uma Bella forte, sem medo, devota, e, principalmente, feliz. Tenho sido tão feliz contigo, fico melhor sabendo que estás feliz também. – disse Edward tocando meu queixo.
— Edward, - eu disse olhando dentro dos olhos dele – não há maneira alguma de eu ser infeliz ao seu lado. Deste-me o presente mais valioso que eu podia ganhar, algo que não pode ser comprado, ou conquistado, algo que requer amor, singularidade, algo que me faz forte. Estou aqui por minha irmã, por Rose, por ti, mas estou aqui, a partir de agora e para sempre, por causa de Henry. Ele terá a mim sempre que precisar, terá a mim mesmo que cometa erros, terá a mim mesmo que não queira ser Imperador. E mais importante, por causa do nosso amor, tudo o que eu vivi até agora... Todos esses Segredos Reais, ou eu deveria dizer Imperiais? Todos esses Segredos... Eles podem ficar escondidos por muitos anos nesse teto, que já foi lugar de tanto palcos, de tantas coisas, de tantos outros segredos. Sejam eles de amantes, de pacto, contanto que sejam Segredos Reais, de verdade, são a única coisa que importam. As pessoas serem felizes importa muito mais do que isso aqui. – gesticulei para o quarto, referindo-me ao luxo. – Eu te amaria do mesmo jeito se fosse uma camponesa, seria sua do mesmo jeito. E, agora, por causa de Henry, eu não tenho que me preocupar com segredos. Eles deixaram de existir. A magia de minha família, de nossa família, se foi. Acabou. Porque fomos fortes o suficientes para nãos nos inclinarmos para alguém que queria nos controlar. Podes aceitar a opinião de alguém, mas não deve curvar-se a ela. E eu sinto que é exatamente isso que estou fazendo. Faço as pessoas se curvarem diante de mim.
— Bella, amor, não fazes isso de forma alguma. Todos te amam. Todos. Servem a ti porque te amam. Porque foi generosa. És a única Imperatriz que vai a feira, que se sujeita a guiar a carruagem do marido, que se passa por uma dama da noite para que ninguém encoste no Rei. – ele riu. – És a única que quer alimentar o próprio filho. A única que se preocupa demais com o Império. Nasceste para ser, realmente, uma Imperatriz. E eu não ligo para a quantidade de segredos escondidos neste castelo, não ligo para nada disso. O que me importa é a família. A família que estamos construindo juntos. Com a base sólida, firme e forte do nosso amor. O amor que dá pra mim Bella Cullen, que faz com que eu consiga te amar dia após dia, cada vez mais. Sei a diferença que vai ser para ti, sem os poderes... E vais perceber, que nada disso realmente importa. Tua vida apenas vai ficar menos conturbada. Apesar de eu não ter muito certeza disso também. Se Henry for parecido no apetite comigo... Vais ter que passar pomada nos teus seios para que não rachem, posso dizer que vais ficar mais cansada com ele do que com as festas do Império. – Edward riu.
—Não tem problema, faço qualquer coisa por ele.
— Nós fazemos qualquer coisa por ele. – corrigiu Edward. Henry parou de mamar, vi que tinha adormecido. – Bella, deves fazê-lo arrotar.
— Sim, Dr. Cullen. – segurei Henry e fiz do modo que Edward me explicava com as mãos. Ele colocou o filho no berço, depois voltou para meus braços. Encarei o relógio do quarto. Fazia pouco mais de três horas que eu estava ali. Eu já deveria conseguir andar. – Quero tomar um banho – disse levantando-me. – vais vir comigo? – indaguei a Edward.
— Não posso Bella. Está de quarentena. Nada de eu te tocar antes desse período.
— Está bem. Mas então, porque não vais chamar sua família, enquanto eu tomo banho? Escolhe um vestido para mim antes. Quero vestir o que quiser que eu vista.
— Na verdade, acho que ficas muito mais atraente numa camisola semitransparente do que num dos seus vestidos.
— Depravado. Só escolha um do armário à direita.
— Sim, querida. – por segundos meu coração parou de bater. Essa era sempre a reação que eu tinha. Ser chamada de querida fazia-me lembrar de Thalis, que mesmo não sendo meu pai de verdade, sempre esteve ao meu lado. O problema sempre fora a irmã de mamãe, invejosa, dando em cima dele o tempo inteiro. Ela sempre dizia que ela deveria ter assumido o trono e se casado com ele. Talvez eu devesse fazer uma visitinha para ela, naquela prisão, mostrar quem realmente está no controle. Ela pagaria caro por todas as armações, mas não do jeito convencional. Arquitetando um plano de como eu a faria falar o resto das coisas, porque certamente ela também sabia dos ex-Segredos Reais, entrei na banheira de água morna, deixando os pensamentos fluírem.


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Notas finais do capítulo

Tá vendo como eu escrevi rapidinho? Fiquei muito contente com os cometários do capítulo anterior. Prometo que quando entrar no final de semana, respondo a maioria dos que ainda não respondi. Não prometo todos porque tenho kumon, inglês e as tarefas da escola. Me digam o que acharam nos reviews! O que mais querem ver?



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