No 5º dia quando acordei, caia uma tempestade, pensei em não ir ao encontro com Rhett, mas Maxime logo voltaria e não teria muitas chances de vê-lo tão cedo.

   -Meninas, acho melhor não saírem nessa chuva. - disse Leonie enquanto tomávamos o café da manhã.

   -A chuva está diminuindo, logo irá parar. -disse Chole.

   -É não podemos faltar!-eu disse.

    Tomamos o café vagarosamente esperando que a chuva diminuísse, mas ela teimava em continuar.

    Peguei um livro para tentar me distrair, o folheie, mas meu coração não se acalmava.

   Quase às 10:00, almoçamos, e a chuva havia parado. Chole e eu saímos rápido antes que voltasse a chover.

    -Chole, vá à casa das amigas da Rachelle. Te encontrarei lá.

    -Se você acha melhor, tudo bem.

    -Obrigada, Chole. -eu disse agradecida. -Você tem sido uma amiga ótima, desculpe ter te envolvido em tudo isso.

     -É para isso que servem os amigos. Te apoiarei até o fim!

      Despedi-me de Chole e fui ao encontro de Rhett.

     -Desculpe a demora. -eu disse.

      Ele me abraçou como nunca, pude sentir seu coração batendo forte, e me beijou.

      -Tudo bem, também me atrasei. -disse ele melancólico.

      -O que aconteceu?-perguntei tentando ajudá-lo.

      -Nada. Só senti sua falta.

      -Agora estou aqui.-disse o abraçando.

      -É. -ele sorriu, mas não de verdade, um sorriso triste. -Mas não para sempre.

      -Eu não sei se ficarei para sempre, mas te amarei para sempre, aonde for.

       Eu preciso de apenas um beijo, e posso senti-lo pela eternidade.

      -Prometo que farei de tudo para ficarmos juntos.

       Ele me beijou ardentemente enquanto ouvi um bater de ferraduras se aproximar.

     -Charlotte!-quando ouvi meu nome me virei subitamente, apenas uma pessoa me chamava assim.

     -O que está fazendo?!-gritou Maxime colérico.

      Fiquei atônita com o acontecimento, e Rhett tentou se explicar.

    -Senhor, sou Rhett...-tentou ele, mas Maxime o interrompeu.

      -Não me interessa quem você é! O que estava fazendo com minha filha?!-ele desceu da carruagem, e me puxou pelo braço.

      Minha voz estava presa na garganta.

     -Eu o conheci no baile. -tentei falar, mas minha voz era baixa diante da raiva de Maxime.

     -Não me interessa!-ele gritou. -Suba logo!-subi na carruagem, mas não parava de olhar para Rhett. -Eu disse para não vir à cidade! Onde está Leonie?  

      É assim que ela cuida de você?! Ela deveria estar aqui!

     -Senhor, eu me apaixonei por sua filha, e quero me casar com ela!-disse Rhett.

    -Ela nunca se casará com você!-Maxime tentou avançar com a carruagem, mas Rhett pôs-se a frente dos cavalos. -Saia da frente, se não nunca se casará com ela nem com ninguém!-ameaçou Maxime.

   -Sem ela não me interessa viver!-disse Rhett ainda na frente da carruagem.

  -Então não precisa mais de sua vida!-Maxime chicoteou os cavalos para avançarem.

  -Não!-gritei - Rhett, por favor-eu disse chorando. -Deixe-nos ir, não posso deixar nada acontecer com você.

   -Você não sairá daqui!-insistiu Rhett.

   -Saia da frente, garoto!-Maxime tinha tanta raiva como eu nunca vira, todo seu rosto estava vermelho, ele tremia, e sua voz não diminuía de tom.

   -Por favor!-implorei à Rhett. - Um dia, ficaremos juntos. Por favor!

    Rhett saia da frente receoso.

   -Você nunca mais verá esse rapaz!-disse-me Maxime enquanto os cavalos galopavam velozmente.

    -Eu te amo!- gritou Rhett correndo atrás de nós.

  As lágrimas caíam como chuva dos meus olhos. E Maxime ainda não se acalmara.

   -Eu o amo!-disse entre soluços.

   -Por que fez isso?-ele aumentava cada vez mais a velocidade. -Foi somente para se vingar, não foi?

   -O senhor ainda não entendeu?! Eu o conheci, e o amei desde a primeira vez que o vi!-minha voz ainda era fraca, mas tive de achar as palavras para falar.

   -Você nunca mais voltará! Nunca mais verá suas amigas, nem esse rapaz!

   -Por favor!

   -Você não se lembrou de nada quando estava com aquele garoto! Não pensou as consequências!

   -Nada me importa quando estou com ele. -disse com ódio de Maxime. -Não me importo se ficarei com ele um minuto ou uma vida!

   -Ótimo! Então não sentirá sua falta!

  Olhei para o lado e estávamos na frente da casa dos Blackwood.

   Maxime desceu, e me puxou, ele abriu a porta com ferocidade e todos correram para a sala.

    -O que aconteceu?-perguntou Clement.

    -Vocês todos sabiam, não é?! Eu era o único enganado!-ele me jogou no sofá e puxou Leonie. - Você também sabia?!

   - Sabia o quê?-perguntou Leonie confusa.

   -A caminho daqui, pensando que iria encontra minha família dentro da casa do meu melhor amigo, vi Charlotte aos beijos com um rapaz que nunca vi na vida!-explicou Maxime.

   -Mas ela e Chole foram à casa de uma amigas da Rachelle!-disse Leonie ainda sem entender nada.

   -Ela estava com um rapaz!-gritou Maxime.

   -E Chole onde estava?-perguntou Sr. Clement.

   -Ela está na casa das amigas de Rachelle. -expliquei.

   -Ann! Você estava sozinha com um rapaz?!-disse Leonie.

   -Eu o amo!

   -Pare de dizer besteiras e vá arrumar sua mala! Nunca mais voltará aqui. -ordenou Maxime.

    -Se acalme!-insistiu Clement. -Conte-nos o que aconteceu direito.

    -Vá Charlotte!-ordenou novamente Maxime.

     Corri até o quarto de Chole.

     Ouvia-se a voz de Maxime por toda a casa.

   -Eu confiei em você!-dizia ele.

   -Ninguém sabia! Maxime pense melhor!-insistiu Clement.

   -Vou apressar a Charlotte! Não quero passar mais um minuto nessa casa!

    Maxime caminhou até o quarto. Seus sapatos faziam um barulho horrendo na madeira do piso, a cada passo eu ficava mais longe de Rhett.

    Maxime entrou no quarto.

    -Vamos embora!

    -Mas ainda não guardei tudo!

    -Vamos embora Charlotte!-ele aumentou o tom da voz.

     Fechei a mala.

     Maxime saiu do quarto e foi em direção ao quarto de hospedes apressar Leonie.

   Peguei um papel em cima da cômoda de Chole e lhe escrevi um bilhete:

        Maxime descobriu tudo,

desculpe. Cuide do Rhett para mim.

         Obrigada, minha amiga.

  O murmúrio continuava em toda a casa, peguei a mala e deixei o bilhete onde encontrei o papel.

 Estavam todos na sala novamente, Maxime me puxou pelo braço e atravessei a porta tendo certeza de que nunca voltaria.

    Onde antes havia terra, agora só havia lama, uma lama escura que atrasou nossa viagem de volta.

    Passamos do caminho de nossa casa.

  -Não vamos para casa?-perguntei.

  -Não. -respondeu Maxime.

  -Aonde vamos?

   Dessa vez Maxime não me disse uma só palavra.

   Passamos horas na estrada, até a claridade que restava de dia desaparecer.

   Finalmente chegamos a uma pequena casa que não pude ver direito, pois a escuridão da noite nublada tomava conta de cada centímetro de chão.

   Entramos e Maxime acendeu uma vela e finalmente pode ver algo mais dessa casa misteriosa.

   Era pequena e empoeirada, somente havia uma sala, uma cozinha e dois quartos que logo me dirigi quando Maxime me ordenou, sem explicar mais nada.

    A noite foi longa, as palavras de Rhett e Maxime ecoavam em minha cabeça. O que seria de mim? Passarei o resto de minha vida nessa casa isolada?