Accidentally In Love escrita por Nunah


Capítulo 1
capítulo 1 - breakaway


Notas iniciais do capítulo

Ah, cada capítulo vai ser uma songfic e acho que a fic vai ser short.



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Palas Athena

     Eu nunca saía. Nunca saía dali. Mas a situação estava crítica. Crítica demais para continuar assim. Até para mim, o tédio estava... entediante. Eu já tinha lido todos os livros e artigos da minha biblioteca, mas e agora? O que eu faria?

[…] E quando a chuva caía

Eu apenas olhava pela janela

Sonhando com o que poderia acontecer

E se eu terminaria feliz [...]

     O Olimpo estava uma droga. Não tinha o que fazer. As festas e baladas que Afrodite inventava já tinham há muito me enjoado. Enjoado a todos. Nós, deuses, realmente não tínhamos o que fazer. Ninguém tinha.

[...] Queria ficar aqui

Mas algo parecia estar tão errado aqui

Então eu rezei para que eu pudesse escapar

     Me levantei da cama e olhei o espelho. Uma mulher digna da deusa da sabedoria. Fechei os olhos, querendo que tudo explodisse. Sabe, eu já estava farta. Farta de tudo aquilo. Farta do Olimpo. Farta de deuses. Farta de trabalhar tanto para a ignorância dos mortais. Eu não queria mais ser aquilo. Não mais. Quando olhei de novo, eu era uma adolescente com seus quinze anos, cachos cor de mel caindo pelas costas e um semblante simpático. Parecia que o meu outro lado, um lado que talvez ninguém conhecesse, estava começando a escapar.

Eu abrirei minhas asas

Eu aprenderei a voar

Eu farei o que for necessário [...]

E farei um pedido, arriscarei, mudarei e escaparei

     Eu mudaria. Fugiria. Escaparia dali. Conheceria o mundo como ele realmente é. Eu o conheceria com minhas próprias mãos. Sem responsabilidade alguma. Eu seria apenas uma garota. Apenas uma semideusa novata no Acampamento. Eu reaprenderia a lutar, a falar grego, eu reaprenderia a viver.

Agora eu seria apenas Jane. Jane Waage, filha de Athena.

[...] Mas eu não esquecerei as pessoas que amo

Correrei o risco, arriscarei, mudarei e escaparei

Poseidon

     Cara, que chatice. Até eu, que sou um dos mais baladeiros do Olimpo, que sempre consegue arranjar uma diversão, estou sentindo o tédio se apossando das coisas por aqui.

     Poxa, tem alguém aí pra acabar com essa monotonia?

     Okay, okay. Sei que não podem me ajudar.

     Ouvi minha esposa reclamando de algo, como sempre. Como alguém consegue ser tão irritante, eu não sei. Ela continuava falando das mesmas coisas: novos sapatos, novos vestidos, novas joias, novos palácios. Ela não entendia como era governar os sete mares. Não, ela não entendia.

Quero sentir a brisa quente

Dormir embaixo de uma palmeira

Sentir o agito do oceano

Viajar num jato

Para longe e escapar

     A minha vontade, minha vontade mesmo, era sumir. Desaparecer. Sei lá, fugir. Deixar tudo pra trás, jogar tudo pro alto, e sair correndo. Correndo dela, do trabalho, do Olimpo, dessa vida chata. As pessoas devem pensar ‘nossa, ser deus deve ser a melhor coisa do mundo, ficar sentado, mandando em tudo’ mas não, não é legal. No começo, sim, é claro, é tudo novo. Mas depois de três mil anos, a vida de um mortal comum começa a parecer muito mais interessante.

Edifícios com centenas de andares

Passando por portas giratórias

Talvez eu não saiba pra onde elas me levarão

Mas, tenho que continuar, continuar

Voar, escapar

     Empire State. É, parece legal. Mas, acredite, para um deus milenar, é só mais um lugar que você tem que passar algumas eras pra depois largar e ter que morar em outro, totalmente diferente e igualmente entediante.

     Mas, quer saber? Pra mim, já chega. Acabou. Isso já encheu o saco. Ultrapassou meus limites. Eu me demito! Não, eu não posso fazer isso. Mas fugir? Isso eu posso, sim. E é exatamente o que eu vou fazer. A vida de um semideus, como o Percy, é tão melhor que a minha. Ele tem uma namorada legal, um chalé legal num lugar legal, tem aventuras e histórias pra contar na sua vida, e eu, aqui, um deus, não tenho tantas coisas assim pra lembrar e me orgulhar.

Eu abrirei minhas asas

E aprenderei a voar

Apesar de não ser fácil

Te dizer adeus

Eu tenho que correr o risco, arriscar, mudar e escapar

     Olhei para minha esposa que me encarava como se eu fosse maluco. Ela com certeza estava com muita raiva por eu não demonstrar atenção alguma no que ela tagarelava. Fala sério, ela estava pior que Hera. Mas, me diz, que homem quer prestar atenção em assunto de mulher? Tudo bem que quando elas falam de outros homens, a gente briga, mas o resto? Puf puf.

     Me levantei do trono, indo em direção ao mar aberto, os olhos dela me acompanhavam.

[...] Mas não me esquecerei do lugar de onde eu vim

Eu tenho que correr o risco, arriscar, mudar

E escapar

     Encarei meu reflexo na água escura e, ao mesmo tempo, cristalina. Um homem com uns vinte e poucos anos, mas onde antes tinha um sorriso maroto, agora havia só tristeza e cansaço. Se eu não soubesse que isso era apenas consequência do tédio, até diria que a verdadeira idade estava tomando conta do meu ser.

     Em segundos, eu estava ainda mais jovem, com uma aparência de dezesseis anos, por aí. É isso. Eu iria arriscar. Mudar. Escapar.

Eu iria curtir uma vida digna.

Eu iria para o Acampamento ser alguém ‘normal’.

Eu iria ser apenas Sean Valuri. Filho de Poseidon.


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Notas finais do capítulo

Então?