Hanging By a Moment escrita por Fernaanda


Capítulo 8
Wonderwall


Notas iniciais do capítulo

Pra todo mundo que achava que o primeiro beijo Faberry ia acontecer no capitulo anterior: tenham calma gente, tem que ser mais especial do que em um jogo da garrafa. Espero que gostem desse capítulo, eu planejava um maior, mas acabou faltando inspiração e saiu isso.



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  Quinn havia conseguido levar Rachel até o jardim da casa. Ela tinha dado uma olhada rápida na casa para ver se encontrava Mike ou até mesmo Sam para ajudá-la a levar a morena para o seu carro, mas parecia que todos os seus amigos tinham sumido.

- Rach? – ela perguntou tentando chamar a atenção da outra garota que estava com os olhos fechados e murmurando frases incoerentes – Você pode me fazer um favor?

- Você tem lindos olhos, Quinn – a diva disse com um sorriso nos lábios depois de abrir os olhos. Seu rosto estava bastante próximo do da outra, e ela estava com suas mãos entrelaçadas no pescoço dela, enquanto os braços da loira envolviam a sua cintura, mantendo ela tanto próxima do corpo de Quinn quanto em pé – Eu nunca tinha notado a cor deles antes.

- Obrigada – a loira virou o rosto para não mostrar que estava corando – Será que você consegue andar mais um pouco? O meu carro está logo ali.

- Você não pode me levar nas suas costas? – a outra falando arrancando uma risada de loira que apenas balançou a cabeça.

- Eu não acho que seja uma boa idéia. Nós vamos acabar caindo no meio da calçada – a mais alta segurou firme na cintura da outra e começou a andar devagar em direção a sua vaga – Eu vou te ajudar, mas eu preciso que você se esforce.

  Com muita dificuldade as duas foram andando até o Audi. Rachel tropeçou milhares de vezes e só não caiu porque Quinn estava segurando firme nela, evitando que a garota colidisse com o chão. A morena também parecia estar cantando alguma música contra o pescoço da loira, e a outra ficou tentando reconhecer que música era aquela, sem ter sucesso. Depois de algum tempo, as duas finalmente chegaram à frente do carro, e a diva encostou-se a ele, fazendo uma careta.

- Ei Berry, você está bem?

  Quinn mal terminou a frase e a outra garota inclinou a cabeça para frente, vomitando bem em cima do sapato da loira. A mesma tratou logo de segurar os cabelos da morena e desenhar círculos imaginários com a sua mão nas costas dela. Rachel abriu sua bolsa e pegou alguns guardanapos, mas a outra foi mais rápida e tomo-os da sua mão, limpando ela mesma a boca da morena que estava suja.

- Eu acho que tudo está girando – a cantora falou abrindo e fechando os olhos algumas vezes, tentando parar de ver três garotas na sua frente.

- Isso é o que acontece quando você bebe muito – a outra comentou abrindo a porta do carona do seu carro e tentando colocar Rachel para dentro. Assim que a garota sentou, ela encostou sua cabeça no acento e fechou os olhos, respirando fundo – Droga, que nojo.

  Quinn olhou para seu tênis que estava completamente sujo e fez uma cara feia. Ela fechou a porta do carro, tomando cuidado para não usar muita força e em seguida tirou o seu all star. Ela olhou com pena para eles antes de decidir deixar o par ali mesmo, ela não teria coragem de usar novamente. A garota deu a volta e abriu a porta do motorista, sentando em seguida e colocando o cinto de segurança. Ela olhou para o lado e colocou uma mão em cima do joelho da outra.

- Você pode colocar o cinto? – ela perguntou olhando diretamente para o rosto da menina.

- Cadê o seu sapato? – a garota perguntou depois de colocar o cinto e notar que a outra estava descalça.

- Você fez um bom trabalho neles – a loira respondeu, com um sorriso no canto dos lábios, dando partida no carro.

- Sinto muito por isso – a diva encostou a cabeça na janela e ficou olhando algumas pessoas saindo de dentro da casa de Puck, provavelmente para continuar a festa em suas próprias casas.

- Você ainda lembra do seu endereço?

  Demorou algum tempo para que as duas conseguissem chegar até a casa dos Berry. Primeiro porque Rachel se confundiu diversas vezes e as duas tiveram que pegar vários retornos. Segundo porque Quinn tinha algum problema com esquerda e direita e sempre acabava errando o lado em que ela tinha de virar. E terceiro porque a motorista não conhecia o nome de nenhuma rua, então era meio difícil de se situar ali. Já era mais de uma da manhã quando o carro estacionou na frente de uma casa e a loira correu para abrir a porta da morena e evitar que ela caísse.

  Quinn xingou baixo quando pisou em uma pedra no asfalto, mas conseguiu chegar antes que a outra fizesse algum movimento para sair do carro. Ela segurou nas mãos de Rachel, ajudando-a a levantar e depois abraçou sua cintura novamente, fechando a porta com o pé e andando em direção a porta da casa. Quando elas finalmente chegaram, a dona da casa encostou-se à parede e abriu a bolsa, pegando um chaveiro. Havia umas dez chaves ali, e ela fez uma cara de confusão, procurando a certa.

- Me dá isso.

  A loira puxou o chaveiro da mão da outra e testou algumas, antes de conseguir destrancar a porta. Ela devolveu as chaves para a morena e segurou no seu braço, ajudando-a a entrar na casa.

- Seus pais estão em casa?

- Eles estão dormindo – Rachel sussurrou olhando para o topo das escadas antes de olhar de novo para a outra – Eles não podem saber que eu voltei a essa hora.

- Tudo bem, eu vou te ajudar a subir.

  Quinn abraçou Rachel de lado, tomando cuidado em segurar na sua cintura e evitar que as duas acabassem caindo escada a baixo. Foi preciso muito esforço e paciência para conseguir chegar até o fim. Só havia um corrimão, do lado em que a morena estava, então Quinn teve de se segurar na parede diversas vezes. Já eram mais de uma manhã e a loira estava cansada e com sono. Mesmo que a outra garota não fosse tão pesada assim, era meio difícil de conseguir equilibrar as duas.

  Por fim, elas chegaram até o andar de cima e nenhum barulho tinha sido feito. A porta do quarto dos pais de Rachel continuava fechada e as duas foram andando em direção ao quarto da diva, que ficava logo na frente do quarto dos pais dela. A dupla teria sorte se os dois não ouvissem nada, ainda mais quando era muito provável que a morena vomitasse a noite inteira. Por sorte ela tinha um banheiro dentro do seu quarto, e não ia precisar correr pelo corredor toda vez que precisasse utilizá-lo.

  Elas entraram no quarto e Rachel foi direto para a sua cama, sentando nela e pegando um urso de pelúcia que estava em cima. Ela abraçou-o enquanto a outra garota balançou a cabeça com um sorriso no rosto, achando aquilo tudo engraçado. Mas o sorriso sumiu do seu rosto quando a diva colocou a mão na boca, jogou o urso longe e correu para o banheiro, esquecendo até mesmo de fechar a porta.

  Quinn foi logo atrás dela, parando ao lado de uma mesa e pegando um prendedor de cabelo que estava ali, e entrando no banheiro. Ela encontrou Rachel de joelhos, colocando boa parte do que havia bebido aquela noite. A loira ficou atrás dela e pegou seus cabelos, prendo-os em um coque e depois ficando de joelhos ao lado da outra. Ela fez os mesmos movimentos circulares que havia feito mais cedo nas costas da outra.

  Depois de alguns minutos a morena levou as duas mãos a cabeça, cobrindo seus olhos e respirando fundo. Ela se sentia muito mal quando vomitava, era uma das coisas que ela mais odiava no mundo, e era também a razão dos seus pais evitarem levar ela em passeios de barco ou cruzeiros. E até mesmo longas viagens de carro. A diva sentou no chão e abraçou as pernas, colocando a cabeça em cima do joelho e olhando para um ponto qualquer na sua frente. Ela não se sentia bem, mas estava tentando relaxar sentindo a mão de alguém nas suas costas. A mão de Quinn, a garota com os olhos bonitos.

- Eu não me sinto bem – ela murmurou sem tirar os olhos do lugar em que ela encarava.

- E você vai se sentir ainda pior de manhã, acredite em mim.

- Não era pra você tentar me tranqüilizar? – a diva perguntou, virando um pouco o rosto para olhar nos olhos da outra, que tinha um pequeno sorriso nos lábios e ainda não havia parado de mexer sua mão.

- E mentir para Rachel Berry? Nunca – a loira falou com uma expressão determinada no rosto e levantando, sem ver a cara de desapontada que a diva fez ao não sentir mais o toque da outra – Levanta, baixinha. Vou te ajudar a se sentir melhor.

  Quinn estendeu as duas mãos e a outra garota aceitou, sendo ajudada a se levantar e ficando de pé com muito esforço, ainda se sentindo um pouco tonta. Ela deu descarga na privada e pegou sua escova de dentes. Enquanto a loira estava encostada na parede do banheiro, olhando para cima e cantando alguma música bem baixinho, a morena estava escovando os dentes, mesmo bêbada ela não ia desrespeitar sua higiene bucal, ainda mais quando ela tinha acabado de vomitar. Depois de alguns minutos, as duas saíram do banheiro e Rachel sentou novamente na cama.

- Onde os seus pais guardam os remédios?

- No armário do banheiro – a morena respondeu se jogando na cama, fechando os olhos e abraçando o seu travesseiro, fazendo algumas caretas quando sentia a dor de cabeça se intensificando e uma dor insuportável no estomago.

- Eu já volto, fica quietinha ai pra não piorar nada.

  A loira abriu a porta do quarto, dando uma olhada para ver se a outra garota estava bem, e fechou em seguida, andando em direção ao banheiro. Ela fez de tudo para que nenhum barulho fosse emitido e acabasse acordando os pais da outra. A loira chegou ao banheiro e abriu as portas do armário, se abaixando para dar uma procurada ali. Ela demorou alguns minutos, mas acabou achando um remédio bom para dor de cabeça e levou logo a caixa inteira. Antes, ela desceu as escadas na ponta dos pés e foi até a cozinha. A garota pegou um copo de vidro que estava em cima da mesa e abriu a geladeira, pegando uma garrafa de água. Depois de encher o copo ela subiu novamente e não encontrou Rachel na cama. No segundo seguinte a diva estava saindo de dentro do banheiro, com a boca um pouco suja de pasta de dente.

- Ei, o que aconteceu? – a loira perguntou para a garota que limpou sua boca no lençol e encostou-se à cama.

- Na hora em que você saiu do quarto eu comecei a passar mal de novo e fui correndo para o banheiro. Mas não se preocupe, eu escovei os dentes. Posso não estar bem, mas a higiene vem em primeiro lugar – a morena comentou esticando as pernas e dando um pequeno sorriso em meio a tanta dor.

- Eu não ouvi você...

- Quarto a prova de som. Você deveria ter um, com todas as garotas que você leva para casa – Rachel comentou balançando os cabelos e tocando de leve a testa. Péssima idéia.

- Eu não levo nenhuma garota para casa, Berry – a loira disse pegando a caixa de comprimidos e tirando um dali. Ela foi até a cama e sentou na frente da outra garota, colocando o comprimido na sua mão – Toma isso aqui, vai ajudar com a sua dor.

- Obrigada – a morena murmurou antes de colocar o comprimido na boca e tomar o copo da mão de Quinn, bebendo a água toda – Eu preciso trocar de roupa. Esse não é o jeito mais confortável de se dormir.

- Tudo bem, eu vou pegar um pijama pra você – a loira se levantou e andou em direção ao guarda roupa da diva, esperando alguma instrução de como achar as peças de roupa que ela precisava.

- Na segunda gaveta.

  Quinn abriu a gaveta e procurou pelo pijama. Tinha algumas camisolas ali, mas ela optou por um pijama listrado, com medo que ver a diva em uma daquelas camisolas acabasse afetando ela. A garota voltou para a cama e ajudou a diva a se sentar. Ela deu as costas para a outra, esperando lhe dar um pouco de privacidade.

- Quiiiiiiin?

- Eu estou aqui, Rachel – a loira disse ainda de costas, olhando para a porta do quarto.

- Você se importa de me ajudar? Eu não lembro em qual desses espaços eu devo colocar a minha cabeça – a diva falou tentando vestir a camisa do pijama, mas sem obter sucesso mais uma vez.

  A loira respirou fundo e analisou as suas opções. Ela podia dizer que não e continuar ali. Mas ela não podia fazer aquilo porque a morena ia perguntar o porque e ela não podia simplesmente falar que se sentia atraída por ela, mesmo que houvesse uma grande possibilidade da morena não se lembrar do que ela havia dito, na manhã seguinte. Sua outra opção era ajudá-la e ignorar o que ela sentia pela garota. É, teria de ser a segunda opção mesmo. A menina suspirou fundo e virou-se novamente, ficando de frente para a cama.

  Ela tentou olhar para a cama enquanto ajudava a morena a vestir sua camisa. Seus dedos tocaram na pele nua das costas da outra e a loira quase perdeu o controle. Depois ela desabotoou as calças da morena e as tirou do seu corpo, tomando todo o cuidado para não prestar atenção em suas pernas. Depois, fazendo de tudo para que seus dedos não entrassem em contato com a pele das pernas de Rachel, a loira ajudou-a a vestir o short do pijama.

- Bom, eu acho que já vou indo – a loira falou, de um jeito desconfortável, antes de dar um passo em direção a porta, sendo parada pela mão de Rachel que apertou o seu braço.

- Por favor, não me deixe sozinha – os olhos da morena estavam marejados e ela estava fazendo um bico de dar dó – Eu... Eu não estou com sono e eu poderia usar uma companhia agora.

- E quanto aos seus pais, Rachel? Eles estão aqui com você – a loira passou a ponta dos dedos nos cabelos da outra garota, dando um sorriso.

- Fica comigo, Quinn. Pelo menos até eu dormir.

- Tudo bem – ela balançou a cabeça e viu a outra garota dando um largo sorriso – Mas só até você dormir. Pode começar a contar carneirinhos ou o que quer que te ajude a dormir.

- Combinado.

  A loira foi andando até o outro lado da cama e pegou a cadeira do computador que estava ali perto e colocou do lado da cama, sentando em seguida. As duas ficaram em um silencio agradável, ambas perdidas em pensamentos. Rachel estava pensando que ela nunca mais beberia na vida, enquanto Quinn pensava em tudo que havia acontecido naquela noite. Como as coisas haviam mudado entre as duas.

  A garota sentada na cadeira decidiu então parar de pensar naquilo. Não era como se Rachel e Quinn fossem inimigas. Talvez no começo quando a diva achava que a outra só queria roubar o seu namorado, mas agora as duas tinham uma relação diferente, quase que de amizade, ainda que ambas tivessem as duas diferenças. A menina ficou olhando em volta do quarto, procurando alguma coisa que ajudasse a passar o tempo e ajudar a morena a dormir logo.

- Olha só o que você tem aqui.

  Quinn andou até um canto do quarto onde um violão estava guardado, atrás de algumas caixas. Ela pegou o instrumento e notou que parecia estar novo, quase como se não tivesse sido usado ainda. A garota foi andando em direção a cama da diva que olhava para ela com um sorriso no rosto.

- Meu pai, Leroy, comprou para mim em uma das viagens dele.

- Você toca? – a loira perguntou sem tirar os olhos do violão.

- Não – Rachel levou uma mão à testa ao sentir sua cabeça doendo. Ela sabia que as coisas estariam muito piores no dia seguinte quando ela tivesse uma imensa ressaca.

- Por que você tem um violão se não sabe tocar? – a outra garota tirou os olhos do instrumento e olhou para a morena, ficando um pouco preocupada ao notar que ela parecia estar com dor novamente.

- Eu acho que fica bonito no meu quarto – as duas trocaram um sorriso - Você sabe tocar violão? – Rachel perguntou interessada, vendo os olhos da outra brilharem ao olhar o objeto a sua frente.

- Um amigo meu me ensinou a tocar quando eu era mais nova – a loira disse percorrendo seus dedos pelo instrumento, lembrando dos velhos tempos em que ela passava horas e mais horas no seu quarto tocando. E ainda tinham as noites em família em que Quinn tocava e Christina cantava.

- Toca alguma coisa para mim – a morena falou, deitando de lado e olhando fixamente para a outra garota, que estava sentada em uma cadeira na sua frente, segurando o violão.

- Eu não sei cantar essas músicas da Broadway que você tanto adora.

- Você não precisa. Canta uma música que você goste – Rachel olhou suplicante para Quinn e a garota não teve coragem de dizer não.

  Quinn começou a dedilhar as cordas do violão, olhando um segundo para a outra garota que estava observando ela prestando total atenção. A loira ficou com um pouco medo de errar, ou de que a outra dissesse que ela estava desafinando, mas ela só balançou a cabeça pensando em como ela não deveria se importar com a opinião dos outros e começando a cantar.

Today is gonna be the day
That they're gonna throw it back to you
By now you should've somehow
Realized what
you gotta do
I don't believe that anybody
Feels the way I do about you now

  Ela cantou dando um sorriso no meio da música ao notar que a morena estava batucando no ritmo da música. A loira não sabia por que tinha escolhido aquela música. Talvez porque era uma das poucas que ela sabia cantar e tocar no violão. E parecia que a outra garota havia aprovado a sua escolha. A música começou a ficar mais rápida, e seus dedos começaram a se mexer mais rápido também.

Backbeat, the word was on the street
That the fire in your heart is out
I'm sure you've heard it all before
But you never really had a doubt
I don't believe that anybody
Feels the way I do about you now

  Rachel estava bastante bêbada. Ela mal conseguia ficar mais do que cinco segundos com os olhos abertos. Além de estar com um mal estar, se sentindo completamente enjoada e tonta. Mas quando Quinn começou a cantar ela não podia evitar ficar com os olhos abertos e observar a expressão da garota. Além de que ela tinha uma voz linda, mesmo que ela desafinasse em algumas partes, era uma voz diferente. E o violão dava um toque especial.

And all the roads we have to walk are winding
And all the lights that lead us there are blinding
There are many things that I would like to say to you
But I don't know how

  Quinn estava olhando diretamente para Rachel enquanto cantava a música. Não porque ela estivesse cantando para ela, mas porque ela gostava de manter contato visual enquanto cantava. Além disso, a expressão no rosto da outra era de adoração, como se ela estivesse vidrada em Quinn e prestando atenção em cada nota. Mas é claro que ela estava prestando atenção em cada nota, aquela era Rachel Berry e música era a sua primeira língua, não tinha como a garota escutar uma música sem tentar encontrar algum erro, ainda mais se esse alguém que estivesse cantando fosse Quinn. Mas a loira nem sabia o que se passava na cabeça da outra.

Because maybe
You're gonna be the one that saves me
And after all
You're my wonderwall

  Rachel puxou o lençol, cobrindo ainda mais o seu corpo. Ela ajeitou o travesseiro, mas sem quebrar o contato visual com a outra. Quando Quinn fechou os olhos, ela deu um largo sorriso vendo a garota se entregar completamente a música. A morena sempre gostava de fechar os olhos enquanto cantava para imaginar ela mesma em cima de um palco, talvez da Broadway, cantando a mesma música para milhares de pessoas. Foi com esse pensamento que a diva fechou os olhos, ouvindo a voz da outra garota e se entregando ao cansaço e ao sono.

I said maybe
You're gonna be the one that saves me
And after all
You're my wonderwall

  A loira fechou os olhos um pouco antes de começar a cantar o ultimo refrão da música. Seus dedos trabalhavam sem parar no violão enquanto ela tentava manter sua voz firme, se esforçando para não desafinar ou errar alguma nota. Ela estava tão concentrada que nem notou que a garota deitada na sua frente já estava dormindo, com um sorriso no rosto.

I said maybe
You're gonna be the one that saves me

You're gonna be the one that saves me

You're gonna be the one that saves me

  Quinn ainda ficou um bom tempo tocando no violão, já que o final da música era quase todo instrumental. Quando ela acabou, a garota abriu os olhos e notou que a outra já estava dormindo. Ela balançou a cabeça, com um sorriso no rosto e colocou o violão de volta no lugar, parando para olhar algumas fotos de Rachel que estavam no seu espelho. Tinha uma do New Directions e Quinn não reconheceu apenas um garoto, que deveria ser Matt Rutherford. Havia uma outra em que a morena estava com uma pais, uma com Mercedes e Kurt e a algumas com Finn. A loira já tinha estado no quarto da outra, mas não tinha parado para observar os detalhes.

  Ela pegou sua bolsa, que estava jogada na mesa, e tirou o seu celular de dentro. Ela olhou as horas e viu que já passavam das três da manhã. Cansada e morrendo de sono a loira decidiu que era melhor ela dar uma cochilada no sofá perto da cama de Rachel, não só para poder dirigir em segurança, mas também para ficar de olho na diva, caso ela acordasse no meio da noite e precisasse de alguma ajuda para ir no banheiro ou algo do tipo.

  Ela abriu o guarda-roupa e pegou um short qualquer, tentando não invadir muito a privacidade da outra garota. Ela vestiu o short e pegou uma outra camisa que estava jogada na cadeira do computador. Quinn tirou o vestido e terminou de se vestir, deitando no sofá em seguida. Ela olhou para o lado, notando que a diva tinha se virado para o outro lado e roncava de leve. A loira deu um sorriso e suspirou fundo, pensando em como aquela noite tinha sido estranha e como as coisas tinham tomado um rumo inesperado. Quem imaginaria que Quinn iria salvar Rachel de uma humilhação ainda maior na festa de Puck e cuidar dela, enquanto o namorado da diva ainda estava em algum lugar. A loira não sabia onde Finn havia se metido, mas deveria estar aprontando alguma para não ver a namorada naquela situação. Quinn se virou no sofá, tentando esquecer o jogador de futebol e fechando os olhos, prometendo a si mesma que só iria dormir por umas duas horas, evitando um encontro inesperado com os pais da outra.

***

  Quando Quinn acordou a primeira coisa que ela fez foi fechar os olhos novamente e tampar o rosto. O sol invadia a janela do quarto e ela jurava que tinha ficado cega. Sem falar que as suas costas doíam bastante, por dormido naquele sofá pequeno demais para ela, e sua cabeça latejava. Provavelmente resultado do pouco que ela havia bebido na noite anterior.

  A noite anterior. A garota se levantou rapidamente, xingando Deus e o mundo ao ficar tonta por conta do movimento, e começou a procurar algum relógio. Ela encontrou um na mesa da cabeceira de Rachel e deu um pulo ao ver as horas. 8:30 da manhã. Ela deveria ter saído dali umas 2:30, no máximo 4:00 da manhã. Parece que no final das contas a idéia de dormir um pouco e dirigir mais tarde tinha sido péssima. O que ela ia fazer se os pais da outra estivessem acordados?

  Quinn pegou sua bolsa e dobrou o vestido. Ela decidiu que deveria devolver as roupas que estava usando na segunda. Não havia tempo para trocar de roupa. Mas antes ela pegou um comprimido para dor de cabeça e encheu um copo com água do filtro que a outra tinha no quarto (quem é que tem um filtro no seu quarto?) e colocou ambos na mesa da cabeceira, prevendo a terrível dor de cabeça que a outra teria assim que acordasse. Experiência própria.

  Ela abriu e fechou a porta do quarto com todo o cuidado para não fazer barulho. Ainda descalça, ela segurou no corrimão e desceu as escadas na ponta dos pés, quase caindo no final. Ela soltou um suspiro de alivio ao chegar no andar de baixo e ia andando em direção a porta quando uma voz chamou a sua atenção.

- Quinn? É você?

  A loira virou-se para encarar Hiram Berry que usava um moletom e uma calça larga. Logo atrás dele estava Leroy Berry usando uma calça e uma blusa de flanela. Ambos pareciam ter acabado de acordar, e a garota só esperava que o humor deles fosse bom de manhã, porque aquela era a sua única salvação.

- Hiram, Leroy. Olá – ela falou desconcertada, andando em direção a eles e tendo o cuidado de não falar muito alto com medo que a única pessoa que estava dormindo acordasse.

- O que você está fazendo aqui ás... – Leroy disse olhando para o relógio no seu pulso – 8:05 da manhã?

- Bom, essa é uma história muito boa – ela falou dando um sorriso nervoso e fazendo os outros dois se olharem confusos, não entendo onde a outra queria chegar.

- Que tal você nos contar sobre isso?

- Sabe Leroy, eu não sei bem se o meu papel contar isso.

- Rachel estava bêbada ontem, não estava? – ele perguntou cheio de certeza, fazendo o marido olhar para a garota esperando que ela negasse a afirmação dele – Nem pense em mentir para mim.

- É, ela estava – Quinn disse olhando para as mãos, com vergonha de encarar os dois. A última coisa que ela queria era dedurar a outra garota, mas ela não tinha outra escolha.

  Leroy balançou a cabeça, visivelmente decepcionado com a sua filha. Ele e seu marido tinham avisado que mesmo que ela não fosse voltar para casa dirigindo era mais seguro se ela não bebesse. Talvez um ou dois drinks, mas nada além disso. Hiram, ao ver seu marido andar em direção a sala de estar, foi até Quinn e tocou no seu braço gentilmente, fazendo a garota olhar para ele e em seguida segui-lo até onde o outro homem estava. Ela sentou numa ponta do sofá, enquanto o casal sentou em uma poltrona.

- O que aconteceu ontem de noite? – Hiram perguntou, dando um sorriso fraco, indicando que a garota podia confiar nele.

- Vocês sabem da festa que teve na casa do Puck – os dois balançaram a cabeça – Nós todos nos divertimos e tinha muita bebida lá. Eu não faço idéia de como era possível os copos estarem sempre cheios – ela fez uma pausa – De qualquer jeito, eu acho que a Rachel acabou bebendo demais e não estava se sentindo muito bem – a loira resolveu ocultar a parte em que a diva cantou no karaokê – Então eu resolvi trazer ela pra casa já que ela estava sem carro e não podia dirigir naquele estado.

- Onde estava o Finn? Eu pensei que ela fosse voltar com ele – Leroy comentou, trocando um olhar cúmplice com seu marido.

- Eles estavam juntos o tempo todo, mas o Finn sumiu por um tempo e eu decidi não esperar por ele.

- E você ainda está aqui porque... – Hiram disse, não em um tom reprovador, mas curioso, esperando a outra completar.

- Rachel não estava se sentindo muito bem, e ela vomitou algumas vezes, além de ter tido uma terrível dor de cabeça. Eu pensei que não seria certo deixar ela sozinha, mesmo com você em casa – ela tratou logo de falar antes que os dois pensassem que ela estava menosprezando a presença deles – E decidi passar um tempo aqui e ficar de olho nela. Mas eu planejava ir embora logo cedo, só que eu acabei dormindo demais – ela completou forçando um sorriso e encarando os pés.

  Hiram sorriu ao ouvir a resposta da garota. Era obvio que ela se preocupava com a sua filha, até mais do que o namorado irresponsável dela. Sem falar que a menina tinha sido muito responsável ao trazer sua filha para casa. Ele não podia ficar com raiva dela, até porque ele não tinha motivos, já que ela só fez ajudar a sua garota. E ele não podia negar que meio que torcia para sua filha encontrar alguém melhor. E quem era ele para julgar se esse alguém melhor fosse uma garota?

  Leroy olhou para o marido sabendo exatamente o que ele estava pensando. Os dois só haviam visto aquela garota uma vez, no dia em que sua filha trouxe ela para fazer um trabalho em casa, mas ela estava começando a ocupar um espaço na casa deles. Ainda mais com Rachel falando sobre ela várias vezes. A diva não notava que passava longos minutos falando para os seus pais sobre essa garota, e sempre que ela falava o nome dela os seus olhos ficavam com uma cor especial. Não era como quando ela falava sobre Finn, era completamente diferente.

  Quinn estava surtando. Os dois homens não tinha falado nada ainda. Hiram estava com um sorriso no rosto, ele parecia ser o mais calmo entre os dois. Mas Leroy estava com uma expressão dura no rosto, ele parecia estar perdido em pensamentos. Talvez imaginando a melhor forma de dar uma dura nela pelo que havia acontecido. Ela não era culpada pelos eventos da noite anterior, mas é meio difícil de prever o que os pais acabam entendendo.

- Quinn? – o homem em questão perguntou, atraindo a atenção dela que já sentia suas mãos começarem a suar – Por que você está descalça?

  A garota olhou para ele com uma cara estranha, só entendendo a pergunta depois de algum tempo. Parecia ser meio irrelevante perguntar aquilo quando ela tinha acabado de explicar o que havia acontecido durante e depois da festa de Puck. Mas ela não ia deixar os dois saberem que ela pensava isso, ainda mais quando a expressão de Leroy não havia mudado.

- Eu tirei meus sapatos ontem à noite depois que a Rachel vomitou neles.

- Ela vomitou nos seus sapatos? – Hiram perguntou recebendo a confirmação por um aceno de cabeça da outra – Eu espero que eles não sejam importantes.

- Não. Eles eram, você sabe, sapatos – ela terminou de forma estranha, querendo sair dali o mais rápido possível e se esconder no seu quarto, escutando alguma música no volume máximo.

- Eu quero lhe agradecer pelo que você fez – Leroy disse fazendo a garota olhar surpresa para ele – Foi muito gentil da sua parte.

- Qualquer um faria isso – a garota falou corando de leve.

- Eu acho que não, Quinn – o homem coçou seus cabelos e deu um sorriso para Hiram, se comunicando com ele – Talvez algumas pessoas fossem bondosas o bastante para trazer Rachel em casa, mas você teve a preocupação de entrar e ficar para checar se ela estaria bem. Eu fico feliz em saber que ela pode contar com alguém como você.

- Eu também fico.

- Muito obrigada, Leroy. Hiram – ela falou se levantando, e os dois repetiram a sua ação – Eu acho que eu devo ir embora agora.

- Você não quer tomar café da manhã? Talvez esperar a Rachel acordar?

- Não Hiram, eu tenho que ir para casa e arrumar algumas coisas. Eu também preciso de um banho – ela disse ao lembrar que tinha de tirar a maquiagem do rosto, e que ela estava provavelmente suada – A propósito, eu vou devolver as roupas da Rachel depois que eu lavar.

- Não tenha pressa – o homem disse segurando no seu ombro, e caminhando com ela até a porta. Leroy deu um até logo para ela e deixou seu marido sozinho com a garota.

- Tem um comprimido e um copo com água no quarto dela. Seria uma boa se vocês fizessem uma vitamina para ela, com certeza a Rachel vai precisar – a garota disse parando em frente a porta e encarando o pai da diva.

- Nós sabemos como curar ressaca – ele falou dando um largo sorriso para ela e soltando o seu ombro, dando mais um passo e ficando mais perto da porta.

- Certo, desculpe.

- Você não precisa se desculpar, não fez nada errado. Mais uma vez, muito obrigado – ele disse abrindo a porta e dando um abraço na garota, claramente agradecido por ela ter cuidado da sua menina.

- Disponha – ela respondeu ao soltar ele e acenar, antes de andar em direção ao seu carro que estava estacionado ali na frente.

  A garota entrou no carro e olhou para a casa, vendo que Hiram já havia fechado a porta. Ela sentiu o celular vibrando dentro da bolsa, o que indicava que uma nova mensagem havia chegado. A garota colocou o cinto e em seguida pegou o telefone, abrindo a mensagem.

Onde você está? Precisamos falar sobre ontem – Sam

  Ela jogou a cabeça para trás, olhando para o teto do carro. Com tudo que havia acontecido depois do jogo da garrafa, ela tinha esquecido do beijo entre ela e seu amigo. Era tudo que Quinn não precisava, mais um confronto.


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Notas finais do capítulo

Quinn canta Wonderwall do Oasis, uma das minhas bandas favoritas. E imaginar a Quinn cantando com um violão é tão lindo *-*

No final o capitulo ficou sendo todo Faberry, já que os pais da Rachel também tem Berry no sobrenome (péssima piada, Fernanda. Péssima piada)

Rachel estará sóbria no próximo capitulo e vamos ver como ela vai lidar com tudo que aconteceu. Novamente, tenham paciência que Faberry está chegando, elas só precisam se livrar de algumas pedras (CofFinnCof) no caminho e pronto.

Semana que vem vou estar meio ocupada planejando um seminário e estudando para algumas provas, então eu só devo atualizar no domingo ou até mesmo na outra segunda.



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