Hanging By a Moment escrita por Fernaanda


Capítulo 11
Mad World


Notas iniciais do capítulo

Olá amores, demorei séculos para postar um novo capitulo porque eu fiz uma cirurgia e não fiquei sem usar o computador por um bom tempo. Depois tive que estudar bastante para compensar, mas agora estou de volta e próxima semana vocês vão ter dois capítulos novos.
No começo vai parecer que é muito centrado no Kurt. Bom, na verdade é, mas vocês vão entender porque ele está tendo tanto destaque assim nesse capitulo. E tem interação Faberry aqui, podem ficar calmas. Espero que gostem



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  Kurt tinha acabado de se arrumar. Seu pai e Finn estavam esperando no andar de baixo enquanto o garoto dava os últimos toques no cabelo e escolhia uma roupa entre as milhares do seu armário. O rapaz deu uma ultima olhada no espelho, satisfeito consigo mesmo, e desceu as escadas correndo, ouvindo reclamações dos outros dois homens. A viagem até o colégio foi curta. O carro de Finn estava com problemas, então os dois tinham que ir com Burt. Depois de se despedirem o homem foi embora, deixando os garotos entrarem no colégio.

  Finn se despediu do irmão, já que seu armário ficava em uma direção oposta a do garoto, e Kurt saiu em direção ao seu armário. Ele ainda precisava guardar alguns livros antes de ir para a sua primeira aula. De costas para as outras pessoas, o rapaz não viu quem estava se aproximando dele. No segundo seguinte o armário fechou com toda força, e quando ele se virou deu de cara com Azimio, e três jogadores do time de futebol atrás dele. Parecia que o corredor inteiro havia ficado em silêncio para ouvir e ver o que iria acontecer a seguir.

- O que... Em que eu posso ajudá-los? – Kurt deu um sorriso fraco enquanto tentava se acalmar. Mas era difícil depois de notar os copos nas mãos dos rapazes.

- Sabe Hummel, eu e os meus rapazes aqui – ele apontou para os amigos que tinham o mesmo sorriso superior que ele tinha – Queríamos colocar esses copos – ele mexeu a cabeça em direção aos copos cheios em suas mãos – No lixo. Mas todos os lixos dessa escola estão cheios.

- Exceto um – um dos garotos respondeu.

- Exceto um – Azimio confirmou com um sorriso ainda maior. Ele podia ser comparado ao do gato de Alice no País das Maravilhas – Belos sapatos, gayzinho – o rapaz comentou fazendo os outros rirem. Kurt usava um par de sapatos com algumas lantejoulas. Era um dos seus favoritos.

  Aquele tipo de coisa estava se tornando freqüente na vida dele. Quase todos os dias o garoto recebia slushies e insultos do time de futebol. Claro que os garotos do glee club nunca diziam nada com ele. Todos faziam parte do time, com exceção de Kurt. Finn era o único que nunca tinha tentado parar os ataques. Ele nunca fazia nada contra o irmão, mas também não tentava defende-lo. Era mais fácil e seguro ficar na dele, sem correr o risco de sofrer alguma coisa.

  Azimio foi o primeiro a jogar o slushie no rosto de Kurt. Em seguida os outros três jogaram no garoto, sujando ele completamente com o liquido. Risadas foram ouvidas, vindo tanto dos jogadores como se várias pessoas espalhadas pelo corredor. Algumas achavam aquilo errado, mas preferiam ficar caladas com medo de que as coisas pudessem sobrar para eles. Os garotos distribuíram Hi-5s entre si, antes de sair marchando pelo corredor, piscando para algumas pessoas com seus sorrisos idiotas nos rostos.

  O garoto continuou parado no mesmo lugar. Olhando para frente e segurando as lágrimas que tanto queriam escorrer pelo seu rosto. Ele não ia, ele não podia dar esse gosto para aqueles brutamontes que faziam da sua vida um inferno. Ele se virou novamente em direção ao seu armário e pegou a muda de roupa que ele sempre levava. Kurt engoliu o orgulho e foi andando até o banheiro, ignorando os comentários que ouvia pelo meio do caminho.

  O sinal bateu, mas aquilo não importava. O rapaz continuou a se limpar, usando quase todo o papel toalha que estava ali. Depois de lavar o rosto e tentar tirar o resto do liquido das suas roupas, ele trocou de roupa e sentou na pia do banheiro, esperando que o sinal para a próxima aula batesse.

  Ao olhar para o seu celular, ele viu que ainda faltavam quase meia hora para que a primeira aula acabasse e decidiu então que não ia ficar trinta minutos sentado em um banheiro feminino, ainda mais depois de ter tomado um banho de slushie daqueles. Ele pegou sua mochila que estava jogada por ali e saiu, caminhando pelos corredores vazios em direção ao seu lugar favorito do colégio, ao único lugar onde ele podia ser ele mesmo sem que ninguém o julgasse. O auditório.

  Era um caminho curto. Ele só precisava andar alguns metros e passar por umas duas portas antes de chegar a grande porta de ferro que dava para o auditório. Ela estava destrancada, como sempre. O zelador até preferia deixá-la daquele jeito, porque Rachel e Kurt sempre iam reclamar com ele e faziam o maior drama, resultando no aborrecimento do homem. Quando entrou lá, Kurt foi andando devagar até a primeira fileira e depositou sua mochila em uma das cadeiras ali. Em seguida, ele subiu o pequeno lance de escadas até chegar ao palco principal. Seus olhos fecharam por um momento e ele se imaginou de frente para um palco cheio de pessoas que apreciavam a sua voz. O rapaz respirou fundo e começou a cantar

All around me are familiar faces
Worn out places
Worn out faces
Bright and early for the daily races
Going nowhere
Going nowhere

  Ele ainda estava com os olhos fechados. Kurt quase que conseguia escutar o instrumental da música, convidando-o a continuar a cantar. Ele pensou em tudo que estava acontecendo na sua vida nesses últimos dias. O único gay assumido do colégio estava sofrendo preconceito por conta dos jogadores de futebol que não agüentavam ter um garoto que fosse daquele jeito. Azimio era quem liderava os ataques que só tinham dois objetivos: intimidá-lo e humilhá-lo. E até agora o segundo objetivo estava sendo cumprido com êxito pelos rapazes.

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world

  A letra traduzia exatamente o que ele estava sentindo naquele momento. Ele não era entendido por ninguém, e era quase que invisível para algumas pessoas. O garoto sempre imaginava como seria se ele morresse, se as pessoas iam sentir a sua falta. Azimio e os jogadores provavelmente dariam uma festa porque a imagem do colégio estaria “limpa” agora.

I went to school and I was very nervous
No one knew me
No one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me
Look right through me

And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles its a very very
Mad world
Mad world
Mad world
Mad world

  Ele terminou de cantar com algumas lágrimas no olhos. Ao abri-los o rapaz notou que felizmente ainda estava sozinho. Kurt ficou calado por alguns minutos, parado no mesmo lugar. Depois de algum tempo ele olhou para o seu celular novamente e notou que a primeira aula estava quase acabando. Descendo as escadas, ele pegou sua mochila e marchou para fora do auditório. No segundo seguinte o sinal tocou e ele foi andando em direção a sua próxima aula enquanto os corredores vazios se enchiam de pessoas. Uma delas deu um encontrão no rapaz e ele se bateu contra a parede, caindo em seguida. Ao olhar para o lado ele viu Azimio com o mesmo sorriso no rosto, indo em direção aos seus amigos. Kurt balançou a cabeça e se levantou como se nada tivesse acontecido, mesmo com uma imensa dor nas costas. Mais um dia normal na vida de Kurt Hummel no WMHS.

***

  Na hora do glee club quase todos os alunos do colégio sabiam do incidente de de manhã. E todos do clube sabiam não só do primeiro, mas também do segundo. Todos já estavam na sala, com exceção do professor e de Kurt. Quando o garoto chegou todos os olhares foram para ele. O rapaz já sabia que isso ia acontecer então ele optou por não olhar para ninguém e se sentar ao lado de Rachel, que segurou na sua mão e lhe deu um pequeno sorriso, quase que dizendo que ela estava ali para ele e que se precisasse ela poderia ouvi-lo. O garoto sabia que aquilo era verdade, e lhe agradeceu apenas com um olhar.

  Quinn estava sentada atrás deles e observava a situação com cuidado. Ela sabia exatamente como Kurt deveria estar se sentindo naquele momento. Claro que ela nunca levou um slushie por ser gay, mas assim que assumiu ela sofreu bastante no seu antigo colégio. Mas depois de se mudar algumas vezes, as coisas melhoraram. Claro que ainda tinham aquelas pessoas que nunca aceitavam ela, mas iam se tornando poucas com relação as tantas outras que não se importavam com aquilo. E ela podia dizer que mesmo sendo forte, Kurt estava começando a se deixar ser intimidado e a repensar algumas escolhas. Ela podia ver apenas pela expressão dele, ou pela falta de expressão, e pelos ombros que indicavam desistência. Ela não podia deixar aquele garoto continuar daquele jeito.

  Finn tentou ignorar o que estava acontecendo com o irmão. Por mais que parecesse, ele se sentia culpado pelo que estava acontecendo. O garoto sabia que podia tentar parar Azimio e os outros jogadores, mas por outro lado ele tinha medo que acontecesse alguma coisa com ele e tudo ficasse ainda pior. Ele cruzou os braços e olhou para frente, tentando ignorar aquele sentimento de culpa que consumia ele. Ao contrario do que todos imaginavam, Finn Hudson também tinha sentimentos, ele só não sabia o que fazer com eles.

  Will Schuester entrou na sala e notou seus alunos com caras bastante parecidas. Culpa, tristeza, raiva... Ele podia ver aquilo estampado na cara de cada um deles. O O homem então olhou para Kurt. Ele tinha ouvido o que havia acontecido com o garoto, mas preferia não acreditar que alguém faria aquilo com ele. Mas pelo climão que estava na sala, parecia que era mesmo verdade. Ele tinha de se lembrar de falar com Emma assim que saísse da sala.

- Bom dia, gleeks – ele disse ganhando a atenção de alguns alunos, enquanto outros continuavam perdidos em seus próprios pensamentos – Vocês tem alguma música que gostariam de cantar hoje?

  Suspiros foram ouvidos, pessoas rolando os olhos e em seguida a sala ficou vazia. Claro que ninguém queria cantar naquele momento. Estavam todos, bem, quase todos, sendo solidários a Kurt e cantar alguma coisa, mesmo que pudesse ajudar, não parecia ser a coisa certa a ser feita naquele momento.

- Eu acho que ninguém está afim de cantar, Mr Schue – Santana falou olhando para o lado e vendo Quinn confirmar com a cabeça. Ela também notou que a loira estava planejando alguma coisa e arqueou a sobrancelha. A outra garota apenas balançou a cabeça e voltou a olhar para a frente.

- Eu concordo com a Santana nisso – foram as estranhas palavras que saíram da boca de Rachel. Em outro ocasião a latina faria uma piada, mas aquele definitivamente não era o momento certo.

- Tudo bem, então – o professor respondeu entendendo a situação – Eu vou liberar vocês mais cedo, então. Eu preciso mesmo falar com a senhorita Pillsbury. Vocês estão liberados – ele falou pegando sua mochila e saindo da sala em seguida. Quinn levantou rapidamente e foi até o meio da sala.

- Sam, Mike, Artie, Puckerman e... – ela deu uma olhada para Finn e depois rolou os olhos – Santana. Eu preciso falar com vocês cinco. Se vocês não se importarem de ficar um pouco mais aqui.

- Por mim tudo bem – Puck disse cruzando os braços e olhando para a loira, curioso para saber o que ela tinha para falar.

- É, eu também não me importo de ficar – Artie disse dando um sorriso para a namorada.

- Eu vou te dar carona de qualquer jeito – Sam falou.

- Posso ficar também – Mike falou olhando para a namorada que assentiu com um sorriso. Ela estava curiosa para saber o que a loira queria, mas também sabia que deveria respeitar.

- Todos concordamos que podemos ficar então – Santana disse levantando.

  Kurt foi o primeiro a sair da sala, seguido de perto por Mercedes. Rachel lançou um olhar curioso para Quinn, que apenas piscou para ela, antes de sair da sala em direção aos outros dois. Tina e Brittany saíram juntas, enquanto a loira falava animada sobre alguma coisa e a asiática olhava para ela com uma cara assustada. Finn olhou para os outros cinco antes de sair com a cabeça baixa, imaginando porque todos os garotos do time de futebol do clube tinham ficado na sala, com exceção dele. Assim que ele saiu, Quinn foi até a porta e trancou. Quando ela se virou, todos já estavam sentados na primeira fila e esperavam ela falar.

- Vocês devem estar se perguntando por que eu pedi para vocês ficarem aqui na sala...

- Quinn, por favor. Vá direto ao ponto – Santana disse impaciente cruzando os braços. Ela recebeu um olhar frio da outra garota.

- Como eu dizia antes de ser interrompida bruscamente por alguém... – ela disse ouvindo a latina murmurar algo como Berry 2 e depois se calar – Eu queria falar com vocês sobre o que está acontecendo com o Kurt. E que eu acho que a gente devia fazer alguma coisa.

- Você quer que a gente se junte para bater no Azimio? – Puck perguntou claramente animado com a idéia de bater no garoto. Não era novidade que os dois se estranhavam, ainda mais agora que o outro estava querendo roubar a posição de Puck.

- Não, nada de violência. Pelo menos não por enquanto – ela acrescentou fechando as mãos ao lado do corpo e procurando se acalmar. Era horrível pensar que alguém era capaz de fazer uma outra pessoa sofrer tanto só por conta de algumas idéias bobas – Mas a gente não pode deixar esse tipo de coisa continuar acontecendo.

- Você tem razão – Sam disse chamando a atenção de todos para ele – Dá pra ver que o Kurt ta acabado com essa situação. E por mais que eu não concorde com violência, tudo que eu quero é acabar com aquele cara por fazer o Kurt ficar daquele jeito – todos concordaram com a cabeça. Era exatamente assim que eles se sentiam.

- Não importa o que for, eu to dentro – Artie disse e até mesmo Santana concordou com ele. Tudo para proteger Kurt.  

- Mike? – ele perguntou para o único integrante que ainda não havia dito nada.

- Você sabe que eu sou Team Quinn – ele falou arrancando algumas risadas dos colegas – Pode falar o que você está planejando.

- Na verdade, não é nada demais – ela respondeu andando para o outro lado e sentando no piano enquanto todos olhavam para ela e esperavam que continuasse a falar – Eu estava pensando que vocês podiam dar uma prensa no Azimio. Ou até mesmo falar com a Beiste sobre o que eles estão fazendo.

- Isso não vai funcionar – Artie disse deixando todos surpresos – Eles só vão ficar com ainda mais raiva se a gente falar com a Beiste.

- Rodinhas tem razão – Santana falou olhando para a frente de novo sem notar o olhar de ódio que o garoto lançou para ela.

- Mas dar uma prensa no Azimio pode funcionar – Puck respondeu olhando para Mike e depois para Sam, que concordaram com a cabeça.

- E a gente podia se revezar para proteger o Kurt. Nada demais, só andar perto dele no corredor e mantê-lo longe do Azimio.

- Acho que isso pode dar certo – Mike disse se inclinando para frente – Alguma coisa bem discreta. E se o Azimio chegar perto a gente tenta evitar que ele se aproxime do Kurt.

- Isso é quase como a armada de Dumbledore – Sam comentou animado enquanto os outros olhavam para ele com cara de “que?”.

- Eu sou a Hermione – Quinn gritou levantando a mão depois de um minuto de silencio.

- Harry – Sam também levantou a mão enquanto os outros olhavam para eles e rolavam os olhos.

- Calem a boca, vocês dois – Santana disse se levantando e andando até onde Quinn estava sentada no piano. Ela subiu e sentou-se ao lado da loira, passando um braço por trás dos ombros dela e trazendo-a mais para perto – Vamos decidir como vai rolar esse revezamento.

- Eu acho que você é o Rony – Quinn comentou fazendo todos os outros rirem da cara que a latina fez ao ouvir aquilo.

- Apenas cale a sua maldita boca, Fabray – Santana disse, mas com um sorriso no rosto.

  Os seis ficaram lá por mais algum tempo, decidindo os critérios de quem iria proteger o Kurt em que dia e as regras de proteção. Depois de algum tempo todos estavam satisfeitos e foram embora com a promessa de que estariam juntos na missão de evitar mais um ataque de slushies e mais sofrimento para Kurt.

***

  No dia seguinte ficou decidido que quem protegeria o garoto seria Puck. Em seguida Santana, Mike, Quinn, e por fim Sam e Artie. Quinn estava parada no seu armário, usando uma camisa preta, um jeans e um casaco bege de capuz, quando Santana apareceu do seu lado, com alguns livros em seus braços.

- Bom dia, Q.

- Bom dia, S – Quinn arqueou a sobrancelha e olhou para a garota que estava encostada nos armários naquele momento – Qual o motivo dessa felicidade toda?

- Que felicidade? – a latina perguntou olhando para a loira.

- Hm, você me deu bom dia. Quantas vezes você me deu bom dia na vida? – ela fingiu parar para pensar por alguns instantes – Nenhuma!

- É só que essa história de proteger o Kurt está me deixando animada. Eu precisava de alguma coisa para me distrair – ela disse olhando para o fim do corredor, e quando a loira se virou para ver o que ela olhava apenas viu duas sombras indo embora.

- Hey – Quinn falou tocando no braço da amiga, fazendo a morena olhar para ela – Você sabe que pode contar comigo, né?

- Não vamos ficar sentimentais, por favor – ela disse dando um abraço de lado na garota antes de olhar para alguém que estava andando na direção delas, com uma expressão de quem não gostava do que via – Vou embora antes que eu seja morta pela sua namoradinha – a latina disse e resolveu provocar dando um beijo demorado no rosto da loira antes de sair balançando os quadris e recebendo olhares de todos os garotos. Quinn demorou ainda algum tempo para processar o que ela tinha dito, e em seguida se virou para o armário, mas logo notou a presença da diva ali.

- Oi – a morena disse tímida, chegando perto dela e tentando controlar suas emoções.

- Olá Rach – ela falou sorrindo e fechando o seu armário, dando total atenção para a garota.

- Então... Você e a Santana huh? – a morena comentou com um tom que indicava ciúmes, mas que a outra não conseguiu perceber.

- O que? – ela perguntou confusa, e depois abriu a boca, percebendo o que a garota estava pensando – Oh não, nós não estamos juntas.

- Mesmo? – agora ela parecia estar um pouco mais feliz – Quer dizer, tem certeza? Porque parece que vocês duas são muito próximas, sabe? – a diva perguntou se inclinando um pouco para frente e falando mais baixo.

- Er… Uhm… Nós… Nós não estamos juntas – a loira disse se afastando um pouco da outra garota. Ela não entendia o porquê daquele proximidade estar incomodando ela tanto assim naquele momento. E desde quando ela gaguejava? – Nós somos apenas amigas. Pra falar a verdade ela a minha melhor amiga aqui.

- Oh – a morena parecia um pouco triste com aquele ultimo comentário, mas logo depois balançou a cabeça e o sorriso normal dela tomou conta do seu rosto – Eu estava pensando... O que você queria falar com os garotos e a Santana ontem?

  Quinn parou para pensar por um momento. O que ela iria fazer? Ela podia contar sobre o plano para Rachel e ouvir a morena passar dez minutos falando sobre a importância de não combater violência com violência. Ela podia contar e não ouvir o discurso, mas sim um incentivo porque a diva é amiga do Kurt e acha que algo precisa ser feito. Ou não contar e continuar com o plano. A terceira opção parecia a mais certa.

- Nós vamos fazer um campeonato de Call Of Duty – a loira respondeu de forma estranha, e dava para perceber que aquela era uma grande mentira.

- É mesmo? – Rachel perguntou tentando reprimir uma gargalhada. Aquela era a mentira mais ridícula que ela já tinha ouvido.

- Claro que sim. Hey Artie – a loira disse ao ver o cadeirante passar pelas duas – Preparado para o campeonato de COD?

- O quê? – ele perguntou confuso e depois viu Quinn movimentando suas sobrancelhas, quase que querendo sugerir alguma coisa. Depois de alguns segundos o garoto deu um sorriso falso e balançou a cabeça – Claro que sim. Sexta na sua casa – ele acenou e logo pegou o celular, mandando uma mensagem para os outros quatro. Ele parou por um segundo antes de apertar no botão para enviar, pensando em como aquela desculpa era falha. Mas mandou do mesmo jeito.

- Viu só o que falei? – a loira perguntou sorrindo orgulhosa. Por dentro ela estava querendo enfiar a cabeça em algum lugar.

- Tudo bem então, Quinn – Rachel disse dando alguns passos para frente e depois virando o rosto em direção a garota – Boa sorte no seu “campeonato de Call Of Duty” – a morena disse fazendo as aspas com as mãos e depois desapareceu, indo para um outro corredor. A loira inclinou a cabeça para frente e encostou no armário, se xingando por ser tão burra a ponto de não conseguir criar uma desculpa melhor.

***

  O plano tinha dado bastante certo até o momento. Puck e Santana fizeram um bom trabalho tentando evitar um possível encontro entre Kurt e Azimio, e Puck até empurrou um garoto contra a lixeira quando ele tentou acertar o rapaz com um copo cheio de slushie. Agora era o dia de Quinn cuidar de Kurt, e ela estava pronta para evitar qualquer coisa. A garota vestiu um jeans velho apertado, uma camisa branca e um colete preto. Para combinar ela colocou um par de all star preto. Ela se despediu da mãe e entrou no carro da irmã.

- Você está bem? – Christina perguntou tirando sua atenção da pista por um momento e olhando para a irmã mais nova que parecia estar ansiosa por alguma coisa.

- Aham, só quero chegar logo no colégio.

  A irmã mais velha arqueou a sobrancelha, mas decidiu não comentar nada. O resto da viagem foi em silencio e em poucos minutos o carro havia estacionado na frente do colégio. Christina não destravou as portas, apenas olhou para a irmã.

- Tem alguma coisa te incomodando?

- Não precisa bancar a irmã mais velha, Chris.

- Eu sou a irmã mais velha, Quinnie – ela disse com um sorriso.

- Tem umas coisas acontecendo com um amigo meu, mas já estamos resolvendo isso.

- Você fala como se fizesse parte de uma gangue – a garota comentou e a mais nova deu um sorriso de lado – Não! Não me diga que você faz parte de uma gangue.

- O que? Não, claro que não – a garota riu e as portas foram destravadas – Até logo, C.

- Boa aula, Q. Não se envolva com gangue – e com isso a mulher foi embora, indo em direção ao seu trabalho.

  As aulas foram normais, e Quinn não teve nenhum problema em proteger o outro garoto. A ultima aula antes do glee clube é o horário livre tanto de Quinn, quanto de Kurt, Sam, Puck e Mike. A loira estava quase comemorando um dia sem nenhum incidente quando Azimio veio andando na direção dela com seus amigos. Kurt estava próximo da garota e congelou no seu lugar. Não haviam slushies nas mãos dos rapazes, mas eles tinham uma expressão de fúria.

- Ei gayzinho – o jogador gritou e parou na frente do garoto – Soube que você abriu o bico para os professores.

- Eu...? Eu não disse nada, Azimio – Kurt falou dando dois passos para trás e se encostando nos armários.

- A bambi veio falar com a gente – ele apontou para os amigos que estavam com os braços cruzados – E nós achamos que você precisa de uma lição para aprender a não falar.

- Por que você não procura alguém do seu tamanho, Azimio? – Quinn perguntou se colocando na frente de Kurt e se esticando um pouco para encarar o outro garoto.

  O corredor ficou silencioso. A maioria dos alunos já estava em suas salas, assistindo a ultima aula do dia. Pelo canto do olho a garota podia ver Mike parado ao lado de Sam, e Puck estava um pouco atrás dele, observando a cena com toda atenção. Karofsky estava parado atrás dos jogadores de futebol, mas ele parecia não estar no meio daquele ataque. Apenas parado, como um dos tantos alunos que estavam no publico.

- Vai defender o frutinha agora, Fabray? – o garoto perguntou olhando para ela com uma cara de desdém – Vai dizer que também é gay? – ele perguntou com uma risadinha enquanto seus companheiros faziam o mesmo.

- E se eu for, Azimio? Você também vai jogar slushie em mim e me humilhar até eu mudar de idéia? – a garota perguntou e alguns suspiros e comentários de surpresa podiam ser ouvidos por parte dos alunos que ali estavam.

- Ha, então você está dizendo que é? – o garoto perguntou e começou a rir junto com os seus amigos – A linda e perfeita Quinn Fabray é gay? Será que eu devo te chamar agora de Quinn Fabgay?

- Pois é, Azimio. Seus colegas vão ficar tristes agora que eu não sou mais uma opção para eles – ela comentou cruzando os braços enquanto Kurt saia de de trás dela e dava um passo para o lado, se afastando um pouco da confusão – Mas eu tenho certeza de que você vai consolar eles, como você sempre faz quando vocês estão tomando banho juntos.

  Tudo aconteceu muito rápido. Ninguém podia esperar que Azimio fosse partir para cima de Quinn, mas foi isso o que aconteceu. Com uma das mãos ele empurrou a garota contra os armários, fazendo um tremendo barulho, e cotovelo foi de encontro com o rosto da menina, acertando seu lábio inferior e fazendo-a sangrar. Foi um corte pequeno, mas a dor na sua cabeça e nas costas junto com a dor do ferimento fizeram ela dar um gritinho de dor. No segundo seguinte Mike estava empurrando Azimio na direção oposta e acertando um soco no garoto. Os outros partiram para cima do asiático e logo Sam me juntou, para ajudar. Finn estava ali perto e viu tudo o que havia acontecido. Sem pensar duas vezes ele se juntou ao grupo para ajudar seus amigos do glee club. Puck estava tentado a entrar na briga, mas ele pegou Quinn e passou o braço por volta dela, trazendo-a de encontro ao seu corpo. Os dois foram andando até a enfermaria, enquanto alguns outros garotos separavam a briga, sendo um deles Karofsky. Mike e Sam foram logo para o lado de Kurt, enquanto Finn tentava acalmar os outros. O plano não tinha mesmo dado certo.

***

  Todas as garotas, menos Quinn, já estavam sentadas no clube. Artie também estava lá, assim como Will. Ninguém estava entendendo o porquê da sala estar tão vazia assim. Havia um boato de uma briga, mas era impossível que todos estivessem envolvidos nela. Apenas Artie e Santana faziam idéia do que poderia ter acontecido. No momento em que ouviram passos, todos se viraram para a porta e ficaram boquiabertos com o que viram.

  Mike entrou na frente com um corte feio na sobrancelha e com um outro corte no lado esquerdo do rosto. Ele também estava colocando um gelo na mão. Finn entrou em seguida com um nariz ainda sangrando e mancando. Por fim, Sam e Kurt entraram juntos. O rapaz mais novo parecia que estava perto de desabar em lágrimas, enquanto o loiro estava com um olho roxo, um corte no nariz e alguns cortes na mão.

- Woah, o que aconteceu? – Mercedes perguntou enquanto Tina corria até Mike, trazendo-o para uma cadeira perto dela e pegando o gelo da mão dela. Ela mesma queria cuidar do garoto. Finn sentou em uma cadeira ao lado de Mike e Sam e Kurt sentaram no meio, perto de Rachel e Mercedes.

- Onde estão Puck e Quinn? – Santana perguntou visivelmente preocupada com os dois outros amigos.

- Aqui – Puck falou trazendo consigo uma Quinn machucada. Dava para notar o corte no seu lábio inferior e o rapaz estava segurando um gelo na cabeça dela. A pancada tinha sido forte e a garota tinha até tomado alguns comprimidos para dor de cabeça, mas nada parecia melhorar. Sem falar nas suas costas.

- Oh meu deus, Quinn – Rachel se levantou rapidamente e foi em direção a garota e tocou de leve no seu lábio que estava machucado. A loira fez uma careta de dor enquanto Puck tirava o gelo e dava para a diva segurar – O que... O que foi que aconteceu?

- Azimio aconteceu – todos se assustaram ao ouvir a voz de Kurt – Ele veio me ofendendo e a Quinn me defendeu. Ele acabou se enraivando quando ela admitiu que também é gay e insinuou que ele e seus jogadores faziam “coisas” no chuveiro. Azimio a jogou contra os armários e o resultado é esse - ele falou apontando para a garota que estava sendo arrastada por Rachel até uma das cadeiras mais para o canto da sala. A morena fez a outra sentar e encostou novamente o gelo na cabeça dela – Depois o Sam, o Mike, e o Finn – ele olhou agradecido para o irmão que acenou com a cabeça – Foram defender a Quinn e acabaram brigando com os garotos.

- Eu não acredito que o Azimio teve coragem de fazer isso – Santana disse se controlando para não sair da sala e decepar o garoto. Depois ela olhou preocupada para Quinn que ainda estava sob os cuidados da diva.

- Eu não acredito que ainda deixam esse cara estudar aqui – Puck comentou compartilhando o sentimento de Santana.

- Eu não acredito que a Quinn gosta de garotas – Brittany comentou e todos ficaram calados.

  Os únicos que já sabiam daquilo eram Sam, Mike, Santana e Rachel. Todos os outros ainda achavam que Quinn gostava de garotos, e talvez de um dos seus amigos mais próximos. Assim como com Kurt, eles não se importavam se a garota gostava de garotos ou garotas, eles só se importavam se ela estava bem. Mas era um choque descobrir aquilo, ainda mais naquelas circunstâncias.

- Isso não importa agora – Sam disse chamando a atenção de todos para ele – O que importa agora é que o Azimio precisa ser expulso dessa escola. Eu não me importo se o pai dele doa dinheiro para esse colégio todo o mês. Ele não pode continuar aqui.

- Você tem razão, Sam – o professor se levantou e pegou seu casaco – Eu vou falar imediatamente com o Figgins. E eu gostaria que vocês viessem comigo.

- Na verdade, Mr. Schue… - Quinn falou pela primeira vez depois do incidente – Você se importa se o Mike me levar para casa?

- Claro que não, Quinn. O resto pode vir comigo.

  Rachel olhou um pouco magoada para a loira, que apenas agradeceu baixinho antes de sair da sala com Mike. A diva tinha que fazer alguma coisa para ajudar os amigos, e o único jeito que ela podia imaginar era com música.

***

  Na segunda feira seguinte parecia que as coisas não iam voltar ao normal. Algumas pessoas olhavam feio para Quinn, decepcionadas com o que ela havia dito, enquanto outras estavam orgulhosas por estarem perto de alguém com tamanha coragem. Azimio tinha recebido uma advertência e alguns dias de suspensão. Mas o garoto ia voltar e todo mundo tinha certeza de que ele ia acabar se vingando daqueles que causaram aquilo. Figgins disse que não ia expulsa-lo por tão pouco, e ele quase tinha sido morto pelos alunos do glee club, principalmente por Rachel.

  Todos os alunos estavam reunidos na sala do glee club, para mais um encontro do clube. Mr. Schue tinha acabado de entrar quando Rachel se levantou rapidamente e caminhou até ele, pedindo para cantar uma música. O homem sorriu para ela e se sentou numa cadeira, assentindo com a cabeça. A menina se virou para a banda e disse que música gostaria de cantar. Todo mundo reconheceu logo o que viria a seguir.

Do you ever feel
Like a plastic bag
Drifting through the wind
Wanting to start again

  Ela começou cantando olhando para frente. Sem encarar alguém em especial. Todos sabiam por que ela estava cantando aquela música. Não era só para um colega, mas para dois. Rachel estava parada no meio da sala, e batia seu pé no chão no ritmo da música.

Do you ever feel,
Feel so paper thin
Like a house of cards
One blow from caving in

  A garota foi andando para frente, passando a olhar para cada um dos seus colegas enquanto cantava. Ela podia notar que a maioria tinha sorrisos no rosto. Apenas Quinn olhava para baixo, sem nenhuma expressão, e Kurt brincava com as suas mãos enquanto mordia o lábio inferior. Ambos também sabiam que a música era para eles e estavam sentados um do lado do outro, na primeira fila.

Do you ever feel
Already buried deep
Six feet under screams
But no one seems to hear a thing

  Finn olhava para os dois, assim como todos na sala. Ele se sentia arrependido por não ter defendido Kurt antes e por não ter sido corajoso o bastante para evitar que Quinn se machucasse em um encontro com Azimio. Era claro que aquilo ia acabar acontecendo, ainda mais porque a loira parecia não aceitar desaforos, ainda mais quando eram ditos em direção aos seus amigos. Eram nesses momentos em que ele sentia inveja da garota por ser tão mais forte do que ele.

Do you know that there's
Still a chance for you
Cause there's a spark in you

You just gotta
Ignite the light
And let it shine
Just own the night
Like the 4th of July

  Depois daquele momento, Kurt levantou a cabeça e notou que Rachel tinha se aproximado ainda mais de onde ele estava. A garota cantava com os braços abertos e tinha os olhos fechados. Ele podia ver pelo canto do olho que Quinn continuava encarando o chão, mas ela tinha começado a balançar a perna no ritmo da música.

Cause baby you're a firework
Come on show 'em what you're worth
Make 'em go "Ah, ah, ah!"
As you shoot across the sky "Ah, ah!"

  Rachel abriu os olhos e viu Kurt encarando ela. Ela sorriu enquanto cantava e pegou na mão do garoto, enquanto cantava diretamente para ele. Todas as outras garotas, com exceção de Quinn, se levantaram e foram para o meio da sala, enquanto faziam back. Foi nesse momento em que a loira levantou a cabeça e encontrou os olhos da morena.

Baby you're a firework                          
Come on let your colors burst
Make 'em go "Ah, ah, ah!"
You're gonna leave them all in "awe, awe, awe"

  A morena sorria enquanto cantava a música. Agora ela tinha total atenção das duas pessoas que ela queria, e o mais importante era que os dois tinham um pequeno sorriso estampado no rosto. Eles finalmente entendiam que todos naquele clube estavam ali para apoiá-los. Rachel cantava a segunda parte do refrão diretamente para Quinn, sem tirar os olhos dela.

Boom, boom, boom
Even brighter than the moon, moon, moon
It's always been inside of you, you, you
And now it's time to let it through

  A diva então segurou em uma mão de Quinn e em uma mão de Kurt e levantou os dois enquanto ela e as outras garotas cantavam. Os garotos estavam sentados nas cadeiras e olhavam a cena com sorrisos nos rostos. Rachel sempre dizia que música resolvia tudo, e parece que mais uma vez ela estava certa.

Boom, boom, boom
Even brighter than the moon, moon, moon
Boom, boom, boom
Even brighter than the moon, moon, moon

  Ela acabou de cantar e todos na sala bateram palmas. A morena abriu os braços e abraçou os dois que estavam na frente dela. Todos do trio estavam perto de chorar e automaticamente a mão de Brittany encontrou a de Santana. As duas trocaram um sorriso enquanto observavam a cena. Rachel soltou Kurt, mas ainda ficou abraçada com Quinn por alguns instantes. Aquela era uma promessa silenciosa de que a morena seria a pessoa que cuidaria de Quinn quando ela precisasse. E as duas esperavam que aquela promessa fosse realmente cumprida.


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Notas finais do capítulo

As músicas cantadas são “Mad World” de Tears For Fears e “Firework” da Katy Perry.
Não gostei do capítulo, acho que eu podia ter feito as duas ultimas partes melhores, mas é isso. Comentem dizendo que odiaram o capítulo, ou que a cirurgia me deixou com problemas mentais e o capítulo está bom.
— spoiler da história – Faberry deve acontecer ou no próx capitulo, ou no 13. Então a espera está quase no fim.