Quinn pensou em recusar aquele “convite”. Ela ainda estava com raiva e confusa com relação a como a morena havia tratado ela na ultima semana. Mas não seria muito inteligente recusar, já que ela nem sabia para onde estava indo. Então a garota engoliu o orgulho e entrou no carro, fechando a porta em seguida. Rachel fez o retorno e a loira pegou o IPOD da outra, colocando no aleatório.

There's a place downtown,
Where the freaks all come around

  A loira arqueou uma sobrancelha, achando a situação divertida, enquanto a diva tratou logo de tomar o objeto das mãos da outra e colocar em outra música, uma neutra. Ela murmurou que tinha baixado por engano, mas a outra garota claramente não acreditava naquilo.

  As duas foram em silencio o tempo todo. Quinn ia olhando pela janela, tentando gravar pontos de referencia para que não se perdesse de novo. Rachel ia pensando no que poderia falar para quebrar aquele gelo, mas ela achava que a loira não iria querer conversar sobre musicais ou algo assim. Ela sabia que teria de conversar com a outra, só estava deixando aquilo para o ultimo momento.

  A diva não achou a casa da loira com muita dificuldade. Lima não é uma cidade grande, e tendo nascido ali era quase que provável que você conhecesse a cidade inteira. Ela estacionou o carro na frente da casa, mas quando a loira foi tentar abrir a porta, a morena foi mais rápida e trancou todas, fazendo a outra garota olhar confusa para ela.

- Uhm, essa é a minha casa – a loira falou apontando para a sua casa como se fosse muito obvio – Será que você pode destravar as portas?

- Nós precisamos conversar antes – a motorista falou com convicção, assustando até mesmo a si mesma com tamanha confiança.

- Se isso é sobre...

- Eu queria te pedir desculpas – Rachel falou com os olhos fechados, interrompendo o que a garota na sua frente iria falar – Meus pais me falaram como você cuidou de mim no sábado e no domingo, mas eu não lembrava do que tinha acontecido. E teve a maior confusão porque eu falei com o Finn achando que ele tinha me levado para casa e tomado conta de mim.

- E ele não te desmentiu – a outra disse rolando os olhos e cruzando os braços. Finn era mesmo um idiota.

- Ele também me disse que todo mundo tinha rido de mim. Inclusive você – a diva abaixou a cabeça e mordeu o lábio inferior – E eu acreditei nele. Foi por isso que eu te tratei mal naquele dia em que a gente se bateu, e também evitei falar com você nos outros dias. Eu sinto muito.

- Você não teve culpa – ela deu de ombros – Mas eu sempre pensei que eu fosse uma pessoa memorável.

- Claro – Rachel riu junto com Quinn – Você acha que o seu ego consegue passar por essa porta?

- Se o seu consegue... – a outra comentou recebendo um peteleco no ombro – Ei, apenas falando a verdade aqui.

  As duas ficaram em um silencio confortável, sem perceberem que estavam na porta da casa dos Fabray e que Rachel deveria ter destravado as portas agora para que Quinn pudesse entrar em casa. Talvez fosse o ar-condicionado, ou a música de fundo, mas a questão era que elas estavam perdidas em pensamentos, confortáveis demais em seus lugares para se mexerem.

  Quinn estava pensando em como matar Finn. Ela já não gostava do garoto, e agora ela não gostava ainda mais. Ela havia conhecido vários garotos iguais a ele. Populares, bonitos, nem um pouco brilhantes, que faziam sucesso por conta do seu status. E esse tipo de garoto precisa de uma garota, uma namorada, para dizer a ele o quão bom ele é, e aumentar a sua auto-estima. Mesmo que com mentiras. Era obvio que Finn usava Rachel para isso. E a garota cumpria o papel de forma correta.

  A morena não estava pensando em algo muito diferente. Ela estava pensando no que o namorado tinha se tornado. A ponto de mentir na cara dela sobre algo. Depois do incidente com Santana no ano passado, os dois haviam prometido falar a verdade sempre, um para o outro. Parece que um dos dois havia descumprido o combinado. As conseqüências seriam descobertas no dia seguinte.

- Obrigada – a morena murmurou depois de alguns minutos.

- Desculpa, o que? – Quinn não estava provocando a outra garota, ela realmente não tinha escutado.

- Eu disse, obrigada – Rachel falou agora olhando nos olhos da outra, a confiança de volta – Eu deveria ter te agradecido no domingo, ou na segunda. Eu poderia ter feito uns cookies e te mandado. Ou eu poderia ter cantado uma música no glee club sobre a importância de ter amigos, ou sobre como álcool deve ser evitado de qualquer maneira. Eu também poderia ter feito um calendário...

- Você vai chegar a algum lugar com isso? – a loira perguntou cortando a linha de pensamentos da outra.

- Eu só queria te agradecer pelo que você fez. Eu não tenho muitas pessoas que fariam isso por mim. Eu nem sei se eu tenho alguém... – a morena disse olhando para baixo, brincando com a trava do carro antes de destravar todas as portas.

- Sem drama, Berry. Eu já tenho o bastante – a loira disse num tom de brincadeira, abrindo a sua porta e ajeitando a mochila nas costas – Eu acho que eu te vejo amanhã – ela tinha se virado para sair do carro quando uma voz a parou.

- Por quê?

- Por que o que?

- Por que você sempre me salva?

- Eu não sei o que você quer dizer – a loira falou visivelmente incomodada com o rumo que aquela conversa estava levando.

- No primeiro dia de aula você se preocupou comigo. Você me defendeu no glee club. E você me salvou na festa. Me levou para casa e tomou conta de mim quando aquela não era a sua obrigação – a morena suspirou e olhou com uma expressão curiosa – Por que?

- Alguém tem que cuidar de você.

  A loira não esperou resposta. Ela saiu rapidamente do carro, fechando a porta e andando em direção a sua casa. A garota não olhou para trás, senão ela teria visto uma Rachel Berry chocada com o carro ainda parado.

***

  Ter aula pratica de biologia era um saco. Ainda mais quando você senta na primeira fileira e uma experiência dá totalmente errado. Era o que tinha acontecido nessa manhã de segunda-feira. Rachel estava sentada na frente quando um liquido atingiu ela em cheio. O professor pediu mil desculpas, fez centenas de gestos com a mão e no final mandou ela para o banheiro.

  Como a morena é precavida (e sabe que banhos de slushie são sempre comuns) ela tinha um suéter extra e foi se trocar no banheiro. Depois de dar uma lavada na blusa, ela guardou tudo dentro da bolsa, ajeitou os cabelos e saiu do lugar. A garota foi andando pelo corredor e quando ia virar para a direita ela ouviu uma voz bem conhecida.

- Ficou sabendo da ultima, Dave?

  Era Azimio. Rachel odiava o garoto por causa de tudo que ele já havia feito com ela. Chamando-a de nomes, jogando slushies, espalhando boatos e comentários maldosos. E pelo visto ele estava falando com Dave Karofsky, outro garoto que ela odeia. O ultimo tinha parado com as duas maldades nesse ano, mas nem por isso ele estava perdoado, já que não tinha feito menção de defendê-la ou de se desculpar por todo o mal que havia feito.

- Do que você está falando?

- Então você não sabe da Park com o Hudson?

  A morena já ia dar meia volta e voltar para a sua sala de aula quando ouviu aquilo. Do que Azimio poderia estar falando? Quem era Park? Oh... Deveria ser Jennifer Park, uma das lideres de torcida. Ela tinha entrado para a equipe nesse mesmo ano, quando Sue Sylvester a recrutou para ficar no lugar de uma outra garota que havia sido transferida. Mas ela nem sabia que Finn era amigo dela.

- Eu vi os dois conversando na festa do Puckerman – um barulho de armário sendo aberto foi escutado – E daí?

- Eu soube que os dois dormiram juntos na festa – Rachel levou a mão a boca, lutando contra a urgência de bater em Azimio por dizer uma coisa tão estúpida e sem sentido.

- E quem te disse isso? Jew Fro? – Dave deu uma risada divertida – Eu soube que o perdedor fala qualquer coisa por dez dólares. Talvez amanhã você fique sabendo que eu dormi com Lopez e Brittany ao mesmo tempo.

- Você acha mesmo que eu escuto alguma coisa que aquele idiota fala? – pergunta retórica – E a minha fonte é muito segura.

- Quem a sua fonte? – Dave perguntou curioso, e Rachel se aproximou ainda mais, mesmo não acreditando naquilo. Ela queria saber em quem deveria bater. Bom, talvez não ela, mas poderia muito bem mandar seu namorado bater. Em quem Finn Hudson deveria bater, Azimio?

- O próprio Finn Hudson.

  Rachel congelou no seu lugar, encostada na parede. Ela não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Aquilo não podia estar acontecendo novamente. Será que o ano passado não tinha sido suficiente? Ela não queria e não podia passar por aquilo de novo. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas ela fez de tudo para não deixá-las caírem. Precisava tirar aquela história a limpo antes de fazer qualquer coisa.

- Isso vai acabar com o pouco de orgulho que a Berry tem – Dave falou de forma forçada, e agora o barulho de um armário sendo fechado ecoava pelo corredor.

- E você acha que o Hudson liga pra isso? – Azimio perguntou rindo em seguida. Rachel respirou fundo e deu meia volta. Era melhor que ninguém estivesse no seu caminho.

***

  Finn tinha acabado de sair de uma aula insuportável de literatura. A única coisa que ele queria era que chegasse logo de tarde e que o glee club chegasse logo. Ele poderia finalmente relaxar, já que não tinha treino de tarde. Além disso, ele se sentia bem cantando. Cantar é uma das poucas coisas que ele gosta e sabe fazer bem. A outra coisa é futebol.

  Ele estava pronto para enfrentar uma aula de química quando viu sua namorada andando, não, marchando em sua direção. Ele podia ver que ela estava com raiva, já que sua cara mostrava aquilo. E suas mãos estavam fechadas, como se ela estivesse lutando contra a urgência de bater em alguém. Ele só pode esperar que aquele alguém não fosse ele.

- Rachel, oi – ele balançou a mão e deu um sorriso para ela, mas a garota apenas ignorou.

- Eu te fazer uma pergunta e eu quero que você seja sincero comigo – pelo menos dessa vez ela acrescentou na sua cabeça.

- Quando eu não fui sincero com você? – pergunta ignorada.

- Eu ouvi algumas coisas enquanto eu estava saindo do banheiro, e não foram nada boas. Eu preciso que você fale a verdade pelo bem desse relacionamento. Isso tudo pode ser apenas mais um boato idiota e em dez anos nós vamos estar rindo enquanto estamos morando em New York.

- Nós não íamos morar na Broadway? – mais uma pergunta ignorada.

- Então eu preciso que você seja honesto – ela respirou fundo e contou até dez na cabeça – É verdade o que estão falando?

- Se for mais um boato sobre mim e o Kurt... – ele começou balançando a cabeça, imaginando porque Rachel acreditaria naquilo. Mas a morena apenas colocou uma mão no peito dele, indicando que ele deveria parar.

- Não. Esse é sobre você e a Jennifer Park.

  As duas ultimas palavras fizeram o garoto parar. Mil pensamentos passaram pela sua cabeça e a primeira coisa que ele queria fazer era dar o fora dali. Ele lembrava de ter falado com Azimio e Puck sobre sua noite com Jennifer durante a ultima festa, mas os dois tinham prometido que não iam contar para ninguém. O garoto só tinha contado para os dois porque um deles era seu melhor amigo e ele queria impressionar o outro. Péssima idéia.

- O Puck te falou isso? – ele perguntou com raiva do melhor amigo. Ele teria tido mesmo coragem de fazer isso?

- O Noah não me falou nada, Finn. Eu ouvi o Azimio comentando com o Karofsky enquanto eu passada – ela não ia dizer que tinha espionado os dois – Mas não é isso que importa.

- Não?

- Não – ela repetiu, cruzando os braços e esperando pelo inevitável – Me diga a verdade. Isso aconteceu mesmo?

  Rachel não precisava de uma resposta verbal. Quando Finn olhou para baixo, colocou as mãos nos bolsos da calça e ficou com o seu olhar de culpado, a garota já havia entendido tudo. Era mesmo verdade. Finn tinha mesmo dito para Azimio que ele havia dormido com Jennifer Park. E o pior de tudo era que era tudo verdade. Não era só um rumor para aumentar a sua popularidade, era um fato. Ele tinha traído Rachel mais uma vez, e com uma outra líder de torcida.

  A morena estava se sentindo estúpida. Claro que ele faria aquilo de novo. Era obvio que ele não ia mudar. Sempre querendo ter mais, sem nem se preocupar com o sentimento dos outros. Aquele era Finn Hudson, e Rachel estava finalmente enxergando ele do jeito que ele era. Um mentiroso, um traidor, um jogador nato. E bom, um destruidor de corações. Ou destruidor do coração de Rachel.

- Olha Rachel... – ele começou tocando nos ombros dela com as duas mãos, para a garota se distanciou dele, dando vários passos para trás.

- Não toque em mim. Não cheque perto de mim, Finn – ela falou deixando as primeiras lagrimas caírem enquanto todos se viravam para ver a cena. Jacob estava em um canto do corredor, tirando algumas fotos ou gravando um filme, quem sabe? Quem se importa?

- Fala mais baixo – ele disse fazendo um gesto com a mão indicando as pessoas que estavam ali – Você está exagerando...

- Eu estou exagerando? Mesmo? – ela gritou, colocando as mãos na cabeça, tentando respirar – Você me trai com uma garota qualquer, mente na minha cara e me diz que eu estou exagerando?

- Está tudo bem por aqui? – Kurt perguntou aparecendo do nada. Ele estava no seu armário, esperando Mercedes aparecer quando viu a cena. O garoto não era tão próximo da diva quanto era de Mercedes, mas ele se preocupava com ela. E os dois meio que tinham um companheirismo. Eles se entendiam.

- Está – ela balançou a cabeça várias vezes, limpando as lagrimas com a parte de trás da mão – Eu só estava falando para o Finn que nos terminamos.

- O que? – foi a vez do quarterback gritar, atraindo ainda mais pessoas.

- Nós não estamos mais namorando, Finn – ela se virou na direção do garoto mais baixo – Kurt, me leva pra longe daqui.

  Ele assentiu e pegou na mão dela, andando rápido antes que o namorado... o ex-namorado da diva pensasse em ir atrás dos dois. A dupla foi parar no auditório, provavelmente o único lugar do colégio que estava vazio no momento. Ela andou até o piano, com o outro garoto logo atrás dela, e se sentou no banco. Ele sentou na frente dela em seguida.

- Você quer falar sobre isso? – o rapaz perguntou limpando algumas lagrimas que ainda caiam pelo rosto dela.

- Não – ela respondeu sem olhar nos olhos dele.

- Tem alguma coisa que eu possa fazer por você?

- Você pode...? Você pode me abraçar? – ela perguntou timidamente, com medo que sofresse mais uma rejeição e que mais lagrimas começassem a cair.

- Seu pedido é uma ordem.

  Os dois trocaram um sorriso triste e ele a envolveu nos seus braços. A garota apoiou a cabeça no ombro dele e começou a chorar novamente. Kurt, ao sentir os soluços da diva, alisou as costas dela com uma mão e falou palavras de conforto no seu ouvido. Rachel chorou ainda mais, triste por causa de Finn e emocionada por notar que tinha um amigo. Ele não podia evitar a vontade de matar o seu irmão naquele momento.

***

- Eu quero um desses também. Traga um para mim quando você for no Japão.

- Quinn, você pode comprar um desses aqui nos Estados Unidos. Eu comprei o meu aqui em Lima.

- Você não pode trair a sua cultura desse jeito, Mike.

- Pela milésima vez... Eu sou americano.

- Continue dizendo isso para si mesmo. Ajuda.

  Quinn e Mike estavam andando pelos corredores do colégio. Era a hora do intervalo e os dois tinham acabado de sair da aula de física. Eles iam para a cafeteria, sentar na mesa de sempre com Sam, Tina, Kurt e Mercedes. Santana sentava com eles as vezes, e Puck quando estava entediado. Mas normalmente era só os seis. Os dois entraram lá e encontraram apenas Tina e Sam, provavelmente tendo um papo de nerd. O asiático e a loira trocaram um olhar, sabendo o que estavam prestes a enfrentar.

- Batman é o cara. O que seria de Gotham City sem ele? – Sam falou tomando um gole da sua fanta laranja, enquanto a dupla se aproximava da mesa.

- Por favor, Superman protege mais do que uma simples cidade. Ele protege o país – Tina disse com um grande sorriso enquanto o namorado sentava do lado dela e Quinn sentava do lado de Sam.

- Lois Lane ou Selyna Kyle? – Quinn fingiu estar pensando e os dois amantes de gibis rolaram os olhos – Sinto muito Halle Berry, mas eu prefiro a Erica Durance. Superman é o melhor.

- Você sabe que a Anne Hathaway é a nova Catwoman, não é? – Sam perguntou.

- Eu disse pra vocês que Batman é bem melhor do que Superman – os outros três riram.

- Alguém sabe onde o Kurt e a Mercedes estão? – Mike perguntou dando uma olhada ao redor da cafeteria, tentando encontrar a dupla que estava sempre junta e que sempre comia com eles.

- Não faço idéia de onde a Mercedes está – Tina respondeu dando de ombros e comendo uma batatinha – Mas o Kurt deve estar consolando a Rachel ainda.

- Consolando a Rachel? O que foi que aconteceu? – Quinn perguntou preocupada, fazendo Mike arquear uma sobrancelha, mas ignorar aquilo no momento. Ele teria outras oportunidades de perguntar sobre aquela reação.

- O Finn dormiu com a Jennifer Park. A Rachel descobriu e terminou com ele no meio do corredor, com todo mundo vendo – a gótica respondeu olhando incrédula para os outros – Vocês não sabiam disso? – todos os três balançaram a cabeça negando – O colégio todo já sabe.

- Mas quem é Jennifer Park? – Sam perguntou curioso, e os outros dois olharam para Tina, também esperando uma resposta.

- Aquela é Jennifer Park.

  A garota apontou com a cabeça em uma direção e os outros se viraram para olhar. Uma garota loira, muito bonita, vestindo o uniforme das lideres de torcida estava entrando na cafeteria. Ela estava conversando com Brittany, e tinha um sorriso no rosto. Talvez contente por ter acabado com um casal do WMHS. Todos estavam olhando para ela, mas a garota nem se importava com isso. Parecia era gostar mesmo de toda aquela atenção.

- Oh... entendo – Quinn falou sem tirar os olhos da garota, assim como os outros dois. Tina bateu na mesa, assustando todos.

- Dá pra parar de olhar agora?

- Você sabe que eu só tenho olhos pra você – Mike falou o que parecia ser a resposta certa e deu um beijo no rosto da namorada, a fazendo corar de leve.

- É Tina, você sabe que eu só tenho olhos pra você – Quinn falou tocando na mão da garota e fazendo todos rirem mais uma vez.

- Vocês me excluem com esse triangulo amoroso – Sam disse cruzando os braços, fingindo estar magoado com os outros.

- Você não é bom o suficiente para estar com a gente – Mike respondeu recebendo um chute de brincadeira por debaixo da mesa.

  Quinn riu das brincadeiras dos seus dois melhores amigos. Ela achava engraçado quando os dois discutiam, e era ainda melhor quando Tina se metia no meio. Normalmente defendendo o namorado, mas era ainda melhor quando ela estava contra Mike. Mas no momento a loira estava pensando em Rachel, em como ela deveria estar se sentindo depois de tudo o que aconteceu. Ela corou ao perceber que desejava estar no lugar de Kurt, consolando a menina.

- Você está bem, Q? – Sam perguntou baixinho, enquanto Mike e Tina trocavam um beijo.

- Estou. Por quê?

- Você está meio vermelha – ele disse fazendo a garota ficar ainda mais agitada. Ela tomou um gole do seu refrigerante e ajeitou a franja que estava caindo nos seus olhos.

- Eu só estou com calor – ela comentou puxando a gola da sua camisa. Era uma desculpa plausível já que ela estava usando uma blusa preta com uma camisa xadrez nas cores verde escuro e branco por cima.

- Tudo bem então.

  A loira arqueou uma sobrancelha quando viu Mike olhando curioso para ela do outro lado da mesa. Ele apenas deu um sorriso para ela que parecia dizer nós vamos falar sobre isso mais tarde e voltou a conversar com a namorada. Quinn já sabia que estava ferrada.

***

  Rachel foi uma das primeiras a chegar à sala do glee club. Ela tinha sentado na parte de trás, entre Kurt e Mercedes. Os dois estavam tentando evitar que Finn sentasse do lado dela. Artie, Brittany e Puck chegaram em seguida. O casal sentou na frente, enquanto Puck sentou do lado de Mercedes. Os dois trocaram um olhar, mas a garota logo virou a cabeça, comentando alguma coisa com Rachel. Tina e Mike entraram, sentando na frente ao lado do outro casal. Finn chegou e olhou para Rachel, que apenas abaixou a cabeça, recebendo um aperto de mão de Kurt. Os próximos a chegarem foram Sam, Santana e Quinn. O loiro sentou-se ao lado de Finn, enquanto a latina sentou do lado de Kurt e a loira sentou na ultima cadeira vazia, ao lado de Santana e atrás de Sam.

  Inexplicavelmente a sala estava em silencio. Claro, Mercedes e Kurt falavam baixo, e Santana comentava alguma coisa com Quinn, mas se você entrasse na sala naquele momento você não iria ouvir nada. Foi exatamente o que aconteceu quando William Schuester entrou. Silencio total.

- Bom dia, gente! – ele exclamou animado, provavelmente não sabia sobre os eventos daquela manhã – Eu preciso falar com vocês sobre uma idéia.

  Todos olharam para Rachel, esperando ela falar alguma coisa. Mas a garota apenas encostou a cabeça no ombro de Kurt e continuou a prestar atenção no professor. Os outros olharam confusos ou deram de ombros, voltando a olhar para frente.

- Duas palavras – ele fez um sinal de dois com as mãos – Mash Up.

  Todos balançaram as cabeças, não acreditando naquilo. No ano passado eles tinham tentado fazer mash ups, não tinha dado certo. Não entendam mal, eles tinham cantado muito bem, mas sobre influencia de vitamina D. E ninguém queria tomar aquilo de novo. Bom, talvez alguns quisessem, mas isso não vem ao caso.

- Sr. Schue? – Puck levantou a mão e falou em seguida – Eu não acho que esse seja o melhor momento para fazer um mash up.

- Isso nunca acontece, mas eu concordo com o Puckerman – Santana falou recebendo um sorriso do garoto em questão – Nós já tentamos fazer isso e não deu certo, além de não ser uma idéia muito original.

- Hot mama, você tem toda a razão – Mercedes falou fazendo gestos exagerados – Mas eu tenho umas outras idéias ótimas. Nós poderíamos fazer um numero com uma música da Aretha...

- E quanto a música do The Police? – Artie perguntou se virando para o grupo.

- Eu ainda gosto da minha idéia dos BackStreet Boys – Mike comentou olhando para a namorada.

- Parem – o professor meio que gritou, fazendo um gesto com a mão para que eles calassem a boca – Eu vou mostrar uma coisa pra vocês.

Sr. Schue se virou e foi em direção a onde a banda estava, reunindo-os e explicando algumas coisas. Os músicos balançaram a cabeça, como se concordassem com o que o professor tinha falado. O homem foi então para o meio da sala e a banda começou a tomar uma música conhecida por todos. Uma voz masculina começou em seguida.

                         

You wanna be startin' somethin'
You got to be startin' somethin'
I said you wanna be startin' somethin'
You got to be startin' somethin'

  Assim que o Sr. Schue cantou o primeiro verso, ele foi andando mais para frente, encarando Tina. No segundo seguinte ele lhe ofereceu uma mão, e a gótica aceitou, começando a cantar a próxima parte.

Too high to get over (yeah, yeah)
Too low to get under (yeah, yeah)

  Mike sorriu vendo a namorada cantando. Michael Jackson é um dos grandes ídolos dele, não só por cantar muito, mas também pelas danças. Assim que a namorada acabou de cantar, ele se levantou.

You're stuck in the middle (yeah, yeah)
And the pain is thunder (yeah, yeah)

  Foi a vez de Sam se voluntariar a cantar. Ele saiu do fundo da sala no instante em que Mike terminou a sua parte. O loira então cantou a sua parte.

Too high to get over (yeah, yeah)
Too low to get under (yeah, yeah)

  Quinn estava se divertindo com aquele mash up. Ela sabia a letra da música, mas estava contente em ficar apenas sentada, observando. A garota não contava era com uma mão, puxando ela para frente. Sam Evans. Ela rolou os olhos, mas sorriu, cantando a outra parte.

You're stuck in the middle (yeah, yeah)
And the pain is thunder (yeah, yeah)

  Mercedes, ainda sentada na sua cadeira ao lado de Kurt, riu das dancinhas que Mike, Tina, Quinn e Sam faziam no meio da sala, enquanto o professor dançava e andava em direção a cadeira vazia do lado da garota, que pertencia a Tina. A negra começou a cantar.

You wanna be startin' somethin'
You got to be startin' somethin'

  Mr. Schue surpreendeu todo mundo ao sentar ao lado de Mercedes. No chão. Ele apenas sorriu e voltou a cantar.

I said you wanna be startin' somethin'
You got to be startin' somethin'

  A melodia mudou, a todos notaram que uma nova música iria começar. Mais uma de Michael Jackson, é claro. Puck reconheceu logo a música, lembrando que suas irmãs costumavam cantar. Ele levantou e cantou.

When you feel that heat
And we're gonna ride the boogie
Share that beat of love

  Santana balançou a cabeça, querendo rir dos movimentos dos seus colegas. Ela queria banir a idéia de mash ups, mas tinha de admitir que aquilo estava sendo divertido. A latina resolveu então entrar na brincadeira e saiu de onde estava sentada.

I wanna rock with you (all night)
Dance you into day (sunlight)

  Brittany segurou no braço de Artie, enquanto os dois balançavam as cabeças no ritmo da música. Mesmo sentada ela cantou a próxima parte da música.

I wanna rock with you (all night)
I'm gonna rock the night away

  Também sentado, Finn observava seus colegas se divertindo. Ele não gostava muito quando o grupo improvisava porque ele pegava a coreografia com dificuldade e precisava ensaiar por algum tempo. Mas ele não pôde deixar de cantar.

And when the groove is dead and gone (yeah)
You know that love survives
So we can rock forever, on

  A música mudou novamente, para uma ainda mais conhecida. Puck foi até o meio da sala onde Quinn ainda dançava com Sam.

I took my baby on a Saturday bang

  A loira virou ao ouvir a voz do rapaz do lado dela. Ela riu e se virou para ele, cantando o seu verso.

- Boy is that girl with you?

  O garoto com o moicano segurou na mão dela e a girou, fazendo os dois rirem enquanto ele cantava a sua parte.

- Yes, we're one and the same

  Artie segurou na mão de Brittany e acenou com a cabeça para que ela levantasse. Assim que os dois foram para o meio da sala ele cantou.

Now I believe in miracles
And a miracle has happened tonight

  Kurt tocou na perna de Rachel, deu um sorisso e se levantou para se juntar aos colegas. Ele foi logo para o lado de Mercedes.

But, if you're thinking about my baby
It don't matter if you're black or White

  Todos improvissavam movimentos, alguns tendo sorte e outros fazendo coisas muito engraçadas. Rachel e Finn eram os únicos que ainda continuavam sentados. Rachel não tinha planos de levantar tão cedo, mas ela não podia negar que estava se divertindo e pela primeira vez ela não se importava com quem estava desafinando. Todos, com exceção da diva, cantaram a outra parte da música.

I ain't scared of your brother
I ain't scared of no sheets

I ain't scare of nobody
Girl, when the going gets mean

  E a música mudou pela ultima vez. Agora era uma música mais lenta, mais ainda assim era conhecida. Mercedes sorriu cantando a próxima parte.

I'm gonna make a change
For once in my life

  A música foi ficando mais rápida enquanto Tina cantava ainda dançando ao lado de Mike.

That's why I want you to know

I'm starting with the man in the mirror

  Sam cantou a sua parte também, tentando dançar com Santana, mas apenas fazendo a latina rir.

I'm asking him to change his ways

  Brittany se sentou no colo de Artie e o garoto abraçou a sua cintura. Ela começou a cantar.

And no message could have been any clearer:

  As vozes das doze pessoas que estavam cantando ecoaram pela sala, e Rachel deu um pequeno sorriso ao perceber que eles não tinham estragado a melodia.

If you wanna make the world a better place
Take a look at yourself and then make a change

  Agora apenas uma pessoa continuava sentada, já que Finn se levantou e se juntou aos colegas para cantar a próxima parte.

I'm starting with the man in the mirror

  Era a voz de Quinn quem cantava a próximo verso.

I'm asking him to change his ways

  Santana se aproximou da garota, pegando no seu ombro e lhe dando um sorriso, antes de cantar e dançar.

And no message could have been any clearer:

  Mais uma vez os doze cantaram o final, e Rachel se segurou para não se juntar a eles. Ela tinha de admitir que a nota final havia ficado quase perfeita.

If you wanna make the world a better place
Take a look at yourself and then make a change

  Todos bateram palmas para si mesmo e riram, se abraçando em seguida. O professor os dispensou, mas não sem antes dizer que eles deveria criar mash ups para as seletivas e quase todos os garotos foram embora imediatamente. Kurt perguntou se Rachel queria que ele ficasse com ela, mas a garota apenas balançou a cabeça. Ele foi embora com Mercedes, e Santana e Brittany saíram juntas. Tina foi embora, mas não antes de prometer trazer gibis do Superman para Quinn. A loira se aproximou da outra garota que continuava sentada.

- Eu não vou te perguntar se você está bem porque isso é meio obvio – ela falou pegando a sua mochila e colocando nas costas.

- Obrigada por isso – a morena murmurou levantando e descendo os degraus, indo em direção a porta.

- Mas eu vou te perguntar se você pode me dar uma carona – Quinn disse arrancando um pequeno sorriso da outra.

- Você precisa de um carro – a morena comentou esperando a loira chegar até onde ela estava antes de começar a andar.

- Você quer me dar um? – Quinn perguntou tirando o celular do bolso e mandando uma mensagem rápida para Sam. Ele não tinha perguntado, mas ela sabia que depois o loiro iria ficar preocupado com o paradeiro dela.

- Talvez uma bicicleta – a morena comentou abraçando os livros contra o peito, como se estivesse tentando protegê-los.

- E um GPS – a outra completou enquanto as duas iam andando em direção ao estacionamento.

***

- Bom dia, baixinha.

  Rachel tinha dado carona para Quinn no dia anterior. As duas tinham conversado sobre assuntos neutros, e a loira tinha evitado tocar no nome de Finn. Mas quando uma música tinha começado a tocar no carro.

Picture perfect memories,
Scattered all around the floor.

  A morena quase começou a chorar. A loira ficou preocupada, sem entender porque a garota tinha ficado tão triste. Depois a diva tinha explicado que ela e Finn planejavam cantar aquela música nessa semana, mas agora com o termino do namoro...

  Quinn estava encostada no armário ao lado do de Rachel, enquanto a diva guardava as suas coisas.

- Você pode parar de me chamar assim? – Rachel disse, mas ela gostava desse apelido. Não que ela gostasse que as pessoas se referissem a ela com um nome que fazia menção ao seu tamanho, mas ela gostava do jeito que a outra garota falava.

- Não – Quinn comentou olhando para o armário dela – Isso é um pôster do Bruno Mars?

- Não! – Rachel olhou do pôster para Quinn e dela para o pôster antes de fechar a porta do armário com toda força.

- Sem problemas, se você gosta dele... – a loira levantou as mãos como se estivesse se rendendo.

- Eu não gosto dele.

- I'd catch a grenade for ya – Quinn começou a cantar e a outra garota olhou seria para ela, fazendo ela se calar, mas não sem antes dar uma risada.

- Por que você esta andando comigo, mesmo?

- Não quer que as pessoas te vejam andando com alguém que cante Bruno Mars? Eu entendo como você se sente – a outra apenas rolou os olhos – Vou te levar a sua sala.

- Kurt mandou você fazer isso não foi? – a morena perguntou olhando para os pés enquanto as duas continuavam a andar – Ele me levou para todas as aulas, mas acho que agora tem duas juntas.

- Não, eu quis te trazer – elas pararam na frente da porta e Quinn fez uma reverencia – Mademoiselle.

- Uhm... Mademoiselle?

- Não, você estragou tudo – Quinn levou as mãos a cabeça fingindo estar com raiva – Era pra você falar monsieur.

- Mas você não é um homem, Quinn – Rachel riu, vendo a sua professora entrar.

- Que seja, você acabou com o momento – a loira deu um tapinha no braço da morena e lhe deu um beijo no rosto – Boa aula, Frodo.

- E as suas maneiras? Para onde foram?

  Quinn apenas acenou com a mão e Rachel balançou a cabeça, antes de entrar na sala. A garota não prestou muita atenção porque era uma aula que ela dividia com Finn. Por sorte, ele não tinha tentado sentar do lado dela ou falar com a garota. Assim que a aula acabou a garota levantou rápido da cadeira, pegando suas coisas e indo em direção ao banheiro.

- Uhm, esse é mesmo o banheiro feminino? – Rachel perguntou ao ver Kurt ajeitando o cabelo em frente ao espelho.

- Por que não seria, boba? – ele perguntou se virando na direção dela.

- Talvez porque você está aqui.

- Por favor, eu sou mais feminino do que masculino – ele riu indo até onde ela estava e puxando-a pela mão – Como estão as coisas hoje?

- Eu vi ele na minha aula passada.

- E...?

- É engraçado. Eu me sinto mal porque nós dois terminamos e eu gostava muito dele – ela falou e o outro balançou a cabeça, mostrando que entendia – Mas por outro lado... Eu não sei. Eu me sinto bem.

- Que bom, porque você chorou todas as suas lagrimas ontem.

- Eu sinto muito por aquilo. Eu não sou de chorar daquele jeito na frente de outras pessoas.

- Pra que servem os amigos, certo? – ele perguntou fazendo a garota sorrir, antes de lhe dar um abraço forte.

***

- E então, alguém tem alguma coisa pronta?

  Já era quinta feira quando todos estavam reunidos no glee club, para mais um ensaio. Sr. Schue estava esperando que alguém tivesse criado o mash up e estivesse pronto para apresentar, mas pela cara dos seus alunos aquilo era bem improvável.

- Sr. Schue – Quinn levantou a mão surpreendendo a todos – Eu preparei um mash up e gostaria de apresentá-lo.

- Ótimo Quinn, pode vir – ele a chamou com a mão e sentou-se numa cadeira vazia ao lado de Artie.

  A garota levantou e foi em direção a banda, pedindo um violão emprestado. Depois de conversar um pouco com eles, ela voltou para o meio da sala. A loira acenou com a cabeça e a banda começou a tocar. Rachel sorriu ao reconhecer a música e a outra garota começou a dedilhar o violão e cantar.

When I see your face
There's not a thing that I would change
Cause you're amazing
Just the way you are

  Quinn não estava olhando para a diva enquanto cantava. Ela olhava para Santana, tentando passar a mensagem para ela também. A latina olhou para Brittany, que balançava a cabeça no ritmo da música com Artie. A loira olhou para trás por um instante e encontrou os olhos da outra.

And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
Cause girl you're amazing
Just the way you are

  A loira então parou de olhar para a morena e passou a encarar Tina. Ela sorriu ao ver Mike pegar na mão da namorada e beijar o seu rosto. A melodia foi mudando e dessa vez ela virou a cabeça para olhar para Rachel. A morena deu um sorriso para ela, entendendo porque ela estava cantando.

It's a quarter after one,
I'm all alone and I need you now.
Said I wouldn't call
but I lost all control and I need you now.
And I don't know how I can do without,
I just need you now.

Need you now

  Finn estava se sentindo um pouco incomodado com a música. Ela trazia lembranças do seu relacionamento com Rachel, e eram lembranças que ele não queria naquele momento. E tinha o jeito que Quinn cantava... A música mudou mais uma vez e a loira andou mais um pouco para frente.

Your lipstick stains
On the front lobe of my left side brains
I knew I wouldn't forget you
And so I went and let you blow my mind

  Quinn continuou a cantar, era meio obvio para quem ela estava cantando, mas quase ninguém tinha percebido isso. Kurt estava sentado do lado da diva, e a garota apenas fez um sinal com a cabeça. O garoto levantou e sentou em outra cadeira, mais no fundo.

Your sweet moonbeam
The smell of you in every single dream I dream
I knew when we collided
You're the one I have decided who's one of my kind

  A loira então foi andando, sem parar de tocar ou cantar, e sentou na cadeira vazia. Todos na sala cantavam junto ou se mexiam no ritmo da musica. Rachel não era a exceção dessa vez. Ela se virou para olhar melhor para a garota que estava cantando.

Hey, soul sister
Ain't that Mr. Mister on the radio stereo
The way you move ain't fair, you know

Hey, soul sister
I don't wanna miss a single thing you do
Tonight

Hey, hey, hey                
Tonight
Hey, hey, hey

  A loira se levantou novamente quando a música mudou. Rachel rolou os olhos quando descobriu qual era. Quinn sorriu para ela e piscou o olho antes de voltar a cantar.

What you got girl it's hard to find
I think about it all the time
I'm all strung out, my heart is fried
I just can't get you off my mind

  Quase ninguém notou que Quinn havia trocado a letra da música. O boy pelo girl. Mike olhava para as duas com um sorriso no rosto. Ele precisava mesmo conversar com a sua melhor amiga.

Because your love, your love, your love is my drug
Your love, your love, your love
I said your love, your love, your love is my drug
Your love your love your love is my drug

  Brittany dançava no ritmo da música. Ela olhava de vez em quando para trás, tentando ver se Santana olhava para ela, mas a latina apenas olhava para frente. Quando Artie apertou a sua mão a loira olhou para frente e viu Quinn cantando outra parte, dedilhando o violão e a banda não tocava no momento.

Hey, soul sister
I just need you now

When I see your face
There's not a thing that I would change
Cause you're amazing
Just the way you are

  Quinn cantou o refrão final olhando para Rachel. A morena também não tirava os olhos dela. Parecia que as duas estavam em um outro mundo, perdidas nos olhos uma da outra. Kurt deu um sorrisinho ao notar isso, e arqueou uma sobrancelha, mas decidiu não comentar nada com Mercedes.

And when you smile,
The whole world stops and stares for awhile
Cause girl you're amazing
Just the way you are

  A música acabou e todos bateram palmas animadamente. Quinn sorriu e Sam e Mike levantaram dando um abraço na garota. Ela devolveu o violão antes de sentar na cadeira vazia do lado de Rachel. As duas trocaram um sorriso antes do Sr. Schue começar a falar.

- Parabéns Quinn, parece que todos os seus colegas gostaram do seu mash up – ele disse com um sorriso amigável no rosto – Mas não é bem isso que eu estou procurando para as seletivas. Alguém tem mais alguma idéia?

  Puck fez um outro mash up, mas Sr. Schue não ficou satisfeito também. Todos se despediram e o professor foi embora. Mais uma vez Rachel e Quinn ficaram sozinhas na sala. A loira ia saindo quando a voz da morena a parou.

- A música era pra mim, não era? – Rachel perguntou com um sorriso.

- Pensei que você estava precisando disso – ela comentou ajeitando a franja e retribuindo o sorriso.

- Obrigada, Quinn – a morena abraçou ela e a loira ficou paralisada por um segundo, antes de envolvê-la nos seus braços.

- De nada, baixinha – a outra respondeu, ajeitando a sua camisa do The Strokes antes de sair andando em direção ao estacionamento, onde Sam a esperava.

  Rachel suspirou e deu um sorriso ainda maior ao pensar no que tinha acontecido. Finn Hudson era a última pessoa na sua cabeça naquele momento. Na verdade, Quinn Fabray era a única pessoa na sua cabeça.