Atlantis - os Dois Reinos escrita por LadySpohr, Tay_martins


Capítulo 7
Motivação


Notas iniciais do capítulo

Aprofundando o Dante... e aproveitando para me estreiar na fic. Espero que gostem. E se necessário, corrijam.



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- Dante -

O toque tinha o poder

Que os deuses deram a ele,

A escolha entre bem e mal,

A tarefa de desvendar o maior segredo

Fora posta em suas mãos,

Rubor e fogo, mistério e gelo

Um coração confuso

Sou uma pessoa comum. Isso é algo bom. Por outro lado, não é tão comum manipular os outros, correto?

Não gosto de pensar nisso. Gosto da idéia de ser diferente. Desde que isso seja algo admirável, algo que os outros não repudiem, pelo contrário, admirem. Sendo assim, prefiro alcançar essa diferença por meus próprios meios, evoluir sozinho.

Mas as vezes, alguém se mete no meu caminho. Gustavo? É, ele começou tudo isso. Ele, e aquelas duas. Como eram mesmo os nomes? Ursula e Ariana, unha e carne.

Quanto a meus hábitos? Pensar, sim, viajar pelas fronteiras etéreas e ilimitadas de minha mente. E para isso, não preciso de ninguém. Pelo contrário, os outros atrapalham. São tão previsíveis, por que tenho mesmo que conviver com outras pessoas? Quando entendo coisas delas que nem elas mesmo entendem?

Prefiro manter meus dons só para mim. Mas interagir de vez em quando, não faz mal a ninguém. Afeto, talvez todos precisemos disso. Não. Com certeza precisamos.

Sim, estou pensando isso no meio da aula. Para que prestar atenção? Ganharia muito mais dormindo. Os livros da biblioteca podem me ensinar tudo que está sendo falado agora. Não, os livros da biblioteca podem me ensinar muito mais, e não exigem que eu interaja, não me pedem resultados, posso ser livre entrando em cada universo que cada livro traz em suas páginas, repletas de palavras calorosas, frias, motivadas, entristecidas, palavras providas de sentimentos e de entendimentos alheios, eternizados, e que só são seguidos por esses professores... Não preciso disso.

O chato foi que no meio de meus pensamentos, fui interrompido. Algo bateu em minha cabeça.

Era a Ariana, ela realmente acha que vou falar algo pra ela? Não pedi para se meter comigo. Mas rir um pouco não faz mal a ninguém. Me aproximar de algumas pessoas não vai fazer mal, não é? Só um pouco... Elas precisam me pagar pelo que fizeram... Se meteram no que não foram chamadas...

            De qualquer forma, agora está sendo um péssimo momento para mim. Os sentimentos de todos estão me inundando. Não preciso me esforçar para sentir a desconfiança, a revolta, o medo que emanam de todos. Que droga, mal pude dormir. Eu que não perco uma noite de sono por nada. Eu que pago para dormir na sala. Não consegui dormir...

E ainda por cima, tenho que ir para o maldito interrogatório. Não fiz nada. No momento, não estou nem aí, tudo bem que aquele cara não merecia morrer, realmente, tenho vontade de achar quem fez isso. Seria um bom treinamento para minhas habilidades, para aumentar meu raciocínio. Mas não matei ninguém, e é chato ter que convencer os outros disso. Repetir e repetir tudo de novo, tudo que já foi... Se já foi, já foi, para que remexer?

Dirigindo-me para a sala da madre superiora, dei de cara com Ariana. Sobressalto? Por que tinha que dar de cara com ela logo de manhã? Ela nem precisava estar metida nisso. Podia ser apenas meu o problema. Mas tudo isso por uma infeliz coincidência, porque aquele cara mexeu comigo, porque elas se meteram. Por que o destino parece gostar de mexer comigo? Se fosse só eu, seria muito mais fácil.

Logo fui chamado pelo investigador.

Respondi todas as perguntas com usado desinteresse. Repeti todos os fatos solicitados mecanicamente, sem ter que pensar muito. Quando o investigador perguntou se eu tinha algo contra o Gustavo, e se sabia de alguém que tivesse simplesmente respondi.

- Tudo foi uma infeliz coincidência. Não costumo cruzar o caminho dele, nem ele costumava cruzar o meu. Se ele tem alguém que não gosta dele? Muita gente. Creio que ele era bom em fazer inimizades. Mas não acho que tenha feito algo para merecer esse destino. No entanto, também não fiz nada para estar aqui. Espero que suas suspeitas sobre mim tenham diminuído, e desejo um bom caso. – falei levantando uma das sobrancelhas como que cansado daquele lero-lero. Ele não tinha provas contra mim, nem viria a ter, então pouco me importava. Na verdade. Aquele caso começou a me interessar. Um desafio. Um mistério. Adoro mistérios, por assim dizer. E o maior deles, sou eu mesmo. Acho que desvendar outros mistérios vai ensinar a desvendar a mim mesmo.

Após aquele interrogatório todo. Como o esperado. As duas vieram até mim. Pareciam um pouco inquietas... Bastante na verdade.

- Como foi? – perguntou Ursula.

- Acho que... como tinha que ser. – Falei meio indiferente. – nada a esconder. Acho que não precisamos nos preocupar quanto a isso. Só é chato.

- Se fosse só isso! – exclamou Ariana – temos um assassino no colégio, pode ser qualquer um. E você não se preocupa por que não passou pelo que nós passamos! Porque as pessoas não te olham de cara feia! Você não nos entende!

Realmente, não passei pelo que elas passaram. Mas me ofendi ao dizer que não as entendo. Acho que elas não me entendem na verdade. Ninguém poderia entender. Nem mesmo elas que também são diferentes. Porque eu sou diferente delas, de todos. Mas não preciso que saibam disso, é por isso que sou como sou. Passei por meus próprios sofrimentos, e ninguém pode me consolar ou mudar isso, simplesmente é assim. Eu encaro e sigo em frente, tenho que me renunciar também. É tão fácil pra mim quanto é para elas. Mas elas não precisam saber disso.

- Tudo vai dar certo. A policia está agindo não é? – na verdade, eu também queria agir. Eu iria agir. – as pessoas podem olhar feio para vocês, mas vocês não tem nada a esconder não é? Eu as entendo mais do que imaginam. Eu vou dar um jeito.

Virei as costas para seguir em frente. A vida continua. Não queria tratar de mais nada por enquanto. Apenas pensar. Pensar.

- Eu sempre dou um jeito. – murmurei.

As aulas começaram de novo. O ciclo do cotidiano foi alterado, mas voltaria ao normal. Não... não tinha certeza se tudo voltaria ao normal. Tudo iria dar certo, eu sabia disso, mas sentia que não voltaria ao normal.


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Notas finais do capítulo

Enfim, estou interpretando o Dante ^^
Como disse, espero que gostem.



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