Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 8
Vulcão parte I


Notas iniciais do capítulo

Era para ser apenas um capítulo, mas ficou muito grande.
Desculpem a demora é que viajei e o lugar para onde fui não tinha nem TV. Para compensar dois capítulos fresquinhos.



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Vulcões

Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal
Não tem a lividez sinistra da montanha
Quando a noite a inunda dum manto sem igual
De neve branca e fria onde o luar se banha.

No entanto que fogo, que lavas, a montanha
Oculta no seu seio de lividez fatal!
Tudo é quente lá dentro…e que paixão tamanha
A fria neve envolve em seu vestido ideal!

No gelo da indiferença ocultam-se as paixões
Como no gelo frio do cume da montanha
Se oculta a lava quente do seio dos vulcões…

Florbela Espanca

PDV Rosálie

Durante os dez dias anteriores eu descobri muitas coisas. A primeira é que Emmet mentiu sobre as ultimas caçadas. Na verdade ele, Edward e Carlisle trabalhavam na construção de nossa casa. Ou seja, ele sabia o caminho todo o tempo, só estava fingindo. Por este mesmo motivo eu fiquei sozinha algumas vezes, Esme os acompanhou para inspecionar a obra. Nossa casa havia sido construída com a madeira das árvores que ocupavam o que agora era o jardim e o quintal. O rio que banhava nosso quintal era o Sol Duc e ele cortava quase toda a península.

Durante estes dias, as minhas lembranças se ausentaram completamente e eu senti uma enorme esperança de que elas jamais voltassem. Emmet era realmente muito mais do que pude desejar. Esta mudança de foco abriu espaço para que minha mente elaborasse uma enormidade de pensamentos e questionamentos. Como foi o casamento de Esme e Carlisle? Edward nunca namorou quando era humano? E Emmet, será que namorou? (Ah meu Deus!) De onde vinha nosso dinheiro? Isso era uma coisa muito intrigante.

Eu não conseguia entender a dinâmica da renda de nossa família. Que eu soubesse apenas Carlisle trabalhava, então era improvável que ele tivesse dinheiro para um carro, nossa casa no Alasca, os móveis, nossas roupas e livros, as viagens de caçada e passeio, as joias que dava a Esme, os quadros, meu brinco do casamento e a casa que ganhamos. Emmet me disse que os Volturi (uma família de vampiros italianos que funcionam como polícia e realeza de nossa espécie) foram generosos com ele quando se despediu rumo à nova Inglaterra (como era chamado os Estados Unidos na Europa). O marido humano de Esme tinha propriedades, algumas no nome dela, como ela ficou viúva simulou a venda de todos os imóveis para Carlisle e Edward, inclusive o lugar onde é nossa casa. Além disso, ela voltou a sua casa e resgatou algumas coisas de estimação entre elas joias (que foram empenhadas e depois resgatadas).

 A família de Edward era tão abastada quanto a minha e sua mãe num momento de lucidez fez um cheque com o valor de todo o dinheiro que possuíam e entregou aos cuidados de Carlisle como forma de agradecimento e para garantir que ele cuidasse de seu filho, caso ele sobrevivesse. Obviamente meu honesto pai não tocou no dinheiro, mas Edward o convenceu a sacar o valor depois de transformado. Meu irmão teve o privilégio de voltar a sua casa e então pegou suas coisas favoritas, fotos, livros, as jóias da mãe, pertences valiosos do pai, algumas ações, dois quadros de pequeno valor e roupas. Somente eu e meu marido éramos desvalidos, mas sabemos que eles jamais nos desamparariam.

Portanto nossa casa não havia sido muito dispendiosa, já que nossos atributos sobre-humanos facilitavam toda a sorte de trabalho pesado como corte e transporte de enormes toras de madeira, e nossa visão apurada nos transformava em artesãos primorosos. Os móveis foram comprados em leilões e restaurados por Esme (era um de seus hobbys) por isso eram de estilo colonial. A jardinagem foi feita por Edward e Emmet e Carlisle se encarregou da biblioteca.

Com a convivência me senti segura para contar coisas da minha vida que não tinha compartilhado com ele, como as brigas com meus irmãos, o nome de minhas amigas, minhas músicas preferidas, os filmes favoritos e os livros que mais gostava. Ele ouvia tudo como se eu falasse do teorema mais interessante do mundo. Também me contou essas coisas corriqueiras e para minha surpresa isto despertava o mesmo interesse em mim, eu queria saber tudo sobre ele, fazer parte de sua vida. Me sentia especial por ele querer compartilhar comigo estas coisas e ansiava pelo momento em que as histórias fossem nossas, as lembranças fossem comuns.

Descobri também que Emmet era o quarto em uma família de sete filhos, três meninas e cinco meninos. Evan, Evangeline, Earlie, Emmet, Emma, Eugene e a caçulinha Esmeraldine, que eles carinhosamente chamavam de Esme. Segundo ele esse é um dos motivos para ele gostar tanto de “nossa Esme”, lhe lembrava sua irmãzinha. Portanto ele estava acostumando com uma família grande, barulhenta e unida, o fato de ter nascido para imortalidade como um Cullen e não um nômade (como era comum) era muito reconfortante para ele.

Mas eu tinha um objetivo e estava tentando fortalecer meus sentimentos para alcançá-lo. Hoje era o décimo primeiro dia, o que significava que ele iria de fato me desposar, e a sorte parecia conspirar a meu favor. Não que dormíssemos, mas criamos o hábito de passar as noites em nosso quarto, nos deitávamos na cama e conversávamos, às vezes até nos beijávamos. Quando saí do banho de óleos ele não me esperava e isso foi um alívio, eu tinha planejado muitas coisas.

Senti vergonha de colocar uma roupa provocante para ele, mas queria estimulá-lo. Assim escolhi uma camisola de grippi e seda que Esme havia feito para mim. Ela era toda branca e justa no busto, mas volante na parte de baixo.  Mas para me sentir mais confortável resolvi encará-la como um elegante vestido branco. Não consegui descartar o uso da lingerie, por isso debaixo dela coloquei um soutien, a calcinha, a cinta liga, as meias sete oitavos (tudo branco) e uma anágua. Preparei a cama com uma colcha de rechiliê bege, espalhei vasos com rosas que colhi no jardim na noite anterior, deixei tudo perfeito para nós. Começaria o primeiro dia (no meu caso o décimo terceiro) logo pela manhã.

Quando acabei de arrumar tudo, desci para procurá-lo e ele não estava em casa e, o pior, não apareceu durante todo o dia. Apesar de nossa crescente cumplicidade e das inúmeras vezes que disse que me amava, não pude reprimir o sentimento de rejeição que se apossou de mim. Primeiro eu me entristeci, depois fui começando a ficar furiosa. Me entregar a ele não era uma tarefa fácil para mim, e ele sabia. Como ele podia fazer pouco caso de meu esforço e sumir justo quando eu criei coragem? No fim eu já me desesperava, pensei nas inúmeras tragédias que podiam ter acontecido para que ele não regressasse.

Ele voltou quando a tarde começava a declinar e eu me tranquei no nosso quarto. Ele bateu na porta, mas eu não respondi. Ele insistiu:

- O que foi Rose?

- Você ainda pergunta? Eu o acusei, sentindo o veneno queimar minha garganta de tanto ódio.

- Desculpe amor, é que eu precisava resolver uma coisa hoje. Não quis perturbá-la, já que estava no banho.

- Me avisar que ia sair era me perturbar?

- Rose, por favor, não seja difícil. Abra a porta e me deixe entrar.

- Difícil? Você disse difícil? Acha que é fácil estar casada com alguém que some sem dar explicações? Não tente inverter o vento a seu favor e colocar a culpa em mim. Eu o acusei.

- Não sabia que precisava fazer uma petição para sair. Me casei com você, não virei seu escravo. Ele rebateu.

Eu não conseguia nem pensar direito, ele some e me acusa de estar o tratando como um escravo. Eu me preocupei com ele, sofri sem saber de seu paradeiro. E ainda estava aqui lutando contra meus instintos, produzida para a complicada tarefa de me entregar a ele.

Eu queria parecer indiferente, bancar a boba dependente era o que eu menos precisava no momento, mas a dor começou a espremer meu peito fazendo brotar o choro. O fato de você não conseguir produzir lágrimas enquanto vampiro, não significa que não produza sons. Eu tentei controlar, mas não consegui e tenho certeza que ele ouviu.

Então o silêncio se estabeleceu entre nós, e nenhum dos dois queria perder a razão (apesar de ter certeza que ela era minha). Eu comecei o dia achando que teria um lindo encontro de amor e acabei experimentando a primeira briga de casada. Ele retrocedeu um pouco e com a voz mais melosa do mundo disse:

- Amor, me desculpe. Eu devia ter avisado que ia sair. Agora, por favor, me deixe entrar. Ou vai perder a surpresa que eu preparei.

Eu parei de chorar e abri a porta. Quando ele olhou para mim, eu me lembrei de meus trajes e quis morrer de vergonha. Orgulhosamente... Baixei a cabeça e fiquei encarando a colcha que eu tinha colocado para arrumar a cama par nós e as pétalas espalhadas no chão (já que eu tinha esfacelado as rosas que coloquei nos vasos, num ímpeto de raiva).

Ele ficou mudo, depois levantou minha cabeça e alinhou nossos olhos, me sorriu de forma carinhosa e disse:

- Tudo isso para mim? Me desculpe amor, eu sinto muito.

Ele se levantou pegou meu robe e delicadamente me vestiu, depois sem que eu pudesse reagir me carregou e desceu as escadas numa velocidade inumana. Eu conhecia o caminho que ele estava fazendo, íamos à praia que fazia parte da reserva indígena. Ele não me deixou tocar o chão, me conduzindo o tempo todo em seus braços. Quando cheguei ao local, me senti envergonhada pela reação. Não que ele tivesse razão, é muita falta de consideração abandonar a esposa em casa, mas é que ele também tinha se preparado para a ocasião, e certamente por isso sumiu durante todo aquele tempo.

Tinha certeza que não encontraria as cortinas da biblioteca já que em minha frente uma cama improvisada se escondia em um dossel de madeira que sustentava um cortinado de voal. Também havia rosas, só que estas formavam um pequeno caminho até a cama. Tocheiras de madeira e folhagem seca queimavam produzindo labaredas alaranjadas. E obviamente, o marido sorridente, pela minha expressão surpresa e extasiada, deixava tudo perfeito. Na verdade se ele me levasse a um ermo no meio do nada e sorrisse daquele jeito, ainda assim seria perfeito.

Ele se defendeu:

- Desculpe-me a ausência senhora Cullen. È que eu queria lhe surpreender, ao menos uma vez.

- Não que eu esteja te dando à razão, mas me perdoe. Eu me comportaria melhor se tivesse dito que teria que passar o dia fora. Sei que não é meu escravo, mas é meu marido e eu me preocupo. Não sabia onde estava e isso me angustiou.

Jamais admitiria o quão dependente eu estava dele, como me senti rejeitada pelo simples fato dele não estar ao meu lado. O resquício de meu orgulho assumiu o controle. Neste ponto compreendi o que Esme chama de cumplicidade, mesmo sem ter externalizado ele pareceu ler meus pensamentos e disse:

- Rose, não importa se estamos juntos ou separados eu vou continuar te amando e desejando ser seu marido. Perdoe-me a ausência e o fato de não te avisar que ia sair. Você tem razão, sempre tem razão.

Então ele me incentivou a andar pela trilha de flores e ao chegar perto da cama retirou meu robe como se fosse um casaco. Depois enlaçou minha cintura e me rodopiou para que ficássemos frente a frente e sem que houvesse música, ele me tirou para dançar. Minha mente me apresentava uma linda canção para dançar com ele, estranhamente a mesma que tocava na pequena sala da casa de Vera e desta vez eu estava no paraíso.

Heaven, I'm in Heaven,

(Paraíso, eu estou no paraíso)


And my heart beats so that I can hardly speak;
 (E meu coração bate tanto que eu mal posso falar)

And I seem to find the happiness I seek
 (E eu pareço encontrar a felicidade que eu procurei)

When we're out together dancing, cheek to cheek

(Quando nós estamos juntos lá fora dançando de rostos colados)

Eu havia encontrado a felicidade que procurava somente por estar dançando com ele no meio de uma praia deserta, mesmo que sem música. Esperei que as lembranças me assaltassem, mas ela nem sequer se aproximaram. Emmet tinha refeito minhas memórias e me senti feliz e inteira ao apreciar esta música novamente.

Depois ele me conduziu a cama e se deitou ao meu lado, eu me virei para ele e acariciei seu rosto perfeito tentando cristalizá-lo em minha memória. Ele se aproximou mais, enlaçou minha perna e a colocou sobre a lateral de seu corpo, depois me beijou enquanto alisava minhas costas e cabelos e eu soube que tinha começado.

PDV Emmet

Graças a Deus ela foi tomar banho, ela gosta muito de banhos. Não que vampiros transpirem, acho que é uma forma dela manter hábitos humanos. Cuidar de seu corpo parecia ser uma parte importante de sua rotina. Eu saí sem dizer nada, na verdade depois que fiz isso me arrependi, devia ter pelo menos avisado. Será que ela ia se preocupar?

Cheguei à praia que ela gostava e comecei a trabalhar, parti para o mais difícil que era a cama. Deu um trabalho danado tirar o colchão sem ela ver (santo banho), depois construí um dossel e preguei o voal da cortina, pois achei que ela se sentiria exposta se fosse tudo completamente ao ar livre. Fiz uma pequena trilha de flores e providenciei uma iluminação, já que pretendia pernoitar com ela ali. Fiquei atento ao horário, pois queria que chegássemos ao entardecer, o horário mais seguro para nós, e ela precisava muito se sentir segura.

Ao me aproximar de casa pude ouvir uma porta se fechar, ela se trancou em nosso quarto, eu perguntei o que havia acontecido.  Primeiro ela ficou em silêncio, depois me respondeu com outra pergunta. Por que as mulheres dificultam tudo? Por que simplesmente não dizem o que querem?

Me lembrei que não avisei que ia sair e pedi desculpas, mas ela se fez de difícil. Pedi que não fosse difícil e me deixasse entrar. Para que eu fui usar essa maldita palavra? Não me pergunte.

Mas ela se enfureceu e me acusou de tentar inverter a situação e colocar a culpa nela. Um ódio se apossou de mim, eu não sabia lidar com a nova realidade de ter que dar satisfações a cada passo, sempre fui um homem livre. Do lugar de onde vim os homens eram livres e as mulheres lidavam bem com a situação. Eu rebati com um pouco de crueldade e depois logo me arrependi, já que era impossível não ouvir seu choro e eu odiava vê-la sofrer.

Eu resolvi colocar panos quentes e com jeitinho me desculpei, obvio que lhe prometer uma surpresa deve ter despertado sua curiosidade. Enfim ela abriu a porta e eu pude perceber o motivo de seu descontentamento. Ela havia se preparado para mim e eu sumi.

A cama estava coberta com uma delicada e diferente colcha, haviam pétalas no chão (bem que eu achei que havia poucas rosas quando fui colher para a trilha) e vasos só com talos, pobres rosas se sacrificaram por mim. E para arrematar ela estava perfeita, vestia uma delicada e nem por isso menos provocativa camisola e o cheiro de rosas e mel me embriagava. Para meu desespero estava envergonhadamente olhando para baixo.

Como podia ser tão burro? Um enorme remorso começou a me corroer, eu novamente havia provocado um sofrimento desnecessário. Conhecendo-a como conheço agora aposto que ela deve ter se sentido rejeitada o que se transformou em fúria e depois em desespero. Mas como eu ia adivinhar que ela teria esta coragem? Ela deve realmente me amar muito. Eu me desculpei sinceramente a vesti com o robe, então corri para a minha surpresa a fim de que seu aborrecimento acabasse logo. Ela olhou tudo extasiada e eu aproveitei o impacto e disse:

- Desculpe-me a ausência senhora Cullen. È que eu queria lhe surpreender, ao menos uma vez.

Ela se desculpou mesmo fazendo questão de ressaltar que tinha razão e com certeza tinha. Depois disse que não me considerava um escravo e se preocupava por que era seu marido e eu me arrependi de ter usado esta palavra também. Eu de fato era seu escravo, mas por amor e adorava essa condição. Qualquer um daria a vida e a morte para ser escravo da mulher mais bela dos mundos.

 Quando a olhei novamente pude ver a dor em seus olhos e por um instante me pareceu que o meu sumiço provocou mais estragos do que pude avaliar, por isso quis reafirmar meus sentimentos por ela e disse:

- Rose, não importa se estamos juntos ou separados eu vou continuar te amando e desejando ser seu marido. Perdoe-me a ausência e o fato de não te avisar que ia sair. Você tem razão, sempre tem razão.

Eu a levei gentilmente através da trilha de flores, mas antes que a alcançássemos eu retirei seu robe e a rodopiei para que ficássemos de frente. Depois começamos a dançar, ela fechou os olhos como se ouvisse uma sinfonia e sorriu. E eu tive certeza que estava perdoado.

Sutilmente eu a conduzi para a cama, nos deitamos e ela se virou acariciando meu rosto. Com seu gesto voluntário e toda a produção feita para mim, não pude deixar de ser contagiado pela enorme esperança de que tudo daria certo. Então resolvi arriscar, me aproximei mais, puxei sua perna, enlaçando-a em mim e a beijei com ardor. Eu deixei seus lábios e fiz um caminho do pescoço até o colo. Ela deslizou as mãos em meus cabelos e sussurrando pediu:

- Por favor, não tire toda a minha roupa.

Eu afastei meu tronco dela e a olhei com desejo, depois vagarosamente eu abri as presilhas de sua cinta liga por sobre a camisola e sentindo a maciez de sua pele retirei as meias. Ela estremeceu quando minhas mãos tocaram seu ventre na tentativa de retirar sua peça íntima, então eu me lembrei do conselho de Carlisle e perguntei:

- Posso retirar esta peça, amor. Ou você prefere fazer isso?

Ela se arrastou para trás e ficou em pé, de costas para mim. Depois eu vi através da seda ela se desvencilhar da cinta liga, da anágua e da calcinha. Ela voltou para a cama sem me olhar nos olhos, visivelmente envergonhada. Eu a sentei ao meu lado e perguntei se ela queria parar. Disse que entendia perfeitamente, mas ela sorriu e me pediu para que eu continuasse.

Eu a deitei na cama abaixei as alças da camisola e erguendo-a encontrei o feche do soutien. Depois de aberto ela retirou a peça e eu vislumbrei seus delicados seios. Mas antes que pudesse tocá-los ela colocou o busto da camisola no lugar e eu soube que esse era um limite. Eu a recostei na cama e voltei a beijá-la, nossa pele parecia aquecida nos lugares onde não havia tecido. Em movimentos involuntários eles se encontravam em um contato suave e sedutor.

Me lembrei que não deveria colocá-la em uma posição em que ela se sentisse presa, mas não queria que o momento fosse impessoal. Por isso eu me sentei e a sentei sobre meu colo, assim poderíamos manter o contato com os olhos e assim eu passaria confiança a ela. Apesar da resistência passei suas pernas na lateral de meu corpo, fazendo com que ficássemos de frente e a encarei. Mas eu soube que seu pudor não permitiria que ela conduzisse o momento, mesmo que devido às circunstâncias fosse o melhor. Continuamos a nos beijar, e eu acariciei seus seios sobre o tecido, dessa vez ela não recuou. Mas surpreendendo-me e impedindo minha estratégia, ela se desvencilhou desenlaçando as pernas e com a voz em um tom quase inaudível disse:

- Prefiro ficar deitada.

Ela mesma se deitou e, suponho, que para reafirmar seu desejo de continuar colocou a mão em minha bochecha virando-me para ela e sorriu. Eu devolvi o sorriso e a beijei por todo o rosto, e sobre o tecido continuei a trilha de beijos pelo colo, barriga e baixo ventre. Eu me despi com movimentos suaves para não assustá-la e antes de consumar eu olhei para seu rosto, seus olhos estavam fechados. Pensei em perguntar se ela queria interromper (mesmo eu querendo continuar, eu a amava o suficiente para isso), mas me contive para que ela não se ofendesse.

Ao contrário do usual não me deitei sobre ela, me ajoelhei, entreabri suas pernas e ergui seu quadril aproximando-a o máximo de mim. Quando nossos sexos se aproximaram os músculos da sua coxa se retraíram e ela fechou as pernas. Me pareceu um movimento involuntário. Eu apoiei as mãos no colchão para não prendê-la, depois me inclinei sobre ela, mas não deixei nossos troncos se tocarem.

Na verdade meu instinto implorava que meu corpo prosseguisse com o roteiro original, possuí-la e só parar depois que me satisfizesse e, obviamente, deixar que ele assumisse o comando de meus movimentos. Seria muito melhor se eu pudesse tocar seus seios, acariciar suas coxas, ver seu corpo desnudo e até ouvir alguns gemidos de prazer. Mas felizmente naquele momento meu amor por ela reprimia este sentimento primário. Não sei como foi possível, mas eu pude racionalizar. E a contra gosto conclui que se ela não quisesse eu iria parar. Tínhamos a eternidade juntos, ela podia desfrutar da prerrogativa do tempo, eu devia esperar seu tempo. Então aproximei nossos rostos e pedi:

- Amor, abra os olhos. Eu te amo e não vou te machucar. Podemos parar por aqui se você preferir. Eu entendo e não ficarei frustrado. Estar com você, por mais breve que seja o momento, me faz o homem mais feliz do mundo.

Ela abriu os olhos e se fosse humana eu juraria que eles estavam marejados. Depois me olhou fixamente e disse:

- Tudo bem eu quero, não sinto medo. Estou pronta.

Eu ergui o tronco dando espaço e depois avancei, seu corpo reagiu e enrijeceu de novo. Então eu a beijei novamente e senti quando os músculos relaxaram. Eu completei o movimento e parei, dei um momento para que seu corpo processasse a presença do meu.

Bem devagar comecei a me movimentar novamente e entendi por que Carlisle disse que ser interrompido seria muito difícil para mim. Tudo se potencializa em nossa condição, especialmente as sensações. Era incomparavelmente melhor do que minha memória humana podia se lembrar, e o fato de dividir este momento com a mulher que eu amava tornava ainda mais prazeroso. Me perdi nas sensações e sequer olhei para ela novamente, meu cérebro me despertou e eu a olhei. Ela não parecia estar apreciando tanto quanto eu, mas devia estar orgulhosa de ter conseguido superar seus medos. Ela pareceu constranger-se e rapidamente desviou o olhar, sorrindo discretamente.

Também não era costume que as mulheres de respeito se portassem com tamanho despudor. Na verdade para confessar, se ela reagisse como as mulheres do meretrício eu me escandalizaria. Fui vencido novamente pelas sensações, meu corpo se tencionou e eu tive a certeza que se ainda fosse humano, seria a hora de meu coração acelerar concentrando a proeminente explosão de prazer. Sem que eu pudesse me controlar, meu corpo pedia para que eu me movesse mais rápido e com mais intensidade e foi o que fiz. Ela não protestou e voltou a fechar os olhos. Repentinamente milhares pequenas descargas elétricas se despolarizaram em todas as direções de meu corpo me proporcionando o maior prazer que já desfrutei. Provocando assim um frenesi alucinante e possivelmente viciante, e depois meu corpo relaxou completamente. Eu me inclinei sobre ela novamente e a beijei, rolei para o seu lado e a puxei para meu peito. Acariciando seu cabelo e beijando-a eu disse que eu a amaria eternamente.

Para ser sincero depois de alguns minutos eu desejava amá-la mais uma vez, mas me senti acanhado de abusar de seu controle e confiança. Sabia que ela havia feito um esforço enorme para me permitir tocá-la, bem como que este esforço era o exercício efetivo de seu amor por mim. E eu devo confessar que a amava mais por sua invencível insistência em me proporcionar isto.

PDV Rosálie

Eu me resignei a levar isto até o fim. Ele começou a conduzir tudo e quando pressenti que começaria a me despir eu pedi que não tirasse toda a minha roupa. Ele abriu os colchetes da cinta liga soltando as meias, depois colocou as mão dentro da minha camisola e retirou-as. Quando eu menos esperava ele tentou tirar minha peça íntima e eu estremeci involuntariamente de medo. Ele percebeu e perguntou se eu gostaria de fazer esta parte. Eu empurrei meu corpo um pouco para trás e saí da cama ficando em pé. Imbuída de toda a vergonha do mundo eu me virei de costa e retirei as famigeradas peças. Depois ele me sentou na cama, mas eu não consegui mirá-lo. Ele se portou como um cavalheiro e me deu a alternativa de interromper. Mas eu estava decidida a prosseguir e pedi que ele continuasse.

Ele baixou as alças da camisola e abriu o soutien, eu retirei a peça e pude perceber quando ele viu meus seios, suas pupilas dilataram e ele me olhou com desejo. Eu suspendi as alças arrumando o busto da camisola no lugar. Ele não protestou, apenas voltou a me beijar. Como sempre nossos beijos ficaram cada vez mais ardentes. De repente se sentou e me sentou sobre ele. Eu fiquei envergonhada com a posição que nossos corpos tomaram, mas ele agiu naturalmente e continuou a me tocar. Eu me desvencilhei dele e muito constrangida pedi para ficar deitada, era melhor assim. Eu não queria ver nada, apesar de nossa crescente intimidade não me sentia preparada para expor minha nudez ou visualizar nosso contato íntimo, era constrangedor demais.

Me deitei, mas fiquei com medo de que ele pensasse que eu havia desistido, por isso virei seu rosto para mim e sorri o incentivando. Ele voltou a me beijar e desta vez desceu pelo colo até meu baixo ventre. Eu deveria estar corada de vergonha, se fosse humana, ele evitava se deitar sobre mim e eu não entendia por que. Antes que ele tirasse a roupa eu fechei meus olhos.

Então com muita delicadeza ele afastou minhas pernas e puxou meu quadril para junto dele. Quando meu corpo percebeu a aproximação do seu minhas pernas se fecharam involuntariamente e eu tive vontade de desistir. Senti o medo crescer esmagadoramente, me fazendo perder o fôlego e a coragem. Mas Emmet é mesmo maravilhoso, ao invés de continuar, a despeito de minha reação, ele disse:

- Amor, abra os olhos. Eu te amo e não vou te machucar. Podemos parar por aqui se você preferir. Eu entendo e não ficarei frustrado. Estar com você, por mais breve que seja o momento, me faz o homem mais feliz do mundo.

Eu realmente não conseguia compreender como pude encontrar alguém tão doce e compreensivo. Como temer alguém capaz de se refrear para não ferir meus sentimentos, mesmo reclamando o que lhe era de direito. Naquele momento seu penetrante olhar dourado derreteu todos os meus temores e uma lágrima se formou em meus olhos. Eu sabia que ela jamais se verteria, não podia mais chorar. Me senti realmente preparada para consumar nosso casamento, abri os olhos e disse:

- Tudo bem eu quero, não sinto medo. Estou pronta.

Ele começou a me possuir, meu corpo se manifestou de novo. Foi doloroso, mas não a dor que recordava. Ele percebeu e começou a me beijar novamente, seus beijos mudaram o foco de minha atenção e meu corpo relaxou. Ele continuou o movimento até concluí-lo, depois parou esperando que meu corpo se acostumasse ao dele. Estava sendo muito cuidadoso. Depois disso ele começou uma dança lenta e ritmada e não era mais dor, era apenas um desconforto mínimo.  Como se meu corpo não me deixasse esquecer que ele estava em mim.

Não senti o prazer que Esme descrevera, mas eu abri meus olhos como ela recomendou e ao observá-lo eu me senti feliz. Ele estava extasiado, o enorme peso de me negar a ele sumiu e eu pude desfrutar da sensação de fazê-lo feliz. Não tinha experimentado o amor físico desta forma antes, mas só essa sensação me bastava. Podia facilmente repetí-lo pra ter essa maravilhosa  sensação.

Ele abriu os olhos rapidamente sem que eu pudesse reagir. Envergonhada eu desviei meu olhar e sorri com a sensação de poder entregar este momento a ele, poder de fato ser sua esposa. Ele acelerou o movimento, jogou o corpo para trás e olhando para o céu (a esta altura já estrelado) gemeu baixinho. Senti seu corpo relaxar e ele se deitou ao meu lado. Depois me puxou para a segurança de seus braços e disse que me amaria eternamente. Eu não poderia imaginar maior felicidade.

Mas a tempestade ameaçou se apresentar. A sensação de impureza que eu costumava sentir depois de minhas torturantes sessões de memórias me invadiu impiedosa. Engraçado, não me recordo de ter sentido isso na noite anterior ao meu casamento, também Esme me fez considerar tantas coisas que acho que minha mente não teve espaço. Eu respirei fundo e tentei me lembrar por que o amava como minha mãe recomendou, mas eu sabia o que precisava fazer. Eu precisava de um banho, me levantei e fui para a praia. A despeito de meus trajes eu mergulhei, infelizmente não havia sido o suficiente. Eu ainda estava angustiada.

Demorou alguns segundos (acho que ele estava vestindo alguma peça de roupa) e pude sentir seus fortes braços envolverem minha cintura e minhas costas se recostarem em seu peito descoberto. Como se eu tivesse recebido um bálsamo, meu corpo relaxou e ele me virou para que eu o olhasse. Depois me perguntou:

- Está tudo bem amor? Se arrependeu?

Eu encostei meu rosto em seu peito e senti a paz que só ele me proporcionava me acalmar. Tudo valia a pena por ele. Eu respondi com firmeza em minha voz depois de calar esta verdade em meu coração. Ele valia muito mais do que eu era capaz de retribuir.

- Eu jamais me arrependeria de te amar Emmet. Foi maravilhoso, estou feliz.

- Tem certeza? Me sinto um egoísta, você não usufruiu como eu. Ele confessou sua frustração.

Sabia que era inútil mentir, ele me conhecia o suficiente para ler minhas reações. No entanto não queria que ele pensasse que havia sido ruim. Eu realmente apreciei viver este momento com ele.

- Senti um pouco de dor no início, mas seu carinho a fez passar. Ouvi seus dentes trincarem.

Eu continuei.

- Depois diminuiu para um pequeno desconforto, os beijos despertaram muitas sensações em mim, eu gostei. E não se sinta culpado, não preciso desfrutar tanto quanto você. Saber que posso te oferecer este prazer me basta.  Foi melhor do que esperava e foi só a primeira vez. Quem sabe com o tempo não desfruto mais? Temos tempo amor, uma eternidade.

Ele ergueu meu olhar e me beijou de forma muito apaixonada, rompemos a madrugada entre beijos e carinhos. Ele me levou de volta a cama e ficamos quietinhos só sentindo a proximidade e a intimidade entre nós crescer. Então os primeiros raios de sol surgiram no horizonte e eu me perdi na beleza de seu corpo reluzente.


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Notas finais do capítulo

Muitas emoções no próximo capítulo. O vulcão vai entrar em atividade. Gosto da condução suave das coisas