Helena PDV

Romeu ficou olhando para mim com a expressão confusa, mas antes que eu pudesse começar a dizer umas poucas e boas para ele, a campainha tocou.

- Você não me escapa, garoto! – O ameacei antes de atender a porta.

E acabei me deparando com a minha mãe e a mãe de Julieta.

- Querida! – Minha mãe veio me abraçar. – Que saudade! Como vão as coisas? E o seu irmão, cadê?

- Ahn... – Murmurei, ainda estranhando sua presença. – Eu acho que vocês chegaram em um péssimo momento.

- Ué, mas por que? – A mãe de Julieta perguntou enquanto colocava sua bolsa em cima da mesa.

- É que... Bom... – Gaguejei.

- Helena, conta de uma vez! – Minha mãe pediu. Suspirei e contei toda a história para as duas.

Realmente acho que não foi uma boa idéia porque minha mãe me puxou para o quarto de Romeu perguntando para ele se tudo o que eu tinha dito era verdade e é claro que ele confirmou, envergonhado.

Foi aí que ela se irritou tremendamente e o puxou pela orelha até o quintal dizendo que precisava ter um “papo sério” com ele.

Ela estava realmente irritada, tanto que até ligou para meu pai pedindo que ele conversasse com Romeu sobre o quanto ele devia respeitar as mulheres.

A mãe de Julieta foi para o quarto da filha para apoiá-la e eu ficava indo e voltando para ver o que estava acontecendo nos dois lados da coisa.

Resumindo, foi um Domingo depressivo.

E pior, com toda essa confusão, eu não consegui ter tempo para estudar.

Ninguém merece, viu.

Julieta PDV

Horrível.

Esse é o único jeito de descrever a sensação de pisar no portão do colégio e ter todos encarando, rindo e cochichando de você.

Passei pelo corredor de pessoas ao lado de Joanna e Helena, mas quando Matheus, o “amigo” de Helena apareceu, ela me olhou como se pedisse permissão para conversar com ele e eu ri, assentindo com a cabeça.

Joanna me puxou para o banheiro na tentativa de fugir dos olhares de todo mundo, mas não deu muito certo.

Demos sorte que o banheiro estava vazio.

- Ah meu Deus, eu não sei se eu vou agüentar todos esses olhares por muito tempo... – Comentei, me olhando no espelho. Eu estava parecendo um lixo. – O que foi que eu fiz pra merecer isso?

Joanna me olhou com uma cara indignada e, do nada, me deu um tapa na cara.

- Deixa de ser fraca, mulher! – Ela gritou, enquanto eu esfregava a minha bochecha, chocada. – Essa não é a Julieta que eu conheço! Eu quero ver você de cabeça erguida sem se importar com que os outros falam!

- E-Eu...

- Para de gaguejar! Cadê o poder de mulher? Você não merece tudo isso. Então simplesmente esquece e segue em frente! – Ela gritou.

- Okay... – Concordei, estranhando.

Bom, no fundo eu concordava com Joanna. Chega de sofrer.

Romeu PDV

Eu não conseguia prestar atenção em nada que eu fazia no treino de futebol. Por isso, fui pego de surpresa quando Eduardo chegou de repente e me empurrou.

Caí no chão e o olhei como se ele estivesse maluco.

- Qual é o seu problema, Eduardo?

- Qual é o seu problema, Romeu? – Ele perguntou. – Eu não acredito que você traiu a Julieta!

- Ai isso de novo não... – Reclamei, levantando.

- Como você teve a coragem? Ela te amava, cara! E foi por isso que eu resolvi deixar vocês dois em paz! Porque eu achei que ela iria ficar feliz se ficasse com você!

- Olha, eu já levei bronca da minha irmã, da minha mãe e até do Gabe! Mas levar bronca de você eu não vou aturar, não. – Falei e virei as costas, irritado.

- Ei! Eu to falando com você! – Eduardo pôs a mão no meu ombro e, como reflexo, eu dei um soco em sua cara.

Ele pôs a mão no rosto e me olhou, furioso.

E quando percebi, já estávamos no chão batendo um no outro.

O resto do time se reuniu à nossa volta gritando: ‘’Briga! Briga!”

Mas, logo o diretor e o nosso treinador chegaram.

- O que vocês pensam que estão fazendo? – O treinador gritou. – Nós temos um jogo no próximo final de semana e eu não posso ter os meus melhores jogadores machucados!

- Vocês dois tratem de ser maduros e pararem de brigar! Se não, vão ter uma semana de suspensão! – O diretor ameaçou e eu revirei os olhos.

- Nossa história aqui ainda não terminou. – Eduardo sussurrou para mim logo depois que o diretor se afastou.

- Aham, claro. – Ironizei e fui embora dali antes que mais alguém resolvesse me irritar.

Julieta PDV

Os dias se passaram e eu continuava sem falar com Romeu, mas o pessoal sempre arranjava alguma coisa para quebrar o silêncio embaraçoso.

Eu não esperava que Romeu me pedisse perdão de joelhos nem nada, eu só estava esperando que a minha raiva diminuísse um pouco e que eu conseguisse falar com ele sem sentir nojo e imaginá-lo com a Carolina.

Era final de semana e eu estava re-assistindo a segunda temporada de Glee na sala ao lado de Helena e Romeu. Mais uma vez o silêncio predominava, mas nas vezes que Romeu comentava alguma coisa sobre o episódio eu tinha que responder. Afinal, ele estava falando sobre a minha série favorita.

Estávamos vendo o episódio de Natal quando a campainha tocou.

- Helena, você chamou o Matheus ou alguma coisa? – Perguntei.

- N-Não... – Ela gaguejou. – Por que eu chamaria?

Revirei os olhos para sua tentativa de fingir que não gostava do Matheus.

- Deixa que eu atendo. – Romeu se ofereceu e, quando ele abriu a porta, nos deparamos com Carolina com a cara inchada de tanto chorar.

- Romeu! – Ela se jogou nos braços de Romeu, chorando ainda mais. – Graças a Deus que você ta em casa! Eu preciso de ajuda!

- M-Mas o que foi que aconteceu? – Ele perguntou, estranhando seu abraço.

- Eu to grávida, Romeu! – Ela gritou, aos prantos.

Foi aí que eu senti meu coração se revirar dentro do meu peito.