You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 6
Some fun and... Some problems...




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Acordei muito cedo, o pulso ainda me doía um pouco mas não era algo que não pudesse aguentar. O Jasper ainda dormia na poltrona do quarto. Liguei a televisão e metia-a num som baixo para não acordar o Jasper. Ele acordou, só por volta das onze. Ou era dorminhoco, ou estava cansado. Acho que era mais a segunda opção.

– Bom dia. – Disse ele, mal acordou.

– Bom dia. – Disse sorrindo.

– Dormiste bem? – Perguntou simpaticamente.

– Dormi. – Respondi sinceramente. – E tu?

– Também dormi bem. – Respondeu sorrindo. – Já comeste? – Neguei com a cabeça. – Vou pedir a uma enfermeira que te traga o pequeno-almoço. – Disse já saindo do quarto. Passado uns minutos, ele voltou com um tabuleiro com comida para mim e para ele.

– Jasper, não devias estar na escola? – Perguntei. Não queria que ele baixasse as notas por causa de mim.

– Devia, mas não me apeteceu ir. Já pedi para depois me passarem os apontamentos e os trabalhos de casa. – Disse ele sorrindo.

– Eu não te quero causar nenhum incómodo. – Disse eu.

– Não estás a causar. Os meus pais sabem que eu estou a faltar e concordaram que eu ficasse contigo. – Disse ele sorrindo. Comemos em silêncio. Eu comi pouco, não tinha grande fome mas o Jasper comeu tudo num instante. Era mesmo rapaz. – Alice, tens de comer mais. – Disse ele.

– Não me apetece, não tenho fome.

– Mas tens de comer mais um bocadinho. Vá, eu dou-te à boca. – Disse ele com um sorriso travesso. Ele pegou na comida e ficou à espera que eu abrisse a boca. Eu fiquei a encara-lo incrédula. – Vá, abre a boca. – Disse ele. Abri a boca lentamente e ele começou a dar-me comida à boca.

– Espera, ainda estou a mastigar! – Disse-lhe rindo. Não conseguia parar de rir.

– Ok, eu espero mas tens que aprender a mastigar mais depressa. – Disse ele rindo também.

– Pronto, já está. – Disse voltando a abrir a boca. Ele meteu-me na boca o último bocado de comida. Mastiguei e depois sorri para ele. – Achas que tenho alta, hoje? – Perguntei. Eu estava farta de hospitais.

– Não sei. Mas posso perguntar ao meu pai, quando ele vier aqui. – Disse ele, pegando nos tabuleiros para os levar lá para fora. – O que queres fazer, agora? – Perguntou depois de ter voltado.

– Não sei. Escolhe tu. – Disse.

– Queres ir dar uma volta pelo hospital? – Perguntou.

– Podemos? – Perguntei confusa.

– Não. – Disse ele sorrindo travesso.

– Ok, vamos! – Disse entusiasmada. Eu já não estava ligada a soro nem a receber transfusão. Levantei-me da cama e saímos os dois do quarto.

– Temos de ter cuidado. Quando virmos uma enfermeira ou um médico temos de nos esconder e não podemos fazer barulho. – Avisou ele.

– Ok, e para onde vamos? – Perguntei.

– Para o telhado. A vista de lá é linda. – Disse ele.

– Ok, vamos. – Disse aos saltinhos. Estava entusiasmada. Ele riu-se do meu comportamento. Saímos do quarto. Começamos a correr, ele segurava-me a mão para não nos perdermos um do outro. Avistamos muito poucos enfermeiros e médicos pelo caminho mas uma vez uma enfermeira ia na nossa direcção e tive que puxar o Jasper para a casa de banho das raparigas e enfiarmo-nos dentro de uma das cabines.

– Sinto-me um pouco desconfortável, aqui. – Disse ele. Ri da cara que ele fez.

– Disseste para nos escondermos, foi um único sítio que arranjei assim, à pressa. – Disse ainda rindo da cara dele.

– Gostava de ver a tua cara se te enfiasse na casa de banho dos rapazes. – Disse ele na brincadeira.

– Pois, acho que também me sentia um pouco desconfortável. – Disse fazendo uma careta. Ele riu-se da minha cara. – Vou ver se já podemos sair. – Informei. Saí da cabine e não estava ninguém na casa de banho e depois dei uma vista de olhos pelo corredor e estava vazio. Deviam estar todos a almoçar. Estava na hora do almoço. – Anda, Jasper. – Chamei-o. Ele saiu da cabine e saímos da casa de banho a correr. Subimos umas escadas que estavam perto da casa de banho e fomos dar ao telhado do hospital. Ele tinha razão, a vista era linda. – É lindo! – Disse sorrindo.

– É, não é? – Afirmei com a cabeça. Depois de estarmos um pouco a observar a paisagem, voltámos para o quarto. Alguém podia aparecer no quarto e ver que eu não estava lá. Ele voltou a pegar-me na mão e fomos a correr para o quarto. Desta vez, tivemos que nos esconder mais vezes. Apareceram muito mais enfermeira e médicos pelo caminho. Quando chegámos ao quarto, o Dr. Cullen estava lá à nossa espera.

– Ups! – Disse o Jasper para mim. – Olá, pai. – Disse ele como se nada estivesse a acontecer. Escondi-me atrás do Jasper.

– Onde estavam? – Perguntou o Dr. Cullen.

– Fomos dar uma volta pelos jardins. – Disse o Jasper.

– Sim, eu sei. – Disse ele irónico. – Um passeio pelos jardins. – Disse ele desconfiado.

– Sim. – Disse o Jasper. O Dr. Cullen sorriu e não perguntou mais nada sobre esse assunto.

– Alice, vinha dar-te alta. Já não precisas de estar aqui. – Disse ele sorrindo. Sorri para ele. Fui buscar a minha roupa e fui vestir-me para a casa de banho. Tinha uma daquelas batas dos hospitais vestida. Vesti-me rapidamente e saí para o quarto.

– Alice, eu levo-te à instituição. – Disse o Jasper.

– Ok, obrigada Jasper. – Disse. Despedi-me do Dr. Cullen e fui com o Jasper em direcção ao carro dele. Ele deixou-me na instituição e depois teve de ir embora. Entrei na instituição e a Ellen estava à minha espera à porta de casa.

– Alice, já para o meu escritório. – Disse ela severamente. Fui o mais rápido possível para o escritório dela. – Onde é que andaste? – Continuou ela severa.

– Tive de passar a noite no hospital. – Disse.

– No hospital? Porquê?

– Porque, ontem, você abriu-me os pontos de um dos pulsos. – Respondi.

– Eu? – Perguntou atónica.

– Sim, a Ellen. Quando pegou num dos meus pulsos para me levantar das escadas, abriu-me os pontos. – Expliquei.

– Desculpa, não queria fazer isso. – Disse ela mais branda. – Podes ir. – Disse ela. Saí do escritório dela e fui para o meu quarto estudar. Estudei todas as disciplinas e já estava bem melhor, em relação à matéria. Apenas matemática é que ia mais ou menos. Quando dei por mim, já eram cinco da tarde e estava cheia de fome. Fui à cozinha num instante e preparei algo para comer. Comi num instante e depois voltei para o quarto e estive mais um pouco a estudar. Quando dei por mim, já era muito tarde. Vesti o pijama e fui dormir.

Acordei atrasada no dia seguinte. Vesti-me à pressa e fui a correr para a escola. Quando lá cheguei a aula já tinha começado mas o professor deixou-me entrar. Estive atenta ao resto da aula. As aulas da manhã passaram-se num instante. Já era hora de almoço, então fui ao refeitório comprar algo com o pouco dinheiro que a Ellen me dava todos os dias para comer. Ela não tinha a mínima ideia que os preços da comida aqui na escola eram muito elevados. Comprei comida e depois fui para uma mesa do lado de fora. Havia menos confusão e era onde havia mesas disponíveis. Comecei a comer mas logo fui interrompida por dois rapazes que faziam parte da equipa de futebol da escola.

– Olá, estás sozinha? – Perguntou um deles no gozo. Não respondi. Não me queria meter em problemas. – Não respondes?

– Deve estar envergonhada. – Disse o outro rindo-se de seguida.

– Não é preciso teres vergonha. – Disse rindo-se. – Estou com fome. Dá cá a comida. – Disse tirando-me a comida. Era a única que tinha e estava com fome.

– Não tenho mais comida, estou com fome. – Disse-lhe.

– Paciência, agora estou eu a comê-la.

– Dá cá, tenho fome. – Disse esticando a mão para lhe tirar a comida. O outro agarra-me num dos pulsos e aperta. As lágrimas vieram-me aos olhos mas eu não deixei que elas escapassem. Não queria que eles pensassem que eu estava a chorar por causa deles.

– Não, não. A comida é nossa. Agora vai-te embora. – Disse empurrando-me. Saí dali o mais rápido que pude e fui para um sítio recatado, na escola. O pulso ardia-me. Não estava a sangrar, o que era uma coisa boa, ele não rebentou os pontos mas estava a doer. As lágrimas começaram a escorrer-me pela face, sentei-me no chão e abracei os joelhos, enterrei a minha cabeça neles e fiquei assim a chorar. Sentia o pano das calças a humedecer mas não me importava. Não sei quanto tempo fiquei assim, apenas sei que me pareceu uma eternidade, as lágrimas não paravam e o meu pulso continuava a doer.

– Alice. – Chamou o Jasper. O que é que ele estava aqui? – Alice, eles aleijaram-te? – Eu não conseguia responder, estava a chorar descontroladamente. – Anda cá. – Disse ele pegando em mim, e pondo-o no colo dele. Fiquei a chorar mais um pouco no colo dele. Sentia-me tão bem lá, era como se estivesse em casa, transmitia tanta segurança o colo dele. Quando parei de chorar, ele voltou a falar comigo. – Eles aleijaram-te?

– Um pouco. – Respondi entre soluços. – Nada de especial, não é preciso te preocupares.

– A Rose viu tudo e viu que eles te aleijaram num pulso. – Informou-me ele. – Toma, come. – Disse ele dando-me um peça de fruta para comer. Não rejeitei, estava com fome. Comi satisfatoriamente. – Queres ir para a instituição? – Perguntou ele. Afirmei com a cabeça. Levantámo-nos e fomos silenciosamente até ao seu carro. O pátio já estava deserto, já estavam todos nas aulas. Entrei no carro dele e fomos até à instituição. Quando entrámos, a Esme já estava lá com algumas crianças.

– Jasper, o que fazes tão cedo, aqui? – Perguntou, ela preocupada.

– Vim trazer a Alice a casa. Ela estava com dores. – Informou o Jasper.

– Mas estás bem, querida? – Perguntou a Esme. Afirmei com a cabeça. Ela sorriu simpaticamente para mim.

– Jasper, anda ver ali uma coisa, que nós estamos a fazer. – Disse uma das crianças entusiasmada. Ele foi atrás dela. Saí dali também, fui para o jardim. Estava triste, precisava de arejar. Sentia tanta falta do Sean. Sentia falta da preocupação dele, do optimismo dele, do sorriso dele, do ver chegar a casa feliz por mais que as nossas vidas fossem miseráveis. Sentei-me na relva e voltei a chorar. Parecia que agora não sabia fazer mais nada. Eu queria parar mas não conseguia. As lágrimas não paravam e memórias minhas com o Sean vinham-me à memória para dificultarem as coisas. Senti alguém sentar-se ao meu lado.

– O que se passa? – Perguntou quem se sentou ao meu lado. Era a Esme. Ela nunca se tinha dirigido a mim. Limpei as lágrimas das minhas bochechas.

– Nada de especial, apenas estupidez. – Não queria chateá-la com os meus problemas.

– Não deve ser apenas estupidez. – Disse ela sorrindo carinhosamente. – Se não quiseres não contes, mas desabafar faz bem. – Disse ela ternamente.

– Sinto falta do meu irmão. – Disse voltando a chorar.

– O que lhe aconteceu? – Perguntou a Esme. Ela não sabia o que se tinha passado comigo.

– Morreu. – Disse entre soluços.

– Ó querida, desculpa ter perguntado. Não sabia.

– Não faz mal. – Disse sinceramente, limpando as lágrimas.

– Com o tempo o sofrimento vai atenuar, não digo que vá desaparecer, mas atenuar vai. – Disse ela sendo sincera.

– Já alguém próximo a si, morreu? – Perguntei. Queria perceber se ela percebia a minha dor.

– Já. A minha mãe morreu de cancro quando eu tinha dezasseis anos. – Respondeu-me ela a olhar para o horizonte. Olhei também para lá.

– A sua dor atenuou? – Perguntei.

– Sim, um pouco. Não quer dizer que não me lembre dela todos os dias, mas a dor não é tão forte como no princípio. – Respondeu ela.

– Eu queria que a minha atenuasse já. Queria que cada vez que fechasse os olhos, não visse o meu irmão a morrer, queria não me lembrar daquela noite. – Disse voltando a chorar. Escondi a minha cara nos meus joelhos.

– Ó querida, vais ver que vai passar. Tens de ser forte. – Disse ela abraçando-me. Nunca ninguém me tinha abraçado como a Esme. Nunca ninguém me tinha abraçado com tanto carinho. Nunca tinha sentido isso. Aconcheguei-me mais nos braços dela. – Anda dar uma volta pelo jardim, querida. – Disse ela, deixando de me abraçar. Eu assenti com a cabeça e levantei-me. Fui passear no parque com ela. Durante o passeio, contei-lhe poucos pormenores da minha vida, algo que parecia que não tinha importância, mas para mim tinha um grande significado. Sentia confiança nela, sentia que podia confiar nela. Também sabia que me podia desiludir…

– Querida, agora vou ter que ir mas eu depois volto. – Disse ela sorrindo carinhosamente para mim.

– Ok. – Disse meio triste. Era a primeira vez que sentia que alguém gostava mesmo de estar comigo e sentia que fui ouvida e compreendida. Ela deu-me um beijo na bochecha e foi-se embora. Eu fui para o meu quarto. Acabei por adormecer sem jantar.


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Notas finais do capítulo

Sei que devia ter postado ontem, mas não deu mesmo. Eu ontem estava doente. Espero que tenham gostado do capitulo! Como viram a Esme aproximou-se um pouco da Alice! (: (: Espero os vossos comentários e eu queria umas recomendaçõeszitas! *.* BeijinhosS2