Por mais que tivesse dormido bem de noite, acordei cheia de sono na manhã seguinte. Foi uma das raras noites em que não tive pesadelos. Já era a segunda seguida. Era sempre bom, porque eu me sentia muito mais descansada do que antes. Levantei-me calmamente e fui até à casa de banho. Fiz a minha higiene num instante e depois voltei para o quarto para me vestir. Escolhi uma roupa e vesti-me calmamente. Ainda tinha tempo. Quando fiquei pronta, desci e fui até à cozinha para tomar o pequeno-almoço.
– Bom dia! – Disse para a Esme que já estava acordada para nos preparar o pequeno-almoço. Cheguei-me ao pé dele e dei-lhe um beijo na bochecha.
– Bom dia, querida! – Disse ela sorrindo carinhosamente para mim. – Dormiste bem? – Perguntou. Afirmei com a cabeça. – Nada de pesadelos? – Voltou a perguntar. Neguei com a cabeça. – Ainda bem, querida. – Acabou por dizer, beijando a minha testa. Apenas sorri com o gesto. De seguida, sentei-me à mesa e comecei a servir-me. Eles ainda deviam estar demorados. Tomei o pequeno-almoço e a meio dele apareceu o Jasper a Rose e o Edward. Vinham os três com uma cara de sono.
– Bom dia! – Disseram eles assim que entraram na cozinha.
– Bom dia! – Disse eu e a Esme. Eles também se sentaram à mesa e começaram a comer. Quando todos acabámos de comer, fomos para a escola. Mal chegámos fomos para as nossas salas de aula, visto que já estava quase a dar o toque de entrada. A primeira aula até se passou bem e a segunda era desenho, por isso estava animada. Eu adorava as aulas de desenho. Era a única aula que eu gostava de realmente ir. Gostava de ter tido esta aula o ano todo. Assim que cheguei à sala de desenho, sentei-me na minha mesa no fundo da sala, como sempre. Fiquei à espera que a sala enchesse e que o professor chegasse. Assim que deu o toque, o professor entrou dentro da sala de aula e começou com os avisos.
– Para a próxima aula, é a data limite para entregarem os projectos. Não se esqueçam. Esse projecto é importantíssimo para a nota final. – Começou ele por dizer. Eu já tinha o meu acabado mas ainda não o tinha entregado. Tinha-me esquecido. Não sabia o que o professor iria achar do meu trabalho. O meu tema era complicado e agora, mais do que tudo, sabia que o que eu tinha desenhado representava muito bem o que eu queria, a felicidade. Não sabia se o professor ia perceber, mas ele disse-me para eu desenhar algo que me trouxesse felicidade e aquilo que eu desenhei, apenas me traz isso, claro com muito amor. Não estava nada arrependida de ter desenhado aquilo e não via a hora de saber a minha nota. – Algumas pessoas já mo entregaram e até agora, estou a gostar imenso dos projectos. Também já sabem que o melhor vai ser exposto numa galeria de artes de uma amiga minha. Por isso, espero que se tenham esmerado. – Disse ele sorrindo. – Agora, continuem o projecto da aula anterior. Quero que o acabem, hoje.
Fui pegar em tudo o que precisava para acabar o projecto de aula e pus-me a trabalhar. Como já ia bastante adiantada, não levou muito tempo para que o acabasse. Assim que o acabei o professor mandou-me começar um novo projecto. E assim a aula, para muita tristeza minha, acabou. Estas aulas acabavam sempre muito mais depressa que as outras. Arrumei as minhas coisas e fui para a aula de educação física, uma aula que eu também não gostava muito. Assim que a aula terminou, fui almoçar. Peguei em alguma comida e levei para a mesa. Ainda não tinha chegado ninguém que eu conhecesse. Sentei-me silenciosamente na cadeira e comecei a comer. Não demorou muito para que os outros tivessem chegado.
– Como foi as tuas aulas? – Perguntou o Jasper ao meu lado, beijando de seguida a minha testa.
– Foram boas, principalmente a de desenho. Eu adoro aquelas aulas. – Disse para o Jasper sorrindo. Ele também sorria abertamente para mim.
– Dá para ver, Alice. Depois, quando levares todos os teus projectos para casa, tens de nos deixar ver. – Comentou a Rose que estava a ouvir a conversa.
– Não estão nada de especial, não queriam muita expectativa. – Avisei-os.
– Aposto que estão maravilhosos. – Disse o Jasper. Apenas sorri para ele. Continuámos o nosso almoço numa conversa agradável e depois quando a hora de almoço acabou, voltámos para as aulas. O que valia, era que faltava apenas uma aula, depois íamos para casa. A aula passou-se rapidamente para minha felicidade e fomos todos para casa. Assim que chegámos a casa, a casa estava muito silenciosa. Normalmente, a Esme estava na sala para nos receber mas, hoje, não.
– Mãe! – Chamou o Edward. Ouvimos barulhos vindos lá de cima e depois ouvimos a voz da Esme a dizer que já vinha para baixo. Fomos os quatro para a cozinha, queríamos comer algo, visto que estávamos todos com fome. Passados uns minutos, a Esme apareceu na cozinha. Ela estava com uma roupa prática e o cabelo apanhado num rabo-de-cavalo.
– Desculpem, perdi a hora. – Disse ela beijando a testa de cada um de nós.
– Não faz mal. – Disse sorrindo para ela. Ela petiscou algo connosco e depois ela voltou para o piso de cima para continuar a fazer o que estava a fazer antes de nós chegarmos. Como eu não tinha nada para fazer para a escola, fui para a sala e sentei-me a ver televisão. A Rose e o Edward foram para cima estudar e fazer os trabalhos de casa. O Jasper acabou por se juntar a mim.
– Queres ir dar um passeio à praia? – Perguntou ele, abraçando-me. Sorri instantaneamente para ele.
– Quero! – Respondi entusiasmada.
– Então vamos, antes que se faça tarde! – Disse ele sorrindo. Fomos os dois até à garagem e entrámos no carro. O Jasper dirigiu até à praia e quando chegámos lá, descalcei-ma para sentir a areia e a águas nos meus pés. Eu adorava vir até à praia. Claro que nunca ia realmente para a água, era demasiado fria, mas adorava vir passear e sentir o vai e vem das ondas nos meus pés. Eu e o Jasper andamos a praia toda e depois acabámos por nos sentar para namorar um pouco. Aos poucos começou a escurecer, algo que eu não queria. Queria continuar na praia com ele, mas com o escurecer vinha o frio e eu esqueci-me de trazer casaco para não falar que tinha os pés gelados por causa da água.
– Vamos, Alice? – Perguntou o Jasper a terceira vez, sorrindo divertido com a minha espécie de birra. Eu não queria ir embora. Estava tão bem ali com ele.
– Não, Jasper. – Disse manhosa.
– Alice, estás gelada! – Argumentou ele. – Não quero que fiques doente. Prometo que vimos cá noutro dia. – Disse ele como se eu fosse uma criança.
– Está bem. – Disse vencida. – Mas prometes mesmo!
– Sim, eu prometo! – Disse ele acabando por rir. Calcei-me visto que ainda estava descalça e depois fomos os dois para casa. Já estava quase na hora do jantar, por isso a Esme já devia andar preocupada. Chegámos a casa num instante e mal entrámos, fomos comer. Estavam todos à nossa espera para jantar.
– Alice, a seguir ao jantar, temos uma surpresa para ti! – Disse a Esme sorrindo amavelmente para mim.
– Uma surpresa? Para mim? – Perguntei admirada. Eu nunca tive uma surpresa.
– Sim, para ti. – Disse o Carlisle também sorrindo. Sorri para eles intrigada. Eu não sabia realmente o que era receber uma surpresa mas estava curiosa para saber o que era. Estava tão curiosa que até comi mas depressa só para vero que era mais cedo. Eu estava mesmo entusiasmada.
– E depois dizes que não dás saltinhos quando estás entusiasmada. – Brincou o Jasper.
– Eu não faço isso! – Teimei. Ele apenas se riu, fazendo rir os outros também.
– Bem, como já acabámos todos, já podemos ir ver a tua surpresa, Alice. – Comentou o Carlisle.
– Sério? – Perguntei entusiasmada.
– Sério! – Disse a Esme rindo levemente. – Espera um pouco. – Falou a Esme indo a outra divisão, vindo de seguida com uma venda para os olhos. Ela colocou a venda a tapar os meus e depois ajudou-me a levantar. Andámos lentamente até ao piso de cima até que parámos. Ouvi uma porta a abrir e voltámos a dar mais alguns passos. – Estás pronta, querida? – Perguntou a Esme também entusiasmada.
– Sim! – Respondi. Senti a tirarem o nó da venda. Demorou alguns segundos para conseguir focar o que estava à minha frente mas quando consegui, fiquei sem reacção. Era o meu quarto! E era lindo! As paredes eram todas em tons de um lilás clarinho que combinava com algumas das riscas que a colcha tinha. Tinha uma cama enorme no centro e por cima da cama havia uma foto minha a preto e branco que eu não sabia que existia. Os móveis eram todos num tom de branco. Tinha duas mesas-de-cabeceira ao lado da cama. Os cortinados eram também brancos, com pequenos detalhes em lilás. Depois havia duas portas, uma maior que a outra. Calculei que fosse a porta para a casa de banho e a maior seria a porta para o armário. Havia mais fotos espalhadas pelo quarto. Numa moldura muito bonita, posta em cima da cómoda, estava uma foto minha com a Rose e depois na parede numa moldura maior, estava eu e o Jasper. Também havia uma mesa com um espelho onde estava a maquilhagem e a minha escova. Perto desse local, estava uma secretária com um computador em tons de lilás em cima. Não podia ser mais perfeito. Eu queria dizer alguma coisa, queria agradecer mas não conseguia. Eu estava sem reacção. Nunca ninguém tinha feito algo tão bonito para mim. Ninguém!
– Alice, querida, não gostaste? – Perguntou a Esme temerosa. Mas eu continuava sem responder. Eu não conseguia falar, as ordens que eu mandava para o meu cérebro de certa forma não eram enviadas. – Querida, o que se passa? – Perguntou a Esme agora mais preocupada. Senti uma lágrima solitária a descer-me pela bochecha e comecei a conseguir ter controlo do meu corpo. Abracei fortemente a Esme, que estava a meu lado, e chorei um pouco no ombro dela. Mas eu estava emocionada, estava tudo tão bonito!
– Obrigada! – Disse baixinho perto do ouvido dela. – Obrigada! O quarto está lindo! Obrigada, mãe! – Disse agora um pouco mais segura da minha voz. Senti que a Esme também estava em lágrimas.
– De nada, minha querida. Tu mereces. Mereces isto e muito mais! Fico tão feliz que tenhas gostado.
– Eu amei o quarto! – Acrescentei. Ela apenas sorriu mais para mim. Fui até ao Carlisle que esta à entrada do quarto e abracei-o também! – Obrigada, Carlisle! – Agradeci.
– Eu não fiz nada deste quarto, Alice. – Disse ele retribuindo o abraço.
– Mas mesmo assim, obrigada por tudo! – Disse.
– De nada, Alice. Como a Esme disse, tu mereces. – Disse ele beijando a minha testa.
– Agora, vamos retirarmo-nos para te deixarmos à vontade para explorares o teu quarto. – Disse a Esme. Eles saíram todos e eu fui ver a casa de banho e o armário. Eram os dois enormes. Eu nem cabia em mim de tanta felicidade. Eu nunca tinha tido um quarto a que pudesse chamar de realmente meu. Deitei-me na cama, mesmo de roupa e fiquei a contemplar o meu quarto. Era tudo tão eu! A Esme conhecia-me mesmo bem. Acabei por adormecer e estava tão feliz que nem havia lugar para pesadelos.