You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 48
The Outburst of Feelings - Parte 2




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- Querida, não posso prometer que não vou morrer, porque simplesmente não tenho esse poder, não sei o que o futuro me reserva. Gostaria de vos poder prometer isso e o mesmo acontecesse com vocês e o Carlisle, porque a ideia de vos perder um dia, é insuportável. Mas uma coisa, eu posso te prometer. Posso prometer-te que enquanto eu respirar, sempre vou estar a teu lado. Sempre vou estar aqui para te apoiar, para te amar. Não duvides disso. – Prometi-lhe e isto era algo que eu sabia que iria cumprir. Eu sempre estaria ao seu lado para tudo o que lhe acontecesse. No meu coração, ela era minha filha, e uma mãe deve sempre proteger uma filha. Ela fechou os olhos fazendo com que mais lágrimas caíssem deles. Ela tinha o rosto vermelho de tanto chorar e as bochechas molhadas com as lágrimas. Eu não conseguia mais vê-la assim e não fazer nada. Eu tinha que fazer algo para a reconfortar. Nem pensei, apenas agi com o meu lado materno. Deitei-me ao seu lado e aconcheguei-a no meu colo. Eu sabia que ela precisava daquilo. Ela precisava que alguém a amparasse neste momento.
- Que sentido há nisto? – Perguntou ela. Parecia que se questionava assim própria e não me fazia uma pergunta. Eu não percebi o que ela queria dizer com aquela pergunta. Ela estava tão misteriosa, hoje, mas tão vulnerável. Nunca a tinha visto assim.
- Como? – Perguntei na esperança que ela me explicasse melhor o que ela queria dizer com aquela pergunta. 
- Muitas vezes me pergunto porque não morri também, naquela noite. Ou porque não morri quando me tentei suicidar. Os meus pais não me desejavam, fui um imprevisto na vida deles. Eles viam-me como um estorvo, um peso morto. Eu via isso nos olhos deles, desde pequena. Meu irmão mais velho, o Ethan também me via como um incomodo na vida dele. Para ele, eu era apenas mais um boca com quem ele precisava de dividir a comida que tinha, que já não era muita.
- Alice… - Comecei por dizer para refutar tudo o que ela pensava sobre ela. Ele tinha uma visão tão má de ela mesma. Ninguém devia pensar que era um estorvo para as outras pessoas, principalmente uma pessoa como a Alice. Mas eu tinha que ouvir tudo o que ela tinha para dizer, tudo o que ela tinha para desabafar. Só sabendo o que ela sentia é que eu poderia ajudá-la.
- A única pessoa que me via e que me amava verdadeiramente comigo, foi tirada de mim. O Sean era o único que não me achava invisível. Era o único que se importava realmente comigo, o único que cuidava de mim. – Disse ela baixando um pouco o tom da sua voz enquanto falava. Ela parecia recordar-se de algo que lhe aconteceu. – Sempre que me lembro da maneira como ele morreu, como ele morreu de olhos abertos, fixos em mim, como se me quisesse dizer que ainda me estava a velar, que ainda poderia cuidar de mim, eu sinto-me tão mal. Sinto um peso tão grande no meu peito. Parece que o ar começa a faltar e aí tenho que lembrar o meu corpo como há-de respirar. Parece que tudo em minha volta perde todo o sentido. – Disse respirando profundamente no final. – Ele é que devia ter sobrevivido, naquela noite. Ele era uma pessoa tão boa, tão optimista. Estava sempre com um sorriso na cara mesmo com a vida que nós tínhamos. Ele era muito melhor do que eu, mas muito melhor. Eu é que deveria ter morrido, amaldiçoo-me por ter sobrevivido naquela noite. Ele é que deviria estar vivo neste momento. Sinto, que o que era certo, era eu ter morrido no lugar dele, ou então ter morrido quando tentei me suicidar, quando cortei os meus pulsos. Eu não fiz isso para chamar a atenção das pessoas. Eu naquele momento, queria mesmo morrer, Esme. Havia dor a mais dentro de mim, sofrimento a mais, desespero a mais… Eu não aguentava muito mais, era tudo uma confusão tão grande que fazia com que eu sufocasse e perdesse a razão.
- Querida, eu sei que não fizeste isso para chamar a atenção, eu sei que não foi uma encenação. Eu conheço o bastante de perda e de morte para saber o desespero que estavas a sentir naquele momento. O Edward ainda é muito jovem e imaturo, ele não entende esse sentimento. Nunca passou por aquilo que passámos, amor. Ele não conhece o medo e o desespero porque sempre me teve a mim e ao Carlisle para o proteger. Eu sei que ele se encontra muito arrependido e envergonhado. Ele está triste pelo que te fez. E a partir de hoje, ele terá que viver com a tua mágoa, com a minha decepção e a do Carlisle, com a raiva do Jasper e o inconformismo da Rose. Ela é bem teimosa e não vai perdoar o irmão assim tão facilmente, por te ter dito aquilo. Mas, meu amor, eu não quero que sintas isso, eu não quero que sintas que devias morrer. Não és um estorvo, um peso morto, pelo menos não o és para mim. Tu és uma menina maravilhosa.
- Eu sei. – Respondeu ela, um pouco mais calma. Já não chorava, soltava apenas pequenos soluços de tempo a tempo.
- Sabes que és maravilhosa? – Perguntei na esperança que ela visse isso nela própria.
- Não. – Respondeu ela. – Eu sei que para ti, eu não sou um estorvo, um peso morto, por isso, é que ao mesmo tempo estou agradecida pelo Jasper me ter encontrado e salvado nesse dia. Sabes, Esme, depois de me cortar e começar a sentir que ia realmente morrer, eu senti medo. Eu senti medo, medo de morrer porque ninguém quer perder a vida de facto, mesmo que essa vida seja miserável e solitária como a minha. Acabamos sempre por perceber que depois algumas coisas fazem sentido, principalmente agora, Esme. Algumas coisas fazem sentido dentro de mim. Quando chegas a casa e também chamas o meu nome ou perguntas por mim, quando a Rose, ao fim da tarde, aparece no meu quarto para tagarelarmos as duas sobre coisas sem importância, quando o Carlisle chega a casa e dá-me um beijo na testa, ou quando olha para mim à mesa e sorri, quando o Jasper me abraça, quando o Jasper me beija ou simplesmente quando estou aconchegada a ele no sofá a ver televisão. Quando ficamos todos juntos a conversar sobre o nosso dia ou simplesmente a mandar conversa fora. Quando desenho, Esme. Aí parece que tudo tem sentido, parece que a minha existência não é tão errada como às vezes penso. Nessas situações, eu faço sentido, eu sinto que mereço existir. Mas depois, começo a ver-me de fora, como se eu fosse uma intrusa ali, como se não pertencesse aquele lugar. A minha antiga vida era tão diferente da de agora, tão distante desta realidade que mais parece que me encontro noutro mundo. Depois eu acabo por olhar para vocês e percebo o que está de errado. O Sean via-me como eu sou, vocês olham-me atrás dos olhos de pena. – Explicou ela, acabando por suspirar no final.
- Alice, eu amo-te, não é pena. Eu amo-te realmente, querida. – Defendi-me ainda contendo-me para não cair no choro. Sentia as lágrimas presas nos olhos e ainda sentia o choro preso na garganta. Eu queria tanto que ela percebesse que eu a amava mais do que tudo neste mundo, como amava cada um dos meus filhos.
- Sim, amas-me. Mas porquê? Porque eu sou a coitadinha que sempre foi desprezada pela família, porque perdi tudo, até mesmo o irmão pobrezinho que cuidava de mim. Agora, eu pergunto. Se eu fosse uma drogada ou uma prostituta, ainda me amarias? Ainda me acolherias na tua casa? – Perguntou ela. Fechei os olhos para as lágrimas não escorrerem. – Não te preocupes em responder. Eu sei que a resposta é não. Sei disso porque vocês não são a minha família como o Sean era. O Sean amaria me mesmo que eu fosse a pior pessoa do mundo, tal como o teu amor pelo Edward não diminui porque ele te decepcionou. – Disse ela.
- Alice, não é bem assim. – Respondi com a voz embargada, não conseguindo disfarçar que estava à beira do choro. Compreendi que tinha que ser o mais sincera possível para ela poder ganhar a minha confiança. Ela estava a recuar, estava outra vez a esconder-se dentro de si, a guardar novamente as suas defesas e se eu não fosse sincera com ela, com certeza ela não se iria abrir como se estava a abrir hoje, com mais ninguém. Ela tinha que ver a minha sinceridade, tinha que saber que eu estava a falar-lhe a verdade.
- Talvez tenhas razão. – Admiti. – Talvez eu não daria tanta atenção como te dei a ti e possivelmente não abriria a porta da minha casa, como abri contigo. Mas isso não importa neste momento, querida. Não depois de eu ler aquela carta. Achas que me esqueci? Cada palavra daquela carta ficou cravada no meu coração e nunca há-de lá sair. No momento em que eu li a tua carta, ficaste marcada no meu coração, Alice. Quando li as tuas palavras e compreendi o quanto sentias a falta de amor, a falta de alguém que te amasse, tu nasceste no meu coração. – Expliquei-lhe com a desejo que ela compreendesse o que eu queria dizer, que compreendesse os meus sentimentos por ela.
- Ainda sou invisível. – Respondeu simplesmente num sussurro baixo. Conseguia perceber pelo seu tom de voz que ela estava cansada.
- Como assim? – Perguntei para ela me explicar melhor o que queria dizer com o ser invisível. Aos meus olhos, ela não era invisível.
- Todos vêm o que querem ver em mim. Talvez a pobrezinha, a carente, a menina tímida, a que sofreu demais, a amiga, uma filha, mas ninguém realmente vê-me, ninguém realmente vê aquilo que eu realmente sou, aquilo que se passa dentro de mim. A Rose não viu que eu sentia mais do que ciúmes em relação à Helena e que eu tinha razão sobre os sentimentos dela. O Jasper beijou a Helena à minha frente e simplesmente não me viu. A minha tia via uma criatura digna de pena que infelizmente, ela não se poderia livrar. O Edward apenas alguém que procura atenção. Carlisle, uma mera paciente. – Fez uma pausa como se estivesse cansada de falar. – E tu, não sei o que realmente vês em mim, nem sei se realmente me vês. Sei que gostas de mim, que me amas e tratas-me como se fosse realmente tua filha. Mas não sei se realmente me vês.
- O que o Sean via? – Perguntei curiosa com a resposta.
- Via-me como sua irmã, acho. Alguém que precisava dos seus cuidados, mas que era capaz de se desenvencilhar sozinha. – Respondeu ela baixinho demais.
- Sabes o que eu vejo? – Perguntei. Sentia-a negar com a cabeça. – Vejo uma menina que preservou a sua alma gentil apesar de todo o sofrimento que passou. Uma menina que precisa de aprender que já não está mais só no mundo, que precisa de aprender a aceitar o carinho e o amor que sempre sonhou receber. Mas depois também entendo que essa menina não consiga confiar, não consiga aceitar esse amor e esse carinho que outras pessoas lhe dispõem a dar, pois ela já sofreu demasiado. – Disse-lhe. Ela ficou em silêncio, não perguntou mais nada, não disse mais nada. Não sabia o que ela tinha achado da minha resposta, nem sabia sequer se ela a tinha ouvido. Só senti ela a aconchegar-se mais no meu abraço e chorar mais uma vez. Embalei-a um pouco como se faz a um bebé para ela parar de chorar. Ela já tinha chorado demasiado, já tinha sofrido demasiado. Ela começou a ficar mais quieta com o passar dos minutos e só um pouco mais tarde é que percebi que ela tinha adormecido nos meus braços. Ela devia estar tão cansada de chorar, tão cansada de sentir isto tudo. Tinha o direito de dormir. Fiquei a velar o seu sono. Ela estava calma, pelo menos isso. Acho que a exaustão era a causa do seu sono calmo.


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Notas finais do capítulo

Oii! :$ Eu sei que estou atrasada, mas está aqui a segunda parte da conversa entre a Esme e a Alice. Espero que gostem, porque sinceramente eu acho um dos melhores capitulos! (: Claro que agradeço à mamita por me ter ajudado!
Espero ansiosamente os vossos comentários!
Beijinhos
S2



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