Os dias até à véspera da festa de Ano Novo passaram-se muito bem. Eu passava os dias com o Jasper e a Rose. Às vezes o Emmet também aparecia lá para animar o dia. Ele, normalmente, só fazia palhaçada, o que fazia com que eu me risse até me doer a barriga. Eu já estava bastante melhor. Já não vomitava o que metia na boca e raramente tinha febre. Sentia-me bastante melhor.

Agora, a Rose queria que eu fosse com ela ao centro comercial comprar um vestido para a festa mas eu não tinha dinheiro nenhum, não podia comprar nada. Estava a pensar seriamente em arranjar um emprego para ter algum dinheiro comigo, mas depois via isso. Ainda não tinha dito isso à Rose, tinha vergonha. Eu sei que é estúpido, mas… Hoje, ela vinha cá e eu tinha que lhe dizer.

Levantei-me da cama e fui tomar um banho rápido. Depois vesti-me e fui tomar o pequeno-almoço. Ainda estava sozinha na instituição. As crianças só vinham no dia a seguir ao Ano Novo e a Ellen também. Sinceramente, eu não me importava de ter a instituição só para mim. Quando estava a acabar o pequeno-almoço, a Rose chegou à instituição.

- Pronta para as compras, Ali? – Perguntou ela entusiasmada. Ali foi a alcunha que ela arranjou para mim. Eu até gostava.

- Rose…

- Ali, não vais dizer que não podes ir, pois não? – Disse ela um pouco triste.

- Não é nada disso, Rose. Eu não tenho problemas em ir. É que eu não tenho dinheiro para comprar vestido nenhum. – Disse corando um pouco.

- Eu sei, Ali. – Disse ele compreensiva. – Eu sei disso, por isso, é que vou comprar-te o vestido.

- Rose, não é preciso. Já fizeram muita coisa por mim. Não quero que me pagues um vestido.

- Não vou pagar, vou oferecer-te um vestido e não podes impedir-me de te oferecer um vestido. – Disse ela sorrindo. Não tinha mais argumentos.

- Está bem. – Disse vencida.

- Boa! – Disse ele feliz.

- Vou só me calçar e já vamos. –Declarei saindo da cozinha e indo em direcção ao quarto. Calcei-me e fui ter com ela, fora da instituição. Entrei dentro do carro e fomos em direcção ao centro comercial mais perto.  Passámos a
manhã inteira a entrar e a sair de lojas à procura dos vestidos perfeitos. Não
podia negar que estava a adorar a manhã passada com a Rose. Estava a ser muito divertida. Quando chegou à hora de almoço, fomos almoçar a um dos restaurantes que existiam no centro comercial e depois continuámos as nossas compras. Lá para as cinco da tarde, entrámos numa loja de vestidos, onde encontrámos os vestidos perfeitos. A loja tinha vestidos muito giros. A Rose foi a primeira a escolher o vestido. Era um vestido sem alças, que acabava por cima dos joelhos e de cor vermelha. Acentuava-lhe muito bem. Depois, eu escolhi o meu. Era um vestido violeta que ficava pelos meus joelhos e tinha alças. Era muito bonito.
Quando os comprámos, fomos à procura de sapatos para mim, com muita insistência da Rose. Eu não queria que ela gastasse mais dinheiro, mas ela disse que não tinha sapatos do meu tamanho para emprestar, por isso, tinha que comprar uns. Fomos a uma loja de sapatos e comprámos uns sapatos com um salto baixo a combinar com o vestido. Depois de comprarmos tudo saímos do centro comercial e fomos em direcção à casa da Rose.

- Ali. – Chamou ela.

- Sim, Rose? – Perguntei já desconfiada.

- Não queres dormir cá em casa, hoje?
Era mais simples, a festa é amanhã e preparávamo-nos as duas juntas. Ia ser tão
giro! – Disse ela com os olhos a brilhar. A ideia também me agradou muito. Cada
vez gostava mais da companhia da Rose. Ela estava a tornar-se uma grande amiga.

- Não vou dar muito trabalho? – Perguntei.

- Claro que não! O Jasper e a minha mãe vão adorar ver-te. – Disse ela. Já não via o Jasper e a Esme há dois dias. Eles tinham ido levar a avó deles a casa. Estava com saudades deles. A Esme tornou-se a mãe que eu nunca tive. Quando viajou, ligava-me quase a toda a hora para saber como é que eu estava. Eu adorava-a. E o Jasper era o Jasper. Era o amor da minha vida. Nunca pensei em estar tão apaixonada como estou. Tenho imensas saudades deles.

- Está bem, estou cheia de saudades deles. – Respondi. Ela sorriu abertamente. Fizemos o resto da viagem em silêncio. Quando chegámos, ela estacionou o carro na garagem e entrámos dentro de casa. A casa estava silenciosa.

- Deve estar só a minha mãe em casa. – Comentou a Rose. – Mãe, cheguei! Está uma pessoa cá em baixo para te ver. – Disse ela sorrindo. Sorri também.

Esme

Tínhamos voltado ontem da terra da minha sogra. Ela quis voltar para casa. Com isto não tenho visto a Alice, não sei se ela está melhor ou não. Tenho lhe ligado todos os dias, mas queria vê-la. Ela já era como se fosse uma filha para mim. Eu preocupava-me com ela a toda a hora, como me preocupava com a Rose e os outros meus filhos. Ela era uma rapariga especial que tocou o meu coração. Nenhuma criança da instituição conseguiu fazer o que a Alice fez comigo.   

Estava no meu quarto a ler, à espera da Rose. Estava sozinha em casa. O Jasper tinha ido sair com uns amigos, o Edward foi sair com a Bella e o Carlisle foi a Boston para uma reunião de emergência, só voltava amanhã. Ele trabalhava demais para o meu gosto, mas era o que ele amava fazer.

Ouvi a porta de casa a bater, a Rose deve ter chegado.

- Mãe, cheguei! Está uma pessoa cá em baixo para te ver. – Disse ela. Quem é que estaria lá em baixo? Pus o livro de lado e fui ao encontro dela. Saí do quarto e desci as escadas. Deparei-me com a Rose e a Alice na sala. Fiquei felicíssima por ver que a Alice estava muito melhor daquela virose. Sorri para elas.

- Olá, queridas! – Disse dando um beijo na testa de cada uma. A Alice abraçou-me.

- Olá, Esme. – Disse ela sorrindo.

- Estou a ver que estás bastante melhor. – Disse sorrindo.

- Estou. – Disse ela.

- Mãe! – Chamou a Rose.

- Sim, querida? – Perguntei.

- A Ali pode dormir, hoje, cá em casa? – Perguntou ela.

- Claro que pode. – Respondi sorrindo. Adorava a amizade delas. Tinha percebido perfeitamente que a Rose não se deu bem com as pessoas desta cidade. Ela dizia que tinha amigos mas eram apenas pessoas interesseiras que a queriam no grupo por ser bonita. Desde o inicio sabia disso mas não queria que ela se sentisse mais infeliz. Ela nunca mais foi verdadeiramente feliz, desde que nos mudámos para aqui. Eu notei a diferença mas nunca soube o que fazer. Agora, ela estava verdadeiramente feliz com a amizade da Alice. Elas davam-se tão bem. Até parecia que se conheciam há imenso tempo.

- Obrigada, mãe! – Disse ela abraçando-me.

- De nada, minha querida. Só te quero ver feliz. – Disse ao ouvido dela. Ela sabia do que eu estava a falar.

- Amo-te tanto. – Respondeu ela também baixinho.

- Vá, agora vou preparar um lanche para vocês, devem estar com fome. Vão pôr as compras lá em cima e venham para baixo comer. – Disse para elas. Elas assentiram e foram para cima.

Alice

Fomos pôr as compras no quarto da Rose e depois voltámos para baixo para comer o lanche que a Esme nos tinha preparado. Comemos alegremente, entre risadas. Depois de comermos, eu e a Rose fomos para o jardim falar.

- Estou tão ansiosa para a festa de amanhã! – Disse a Rose entusiasmada.

- Vem muita gente? – Perguntei-lhe.

- Acho que sim, também não sei ao certo a lista toda de convidados. – Disse ela.

- Sabes se o Jasper demora muito a chegar? – Perguntei-lhe. Queria muito ver o Jasper. Estava cheia de saudades dele.

- Porquê? Não estás a gostar da minha companhia? – Perguntou ela fingindo-se de indignada. Rimo-nos as duas. – Não, não sei. Ele foi sair com uns amigos e com o Emmet. Mas devem estar mesmo a voltar. – Disse ela.

- Tenho saudades dele. – Disse sorrindo.

- És mesmo apaixonada por ele. – Constatou a Rose sorrindo.

- Pois sou. – Disse corando.

- Não é preciso corares. – Disse ela rindo. Corei ainda mais e ela riu ainda mais.

- Não te rias, se não eu coro mais. – Disse já entro risos também.

- Está bem, eu paro. – Disse ela sorrindo. – Lembraste daquela primeira conversa que tivemos, no teu primeiro dia na instituição? – Perguntou a Rose. Sim, lembrava-me perfeitamente. A Rose tinha-me dito que não gostava da gente daquela escola e só se dava com eles por terem sido as primeiras pessoas a falar com ela. Também me disse que uma vez disse isto aos irmãos e eles riram-se porque pensaram que ela estava a brincar.

- Sim, lembro-me.

- Há uns dias, tive outra vez essa conversa com o Jasper. Ele acreditou em mim. Voltámo-nos a aproximar. – Disse ela sorrindo timidamente. A Rose adorava o Jasper, já tinha percebido isso, mas não sabia que eles se tinham afastado. Via-se perfeitamente que ela estava mais do que feliz por voltar a estar próxima do Jasper.

- Isso é muito bom! – Disse sorrindo.

- Pois é. – Disse ela continuando a sorrir timidamente.

- Queridas! Querem vir ajudar-me no jantar? – Perguntou a Esme.

- Sim! – Respondemos as suas. Levantámo-nos da relva, onde estávamos a falar e fomos até à cozinha. Começámos a preparar o jantar.

- O Emmet e a Bella também jantam cá. – Avisou a Esme.

- Ok. – Respondi eu e a Esme. Eu e a Rose começámos a preparar a salada, pois não sabíamos fazer muito mais. Quando acabámos de fazer a salada, ouvimos a porta a bater.

- Devem ser eles! – Disse a Rose para mim, alegre.

- Mãe, chegámos! – Ouviu-se a voz do Jasper a dizer.

- Na cozinha. – Disse a Esme sorrindo.

Ouvimos os passos do Jasper e do Emmet a virem em direcção à cozinha.

- Que cheirinho! – Disse o Emmet entrando na cozinha. – Ainda bem que decidi jantar cá. – Continuou. – Rosie! – Disse ele quando viu a Rose. Foi ter com ela e beijou-a. Senti o Jasper abraçar-me por trás e a beijar-me a nuca.

- Não sabia que estavas, aqui. Ia agora ter contigo. – Disse ele carinhosamente. Virei-me de frente para ele e beijei-o. Beijei-o com paixão. Tinha imensas saudades dele.

- Tinha saudades. – Disse quando afastei a minha boca da dele.

- Também eu. – Disse ele acariciando a minha bochecha. – Vais jantar cá? – Perguntou ele.

- Vou dormir cá. – Disse sorrindo. Ele também sorriu. – A Rose convidou-me.

- Não quer dizer que tenhas que dormir no quarto dela, pois não? – Perguntou ele.

- Não sei, não. – Disse rindo-me.

- Vejo que perderam a vontade de ajudar. – Disse a Esme rindo-se.

- Desculpa, Esme.

- Desculpa, mãe.

- Não faz mal, queridas. Vão lá para a sala, a comida está quase pronta. – Disse ela sorrindo. Fomos os quatro para a sala e sentámo-nos no sofá a falar. Começamos a imaginar como seria a festa de amanhã. Estávamos todos ansiosos para a festa. Depois de a Esme dizer para pormos a mesa, o Edward e a Bella chegaram a casa. Eu não me dava muito com ele, nem com a Bella. Praticamente nunca falámos um com o outro.

- Emmet, estás a pôr o garfo e a faca ao contrário! – Disse a Rose rindo.

- Estou? Eu como com o garfo e a faca assim. – Disse ele um pouco confuso.

- Isso é porque tu és esquerdino, Emmet. Mais ninguém come com os talheres assim. – Disse o Jasper, rindo-se.

- Ahh, está bem. Peço desculpa. – Disse ele sorrindo um pouco envergonhado.

- Boa noite. – Disse o Edward quando chegou ao pé de nós.

- Boa noite. – Dissemos nós.

Passados uns cinco minutos, a Esme pôs a comida na mesa e jantámos todos animadamente. O jantar foi muito divertido. Ficámos sentados à mesa até às dez e meia e depois eu, a Rose e a Bella ajudámos a Esme a levantar a mesa.

- Rose. – Chamei-a quando a apanhei sozinha. – Importaste que eu durma com o Jasper? – Perguntei-lhe.

- Também queria perguntar-te se te importavas que eu dormisse com o Emmet. – Disse ela sorrindo. – Ele também vai dormir cá.

- Então eu durmo com o Jasper e tu com o Emmet. – Disse rindo.

- Combinado. – Disse ela rindo também.

Continuámos a arrumar a cozinha e depois voltámos par ao pé dos rapazes que estavam na sala a ver televisão. Por volta da meia-noite, eu e o Jasper fomos para cima. Queríamos ficar um pouco a sós para matar saudades. A Rose emprestou-me um pijama, de seguida vesti-o e enfiei-me na cama do Jasper. Passado um bocado, ele veio ter comigo e aconchegou-me nele.

- Como estás? – Perguntou ele preocupado.

- Melhor. – Respondi, sorrindo.

- Tens a certeza? Nada de vómitos, nem febre? – Perguntou ainda preocupado.

- Nada, vómitos já não tenho à bastante
tempo e febre não tenho desde ontem. Anteontem, tive apenas um pouco à tarde,
mas depois passou. – Expliquei. Ele levou a mão à minha testa para ter a
certeza e depois acariciou-me a bochecha.

- Ainda bem que estás melhor. – Disse ele sorrindo. – Vamos dormir? Amanhã temos um longo dia! – Disse ele bocejando.

- Sim, também estou cansada!

Aconcheguei-me mais a ele e tentei acreditar que iria ter uma noite sem pesadelos. Adormeci uns minutos depois de ter fechado os olhos e sim, os pesadelos vieram como sempre mas não com tanta força. Estavam distantes, eu ouvia tudo de uma forma distante, como se estivesse uma parede a separar-nos, como se algo me estivesse a proteger. Tive-os, mas não foi tão mau como costuma ser, quando durmo sozinha.