You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 16
Revelations




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/120457/chapter/16

Jasper

Estava preocupado com a Alice. Ela estava cada vez pior. Agora, não aguentava a comida no estômago e febre ainda não tinha baixado. Espero que amanhã ela esteja melhor. Saí da sala e fui em direcção da cozinha da instituição. Já estava com fome. Entrei na cozinha e deparei-me com a Rosalie a comer uma peça de fruta. O que ela estava a fazer aqui? Eu amava a minha irmã, ela era tudo para mim. Mas quando nos mudámos para esta cidade, ela mudou drasticamente. Ela começou a ser um pouco fútil e igualava-se aquele grupo de populares que existia naquela escola. Eu não os suportava. Os rapazes falavam das raparigas como se fossem objectos e as raparigas só falavam de maquilhagem e coisas fúteis. A Rose tornou-se assim. Eu fiquei tão desiludido com ela. Quando me apercebi da mudança, foi como uma bofetada na cara. Afastei-me dela e agora estamos mais distantes. Muito mais distantes. Tenho saudades de estar com a minha irmã.

- O que estás aqui a fazer? – Perguntei-lhe.

- Liguei para a mãe, de manhã, para saber onde ela estava e ela disse que estava com a Alice porque ela estava doente. Eu vim ajudar. – Disse ela sorrindo um pouco. Há muito tempo que não via a minha irmã verdadeiramente feliz. Ela sorria e ria e divertia-se com os outros mas ela não era verdadeiramente feliz. Eu conhecia-a demasiado bem.

- Porquê? – Perguntei.

- Porquê o quê? – Perguntou ela confusa.

- Porque vieste ajudar a mãe com a Alice? Tu não és dessas coisas. – Disse. Fui um pouco bruto com ela. Tinha essa noção mas queria saber a razão para isso. Ela virou a cara para o lado contrário de onde eu estava.

- Pensava que me conhecias, Jasper. – Disse ela baixinho ainda com a cara virada.

- Também eu, Rosalie.

- Porque é que agora me tratas sempre por Rosalie? – Perguntou ela, parecendo-me um pouco triste e desesperada. Eu antes tratava-a sempre por Rose e quando éramos pequenos era por Rosie.

- Porque te tornaste em algo que eu não compreendo, que eu não gosto e que me desiludiu. – Respondi sinceramente.

- Não acredito que nunca percebeste porquê! – Disse ela com a voz embargada.

- Porquê, Rosalie? Explica. Quero perceber porque é que te tornaste como aquele bando de fúteis.

- Tu sabias que eu tenho dificuldade em fazer amizade com alguém. Sabias que eu tenho dificuldade em me aproximar das pessoas mas mesmo assim, no primeiro dia de aulas não me ajudaste, fizeste logo amigos com a facilidade que sempre tiveste e deixaste-me de lado. Eu não queria ficar sozinha, era tudo novo para mim. Cidade nova, escola nova, pessoas novas. Eu não sabia como as pessoas eram e aquelas aproximaram-se de mim. Pensei que queriam ser mesmo meus amigos, ao inicio. E pensei dessa maneira durante muito tempo, por isso fazia tudo o que eles faziam e acabei por ficar como eles. Com o tempo percebi que eles só estavam comigo por causa da beleza e porque isso era um factor importante no grupo: ter a rapariga mais bonita da escola. Mas nessa altura já não tinha ninguém. Tu e o Edward já não queriam saber de mim, praticamente. E se eu virasse as costas aquelas pessoas, ficaria sozinha. Eu nunca estive sozinha na vida, tu sabes do meu medo irracional de estar sozinha. Eu não queria, eu sei que é estúpido mas eu tinha medo.

- Porque nunca me disseste nada? Ou ao Edward? – Perguntei sentindo-me um pouco culpado com aquilo que fiz com a minha irmã. Tudo o que ela disse era verdade. Eu sabia que ela tinha imensa dificuldade em se relacionar com pessoas. Normalmente eu é que apresentava-a às pessoas e metia-a à vontade. Sabia do medo irracional de ela estar sozinha. Quando ela era mais nova, nem sozinha em casa ela conseguia estar. Eu era tão estúpido! Como é que eu virei um mau irmão?

- Eu tentei uma vez mas vocês riram-se de mim na minha cara. Então nunca mais tentei. – Disse ela. Percebia que ela estava a conter o choro. Fiquei a sentir-me ainda pior quando ela me disse isso. Eu ri-me dela. Eu lembrava-me disso. Eu pensava mesmo que ela estava a brincar. Como é que eu pude ser assim para a minha irmã? Como? Ela continuava virada de costas para mim. Via o seu corpo a tremer levemente. Andei e posicionei-me para ficar de frente para ela. Ela baixou a cara. Baixei-me para ficar à altura dela.

- Rosie, desculpa. Eu fui um mau irmão. Desculpa. Eu não sabia que te sentias assim, eu não me importei como te sentias. Eu estou arrependido por isso. Desculpa-me. – Pedi sentindo-me culpado. Muito culpado. No final disto tudo eu era o único culpado pela mudança do comportamento dela. Desde bebés que eu e ela éramos mais ligados um ao outro do que ao Edward. Eu cuidava sempre da minha irmãzinha. Ela ficou em silêncio. Vi uma lágrima solitária a descer-lhe pela bochecha. Levei a minha mão à bochecha dela e afastei a lágrima dali. – Anda cá. – Chamei-a. Ela sentou-se no chão ao meu lado e abraçou-me fortemente. – Desculpas-me? – Perguntei.

- Sim… - Ouvi a voz dela a dizer num tom abafado.

- Tu és a minha irmãzinha, eu vou voltar a cuidar de ti. Está bem? – Disse-lhe. Senti ela a afirmar com a cabeça. Mais algumas lágrimas tinham escapado. Sentia-as no meu ombro. Ela foi-se acalmando aos poucos. Quando ela estava totalmente calma, afastou-se um pouco de mim e limpou os vestígios de lágrimas das suas bochechas e sorriu tímido para mim. Sorri também para ela e acariciei-lhe a bochecha. – Eu estou aqui para ti, está bem? – Perguntei-lhe.

- Está bem. – Respondeu ela.

- Agora tenho de comer. – Disse sorrindo.

- A comida que a mãe fez está no forno para não arrefecer. – Disse ela.

- Está bem. – Respondi. Ela continuou a comer a sua peça de fruta. Eu fui buscar um prato e servi-me. Comi num instante e depois de pôr a minha loiça na máquina, fui com a Rose para a sala. A Alice estava a dormir e a minha mãe estava sentada ao lado dela a ver um programa de televisão. Sentámo-nos no outro sofá e ficámos a falar um com o outro. Há muito tempo que não fazíamos isto. Eu tinha tantas saudades da minha irmã. Reparei que ao longo da conversa ela dava-me sorrisos sinceros. Sorriso que não via há muito tempo. Falámos durante um grande bocado mas fomos interrompidos pela Alice. Ela já estava inquieta há algum tempo mas não dei muita importância. Agora reparei que ela transpirava e estava ofegante como se estivesse com medo de algo.

- Parem… por favor, parem… - Disse ela baixinho durante o sono. - … não lhe façam mal… - Continuou ela. Conseguia perceber que as lágrimas percorriam as suas bochechas. O meu coração apertou-se em vê-la assim. Não sabia com o que ela estava a sonhar. Levantei-me e fui para o pé dela e acariciei-lhe as bochechas e acariciei-lhe a cabeça. A minha mãe estava ao meu lado muito preocupada e a Rose, estava confusa como eu. Não sabíamos o que estava a acontecer. As lágrimas começaram a escorrer-lhe pelas bochechas com mais fluidez e depois ela abriu os olhos. Ela estava completamente aterrorizada. Via-se pela expressão dos seus olhos.

Alice

Caí num sono profundo. Eu não gostava de cair num sono profundo. Quando isto acontecia, eu sonhava com aquela noite. As memórias apoderavam-se de mim e eu não tinha qualquer controlo sobre elas. Elas magoavam-me, faziam a ferida do meu coração voltar a abrir. Eu estava melhor em relação aos pesadelos mas, infelizmente, ainda os tinha. Muitas noites via o meu irmão a perder a vida, via a arma apontada a mim, sentia o medo que tinha sentido naquela noite, sentia um vazio enorme porque o Sean ainda me fazia muita falta. Ainda sentia imensas saudades dele. Ainda doía cá dentro, quando pensava nele.

- Parem! Por favor, parem! – Disse. Não queria perder Sean. Ele era tudo o que tinha. Ambos os homens não me deram ouvidos. – Por favor, não lhe façam mal. Levem tudo o que quiserem mas não lhe façam mal. – O que tinha a arma, empurrou-me. Cai e bati com a cabeça num dos móveis. Sentia o sangue a escorrer e estava a ficar tonta. Ardia no sítio onde tinha batido.

- Não lhe façam mal! – Gritou o meu irmão. Os homens fartaram-se de lhe bater e estavam a preparar-se para mata-lo. Levantei-me bruscamente e corri até eles. O que tinha a faca, reparou e veio ao meu encontro. Agarrou-me e começou a bater-me. Acabou por me atirar para o chão e começar a pontapear-me. Chegou a cortar-me algumas vezes com a faca. Eu apenas gritava e chorava. Eu preferia morrer. Faziam-me um favor se me matassem. O que valia eu estar aqui para sofrer. Ninguém me amava. O Sean apenas estava comigo por obrigação, ele sentia que tinha o dever de cuidar de mim. Não tinha amigos, não tinha família. Que falta faria eu? O homem da faca pegou-me e virou a minha cabeça para eu conseguir ver o meu irmão e o outro homem.

- Por favor, larguem-na. Façam o que quiser comigo, levem o que quiser mas larguem-na. – Suplicou o Sean.

- Porque haveríamos de larga-la? – Perguntou o homem com a arma. – Vamos acabar com isto tudo antes que apareça a polícia! – Disse ele severo. De repente, disparou contra o meu irmão e a única coisa que consegui perceber, foi o meu irmão a cair lentamente e ficar fixamente a olhar para mim, já morto. Tinha um buraco na cabeça de onde escorria imenso sangue. Perdi tudo o que tinha. Não tinha mais nada, mais ninguém. De seguida, o homem da arma virou-se para mim e disparou. Apenas lembro-me de sentir uma enorme dor no meu ombro.

Acordei em pânico. O medo percorria o meu corpo. A minha visão estava turva por causa das lágrimas. Levei a mão à cara e limpei-as mas de seguida vieram outras. Era sempre assim. Ficava assim por algum tempo e depois acalmava. Eu só queria não ter pesadelos. Eu não queria lembrar-me mais daquela noite e a minha mente fazia questão em lembrar-me quase todas as noites. Percebi que o Jasper estava ao meu lado e abracei-o com toda a força, como se a minha vida dependesse disso e continuei a chorar. Ele deixou-me acalmar e não me perguntou nada. Quando consegui acalmar, limpei as minhas bochechas que estavam molhadas das lágrimas e recostei-me no sofá.

- Estás mais calma? – Perguntou o Jasper acariciando a minha bochecha. Afirmei com a cabeça. – Queres contar-nos com o que estavas a sonhar? – Perguntou ele docemente. Baixei a cara e senti uma lágrima singela a descer-me pela bochecha. Limpei-a rapidamente, não queria voltar a chorar.

- Com a noite em que o meu irmão morreu… - Disse baixinho.

- Ó querida, anda cá! – Chamou-me a Esme. Ela abraçou-me e eu aconcheguei-me nela. Sabia bem, estar nos braços dela, fazia esquecer-me das imagens que se apoderaram da minha mente. Fazia-me esquecer por momentos, aquela noite. – Não queres desabafar connosco? – Perguntou ela ternamente. – Não queres partilhar o que aconteceu essa noite? – Afirmei com a cabeça. Precisava de deitar isto cá para fora. Precisava que alguém aceitasse um bocado da minha dor para não me doer tanto. A ferida estava completamente aberta e exposta e doía muito só de pensar no Sean.

- Eu já só estava com o Sean, o meu irmão. Já era um pouco tarde quando bateram violentamente à nossa porta. O Sean não abriu a porta, então eles arrombaram-na. Eles eram dois e um vinha armando com uma arma e outro com uma faca. Eles começaram a bater no Sean e eu tentei pará-los, então o que tinha a faca começou a bater-me e a cortar-me. Depois o Sean pediu para me largarem. Eles começaram a ficar com medo que a polícia aparecesse e dispararam sob o meu irmão e depois sob mim. A partir daí não me lembro de mais nada, só sei que acordei no hospital. – Contei já entre soluços. Ninguém disse nada, ficou tudo em silêncio. Voltei a acalmar, parei de chorar.

- Melhor? – Perguntou a Esme ternamente.

- Sim. – Disse baixinho.

- Ainda bem, querida. – Disse ela acariciando a minha bochecha.

O resto do dia passou-se normalmente. Não vomitei mais nenhuma vez, mas a febre não baixava por nada. Passei o dia todo com febre. Por volta das sete da tarde, o Carlisle apareceu lá na instituição para ver como é que eu estava e para me trazer o antibiótico. A Esme contou-lhe que eu vomitei duas vezes e ele ficou um pouco preocupado mas depois disse para eu tomar o antibiótico a horas e descansar que devia melhorar num instante. Era o que eu mais queria! Era melhorar, estava farta de estar doente. Depois a Esme, o Carlisle e a Rose foram para casa e eu fiquei com o Jasper na instituição. Ficámos a ver televisão, aconchegados, um no outro e depois ele obrigou-me a comer. Eu não queria comer porque estava com medo de vomitar outra vez mas o Jasper teimou que eu tinha que me alimentar e acabei por comer um bocado. Adormeci cedo e dormi bem, sem nenhum pesadelo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo! Eu gosto especialmente da parte em que o Jasper e a Rose fazem as pazes. Adoroo, mesmoo! Espero que também tenham gostado! Espero os vossos comentários e se possivel da vossa parte, as vossas recomendações!
Beijinhos
S2