O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 20
Capítulo 20




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A tensão no ambiente era notável. Os olhos azuis de Sirius e os verdes de Harry estavam fixos um no outro e o mais novo não fazia nenhum movimento, esperando com uma frieza imprópria em alguém da sua idade, aguardando que o foragido desse o primeiro passo para que então pudesse contra-atacar. Enquanto Sirius o contemplava, Harry o estudava com cruel indiferença, e Draco e Theo eram apenas espectadores assustados daquela impensada cena. Uma varinha, provavelmente roubada, girava pelos magros dedos de Black num claro sinal intimidador, mas Harry continuava impassível, encarando-o como quem observa qualquer estranho. E os minutos pareceram eternos. Até que o pequeno Lord decidiu perguntar:

- Então, Black, o que está esperando? – seu tom era gélido e cortante – Não vai acabar o que começou? Não pretende me matar?

Sirius, que até então estava perdido na imagem de James Potter à sua frente, com os belíssimos olhos de Lily, arqueou uma sobrancelha diante de tais perguntas.

Matá-lo?

Não.

Nunca!

Ele era tudo o que tinha.

- Não diga uma coisa dessas, Harry... – sua voz estava seca e rouca. Dava a impressão de que há muito tempo ele perdera o hábito de usá-la.

- Oh, sinto muito. Então o que vamos fazer? Sentar-nos e tomar uma xícara de chá?

- Harry... – o homem, contudo, parecia nem ouvi-lo. Estava perdido nas esmeraldas que um dia pertenceram à sua amiga e aos traços, ainda que bem mais finos, que lembravam claramente os de seu melhor amigo – Você... Você é igualzinho a eles...

- O que?

- Você é igualzinho aos seus pais.

- E por causa disso você vai me matar, acertei? Porque você traiu os seus melhores amigos e agora quer terminar o serviço.

Aquelas palavras foram cravadas de tal forma no coração de Sirius que nenhuma adaga afiada proporcionaria tamanha dor. Ele não traíra seus amigos. E jamais pensaria em matá-lo. Agora Harry era tudo o que tinha, era a sua família.

- Eu não traí seus pais, Harry, nunca o faria... – seus apagados olhos então seguiram em direção a Theodore e se encheram de ódio – Foi esse maldito! Esse covarde! Ele ajudou a levar Lily e James à morte!

- Quem? Eu? Você é maluco?

- Você está louco Black! O Theo não tem nada haver com isso!

- Ele não! – grunhiu impaciente – O rato!

E aquilo caiu como uma bomba para os três Slytherins.

O rato...?

- Black, os Dementadores realmente acabaram com o seu cérebro.

- Ele não é um rato, Harry, é um animago. Esse maldito é Peter Pettigrew! – explicou com um misto de desgosto e ódio – Ele era amigo dos seus pais também, mas foi covarde de mais e os entregou à morte!

- Você está louco... – murmurou Harry. Mas agora se lembrava de ver este nome no Mapa do Maroto quando dava suas escapadas noturnas. Havia imaginado, porém, que fosse apenas um aluno curioso vagando pelo castelo ou procurando um lanchinho noturno na cozinha.

- Veja, ele não é um rato comum, há um dedinho faltando. E isso foi a única coisa que dizem que sobrou de Pettigrew, porque o covarde cortou o próprio dedo para dizer que eu o matei! Ele entregou os Potter e depois fugiu! E eu o teria matado, mas ele escapou!

- Prove – disse simplesmente.

Sirius respirava fundo, segurando-se para não lançar um Avada Kedrava no maldito rato naquele mesmo instante, pois Harry precisava vê-lo e saber que ele estava falando a verdade.

- Me entregue o rato.

- Harry...

- Entregue a ele, Theo.

Com um rápido balançar de cabeça ao amigo, Theodore entregou o rato a Black, que o segurou apertado em uma das mãos enquanto mantinha a varinha na outra. Um lampejo branco-azulado saiu da varinha e impactou diretamente o corpo do roedor, que se contorcia tentando escapar, e por um instante ele parou no ar, o corpinho cinzento revirando alucinadamente. Segundos depois o rato caiu e bateu no chão. Seguiu-se um lampejo ofuscante e então, não demorou muito, e surgiu uma cabeça no chão. Em seguida, brotaram os membros um a um, e logo depois havia um homem onde estivera o rato, apertando e torcendo as mãos.

Era um homem muito baixo, apenas um pouco mais alto do que Harry. Seus cabelos finos e descoloridos estavam malcuidados e o cocuruto da cabeça era careca. Tinha o aspecto flácido de um homem gorducho que perdera muito peso em pouco tempo, mas ainda conservava uma barriga protuberante. A pele estava enrugada, e havia um ar de verdadeiro roedor em volta do seu nariz fino e dos olhos muito miúdos. Ele olhou para os presentes, um a um, respirando raso e depressa. Harry viu seus olhos correrem para a porta e voltarem.

E antes que alguém pudesse dizer qualquer coisa, Pettigrew correu para porta. Mas não contava que esta fosse ser aberta e que o alto e magro corpo do Prof. Lupin interceptasse a sua fuga. Remus estava perplexo. Os olhos castanhos, arregalados, mostravam que ele havia escutado toda a conversa e só agora percebera que há 12 anos julgara Sirius Black errado. Céus! Como não notou isso antes? Pettigrew estava parado à sua frente, tremendo, como quem sabe que deve uma boa explicação e que pode perder sua vida a qualquer momento. Aquele... Aquele era o verdadeiro traidor!

- Sirius... – Remus murmurou – Eu ouvi tudo. Oh Merlin...

Os olhos de Black se viram nublados por alguns segundos.

Remus...

O seu querido Remus, o seu amigo e grande amor do passado, agora também sabia a verdade.

- Perdoe-me.

- Agora você sabe o que aconteceu realmente, é isso que importa.

- Então... – Harry os interrompeu com um ar causal. Por um lado não entendia o que o Prof. Lupin fazia ali, mas por outro podia ver que Black estava dizendo a verdade. E aquilo era no mínimo muito estranho – Vocês vão se abraçar agora ou o que?

- Harry, a verdade é que...

- S... Sirius... R... Remus... – a voz de Pettigrew, contudo, interrompeu o professor. Sua voz trêmula lembrava um irritante grunhido – Meus amigos... Meus velhos amigos...

- SEU DESGRAÇADO!

- Sirius! – Remus correu para segurá-lo – Ainda não, Harry precisa ouvir do traidor o que realmente aconteceu!

- Não, por favor, não parem por mim – o menino replicou com sarcasmo. Aquilo tudo estava muito estranho. Então o tal Pettigrew havia entregado Lily e James Potter para os muggles os assassinarem e Black fora inocente todo este tempo, mas por culpa de Pettigrew acabou condenado a apodrecer em Azkaban. E agora que havia escapado queria vingança.

Bom, nada mais justo.

- Certo – Sirius respirou fundo – Diga a ele, sua rata imunda, diga como você entregou Lily e James à morte.

- Eu... Eu não sabia... Fiquei com muito medo... Era... Era assustador...

Harry apenas revirou os olhos. Somente um maldito covarde como aquele poderia achar um bando de muggles imbecis assustadores.

- Você deveria saber, Peter, se eles não o matassem nós o faríamos.

- Mas... R... Remus... Por favor... Eu não... Eu não queria...

- POR SUA CULPA ELES ESTÃO MORTOS! VOCÊ NÃO OS AJUDOU! VOCÊ OS ENTREGOU E DEIXOU QUE MORRESSEM!

- Mas... S... Sirius... Eu estava assustado... O que... O que você teria feito?

- EU MORRERIA! EU PREFERIA MORRER A TRAIR OS MEUS AMIGOS!

Naquele instante, Harry encarou o fugitivo profundamente. Não se parecia com o homem desonrado que seu pai lhe falara. Aquele homem teria dado a vida pelos seus pais e isso fez uma sensação estranha e cálida se instalar no seu peito. Sirius Black, com certeza, não era como ele pensava.

- Por Merlin... - Pettigrew murmurou. E ao ver Sirius lhe apontar a varinha, não pensou duas vezes e correu mais uma vez para a porta. Mas Harry já esperava o movimento e o interceptou antes que ele pudesse escapar dali.

- Indo a algum lugar?

- H... Harry... Você é igualzinho aos seus pais... – gaguejou com os olhos falsamente lacrimejantes.

- Céus, mais um com esse papo – Harry pensou em voz alta.

- Sim, é a cara do James, mas os olhos...

- COMO OUSA? – Sirius rugiu – COMO OUSA FALAR COM O HARRY? COMO OUSA FALAR DO JAMES NA FRENTE DELE?

- Saia de perto dele! – agora Lupin também parecia nervoso.

- H... Harry... Por favor... Seu pai... Ele não ia querer que me matassem.

O menino, contudo, deixou seu sorriso mais cínico adornar a face:

- Não, ele provavelmente o torturaria antes.

- O que? – Pettigrew arregalou os olhos. Aquela, com certeza, não era a resposta que esperava.

- Agora se me der licença, suas lágrimas falsas estão manchando os meus sapatos e suas mãos imundas amarrotando a minha túnica.

- H... Harry...

- Você não passa de um verme insignificante.

E com essas suaves palavras, Harry o chutou para o centro do quarto como quem espanta um animal sarnento, jogando-o aos pés de Sirius:

- Está esperando o que, Black?

O aludido, por alguns segundos, ficou em choque com a atitude de Harry. Mas logo observou o trêmulo corpo aos seus pés que era o responsável pela morte daqueles que um dia tanto amara. Assim, não pensou duas vezes antes de apontar a varinha e dizer as simples palavras:

- Avada Kedrava.

Na mesma hora, Peter Pettigrew parou de se mover. Seu corpo jazia sem vida no chão imundo da Casa dos Gritos. Remus desviara os olhos para não ver o raio verde que matara seus amigos fazer uma nova vítima. Theo e Draco eram meros espectadores ali, mas também desviaram os olhos, estranhamente desconfortáveis com aquele ato brutal. Harry, contudo, havia assistido de maneira fria e impassível, e agora esperava que Black fizesse seu próximo movimento, pois o trabalho ali já estava feio. Ele não queria mais nada, queria?

- Harry... – Sirius murmurou. Seus olhos haviam recuperado um pouco de vida, pois a justiça fora cumprida – Harry, agora nós podemos ficar juntos.

O menino, no entanto, arqueou uma sobrancelha.

Ok. Aquilo era novidade...

- Juntos? E por que eu desejaria isso?

- Eu sou seu padrinho, Harry. Lily e James me fizeram seu padrinho! Não é verdade, Remus? – perguntou com evidente orgulho.

- É sim – o professor respondeu com um sorriso triste. Não queria que o animago se decepcionasse, mas... Era a vida.

- Meu padrinho? – Harry questionou devagar.

- Sim, o seu único parente vivo. Fora os seus tios muggles, mas acredito que você prefira viver com um mago, não é verdade? Podemos nos conhecer melhor e ser uma família, Harry. O que acha de uma casa no campo? Eu sei que será um pouco difícil agora, porque estou fugindo, mas logo podemos nos assentar num lugar bem bonito e...

- Desculpe interromper o seu lindo sonho azul, Black, mas eu já tenho um padrinho.

- O que...?

- Lucius Malfoy – respondeu com calma e serenidade – Ele é meu padrinho.

Remus apenas teve tempo de correr e segurar Sirius, para que este não caísse sentado com o choque daquela repentina notícia.

Não.

Não podia ser verdade.

-x-

Lucius Malfoy...

Lucius Malfoy...

LUCIUS MALFOY!

Aquilo só podia ser brincadeira. Uma piada de mau gosto. Sirius não piscava, sequer respirava, tentando fazer seu cérebro assimilar aquela informação. Informação que era completamente equivocada, pois nunca um conhecido Comensal da Morte, arrogante, presumido, preconceituoso e com ideais de pureza de sangue poderia ROUBAR o seu lugar na vida de Harry. O lugar que era apenas seu na vida do SEU AFILHADO.

- Harry... – Sirius o encarou com um ligeiro tique no olho direito – Você está enganado. Isso... Isso não pode ser certo, os seus pais...

Uma voz fria e desdenhosa, contudo, interrompeu o herdeiro dos Black:

- Ora, ora, ora. O que temos aqui? Uma festinha?

- Snape... – Remus revirou os olhos.

- Bem que eu disse ao Dumbledore que você estava ajudando o seu amiguinho a entrar no castelo.

- É apenas um mal entendido...

- Oh sim, sem dúvida Lupin, mas tenho certeza de que os Dementadores não pensarão da mesma maneira.

- Era só o que me faltava – Sirius grunhiu irritado – O que você quer aqui ranhoso?

Severus, porém, apenas sorriu:

- Sonhei tanto que fosse eu a encontrá-lo. Quero entregá-lo pessoalmente aos Dementadores.

- Sirius é inocente, Snape. Veja o corpo de Pettigrew no chão, ele era o traidor.

- Hum... Pode ser Lupin, mas agora que o imbecil do Black o matou, tornou-se um assassino e receberá o Beijo do Dementador assim mesmo.

Um leve estremecimento, inconscientemente, percorreu o corpo de Sirius.

- Estou detectando um sinal de medo? – o Prof. de Poções sorria – Oh sim, estou sim.

- Por que você não volta às masmorras para brincar com o seu kit de química, Snivellus?

- Me dê apenas um motivo, Black – murmurou com ódio, juntando a varinha no pescoço do animago.

Harry, que naquele momento trocava um significativo olhar com o namorado, decidiu intervir. Afinal, o imbecil do Snape não tinha o direito de segui-lo para espionar sua vida.

- Professor, se não se importa, é uma conversa particular.

- Silêncio, garoto, não vê que eu estou salvando a sua vida?

- Oh Merlin, o senhor não tem nada mais interessante para fazer, professor, ao invés de ficar me seguindo? Estou começando a achar que é algum fetiche seu.

- Ora, seu moleque...!

- Que Salazar me dê paciência – revirou os olhos e com apenas um balançar de varinha murmurou – Expelliarmus!

Na mesma hora, o corpo do Prof. de Poções saiu voando e impactou na cama velha que acabou vindo abaixo com ele. Ficaria desacordado pelo menos por uns vinte minutos, Harry calculou.

- Bom, onde estávamos? – sorriu.

- Harry... – Sirius parecia emocionado. Seu afilhado não duvidara em atacar o ranhoso imbecil. Isso mostrava o quão semelhante ele ainda era com o seu falecido pai. Contudo, naquele instante, Sirius pareceu reparar na túnica que o menino usava. E havia uma coisa muito estranha ali – Harry, onde está o escudo Gryffindor?

- Escudo Gryffindor?

- Por que você está usando essa túnica horrível de serpente?

- Porque eu sou uma serpente, oras.

- Uma o que?

- Sou um Slytherin, Black, com muito orgulho.

- Não pode ser...

- Certo, que seja – revirou os olhos. Aquela conversa era no mínimo bizarra – Voltando ao assunto de antes Black, eu agradeço o oferecimento, mas já tenho um padrinho e é claro também tenho uma família. Contudo, se você deixar o velhote maluco de lado talvez você possa se juntar a nós. Eu explico para o meu pai que no final das contas você não era um traidor.

- Para o seu pai? – perguntou lentamente, temendo a resposta.

E naquele momento, Remus teve pena do amigo.

- Sim, meu pai, Tom Riddle – sorriu com verdadeiro orgulho – Se eu explicar que você não é um traidor e que decidiu deixar o imbecil do Dumbledore de lado, talvez você possa se tornar um Comensal da Morte, afinal, como um Black seria uma grande honra para a sua família.

Certo, Sirius entendia o que estava acontecendo ali. 12 anos em Azkaban podem fazer isso com a mente de uma pessoa. Sim, ele estava alucinando. Esta era a única explicação plausível. Harry, o único filho dos seus melhores amigos, o pequeno bebê que tantas vezes ele pegou no colo, o seu afilhado, não podia sorrir com orgulho e admiração ao pronunciar o nome Tom Riddle e associá-lo com a palavra pai. Não... Alguma coisa estava errada... Tom Riddle, Voldemort, ele matara Lily e James, Harry não podia sorrir ao pronunciar aquele nome, muito menos chamá-lo de pai. Era inverossímil. Era loucura!

- Harry... Esse homem... – começou com a voz quebrada, mas o menino o interrompeu:

- Não se preocupe, se você deixar de acreditar nas mentiras do Dumbledore e oferecer sua lealdade, papai poderá aceitar você no circulo interno de Comensais, eu falo com ele.

Ok. Isso foi demais para um pobre Sirius Black e seu temperamento impulsivo:

- ESSE HOMEM É UM ASSASSINO!

- Sirius... – Remus tentou detê-lo. Mas era tarde de mais. Draco e Theo, ao verem Harry apertar os punhos e segurar com firmeza a varinha, apenas trocaram um olhar cúmplice. Aquilo não era um bom sinal, não para o Black.

- ELE É UM MALDITO ASSASSINO, HARRY! ESSE DESGRAÇADO, ELE MATOU OS SEUS...

- CHEGA! – o pequeno Lord interrompeu. A varinha faiscando na direção de Sirius – É melhor você calar a boca, Black, se não quiser sair daqui carregado como Pettigrew e Snape!

Havia tanto ódio nos olhos do menino, em contraste com a voz gélida, que levou o herdeiro dos Black a dar um passo para trás. Não, aquele não era o Harry Potter que ele esperava encontrar. Bom, aquele não era Harry Potter, mas sim, Harry Riddle. E este encarava o fugitivo com verdadeiro ódio. Como ele ousava falar aquilo do seu pai? Como ousava repetir as bobagens que Dumbledore dizia? Em pensar que havia cogitado arrumar um posto para ele nas altas filas de Comensais, por ver que o animago não era um traidor, que teria dado a vida pelos Potter e de acordo com os mesmos, deveria ser seu padrinho.

- Harry...

- É melhor você ir embora, Black. Querendo ou não agora você é um assassino.

- Mas...

- Quando você acordar para a realidade e notar que Dumbledore o deixou apodrecer em Azkaban mesmo sendo inocente, e assim parar de repetir as idiotices que ele fala do meu pai, espero encontrá-lo novamente. Por enquanto, é melhor você ir embora, pois não duvidarei em lançar um Avada Kedrava em você se ousar falar assim do meu pai mais uma vez, entendeu bem?

- Sirius, por favor, os Dementadores já devem ter notado a movimentação – Remus interveio, antes que o perplexo animago pudesse dizer mais alguma coisa – Eles não demorarão a chegar. Você já acabou com Pettigrew, agora as coisas ficarão mais fáceis.

E por coisas mais fáceis, Sirius entendeu que Harry logo estaria com ele. Afinal, o filho de seus melhores amigos devia estar sob um poderoso feitiço para considerar um monstro sem coração como Voldemort seu pai, não é mesmo? De qualquer forma, Remus o ajudaria. E no final das contas os três ficariam juntos, como uma família, a família que Sirius sempre sonhou.

- Eu preciso ir, Harry, mas logo voltarei para buscá-lo – sorriu sonhadoramente. E em seguida, transformou-se no enorme cão negro que abocanhara a perna de Theo, para fugir pelo mesmo lugar que entrara. Lançando um último olhar a Harry e Remus, as únicas pessoas que importavam na sua vida, ele correu para escapar mais uma vez dos Dementadores que se aproximavam dali.

- Esse homem está louco.

- Harry...

- Eu sinceramente não sei o quanto o senhor está envolvido nisso, professor, e não quero saber. Mas é bom que senhor tenha em mente que eu jamais sairei do lado do meu pai, entendeu? Espero que deixe isso claro para o seu amiguinho na próxima vez que o vir.

- Ele apenas ficou emocionado – suspirou – Como é seu padrinho e...

- Lucius Malfoy é meu padrinho – cortou friamente.

- Entendo.

- Melhor voltarmos a Hogwarts. Mas vamos deixá-lo aqui, professor Lupin, afinal, hoje é lua cheia.

- Como... Como sabe?

- Sou um Riddle – sorriu com auto-suficiência, dando uma piscadinha marota – Achou mesmo que eu não fosse me dar conta?

Remus apenas sorriu. E com um simples feitiço, Harry levitou Theodore para que assim pudesse levá-lo a enfermaria.

- Harry – o namorado, contudo, o chamou – Vamos... Er... Vamos deixar o meu padrinho aqui?

- Bem que eu gostaria – suspirou resignado – Vai, anda, levite-o também. Quero voltar logo ao castelo para poder descansar. O dia foi muito longo hoje.

E com um suspiro, levitando cuidadosamente o amigo, Harry saiu do quarto deixando Lupin e o corpo de Pettigrew para trás. Pelo menos o Lobisomem teria um lanchinho noturno, pensou com um sorriso, enquanto seguida de volta ao castelo.

-x-

Horas depois, Harry e Theodore se encontravam na enfermaria. Draco havia se negado a permanecer ali, pois de acordo com ele, Black poderia fazer chiclete de Nott que seria um favor à humanidade. Então o pequeno Lord se acomodou em uma cadeira ao lado da cama para fazer companhia ao amigo que precisara engessar a perna, assim os dois passaram as horas conversando sobre o ocorrido. Theo concordava com Harry, imaginando que Black seria um bom Comensal se deixasse a lavagem cerebral de Dumbledore para trás, mas sabendo o seu lugar, o qual com certeza não era fazendo parte da família de Harry, pois esta se bastava com duas pessoas e duas serpentes.

- Sinto muito, Theo, por minha culpa você está com a perna desse jeito.

- Na verdade, a culpa foi daquele rato – sorriu divertido, fazendo Harry sorrir também.

- Acho que eu nunca esperaria um dia como este. Descobrir que Black fora condenado injustamente, assistir a morte do verdadeiro culpado, ficar sabendo da existência de um padrinho foragido... Céus, meu pai não pode nem sonhar que eu fiquei cara a cara com o Black.

- Você vai contar para ele?

- É claro. Não existe segredo entre a gente. Bom, não depois que ele descobriu o meu namoro com o Dray... Er... Desculpe.

Os apagados olhos azuis de Theo haviam desviado para o chão. E antes que um incômodo Harry continuasse a se desculpar, ele suspirou e disse:

- Tudo bem. Não se preocupe, eu posso ouvir a palavra namoro aludindo vocês dois.

- Theo, eu sinto...

- Você é feliz? – perguntou seriamente, encarando as belas esmeraldas do menino.

- Se eu sou feliz?

- Sim. Malfoy faz você feliz, Harry?

- É claro. Eu o amo, Theo. E ele me faz muito feliz – respondeu com sinceridade.

- Então é isso que importa – deixou um leve sorriso adornar o seu rosto deprimido – Eu tenho certeza de que ele não é a pessoa certa para você. Certeza de que você ainda irá se arrepender. Mas se você está feliz agora, conte com o meu apoio. Eu nunca vou aceitar esse namoro, mas prometo não me intrometer, porque eu quero ver você feliz Harry, é por isso que eu vivo.

- Theo... – murmurou surpreso.

- Eu vivo para ver você sorrir. E para garantir que este sorriso nunca morra. Então não se esqueça, quando Malfoy o decepcionar, conte comigo para destroçá-lo e para estar ao seu lado.

- Obrigado, Theo. Eu tenho muita sorte de ter você comigo – sorriu com carinho, depositando um suave beijo na testa no amigo – E se um dia o Draco me decepcionar... Bom, estou certo de que você vai precisar entrar na fila para destroçá-lo.

Assim, compartilhando gostosas gargalhadas e aproveitando para retomar conversas que há tempos sentiam saudade, os dois viram aquele intenso e problemático dia finalmente chegar ao fim. Agora corriam apenas rumores de que os Dementadores deixariam o castelo, pois mais uma vez não conseguiram capturar Sirius Black, que atualmente fora avistado indo para longe dali. O próprio diretor, sutilmente, aproximou-se de Harry na enfermaria para sondar informações a respeito e ganhou apenas um sorrisinho cínico acompanhado da mais inocente voz afirmando: "Passei o dia inteiro fazendo os meus deveres, senhor diretor, e agora estou acompanhando o Theo, pois ele caiu da escada. Garanto que não vi nem sinal do Black. Cá entre nós, o professor Snape deve ter sonhado, o senhor sabe como ele tem estado neurótico nesses últimos dias".

E preço nenhum pagaria pelas expressões furiosas do diretor e do Professor de Poções.

-x-

Mais um ano letivo chegava ao fim. Naquele instante, os estudantes de Hogwarts se encontravam no Salão Principal desfrutando de um dos últimos cafés da manhã que encerrava o semestre, em meio a risadas, conversas e muita bagunça. Na mesa das serpentes, é claro, não poderia ser diferente. Pansy enchia os ouvidos de um pobre Blaise com comentários venenosos a respeito do penteado horrível de algumas meninas do quinto ano, enquanto Harry e Theo conversavam sobre o livro com o qual o herdeiro da fortuna Nott havia presenteado o pequeno Lord no Natal, e obviamente Draco fuzilava o rival com o olhar, fingindo estar concentrado nas baboseiras que diziam Crabbe e Goyle com suas bocas cheias de comida, mas sem perder uma palavra do que o namorado e o insuportável Nott diziam.

Não demorou muito e o correio chegou. Dezenas de corujas adentraram no Salão Principal com cartas e pacotes em suas patas ocasionando o aumento do natural alvoroço que já acontecia ali. Edwiges logo se destacou entre as outras, voando lado a lado com Edward e trazendo o que Harry já esperava: um pacote com seus doces favoritos e uma carta de seu pai dizendo de forma elegante e impessoal, como apenas um Lord das Trevas sabe fazer, que estava ansioso para sua chegada à mansão e o aguardava com vários presentes. Harry ainda não havia contado sobre o seu encontro com Black, pois preferia fazê-lo pessoalmente, caso contrário seu pai já teria aparecido em Hogwarts e o arrastado para casa pela orelha e ele, sem dúvida, queria evitar isso.

- Vocês ficaram sabendo que o Lupin vai ser afastado?

- Sim, ele me falou Blaise – Harry suspirou, lançando um breve olhar ao tranqüilo castanho que conversava com a professora de Adivinhação – Parece que o imbecil do Snape deixou escapar sua verdadeira condição para o conselho de pais.

- Meu padrinho pode ser muito vingativo às vezes.

- E idiota.

- Falando em padrinho, Harryzito, qual foi a reação do Lord?

- Ainda não contei a ele, Pansy, vou contar quando chegar em casa.

- Nossa – a menina suspirou – não quero nem pensar, eu mesma fiquei chocada depois de ouvir tamanha história.

- Todos nós ficamos – Blaise concordou.

- Se eu bem conheço o meu pai... – Harry, contudo, não pôde concluir a frase. Naquele momento, um enorme pacote foi largado por uma coruja mal-humorada à sua frente. – O que...?

O pequeno Lord conhecia muito bem o formato daquela embalagem, mas não entendia o porquê de receber algo como aquilo de maneira tão repentina. Porém, não ficou divagando por muito tempo e logo se pôs abri-la, deparando-se com um dos melhores presentes que ele, como bom apanhador, poderia pensar:

- É uma Firebolt! – Draco murmurou embelezado. Toda a mesa Slytherin, praticamente, e alguns alunos das outras casas haviam se aglomerado em volta de Harry para observar aquela vassoura que era nada mais, nada menos, usada apenas pelos melhores jogadores profissionais da temporada.

- Uau! O Lord se superou!

- O que você fez para ganhar um presente assim, Harryzito?

- Não sei, Pan. Não sei mesmo... – intrigado, Harry deixou que o namorado e os outros se divertissem inspecionando a vassoura, e apanhou o pequeno cartão que a acompanhava.

E ele com certeza não esperava por aquilo:

Caro Harry,
Por favor, considere esta vassoura o equivalente a treze anos de presentes do seu padrinho.
Estou escondido, e não se preocupe porque os Dementadores não têm a menor esperança de me encontrarem aqui,
não vou lhe dizer onde, caso esta coruja caia em mãos indesejáveis.
Mas se você precisar de mim, mande me dizer, sua coruja me encontrará.
Escreverei novamente em breve, ainda temos muito o que conversar.
Seu padrinho,
Sirius Orion Black

- Uau! – Draco sorria animado, mas o sorriso logo se perdeu ao observar a expressão ligeiramente consternada do namorado – O que o Lord disse?

- O presente não é do meu pai – murmurou para que apenas o seu grupo escutasse – É dele.

- Dele...?

- Black.

Todos arregalaram os olhos e Harry soltou um suspiro. Mas quando olhou para a vassoura, não pôde evitar um sorriso, seu pai, pelo visto, teria concorrência esse ano. E se havia uma coisa que o Lord das Trevas detestava, era a concorrência.

-x-

- CHEGUEI! – um animado Harry gritou, deixando McNair com as malas no corredor da mansão e correndo para o escritório, onde seu pai provavelmente estaria. O Expresso Hogwarts havia saído adiantado e assim, para sua alegria, ele chegara mais cedo em casa.

- Por que você não me comunicou imediatamente, imbecil?

- Sinto muito, Mi Lord, mas esta semana... Dumbledore, ele...

- Silêncio!

- Papai...? – Harry murmurou, abrindo a porta e se deparando com a enfurecida face de seu pai. Este parecia conversar com alguém pela lareira.

- Continuaremos esse assunto depois – o Lord decretou, encerrando a conversa via Flu para se voltar ao recém chegado.

Harry mordia o lábio inferior suavemente, fazendo uso de sua expressão mais inocente, atitude que sempre adotava quando percebia tamanha irritação nos olhos de seu pai.

- Tem algo que você queira me contar, Harry?

- Eu... Bem, digamos que...

- Porque Snape acabou de me informar sobre um animado passeio à Casa dos Gritos que agora me deixou intrigado.

O menino apenas estreitou os olhos. Severus Snape, com certeza, estava em sua lista negra.

- O que aconteceu foi o seguinte papai... – Harry suspirou, acomodando-se no confortável sofá de couro negro, com o Lord ao seu lado, para relatar a história – Eu e o Draco estávamos passeando pelos arredores do Bosque da escola quando vimos que o Theo estava sentado sob o Salgueiro Lutador, conhece esta árvore?

- É claro.

- Então, eu fiquei preocupado e fui até ele para avisá-lo, mas de repente um enorme cão negro apareceu, abocanhou a perna dele e o arrastou para uma pequena passagem sob o tronco da árvore. Eu pensei que fosse o Sinistro, aquele presságio que a professora de Adivinhação não parava de falar, então...

- Você foi atrás dele. Sim, é claro que foi – grunhiu irritado – Não dá para negar o sangue Gryffindor.

- Sim, eu e o Draco fomos – revirou os olhos ao ouvir o comentário do Lord – E quando chegamos à Casa dos Gritos, que era onde a passagem levava, descobrimos que o cão não era bem um cão, mas sim um animago.

Tom apertou os punhos, ouvindo o filho continuar:

- Era Sirius Black. Mas ao contrário do que pensávamos, ele não estava ali para me matar, mas para matar o rato que estava no bolso do Theo...

- O rato?

- Sim, Peter Pettigrew, ele também era um animago. E foi ele, papai, quem entregou Lily e James Potter para que os muggles os matassem e depois fugiu matando estes muggles para colocar a culpa no Black.

- Oh – o Lord arregalou os olhos, surpreso – Foi ele que entregou os Potter para... Os muggles?

- Exato.

- Eles disseram isso?

- Bem, não exatamente. Falaram apenas sobre terem entregado Lily e James à morte, o que obviamente significa que foram entregues de bandeja para aqueles muggle que os mataram, não é verdade?

- É... É claro.

- Foi ele, papai, Pettigrew. Esse tempo todo ele era o culpado e deixou Black ser condenado no seu lugar.

- Entendo.

- Mas agora que Black o matou... Bom, tornou-se um assassino no final das contas.

- Ele o matou?

- É claro. Eu assisti e achei ótimo que finalmente houvesse justiça. O professor Lupin pareceu um pouco chocado, mas também ficou aliviado com...

- Quem?

- O professor de Defesa Contra as Artes Obscuras – Harry fez uma leve careta ao pronunciar a matéria – Ele também conhecera os Potter e o Black. E como é um Lobisomem, foi se esconder na Casa dos Gritos porque era lua cheia, e acabou se deparando com a situação.

- Remus Lupin... – os olhos escarlates se estreitaram perigosamente – E você conversou muito com ele?

- Sim, ele me contou histórias hilárias sobre Os Marotos e...

- Sei. E após matar o tal Pettigrew, o que Black disse?

- Ah sim, ele disse que era meu padrinho, você acredita papai? Pelo visto os Potter o nomearam meu padrinho quando nasci.

O coração de Tom, naquele momento, pareceu falhar uma batida.

- E o que você disse a ele?

- O óbvio. Coloquei-o no lugar dele dizendo que meu padrinho se chamava Lucius Malfoy e que o máximo que eu podia fazer era conversar com você para aceitá-lo nas filas de Comensais se ele esquecesse as bobagens com as quais o velhote imbecil havia enchido sua cabeça.

- Hum... – aquilo pareceu aliviar um pouco a pressão no peito do Lord.

- Mas pelo visto ele precisa de tempo para ver que Dumbledore não passa de escória, porque começou a gritar todas as bobagens que o velhote fala de você, até que eu o mandei calar a boca e o professor Lupin interveio, sugerindo que ele fosse embora, pois os Dementadores já se aproximavam.

- E...?

- E foi isso – sorriu inocentemente.

Tom ficou em silêncio por alguns minutos, apenas encarando a face angelical do menino à sua frente, os olhos verdes brilhando, e o gracioso sorriso dançando nos lábios rosados. Harry era seu filho e ninguém o separaria dele, mesmo que para isso ele precisasse matar, mentir, ludibriar... Não importava. Aquele menino trouxera uma nova razão à sua vida, e já não fazia diferença o fato de ele e ser a chave de sua vitória, mas sim a sensação daquelas belas esmeraldas o encarando com orgulho e admiração, como apenas um amoroso filho sabe fazer, algo que não tem preço e que ele faria qualquer coisa para manter dessa maneira. O Lord, portanto, não pensou duas vezes antes de inventar mais uma história para manter o menino ao seu lado, sem presenças indesejadas pelo meio:

- Entendo o que aconteceu, mas diga-me, então esse tal Lupin contou a você sobre os famosos Marotos?

- Hã? Sim, sim, contou – Harry parecia surpreso com a mudança repentina no assunto e o ar tranqüilo de seu pai.

- Ele disse quem fazia parte do grupinho?

- Bom, ele como Moony... E tinha também o Prongs, Padfoot e Wormtail.

- E ele contou quem eram estes?

- Não, na verdade não.

- Potter, Black e Pettigrew respectivamente – o Lord suspirou – Lupin não apenas os conhecera, mas fora melhor amigo deles.

- Oh...

- Por que ele não contou? – sorriu ao perceber que lera o pensamento do menino – Pense bem, Harry.

- Porque Dumbledore queria que ele se aproximasse de mim.

- Muito bem. E por que, mesmo com Hogwarts rodeada de Dementadores, Black conseguiu fugir ileso?

- Porque Dumbledore o ajudou.

- E qual o interesse dele?

- Que eu reconheça Sirius Black como meu padrinho e o professor Lupin como um amigo – suspirou irritado – Como não pensei nisso antes?

- Não se preocupe, pequeno, esse velho sabe ser muito ardiloso.

- Era tão óbvio. Os melhores amigos dos Potter sendo ajudados por Dumbledore a se aproximarem de mim... Céus, como ele joga baixo!

- Sem dúvida – puxou o menino para os seus braços – Por isso eu quero que você tenha cuidado, entendeu?

- Sim, você está certo papai. Eu quase confiei neles dois, mas não se preocupe, não vai acontecer novamente.

- Ótimo – sorriu ao ver o pequeno se aconchegar no seu colo.

Tom Riddle é um Slytherin, senhoras e senhores, ele não mede esforços para garantir os seus interesses. E se para garantir que Harry reconheça apenas ele como figura paterna, além de não correr risco de o menino descobrir a verdade, precisar mentir descaradamente como agora, ele não pensará duas vezes. O que importavam eram aquelas radiantes esmeraldas o encarando com verdadeiro carinho e admiração, reconhecendo-o como herói, vendo nele sua única família.

- Não quer se arrumar para o jantar, pequeno?

- Depende. Qual será a sobremesa?

- Sorvete.

- Êba! – com um radiante sorriso, Harry logo pulou do colo do mais velho. E este não pôde conter um sorriso ao ver o menino disparar para o quarto.

Sim, esta era a sua família.

E ninguém ousaria interferir nela.

Quem o fizesse sofreria as conseqüências. Ou ele não se chamava Tom Marvolo Riddle.

- Ele não tem jeito mesmo... – desde a porta, Nagini suspirava, metaforicamente é claro, imaginando que o Lord mais uma vez havia inventado uma história para o menino. Sua única preocupação era a reação de Harry quando descobrisse a verdade, porque uma hora ou outra ele descobriria, e ela apenas temia que fosse tarde de mais para que o Lord voltasse atrás em suas mentiras.

Afinal, a verdade se aproximava.

Era apenas uma questão de tempo.

Continua...


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