O Pequeno Lord escrita por TassyRiddle


Capítulo 19
Capítulo 19




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Para alegria dos estudantes de Hogwarts a época de Natal pareceu chegar mais cedo este ano. Assim, eles aproveitaram para seguir às suas casas com o intuito de desfrutar daquela data tão especial com suas famílias. As serpentes mais astutas de Hogwarts, obviamente, também aproveitaram aquela tão esperada época do ano para deixar os domínios de Dumbledore, podendo finalmente seguir ao aconchego de suas mansões. Pansy, neste Natal, passaria uma temporada com sua mãe em Paris enquanto seu pai fazia algumas viagens de negócios; Blaise, por sua vez, visitaria alguns parentes na Itália; Draco ficaria na Mansão Malfoy auxiliando seus pais com festas ostentosas e negócios de futuro; Theodore buscaria se trancar em sua suíte na Mansão Nott, esperando que seu pai passasse mais aquela temporada viajando e que o esquecesse, pois não queria acompanhá-lo em suas insuportáveis viagens de negócios; E Harry, por fim, não sabia o que este Natal lhe esperava, pois seu pai decidira fazer surpresa, mas estava certo de que adoraria.

- O amor é lindo – Pansy comentou divertida, observando o casal à sua frente.

- Cuide da sua vida, Parkinson.

- Ora, não seja cruel, Draquinho. Não vê que eu estou elogiando?

- Hum...

Harry apenas sorriu com o comentário da amiga. Os quatro se encontravam numa cabine do Expresso Hogwarts seguindo para a plataforma 9 ¾, de onde tomariam o caminho de seus respectivos lares. Sentados de um lado estavam Draco e Harry, o último languidamente recostado no namorado, e de frente para eles estavam Pansy e Blaise que não podiam deixar de se divertir à custa do casal. Contudo, antes que eles pudessem retomar as brincadeiras e as divertidas conversas, um repentino movimento indicou que a porta da cabine acabara de ser aberta.

O coração de Harry, inevitavelmente, apertou.

Frios olhos azuis o encaravam com ressentimento e decepção.

- O que você quer, Nott? – a irritada voz de Draco ressoou pela silenciosa cabine.

Mas o aludido não respondeu, apenas estreitou os olhos ao observar o rival abraçando com mais ímpeto um incômodo Harry. No entanto, Theodore não permitiu que sua máscara de impassibilidade se esvaísse e com elegância tirou um belo pacote prateado do bolso. O pacote em si possuía o formato de um pequeno livro e estava envolto com um laçarote negro.

- Não nos veremos no Natal, Harry, então eu queria lhe dar isto.

- Oh... Obrigado, Theo – murmurou surpreso, pegando o belo pacote que lhe era oferecido.

Ao abri-lo, Harry se deparou com um pequeno livro de capa negra aveludada e inscrições prateadas que diziam: "A Genealogia da Moral Mágica – Friedrich W. Nietzsche". E imediatamente um sincero sorriso surgiu nos seus lábios. Theo, provavelmente, escutara-o conversando com Blaise sobre o seu crescente interesse neste poderoso mago do século XIX que revolucionou a filosofia da magia. Mas antes que pudesse agradecer o incrível presente, uma gélida voz ao seu lado o interrompeu:

- Um livro velho... Grande presente, não sei como não pensei nisso antes – Draco sorria com maldade – O pior é que eu ainda insisto em presenteá-lo com jóias e relíquias preciosas.

- Dray, por favor, não comece – o pequeno Lord suspirou, mas logo sorriu ao amigo que o encarava desde o marco da porta – Obrigado, Theo, eu realmente adorei.

- Fico feliz.

- Eu estava procurando uma boa obra para ler e você não poderia ter escolhido melhor.

Theodore deixou um pequeno sorriso adornar seus lábios, mas este logo morreu ao observar o insuportável Malfoy puxar Harry para o seu colo.

- Agora se nos der licença, Nott... – o loiro passou a beijar com delicadeza o suave pescoço que lhe era oferecido. E Harry acabou deixando escapar um suspiro de prazer.

Aquilo foi o bastante para o pobre moreno de olhos azuis.

Era como ter seu coração partido. Mais uma vez.

E apertando os punhos para não lançar uma maldição e borrar o sorrisinho auto-suficiente de Draco, Theodore seguiu para a sua própria cabine sem olhar para trás, ignorando completamente o chamado de um angustiado Harry que não queria passar o Natal com um clima pesado entre eles. Amava-o, sim, mas como amigo e não podia ignorar o namorado por causa dele, ainda que este namorado fosse cruel de mais para o seu próprio bem.

- Esse aí não se toca.

- Você não precisava ter feito isso, Dray – Harry o encarou com severidade, mas se acomodou melhor no colo dele.

- Eu não fiz nada, mon amour.

- Não, claro que não, deveriam chamar você de Santo Malfoy, é claro.

O loiro apenas sorriu, atacando os lábios do namorado, enquanto Pansy e Blaise sorriam com diversão devido à verdadeira novela que parecia existir entre aqueles três. Assim, eles aproveitaram o resto da viagem com diversos comentários venenos e divertidíssimos, que duraram até o trem parar na estação. E com sorrisos e muitos abraços, as jovens serpentes se despediram, e Harry e Draco combinaram de se ver em breve, mas como bons recém-namorados, já estavam morrendo de saudades.

-x-

Ao chegar à Mansão Riddle, Harry logo correu para os braços de seu pai, que o esperava no jardim.

- Fez boa viagem?

- Sim – sorriu – E obrigado por me poupar das Chaves de Portais desta vez.

- Imaginei mesmo que você fosse preferir o Tapete Voador.

- Com certeza, esses tapetes são divertidíssimos! Mas acho que o Tio Rodolphus ainda está um pouco enjoado.

Um pobre Rodolphus Lestrange tentava recuperar a cor natural de sua face buscando normalizar a respiração. Seu único pensamento era que jamais voaria nesses tapetes novamente, pelo menos não com o irreverente filho do Lord, que passara a viagem toda provando as mais loucas manobras em pleno ar. Não, não, ele estava velho de mais para tamanhas emoções.

- É melhor você voltar para casa, Rodolphus, e de preferência pela Rede de Flu.

- Sim, Mi Lord. Obrigado.

- Até mais Tio Rodolphus! E precisamos fazer essas viagens mais vezes!

- Oh Céus... – murmurou assustado, mas logo sorriu ao ouvir as gargalhas de Harry, e com uma grande reverência seguiu para a chaminé da mansão.

Harry e Tom também não demoraram a seguir para o aconchego da mansão, onde Nagini os esperava para dar um "abraço apertado" no seu pequeno filhote. E para alegria do menino, seu pai lhe avisou para que mandasse um elfo preparar uma boa mala com roupas tropicais, pois na manhã seguinte sairiam logo cedo para aproveitar aquela que seria uma de suas melhores viagens de Natal.

E Harry mal podia esperar.

Por sorte, a manhã seguinte não demorou a chegar e com ela um animadíssimo Harry pulou da cama assim que os primeiros raios de sol chegaram à sua janela, e ainda em pijamas correu para o quarto de seu pai. Não podia perder tempo. Afinal, não era sempre que fazia uma viagem em família como aquela. Bom, na verdade sim, sempre fazia magníficas viagens com seu pai, mas ainda sim não podia estar mais animado.

- Papai! Papai! Papai! – Harry se jogou na cama do mais velho sem cerimônia. Somente ele poderia fazer algo tão suicida e sair ileso, pois os olhos vermelhos do Lord, perigosamente cerrados, indicavam que ele não desejava ter o seu precioso sono interrompido daquele jeito.

- O que foi? – murmurou irritado.

- Já é de manhã!

- Harry... – respirou fundo, aconchegando-se melhor por entre as cobertas de seda – Ainda são 5h30min da manhã.

- Mas papai...!

- Certo, certo – suspirou, ao observar os olhinhos lacrimejantes do filho, olhinhos que Harry sempre adotava quando queria algo – Já arrumou tudo?

- Sim!

- Ótimo, então volte aqui às 8h00min.

- Papai! – fez um gracioso biquinho, puxando os lençóis que cobriam o Lord, e cruzando os braços com expectativa – Você prometeu!

- Oh Merlin...

- Então?

- Muito bem, estou levantando, certo?

- Certo – sorriu radiante. Enquanto o Lord das Trevas se colocava em pé com um longo suspiro.

Aquele belo dia, é claro, estava apenas começando.

Quando o relógio marcou 7h30min, Tom, Harry, Nagini e Morgana aterrissaram numa belíssima ilha caribenha. E mesmo estando atordoado pela horrível viagem com a Chave do Portal, Harry não deixou de admirar a impactante beleza que lhe era oferecida. A imagem do paraíso na Terra era completamente retratada ali: a ilha em questão era um vulcão extinto com dois picos que desciam até uma maravilhosa lagoa azul. Um recife de coral rodeava a lagoa e as praias da excêntrica ilha, ideal para mergulhos ou apenas para passar o tempo apreciando as belíssimas e mais exóticas fauna e flora que compunham a paisagem. Seu acesso era exclusivo por meios mágicos, pois muggle nenhum conseguiria achá-la no mapa.

Como se não bastasse a incrível beleza natural da ilha, Harry agora se encontrava contemplando uma das mais belas mansões que ele já havia visto. Esta se encontrava num ponto estratégico, no pico do vulcão extinto, erguendo-se majestosamente como única estrutura humana que adornava a ilha. A bela mansão de aparência renascentista, forjada em cores claras e em mármore, possuía dez quartos, duas piscinas, cinco banheiras Jacuzzi, um campo enorme de Quadribol, um conjunto magnífico de iates, lanchas e Jet Ski para passeios aquáticos, além de um enorme e belíssimo jardim que a rodeava completamente.

- Papai... Isso é...?

- Ora, você não disse que gostaria de uma Mansão de Verão como a dos Parkinson?

- Sim, é claro – um radiante sorriso adornava seus lábios.

- Ótimo. Por isso eu comprei esta ilha.

- A ilha inteira?

- É claro, apenas o melhor para um Riddle.

Na mesma hora o menino se jogou nos braços do pai, sorrindo, e não podendo deixar de associar as palavras do Lord com o que Draco sempre dizia. E os dois estavam certos, eles com certeza mereciam o melhor, apenas o melhor.

E o melhor, sem dúvida alguma, eles viveram naqueles dias que passaram na bela ilha. Dias cheios de diversão e alegria, nos quais passearam em veleiros, fizeram piqueniques sob a sombra das belas árvores, jogaram Quadribol no imenso campo especializado, pescaram, nadaram, além de se divertir como nunca com as constantes brigas de Morgana e Nagini que sempre acabavam com mergulhos na piscina, sob as risadas do pequeno Lord. Mas um dos momentos mais apreciados por Harry eram as noites em que se reuniam na majestosa sala de estar, estando aquecidos pelo fogo da lareira, e Tom lia para o filho uma bela história, sentado na luxuosa poltrona de couro negra com Harry acomodado no tapete persa, ouvindo-o com atenção, rodeado carinhosamente por Morgana e Nagini.

- Macbeth percebe, já tarde demais, que as bruxas o enganaram – o Lord suspirou ao ler a última frase – O que está feito está feito.

- Incrível... – Harry murmurou embelezado.

- Esse tal Shakespeare sabia como escrever.

- E como se não bastasse, Nagi, ele ainda foi um poderoso mago do século XVI.

- Exatamente, Harry – sorriu, ao ver que seu filho estava indo bem em História da Magia – Mas agora, jovenzinho, é hora de ir para a cama.

- Mas papai...

- Nada de "mas", Harry, vamos voltar para casa amanhã cedo e você deve estar descansado.

- Isso mesmo, pequeno, ouça o seu pai.

- De que lado você está, Nagini?

- Vamos, não seja dramático...

- Certo, certo. Estou indo. – suspirou derrotado – Vamos, Morg.

- Sim, jovem amo.

E com um sorriso nos lábios Harry se despediu do Lord e de Nagini, seguindo para a bela suíte com Morgana ao seu lado. Aquela temporada na ilha com seu pai havia sido um dos melhores momentos de sua vida, inesquecível, e com certeza, muito bem aproveitado com os seres que amava... Com a sua família. Agora, seu coração acelerava ao pensar que em breve estaria com Draco, desfrutando da última semana que antecedia a volta a Hogwarts, e assim mataria um pouco da imensa saudade que estava sentindo.

-x-

E por sorte, Harry não precisou esperar muito, pois logo eles aterrissaram na Mansão Riddle e um emocionado Draco Malfoy já estava a sua espera. É claro que eles precisaram se conter um pouco, pois estavam na presença do Lord, o que divertiu imensamente um atento Lucius Malfoy que não podia deixar de sorrir ao observar a ansiedade do filho.

- Comportem-se, meninos – aconselhou Lucius, após abraçar com carinho o afilhado, observando os dois correrem para a mansão.

Cabe destacar que os seis dias nos quais Harry e Draco passaram juntos foi um verdadeiro mar de rosas, lírios e orquídeas. Nadaram na piscina, divertiram-se como nunca na brinquedoteca de Harry, em suas formas animagas correndo pelo bosque da mansão e ainda namoraram e mataram as saudades devidamente escondidos dos olhos do Lord. É claro que os momentos íntimos, geralmente escondidos no quarto de Harry, quando Draco escapava para lá à noite, não passaram de carícias que a cada instante aumentavam de intensidade. Agora, por exemplo, faltando exatamente um dia para voltarem a Hogwarts, o casal mais famoso da escola se encontrava no quarto do pequeno Lord aproveitando um delicioso momento cheio de intimidade.

- Oh... Draco... – Harry suspirou com deleite. O loiro, naquele momento, cobria o pequeno corpo do namorado com o seu, devorando-lhe o pescoço e se deliciando com os suaves gemidos que o menor deixava escapar.

Seus hormonais corpos de 13 anos pediam a gritos que aumentassem a intensidade das carícias, mas Draco sabia que o namorado ainda não queria chegar tão longe e não desejava pressioná-lo, podia muito bem se contentar com aqueles maravilhosos toques, carícias envolventes e profundas que os levavam a loucura.

- Você é delicioso, sabia?

- Ah... É?

- Sim, e só meu.

- Ahh... Dray... – murmurou com desejo, sentindo o namorado deixar evidentes marcas em seu pescoço.

A essa altura, as túnicas já se encontravam no chão, e seus corpos conservavam a duras penas a calça e a camisa. Sendo que a camisa de Harry, naquele instante, era parcialmente aberta para que o loiro pudesse acariciar-lhe livremente o dorso nu, arrancando ainda mais suspiros apaixonados do namorado. Assim, inconscientemente, Harry passou as pernas ao redor da cintura de Draco, acoplando melhor seus corpos e fazendo os gemidos inundarem a habitação. O simples ato de roçarem deliciosamente um no outro, compartilhando beijos e mordidas excitadas, já servia para acelerar suas respirações e levá-los ao paraíso.

O mundo poderia acabar agora, pois eles morreriam felizes, deliciando-se nos braços um do outro.

Estavam completamente alheios a tudo.

Enquanto isso, Tom Riddle, popularmente conhecido como O Terror do Mundo Mágico, acabara de sair mais cedo de uma reunião com seus Comensais da Morte na qual providenciara alguns ataques em países distintos para descontar um pouco do estresse que a proximidade de Sirius Black a seu filho lhe causava. E falando em filho, Tom ponderou, será que Harry e o jovem Malfoy já estavam acordados para o almoço? Afinal, já passava do meio dia.

- Se eu deixar, o Harry passa das 14h00min dormindo – murmurou, sorrindo, e seguiu para o quarto do filho com o intuito de acordá-lo.

Mas antes que pudesse abrir a porta do quarto de Harry, sem bater, é claro, uma aflita Nagini o interrompeu, colocando-se na sua frente:

- Já está de volta, Tom? – seu tom era evidentemente nervoso. E aquilo não passou despercebido para o Lord.

- Sim, por quê?

- Ora, por nada, mas achei que você fosse chegar mais tarde.

- Não, não... Aqueles incompetentes entenderam rápido hoje – revirou os olhos com desdém.

- Que bom! – se as serpentes sorrissem afligidas, olhando de um lado para o outro, seria isso o que Nagini estaria fazendo agora.

- Algum problema, Nagini?

- Problema? Que problema? Oh, sim! Venha comigo, lembrei que preciso lhe mostrar uma coisa.

- Talvez depois. Agora preciso acordar o Harry.

- NÃO!

- O que? Por que não?

- Ele... Ele... Já está acordado! Isso, acabou de descer para a piscina com o jovem Malfoy.

O Lord, no entanto, apenas arqueou uma sobrancelha interrogante:

- Eu acabei de passar pela piscina e não os vi lá.

- É mesmo? Oh... Devem ter ido para outro lugar...

- Sei, agora me dê licença, Nagini.

- O que? Mas por quê?

- Porque eu quero entrar no quarto do meu filho e não pretendo pedir novamente! – aquilo estava começando a irritá-lo.

- Mas...

- O amo Harry ainda está no quarto? – a tranqüila voz de Morgana os interrompeu – Minha nossa, há séculos ele está aí.

Se olhares matassem, mas principalmente se olhares de serpentes enraivecidas matassem, a pobre guardiã do pequeno Lord estaria dura e estirada no chão, devido ao olhar homicida que recebia de Nagini naquele instante.

- Muito bem, saia da frente, Nagini, minha paciência acabou.

- Nem mais um passo Tom Riddle! Ou eu juro que vou lhe morder!

- O QUE? – aquilo sim foi uma surpresa para o Lord. O que estava acontecendo naquela casa afinal?

- Você ouviu! Afaste-se!

- Era só o que me faltava... – grunhiu irritado. Ao seu lado, uma assustada Morgana se afastava sem entender bulhufas do que estava acontecendo ali. A pobre serpente queria apenas saber onde o seu pequeno amo estava.

- Eu não estou brincando, Tom!

- E nem eu – respondeu com rispidez e em seguida, com apenas um suave movimento de varinha, afastou Nagini da porta – Agora saia da frente, não tenho tempo para essas coisas.

Assim, com um suspiro irritado, o Lord adentrou no quarto resmungando sobre a inconstância de certas serpentes:

- Nagini enlouqueceu de vez, Harry, você sabe o que está acontecen...? – as palavras, contudo, morreram na boca de Tom.

À sua frente seguia-se uma cena que jamais imaginara contemplar na vida. Jamais. O seu doce, inocente e puro filho, o qual sempre correra para os seus braços quando acordava de um pesadelo ou mesmo quando queria que o ensinasse a andar de bicicleta ou jogar Quadribol, o seu bebê, naquela exato momento estava aprisionado sob o corpo de um loiro aproveitador que devorava-lhe o pescoço alvo como um animal, arrancando gemidos de prazer da boquinha inocente do seu pobre menino.

Não. Não podia ser verdade. O seu pequeno Harry não estava embaixo do corpo do jovem Malfoy rodeando-lhe a cintura com as pernas e soltando leves gemidos enquanto era descaradamente acariciado pelo loiro. Aquilo só podia ser uma ilusão. Um truque cruel de Dumbledore para enlouquecê-lo e arrebatar-lhe a vitória.

No entanto, os brilhantes olhos verdes de Harry, ao se fixarem nos seus, e se inundarem de susto e pavor, mostraram-lhe que aquela era de fato a realidade.

- Papai... – o menino murmurou.

Os três estavam em choque. Harry por saber que a qualquer instante poderia perder o namorado para o Mundo dos Mortos. Draco por ver que sua jovem vida estava por um fio. E o Lord, bom, este ainda não conseguia acreditar no que as avermelhadas bochechas de Harry lhe diziam claramente.

- Papai, não é o que você está pensando, eu posso explicar...

- CRUCIO!

A maldição seguiu diretamente a um assustado Draco Malfoy, que por sorte foi puxado pelo namorado para o outro lado da cama, caindo os dois no chão, onde tentaram inutilmente se esconder da fúria do Lord.

- Papai, por favor, seja racional!

- O QUE SIGNIFICA ISSO? – pela primeira vez em sua vida, Harry testemunhava a visão de seu pai colérico – NÃO! NÃO ME DIGA! NÃO É PRECISO! EU VOU MATAR ESSE MALDITO PIRRALHO APROVEITADOR!

- PAPAI!

- CRUCIO!

Com dificuldade eles conseguiram desviar. Assim, rapidamente, Harry agarrou a mão de um pálido Draco e numa manobra quase impensada aproveitou que seu pai caminhava perigosamente em sua direção e saltou sobre a cama, correndo em seguida para a porta do quarto. O pobre herdeiro da fortuna Malfoy teve tempo apenas de abaixar e sentir o vendo da maldição roçar-lhe a cabeça.

- O seu pai enlouqueceu!

- Sério? Não me diga! – replicou com sarcasmo, correndo para as escadas e no caminho se encontrando com Morgana e Nagini que pareciam a ponto de se atacar.

- Harry! – Nagini gritou aliviada – Você está vivo?

- Por enquanto...!

Mas antes que ele pudesse continuar, um potente Cruciatus conseguiu alcançar Draco, que imediatamente caiu no chão, contorcendo-se de dor.

- PAPAI!

- SILÊNCIO, HARRY! NÓS DOIS CONVERSAREMOS DEPOIS!

O menino, porém, não esperou que seu pai lhe alcançasse para livrar o namorado da maldição com um poderoso Impedimenta, aproveitando para correr com ele dali, a base de escudos Protegos para não serem atingidos novamente.

- VOLTE AQUI!

- NÃO! – gritou ofegante – VOCÊ PRECISA SE ACALMAR!

- EU VOU ME ACALMAR ASSIM QUE MATAR ESSE GAROTO APROVEITADOR!

- ELE É MEU NAMORADO!

- O QUÊEEEEEEEEEEEE?

Até Nagini e Morgana se esconderam assustadas com a cólera nos olhos do Lord. Qualquer um que entrasse naquela casa agora pensaria estar vivendo o Apocalipse, pois os gritos enraivecidos, as delicadas porcelanas se partindo, as luzes negras e vermelhas que voavam de um lado para o outro em maldições que seguiam a pobre cabeça de Draco faziam daquela cena algo assustador. E se a cena não fosse tão assustadora para os implicados, pareceria hilária a qualquer um que a visse de fora, afinal, não é sempre que o perigoso Lord das Trevas se encontra correndo de um lado para o outro lançando maldições coléricas no pobre namorado do seu filho. As mais perigosas maldições, que por pouco não atingiam o loiro enquanto corria de um lado para o outro com Harry tentando se esconder da fúria do seu querido sogro.

- Se eu sair vivo dessa... – Draco ofegava, escondido com Harry dentro do escritório de Tom – Lembre-me de pensar duas vezes antes de te pedir em casamento.

- O que? – fez um gracioso biquinho – Quer que eu abra esta porta e diga a ele que você estava me forçando?

- NÃO! Pelo amor de Merlin, estou brincando, Harry.

- Acho bom mesmo – sorriu, mas antes que pudessem trocar um carinhoso beijo, a porta em questão voou pelos ares, obrigando-os a se jogar para trás do sofá.

Estavam perdidos.

Bom, pelo menos Draco estava.

- Como você ousa, seu maldito pirralho? Eu abri a minha casa para você e agora você seduz o meu filho... – a voz de Tom ressoava pela habitação, fria como gelo, fazendo um pobre Draco tremer e agarrar a mão do namorado com força.

Mesmo vivendo uma vida curta, Draco pensava, pelo menos fora feliz nos momentos em que passara com Harry. Momentos maravilhosos que naquele instante passavam como um filme em sua cabeça. Um pena que durara tão pouco.

Tinha tantos planos visionários...

Tantos sonhos para realizar com o seu amado moreno...

E agora estava tão perto do fim.

- Eu não vou lançar um Avada Kedrava em você, Malfoy, isto seria brando de mais... – explicou gelidamente, percorrendo com os olhos a habitação – Primeiro eu vou arrancar sua pele com minhas próprias mãos, para depois arrancar seus membros um a um, fazendo você experimentar a dor que Cruciatus algum causaria, e quando você finalmente contemplar suas próprias vísceras abandonando o seu corpo talvez eu lhe mate, ou melhor, aproveito para lançar-lhe nas mais profundas masmorras para que você definhe intoxicado com o seu próprio cheiro ou afogado no seu próprio sangue...

- JÁ CHEGA! – Harry gritou, ao ver que o namorado estava pálido e a ponto de um colapso histérico, saindo de seu esconderijo para encarar profundamente o Lord das Trevas.

- Harry...!

- Já chega, papai – a bela face do menino conservava uma expressão decidida e de poucos amigos – Eu não admito que você ameace o meu namorado!

- O SEU O QUE?

- Você ouviu! Eu o amo e nada do que você disser vai mudar isso. Então, por favor, compreenda e me apóie – as lágrimas inevitavelmente se acumulavam nas belas esmeraldas – Eu amo você e não quero que o que eu sinto seja destruído por palavras duras e impensadas. Eu sei que você me ama e por isso deve desejar a minha felicidade.

- Mas esse garoto...! – grunhiu irritado.

- É um dos maiores herdeiros de sangue-puro que existe no Mundo Mágico. Filho do meu padrinho que é nada mais nada menos que o seu melhor Comensal. Poxa, não existe ninguém melhor do que o Draco para estar comigo, papai. Ele cuida de mim e me protege, age como poucos agiriam de coração, e eu sei que ele me ama! Por favor, acredite!

Tom apertou os punhos. Os lacrimejantes olhos de Harry, destilando inocência e veracidade, cravaram um verdadeiro punhal no seu coração.

Poucos entenderiam o que o Lord das Trevas estava sentindo agora. Harry era o seu único filho, quem ele amou e protegeu desde os três anos pelo menos, e agora um maldito pirralho aparecia para levar o seu menino aos perigos do mundo, arrebatando-lhe da segurança dos seus braços. Por Salazar! Era a prova de que Harry estava crescendo! E não, ele não queria aceitar... Não queria deixar o seu filho nos braços de outro, poderiam machucá-lo, mas infelizmente não cabiam duvidas de que este era o desejo de Harry. Seu filho estava apaixonado. Algo doloroso de se ver, mas que não é possível ignorar, não quando aquelas belas esmeraldas o encaram em busca de apoio e aprovação.

- Então, papai, você me deixará ser feliz? Ou matará a pessoa que eu amo e que eu escolhi para dividir a minha vida? – perguntou seriamente. Seus olhos verdes cheios de sentimento e lágrimas contidas – Irá me apoiar como o pai maravilhoso que eu sei que você é? Ou apenas destruirá todos os meus sonhos?

Céus... Não havia dúvidas de que seu filho era um verdadeiro Slytherin.

Ninguém poderia ser tão docemente manipulador como Harry era quando lutava pelos seus interesses.

E o menino já sabia sua resposta, pois sorriu quando o viu suspirar:

- Certo. Não irei matá-lo.

- E...?

- E você pode namorar esse pirralh... o jovem Malfoy – acrescentou por entre os dentes. A palavra "namorar" indicando seu filho era algo tão assustador.

- Oh papai! – Harry pulou nos seus braços, sorrindo – Você é o melhor!

- Eu sei – revirou os olhos – Mas se eu pegar os dois com pouca-vergonha de novo, o seu namoradinho desejará nunca ter nascido, entendeu bem?

- Sim, sim, não se preocupe.

Harry sorria radiante enquanto enchia a bochecha de seu pai com beijos estalados. E este apenas suspirava, resignado, mas feliz por ver que o menino estava feliz.

- E esta noite eu chamarei Lucius e Narcisa para um jantar. Afinal, você é um menino decente, então as coisas devem ser bem feitas.

- Ótima idéia, papai, assim eles também ficam sabendo!

- Hum...

- Agora é melhor eu mandar vir um copo de água com açúcar – murmurou preocupado, seguindo para trás do sofá novamente, onde um pobre Draco Malfoy ainda suava frio com a face mais pálida do que uma folha de papel – Tudo bem, Dray, meu pai não vai fazer mais nada... Está me ouvindo?

- S-sim.

- Ótimo. Agora respira, isso, com calma...

O Lord apenas revirou os olhos diante da cena, deixando-os sozinhos para que o loiro não desmaiasse, e seguiu para os seus aposentos em busca de uma boa dose de Brandy, pois ainda precisava digerir bem aquela idéia.

Seu filho... Namorando.

Céus, por que soava tão aterrador?

- Ele ainda está vivo? – Nagini perguntou ao pequeno Lord, indicando um pobre Draco que aos poucos recuperava a cor natural de sua face. Morgana a seguia com cautela esperando que as maldições não voltassem a voar pelos ares.

- Sim, Nagi, por incrível que pareça deu tudo certo. Só espero que meu pai mantenha sua palavra e não acabe com ele na menor oportunidade.

- Bom, se eu fosse este menino não faria você sofrer, Harry querido, pois ter o Lord das Trevas como sogro é algo no mínimo perigoso para o futuro.

- Hehe... Obrigado, Nagi, mas eu sei que o Draco não me fará sofrer jamais. Ele é a pessoa certa para mim.

- Para o bem dele é melhor que você esteja certo.

- Engraçadinha... – sorriu divertido, voltando a oferecer ao namorado a água com açúcar que o elfo acabara de trazer.

Harry, no entanto, só esperava que o jantar com as duas famílias não seguisse naquele ritmo tão... Problemático. E que assim, pudessem por fim, oficializar sua relação de uma vez por todas com a benção daqueles que amavam.

-x-

O clima à mesa era no mínimo tenso. Para Draco aquele delicioso Pato ao Molho de Vinho Branco possuía o mesmo sabor que um cálice de arsênico. O Lord, por sua vez, assassinava o filé em seu prato como se este fosse o jovem loiro que naquele momento estava sentado ao lado do seu filho. E Harry parecia ser o único que saboreava verdadeiramente a deliciosa iguaria, pois tanto Lucius quanto Narcisa ainda se mostravam um pouco receosos ao observarem os olhos vermelhos do Lord lampejarem de vez em vez.

- Gostaria de destacar, Mi Lord, mais uma vez, que para nós é uma honra fazer parte de sua família.

- É claro que é – revirou os olhos, irritado, e o pobre Lucius engoliu em seco.

- Papai... – o menino apenas advertiu. E o mais velho suspirou.

- Devo dizer, Lucius, que mesmo prematuramente meu filho soube mostrar que fez uma escolha... plausível.

Certo. Isso seria o máximo que poderiam conseguir de Tom agora.

- Agradecemos, Mi Lord.

O casal Malfoy estava, obviamente, radiante. Mas ao contrario do que o senso comum poderia pensar não se devia ao fato de Draco ter se envolvido amorosamente com aquele que, sem dúvida alguma, era o melhor pretendente para qualquer um do Mundo Mágico, principalmente para uma prestigiosa família sangue-pura: o sempre doce, encantador, poderoso, rico e como se não bastasse, herdeiro do maior mago de todos os tempos, Harry Riddle. Mas sim pelo fato de Draco ter se apaixonado pela única pessoa que desde sempre conseguira fazê-lo sorrir. A única pessoa que ocupava um verdadeiro espaço no seu coração. A única pessoa, como o próprio Draco dizia, que era digna de um Malfoy.

- Oh, Harry querido, já posso imaginar o enxoval de vocês.

- Por Merlin, Tia Narcisa, ainda nem chegamos ao quarto ano – o menino sorriu com nervosismo, vendo como seu pai enterrava a faca no filé, assassinando o pobre pedaço de carne com mais ímpeto. O Lord, com certeza, precisava de mais tempo para se acostumar à idéia.

- Eu sei, querido, eu sei. Mas uma mulher pode sonhar, não pode?

- É claro – sorriu com doçura. E para alívio de Draco a sobremesa não demorou a chegar.

-x-

Apenas 24 horas os separavam da vida acadêmica. E quando desembarcou em Hogwarts, Draco precisou se conter para não beijar o piso da escola. Afinal, jamais se sentira tão aliviado, uma vez que ele e Harry agora poderiam viver seus momentos íntimos a sós e com total segurança para suas vidas. Pois um arrepio de medo ainda percorria sua espinha ao recordar o final do jantar, na noite anterior, quando a gélida voz do Lord das Trevas lhe advertiu que se algo acontecesse a Harry, se por ventura seu filho fosse magoado, ele o chamaria para uma conversa em particular que o loiro jamais conseguiria esquecer, pelo menos enquanto vivesse, o que não duraria muito se Harry fosse magoado de alguma maneira por ele.

Quem ousou dizer que a vida é fácil, com certeza, não teve um sogro como Voldemort.

- O que a gente não faz por amor? – suspirou. Mas um sorriso logo surgiu em seus lábios ao contemplar as esmeraldas que aos seus quatro anos de vida o cativaram.

Assim, passado alguns meses, o final do ano letivo se aproximava. O que indicava ao casal que em breve completariam um ano de namoro. E enquanto conversavam sobre como o tempo passara rápido e programavam como poderiam comemorar o primeiro aniversário de namoro, Harry e Draco caminhavam pelos arredores da cabana de Hagrid, de mãos dadas, aproveitando aquele belo entardecer. Uma desoladora cena, porém, captou os sentidos do pequeno Lord fazendo o seu coração apertar ligeiramente. Há alguns metros deles, largado displicentemente sob a sobra de uma gigantesca árvore, um moribundo Theodore Nott lançava maldições num rato que parecia paralisado, o mesmo rato que Weasley vivia perdendo e que sempre acabava como cobaia para os feitiços das jovens serpentes. E naquele momento, Theo suspirava com desolação enquanto torturava o pobre rato.

Harry já não agüentava aquela situação. Precisava falar com ele.

- Dray... – murmurou com carinho. E o loiro pareceu adivinhar, pois logo fechou a cara.

- O que é?

- Eu vou conversar com o Theo um minuto, você vem ou me espera aqui?

- Por que você vai falar com aquele perdedor? – grunhiu irritado.

- Por favor, não comece, ele é meu amigo e você sabe disso.

- Mas não há motivos para...

- Draco Lucius Malfoy – o encarou com seriedade. E o aludido sabia que para o namorado pronunciar o seu nome inteiro era porque as coisas não estavam nada bem para o seu lado.

- Ok. Mas eu espero aqui senão vou lançar uma maldição nele.

- Certo, eu volto já – e após dar um rápido selinho nos lábios do loiro, Harry seguiu para junto ao deprimido moreno de olhos azuis em busca de apaziguar as coisas.

Os pensamentos de Theodore Nott, enquanto isso, consistiam numa batalha interna. Por um lado ele podia ver que Harry era feliz com o insuportável Malfoy e a felicidade do pequeno Lord era questão prioritária em sua vida, mas por outro lado, ele sabia que o mimado garoto loiro jamais seria o bastante para Harry e que cedo ou tarde lhe faria sofrer. Assim, ele se perguntava se devia afastá-lo de Harry agora, usando as piores maldições possíveis, ou se esperava para que o próprio Harry visse que aquele menino pedante e egocêntrico jamais poderia completar sua vida e fazê-lo feliz como ele, Theodore Nott, faria.

- Crucio... – murmurou novamente, com certa preguiça, e o rato se contorceu de dor.

Draco Malfoy não era a pessoa certa para Harry. Ele era. Como o pequeno Lord não conseguia ver isso?

- Theo? – uma melodiosa voz, contudo, despertou-lhe de seus pensamentos.

- Harry...

- Theo, é melhor você sair daí – o pequeno Lord olhava com preocupação para a árvore na qual seu amigo estava apoiado. Ao se aproximar, Harry pôde perceber que a gigantesca árvore que movia seus galhos harmonicamente era nada mais, nada menos, que o Salgueiro Lutador.

Theodore, no entanto, arregalou os olhos ao ver que atrás de Harry se encontrava um enorme cão negro, um cão idêntico ao que o amigo lhe contara que a imbecil Prof. de Adivinhação profetizara. O Sinistro... Este mostrava os assustadores dentes e rosnava em sua direção. E antes que pudesse fazer algo, antes mesmo que pudesse levantar a varinha, tudo aconteceu rápido de mais. O rato que outrora torturava, ao perceber que o efeito da maldição paralisante passara, correu para o bolso de sua túnica e se escondeu lá, aterrorizado. Nesse mesmo instante, o terrível cão negro começou a correr na direção de Harry, que estava logo à sua frente. E como se não bastasse, a árvore na qual se escorara passou a mover violentamente seus galhos, com o intuito de afastar todos dali.

- THEO! CORRA! – Harry gritou ao ver a árvore agir.

- HARRY É O SINISTRO! CORRA!

Mas nenhum dos dois teve tempo de correr. Naquele instante, o enorme cão negro saltou por cima de Harry e correu para Theodore, abocanhando-lhe a perna antes que a maldição pudesse deixar a varinha, e assim o arrastou com facilidade para uma passagem que se encontrava no final do tronco da árvore.

Draco, que se aproximara correndo ao ouvir os gritos, ficou boquiaberto diante da cena:

- Harry! Devemos sair daqui, esta arvora é perigosa!

- O que? De jeito nenhum! Precisamos salvar o Theo!

- Precisamos mesmo? – perguntou com má vontade.

- Draco Lucius Malf...!

- Ok. Já entendi – revirou os olhos – Vamos lá.

Antes que os galhos da furiosa árvore pudessem atingi-los, eles se transformaram, e logo um majestoso Tigre Branco e um belíssimo Puma Negro correram para a passagem pela qual o Sinistro arrastara o outro Slytherin.

- "Onde será que esse túnel vai dar?" – era o pensamento do Tigre.

- "Espero que ele não nos leve onde estou pensando" – suspirava mentalmente o belo Puma de olhos verdes.

-x-

Logo os dois jovens animagos saíram por uma pequena abertura que os levou à maltratada sala de estar de uma casa. Uma casa velha, abandonada, que possuía os móveis e o papel de parede, assim como toda a sua estrutura, completamente destruídos. E ao se transformarem em humanos novamente, Harry e Draco puderam notar todo aquele caos com mais atenção. Não cabiam dúvidas de onde eles estavam.

- Merda... – murmurou o pequeno Lord.

- O que foi?

- Estamos na Casa dos Gritos.

Imediatamente, Draco Malfoy empalideceu.

Eles estavam na casa mais mal assombrada da Grã-Bretanha.

- Não podemos voltar para Hogwarts?

- Quieto, Dray. Estou ouvindo um barulho lá em cima.

- Oh, Merlin...

Com cuidado, e a varinha empunhada com firmeza à frente, eles subiram os degraus da maltratada escada que ligava os dois andares e logo se viram de frente para a única porta que desde fora era possível notar que possuía o interior iluminado por algumas velas. Harry respirou fundo e contando até três abriu a porta, ingressando cautelosamente no interior do quarto com Draco logo ao seu lado. Não demorou nem um segundo e o pequeno Lord reparou que no chão ao lado de uma mesa velha, agarrando a perna estendida e ensangüentada, encontrava-se Theodore.

- Theo! Você está bem? Onde está o cão?

- Harry... – o garoto estava pálido – Não é um cão, é um animago.

Theodore olhava fixamente por cima do ombro de Harry. Este se virou depressa. Com um estalo, o homem nas sombras fechou a porta do quarto.

Uma massa de cabelos imundos e embaraçados caía até seus cotovelos. Se seus olhos não estivessem brilhando em órbitas fundas e escuras, ele poderia ser tomado como um cadáver. A pele sem vida estava tão esticada sobre os ossos do rosto, que ele parecia haver passado anos sem comer nada. Mas o mais assustador em toda aquela imagem era o sorriso insano nos ressecados lábios.

Aquele era...

- Sirius Black – murmurou Harry.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Esclarecimentos:

Nietzsche e Shakespeare, obviamente, foram figuras marcantes em seus séculos e têm suas obras consagradas até hoje. Então eu não resisti a colocá-los como magos famosos. Eles merecem! Hehe.



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