Hidden escrita por jduarte


Capítulo 74
Admirável


Notas iniciais do capítulo

Mais capítulo
Espero que gostem :D
Beijooooooos,
Ju!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/120186/chapter/74

Meu coração congelou, e um bolo se formou em meu estômago, quase me sufocando. Meu irmão estava como um adulto quase completamente, muito maior do que eu, muito melhor do que eu... Mais bonito do que eu.

– O que aconteceu, King? – perguntei.

Mas ele parecia tão confuso quanto eu, com o que havia acontecido diante de nossos olhos.

– Ele evoluiu. – sussurrou quase inaudível.

A pessoa que se jogou sobre meu corpo, já havia levantado, e se escorava na porta para se apoiar. Por um minuto, meu coração pareceu querer sair pela boca de emoção. Ele havia se arriscado por mim. Mesmo tendo sido grosso, mentiroso e – talvez – um pouquinho arrogante, ele havia se arriscado por mim. E isso bastada, por hora.

Astif estava limpando as mãos na calça, e demorei para perceber que ele estava vestindo um uniforme de militar com quepe e tudo. Meus olhos arderam por algum motivo, e tive que me repreender para não coçá-los.

– Vamos ficar bem. – sussurrei para Rubens.

Ele gemeu quando tentou levantar.

– Eles te machucaram? – perguntou.

Sorri com o gesto protetor. Normalmente eu faria isso.

– Não.

– Porque ouvi seu grito? – perguntou novamente.

As perguntas nunca iriam parar?, pensei.

– Queria te ajudar, pensei que estivesse em perigo.

Rubens se apoiou em mim, mas logo riu.

– Acho que não vai conseguir mais me carregar no colo.

Rimos, um pouco, mas logo tive que limpar algumas lágrimas que espreitavam minha face.

Astif se aproximou, e sem nos julgar, perguntar, ou nos matar, simplesmente tirou o casaco, e fez Rubens enrolar na cintura, como se tivesse acabado de sair do banho. Ele tremia cada vez que seus pés tocavam o chão.

Vários minutos descendo em silêncio, com Rubens apoiado em mim e em Astif, deixavam-me mais calma em relação à sua sobrevivência.

Quando avistamos mamãe, ela estava agarrada aos lençóis do leito de meu irmão, e chorava silenciosamente. A garotinha tentava se levantar e chorava copiosamente. Devia estar assustada, e tive vontade de abraçá-la por alguns minutos. Mamãe veio correndo, e abraçou Rubens tão forte, que ele cambaleou para trás, perdendo rapidamente o equilíbrio. Podíamos ouvir sua respiração ofegante, e seu choro compulsivo vindo de dentro da sua alma.

Afaguei seus ombros tentando a acalmar, mas parecia ser impossível.

Não havia dado conta de que Astif ainda estava lá, somente quando ele pigarreou. Engoli seco. Ele não havia visto nada, certo? Quer dizer, uma porta voando de encontro a um bando de enfermeiros era super normal! Super.

– Posso falar com você aqui fora? – perguntou.

Assenti rápido, e deixei que King cuidasse de meu irmão. Tive que ficar na ponta dos pés para lhe dar um beijo suave no rosto.

– Já volto. – disse para Rubens.

Caminhamos um bom tempo. Passamos pelo corredor com várias portas brancas e cheiro de doença misturado com éter, onde uma mulher passava com algum frasco de sangue, que atiçou meus sentidos.

Passamos também pela recepção, meu pai me lançou um olhar estranho, quase perguntando se teria que matar Astif depois, mas o acalmei. Não queria uma conversa regada a sangue humano.

Paramos do lado de fora do hospital, em um lugar mais escondido. Como estávamos no meio de um monte de carros, desconfiei que fosse algum estacionamento.

– O que? – perguntei com o coração na boca.

Ele suspirou profundamente.

– Pode começar a se explicar. – disse ele.

Ri alto.

– Quem você pensa que é? Eu nem te conheço!

Ele me fuzilou com os olhos, e pensei por um segundo, que ele pudesse ler minha mente. Astif cruzou os braços no peito, fazendo seus músculos dobrarem de tamanho, o que me fez derreter um pouco.

– Porque não contou para Adam? – perguntou.

De repente, a sensação de que ele me escondia alguma coisa me invadiu, e meu nariz começou a coçar irritantemente por dentro, e a garganta pinicar. Sensação familiar de começo de choro.

– O que eu deveria falar? – rebati. – Sabe, sou uma mutante ridícula, mas pode continuar a falar deles para mim, e todos os seus planos para destruir a minha raça. Ah, não se preocupe, eu mesmo atiro na minha cabeça, vai lhe custar muito menos tempo.

Astif se remexeu inconfortável.

– Não quis dizer isso. – ele disse me encarando com os olhos profundamente verdes.

Ele se aproximou, e eu tive que recuar, tocando uma parede. Não havia saída. Iria morrer ali mesmo, apodrecer em meio aos carros esquecidos, e ninguém nem ao menos iria notar minha falta.

– Não vou te machucar. – disse Astif.

Algo em sua voz me fez acreditar nele. Ele tirou uma mecha de cabelo que caia em cima de meu casaco ainda úmido, e disse:

– Eu adoraria que você acreditasse em mim.

Astif parecia realmente sincero.

– Astif...

Ele pareceu se incomodar ao ouvir seu nome sair de minha boca.

– Não, Camila. Só porque trabalho como militar, não quer dizer que eu seja como um deles! Eu não vou matar vocês.

– Eu acredito em você. – sussurrei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua?? Mandem recomendações, leiam, e tudo mais :DDD
Beijoooooooos,
Ju!