Hidden escrita por jduarte


Capítulo 37
Entusiasmada


Notas iniciais do capítulo

EU NÃO CONSIGO NÃO POSTAR!
Ai vai mais um.
Beijooos,
Ju!



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   Os olhos de Norbert se abriram minimamente, e eu automaticamente voei para o outro lado da sala – coisa que não me era útil, já que seu “outro lado” ficava a uns dois metros.

- Pai? – perguntou ele.

   Engoli seco e rasgado.

- Sou eu, Camila. – disse.

   Ele pareceu-me desapontado.

- Ah. O que faz aqui? – perguntou ele.

- Vim lhe fazer somente algumas perguntinhas.

   Norbert bufou.

- Tanto faz. – disse ele depois de algum tempo.

- Bernardo sabe? – perguntei olhando para o chão, mas chegando mais perto dele a cada segundo que se passava.

   Ele não entendeu. Como eu esperava.

- O que?

- Que você não é humano?

   Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

- Quem lhe disse que eu não sou humano? – perguntou.

- Uma pessoa.

   Ele bufou.

- Se eu fosse um mutante, acho que meu irmão saberia, e você também. – disse Norbert. – Ah, e se eu fosse Bernardo também seria.

- Não necessariamente. A parte mutante poderia não existir em Bernardo.

   Ele bufou mais uma vez. Isso já estava começando a me irritar.

- O que é você?

- Humano.

   Focalizei em seus olhos que chamuscaram e gritavam “mentira”.

- Mentira. – disse eu.

   Ele ficou quieto.

- Mentira?

- Mentira! Até que você me prove o porquê desmaiou sem razão alguma por causa da bomba de gás para mutantes, para mim você sempre será um mutante.

   Ele fechou os olhos e prendeu a respiração.

- Morreu? – perguntei depois de um tempo.

- Se morrer fosse a solução para tudo, já teria feito isso há muito tempo.

   Não falei nada.

- O que quer saber? – perguntou ele sentando-se na cama.

- O que você é?

- Não tenho nome exato. King diz que minha espécie é tal de Chastal Mognolest. Isso não existe, mas...

   Congelei. Ele acabou de confessar que é um mutante, ou é só impressão minha?, perguntei coçando minha cabeça.

- Isso é estranho. – disse ele.

- O que é estranho?

- Sentar em algum lugar, e falar sobre o que eu sou com alguém que eu deveria matar. – respondeu Norb.

   Cruzei as pernas e tomei coragem para perguntar o que estava entalado em minha garganta, e preso por um barbante em minha goela.

- Quem Bernardo foi resgatar, ou sei lá, fazer um seqüestro relâmpago? – perguntei tentando fazer graça.

   Essa pergunta Norbert foi relutante ao responder.

- Uma conhecida.

- Qual é seu nome? – perguntei mais sem noção do que nunca.

- Norbert.

- Não seu idiota, quero dizer, qual é o nome da mutante? – perguntei.

- Como você sabe que é uma mutante? – retorquiu.

- Um passarinho verde me contou.

   Ele desconversou.

- O nome dela é Vitória.

   Vitória? Bonito nome.

- Por quê?

- Ela tem o poder de reviver os mortos.

- E...?

- E que dá última vez que ela fez isso, vencemos uma batalha muito importante.

- Tá.

   Norbert tentou se levantar, mas acabou cambaleando, fazendo com que eu fosse rapidamente para seu lado.

- O que te fez vir parar nessa cama de hospital, quando realmente quem deveria estar nesse estado sou eu? – perguntei rindo.

- Há alguns anos fui cobaia em uma experiência que acabou não funcionando e assim fazendo com que meus órgãos vitais ficassem fracos. Qualquer coisinha, mesmo que ela seja boba, eu posso entrar em coma, ter uma parada cardíaca ou algo pior.

- Hmm... Só isso?

- Eu não sou poderoso como você. – rebateu frustrado.

   Um deja-vú veio forte em minha mente. Já ouvi essa frase em algum lugar, pensei.

- Foi mal. – desculpei-me.

   Ele assentiu.

- Será que, bem, poderia me dar um momento para descansar? Estou bem fraco ainda.

   Fiz que sim com a cabeça e saí pela porta.

   Segui pelo caminho que tinha vindo, e algo me dizia que eu era muito burra em acreditar em Bernardo. Que ele estava amassando a tal Gina no quarto dela, e se amando loucamente, enquanto ele ria histericamente de como eu sou fácil de ser enganada.

   Meu sangue esfriou e meus olhos pareceram ficar mais escurecidos. As veias dele saltaram e ficaram alguns milímetros mais altas.

   Desci as escadas, virei para a direção de Adam havia me dito, e cheguei – depois de muito custo e de ter me perdido umas oito vezes – ao refeitório. Bem, na porta dele. E rapidamente desejei ver Bernardo correndo para mim, abraçando-me e cumprindo sua promessa.

   Mas nada disso aconteceu.

   Só de pensar que aquela pasta cinza seria a única coisa que eu comeria, fez com que meu estômago ficasse de ponta cabeça. Meu irmão? Pensei quando vi um menino brincando feliz com outra criança. Corri até ele, e o abracei.

- Camila? – perguntou Rubens. Seu rosto ficou choroso. – Você disse que ia voltar logo! – ele exclamou apertando muito meu pescoço com seus bracinhos finos.

- Shh, estou aqui agora, não há nada a temer. – sussurrei sentando no chão em cima de meu joelho, e fazendo com que ele passasse as perninhas por minha cintura.

   Depois de um bom tempo, meu irmão parou um pouco de soluçar, para ter aquelas faltas de ar melancólicas de criança chorona.

- Onde está Bernardo? – perguntou ele coçando os olhos.

   Meu coração se apertou.

- Treinando. – pareceu mais uma pergunta, e soou como uma mentira feia e purulenta.

- Ok.

   Peguei em seu braço para levantá-lo, e ele segurou a respiração. Sacudi-o.

- O que foi? Rubens, o que aconteceu? – perguntei exasperada.

- Nada, só um machucado.

- Que? Você se cura mais rápido do que eu, isso é impossível!

   Levantei a manga de sua blusa, e arregalei os olhos.

- Quem fez isso? – perguntei novamente olhando para o machucado que pegava quase todo o cotovelo, e parte do antebraço.

- Não é nada...

- Quem foi que fez isso? – perguntei respirando fundo e torcendo para que ele me contasse que era o desgraçado.

- Um guarda novo e grande. Ele era muito, muito grande, Mila. – disse Rubens.

- Com o que ele te fez isso?

- Uma coisa chamada... Chamada... “Tisturi”.

- Bisturi? – perguntei.

- É! – disse Rubens.

- Me aponta na direção, e fica aqui. – lhe avisei.

   Ele apontou com o pequeno dedo na direção de um troglodita que estava de costas.

   Estralei o pescoço e os dedos das mãos, fechando os num punho bem menor que minha cabeça. Caraca, isso não vai deixar nem marca no cara! Pensei exasperada enquanto empurrava meu irmão de leve para o canto, e levantava.

   Respire uma voz soou dentro da minha cabeça. Fiz o que ela mandou. Lembre-se de que você está fazendo isso por seu irmão! Ele machucou seu irmão. A voz era mandona e suave.

- Ei, Mamute Pré-Histórico! – berrei. O cara olhou para mim, me analisou bem rápido, e deu uma risada tosca. Por mais que ele não carregasse arma alguma, ainda tinha medo daqueles punhos do tamanho da minha cabeça me acertar.

   Oh, droga!


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Notas finais do capítulo

continua? Diz que continuaaaaaaaaaaaa!