Isabella desceu de seu mini cooper preto e observou a entrada do prédio imponente.

Ela estava apreensiva, aquele era um dia importante.

Passou a mão nervosamente pela saia de seu tailleur bege de linho, que combinava com seus sapatos Chanel, tudo comprado para aquela ocasião em específico. Precisava estar impecável.

Deu uma última olhada em seu reflexo no vidro escuro da janela de seu carro. A trança clássica continuava no lugar, nem um fio rebelde arriscava sua aparência formal.

Marchou decidida pela entrada até o balcão que delimitava o acesso aos escritórios. Ali sentado, um homem atarracado e carrancudo observava sua aproximação.

- Bom dia. – Ela proferiu com um tom cordial – Setor de RH, Senhorita Dallas, por favor. Ela me aguarda.

O homem acenou com a cabeça e digitou em seu moderno teclado.

Em três minutos Isabella subia ao sexto andar.

Sozinha no elevador, ela remexeu em seu dedo anular esquerdo, que pesava sob o efeito do majestoso solitário que o enfeitava.

Era uma pedra magnífica, um rubi egípcio. Símbolo do compromisso firmado com Jacob há seis dias, quando completaram cinco anos de namoro.

A data marcada para o casamento e a felicidade de suas famílias deveriam ser razões suficientes para lhe fazer resplandecer. Qualquer mulher adoraria estar no lugar dela.

Morava há dois anos com o melhor dos namorados, dedicado, sensível, compreensivo. Seu melhor amigo. Havia conseguido o segundo melhor cargo de uma grande multinacional por sua credibilidade profissional adquirida em tão pouco tempo de carreira. Tinha uma família unida que a amava. Com apenas vinte e oito anos e sem ajuda financeira de seu pai, possuía seu apartamento e carro próprios. Era independente e bem sucedida.

Mas não estava Realizada. Faltava alguma coisa que ela não sabia definir bem o que era.

- Isabella. – A voz levemente aguda soou antes que a porta se abrisse por completo, desviando-a de suas reflexões.

Graice, a diretora do RH daquela empresa, era esguia, mas não alta. Seus cabelos ondulados e loiros até o queixo emolduravam o rosto anguloso, que era iluminado por seu sorriso contagiante.

Ela esperava Bella com uma pasta grossa nas mãos. Sua postura paciente contrastava com seu olhar inquieto, enquanto ela indicava o caminho com o dedo para que a moça a acompanhasse.

- Temos que nos apressar. O superintendente fará uma viagem no final do dia para Londres e só retornará dentro de uma semana. Tem uma reunião importante com clientes recém-adquiridos. Temos um espaço na agenda dele em meia hora. O dia está cheio devido às modificações que a empresa está sofrendo, mas ele fez questão de conhecê-la pessoalmente. - A loira tagarelou enquanto Bella tentava acompanhar seus passos rápidos ao longo do extenso e vazio corredor. – Ele exigiu que a contratação para este cargo fosse feita com cuidado e especificamente por mim. Você foi muito bem indicada por uma pessoa que confio. Acredito que tenha o potencial que a empresa está precisando.

Bella acenou com a cabeça timidamente e seguiu a mulher em silêncio, tentando abstrair o nervosismo que tanta responsabilidade lhe provocava.

Eu estou preparada para isto. Me preparei durante dez anos. Não tem porque ficar nervosa. Pensou consigo mesma.

- Primeiramente eu vou leva-la ao seu escritório, e depois ao setor de cadastramento para fazermos sua credencial. – A mulher continuou a falar, alheia às reações de Bella.

- Senhorita Dallas...

- Oh, pode me chamar de Graice, Isabella. Somos colegas agora. – Falou a diretora com um sorriso amistoso.

- Graice... Pode me chamar de Bella. – Ela correspondeu ao gesto – O superintendente... Ele é o meu chefe direto, estou certa?

- Sim. Seu cargo remete-se apenas a ele. E vocês provavelmente trabalharão juntos a maior parte do tempo. O senhor Cullen é jovem e cheio de ideais. Tem grandes planos para a empresa. Precisa de um bom suporte na área de gerenciamentos de contas para realizar suas metas. E é exatamente aí que você se encaixa.

Bella não ouvia mais a mulher. Estacou na parte em que ela disse “Senhor Cullen”.

Não. Ela repetiu em sua mente que aquilo só podia ser coincidência. Afinal existiam pessoas ao redor do mundo inteiro com sobrenomes iguais que nem tinham parentesco.

Mas ela falou que ele é jovem... Não, não, não, NÃO! Eu não posso pensar nisto. Eu não vou pensar nele! Ela se repreendeu.

Graice parou na frente de uma porta de vidro jateado, onde pendia a inscrição Gerente de Contas em letras douradas de metal.

- Esta é sua sala. – Ela disse abrindo a porta – Sua secretária se acomodará ali, naquela mesa em frente.

Bella voltou-se e percebeu que não tinha notado a grande mesa de mogno que ocupava estrategicamente a frente de seu gabinete.

Ainda estava aflita com a possibilidade que ameaçava seu futuro.

- Eu terei de designar uma pessoa? – Perguntou tentando concatenar os pensamentos.

- Se preferir... Mas podemos fazer isso por você. E se você não aprovar a pessoa, providenciaremos outra.

- Tudo bem. – Falou aérea.

Bella não prestou muita atenção à apresentação da sala. Seu coração já estava acelerado e suas mãos suavam.

Discretamente observou seu relógio de pulso. Apenas mais quinze minutos e descobriria se estava mesmo perdida como imaginava.

Depois de receber sua credencial e deixar em sua mesa os poucos pertences que levara, Bella acompanhou Graice até o final do mesmo corredor onde ficava seu gabinete, surpreendendo-se com o fato de só haver aquelas duas salas no andar.

A imensa porta de carvalho era intimidante. Defronte dela, uma mulher de aparência singela e afável digitava no teclado de um computador de última geração.

- Bella, esta é Angela Weber, secretária da superintendência. Angela, esta é Isabella Swan, a nova gerente de contas.

Angela se levantou e rodeou a mesa, oferecendo a mão num gesto simpático.

- Muito prazer. Seja bem vinda. – Falou com sua voz doce.

Bella simpatizou com ela no mesmo instante, correspondendo ao aperto de mão sutil.

- O prazer é meu. Muito obrigada.

- O senhor Cullen a aguarda. Deixe-me anuncia-la.

E novamente lá estava.

O nervosismo voltara com força total. Queimando sua garganta e seus olhos em ansiedade.

Bella se manteve firme com alguma dificuldade. Respirou devagar para tentar recuperar a calma, mas foi inútil.

Angela falou em seu headset e assentiu.

- Podem entrar.

As pernas de Bella estavam bambas. Mas ela controlou seus movimentos e disfarçou bem sua agonia, caminhando depois de Graice para dentro da sala.

Ela só não caiu sentada no chão porque era persistente. Não poderia permitir que aquela ironia do destino lhe desviasse de seu plano de carreira.

Ergueu levemente o queixo ao se deparar com o homem alto e viril em sua frente, tentando desesperada, não se deixar hipnotizar por aqueles olhos verdes.

O homem rodeou sua mesa com um olhar incrédulo. E antes que pudesse articular uma palavra, a Senhorita Dallas, como chamava sua grande amiga e confidente em ambiente profissional, começou a desnecessária apresentação.

- Senhor Cullen, esta é a nova gerente de contas...

Mas a moça foi interrompida por ele.

- Isabella?