Muito além do Desejo escrita por LoaEstivallet


Capítulo 14
Onze anos atrás e mais algumas verdades parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!!!

Prestem muita atenção ao cap... Começamos no passado e terminamos no presente...

Estamos entrando na reta final, hein?!

Beijos



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- Eu quero...

As duas palavras que Bella proferiu sensualmente baixo ficaram pairando entre eles, enquanto a respiração entrecortada de Edward ecoava como uma música provocante nos ouvidos dela.

De pé em sua frente, encaixado no meio de suas pernas que balançavam no vão entre o balcão relativamente alto e o chão, ele a encarava com os olhos bem abertos, as pupilas tão dilatadas que ela se sentia tragada cada vez mais fundo para a alma dele.

Bella podia enxergar ali o tamanho do desejo dele por ela. As mãos grandes, quentes e pesadas segurando firmemente sua cintura era apenas um dos sinais do quanto ele estava se controlando para não fazer aquilo.

E porque não fazer? Pra que esperar mais, Ela se perguntou.

Ela o amava com loucura. Já estavam juntos há seis meses... Eles tinham tantos planos... Não havia um único dia em que Edward não comentasse sobre seu desejo de construir uma vida ao lado dela.

Claro que ela ainda se sentia insegura com todo aquele segredo ao redor da relação deles, mas ela compreendia os motivos. E aceitava. Além do mais, se fosse só sexo, ele não teria se controlado tanto até aqui, sem que ela desse sinal algum de que precisava fazer isso.

Edward nunca havia avançado o sinal. Nunca. Mesmo quando ela arqueava o tronco, quase se oferecendo para que ele a tocasse com mais ousadia, nem mesmo nesses momentos ele investia. Bella sempre enxergava a luxúria ardendo feroz em seu olhar quando eles estavam juntos assim, mas seus carinhos eram contidos, suaves, ternos. Ternos demais. Sua vontade de se entregar estava tão insuportavelmente intensa que ela não queria mais as carícias doces. Seu corpo pedia, implorava que ele fosse mais atrevido.

- Bella... Não fala desse jeito... – Ele murmurou entre arquejos.

- Eu só estou falando o que estou sentindo... – Ela sussurrou encarando-o firmemente – Eu quero.

Edward afastou um pouco o corpo, sem tirar as mãos da cintura delicada dela. Respirou fundo.

- Eu te amo... – Disse com tom de justificativa – Eu não quero fazer isso de qualquer jeito, em qualquer lugar... Mas se você ficar me provocando assim eu não vou ter como controlar meus impulsos.

Ela cruzou os pés atrás dos quadris dele e segurou seu rosto entre as mãos pequenas, prendendo seu olhar.

- Eu não quero mais que você se controle... Eu te amo também... E te quero. Eu não aguento mais sentir esse calor, essa ânsia... Chega a doer às vezes...

Ele riu levemente, abraçando-a.

- Você é tão inocente, minha menina... E especial... Eu... Eu não posso fazer isso assim...

Bella o afastou bruscamente, empurrando-o pelo tórax, buscando em seus olhos o motivo de tanta recusa.

- Edward, me fale a verdade... – Falou gravemente – O que te impede? Você não me ama? Não me deseja?

- Sim... Eu te amo e te desejo, muito... Não sabe o quanto eu me controlo sempre e o quanto eu tô me controlando agora pra não te agarrar e te fazer minha aqui mesmo, mas... – Ele hesitou.

- Mas... ? – Ela instigou.

- Sabe, eu... Eu já tive muitas garotas... Assim... Desse jeito. Eu digo, de qualquer jeito... Sem me importar com o lugar ou como seria pra ela ou o que aconteceria no dia seguinte. Você não é como elas. E eu não me refiro apenas ao fato de você ser virgem... Eu não quero que seja com você como foi com elas, Bella. Eu quero que seja especial pra você... Pra nós dois.

- Não vai ser especial se for comigo? – Ela indagou com o tom falsamente ofendido.

- Claro que sim!

Bella olhou ao redor.

- Então você fala apenas pelo lugar? Eu não me importo com o “onde”, mas sim com o “quem”. – Falou dando de ombros.

- Tem certeza? – Edward perguntou num tom zombeteiro, arqueando uma sobrancelha – Quer mesmo que sua primeira vez seja aqui, dentro do depósito de ferramentas de seu pai, em cima desse balcão bambo de madeira ou naquele colchão velho ali no piso?

Bella segurou a mão que ele ainda mantinha em sua cintura, deslizando-a por dentro de sua blusa fina, enquanto o aproximava com suas pernas.

Edward arfou quando sua mão tocou as costelas delas.

- Eu já disse que não me importo com o “onde”... – Sua voz saiu macia e arrebatada até para ela mesma.

Edward fechou os olhos parecendo relutante, mas se deixou conduzir. Apertou-se a ela com força, permitindo que Bella sentisse sua excitação.

 Ela sorriu confiante. Subiu mais um pouco a mão dele, até que estivesse na base de seu seio, sobre o sutiã.

- Não faz assim... – Ele grunhiu, parecendo ter bastante dificuldade para se controlar. – Eu não vou... Aguentar.

Ela suspirou, sentindo o arrepio que a proximidade da realização de seu desejo lhe causava.

Quando ele tocou seus lábios com os dele, num beijo a principio calmo e depois enfurecido, ela teve certeza. Não esperaria nem mais um dia, nem mais uma hora.

Suas mãos voaram para os cabelos macios de Edward, puxando-o mais para si, aprofundando ainda mais o beijo. Suas línguas se buscavam de uma forma tão insana, que ela não conseguia respirar direito. Apesar disso, tudo que queria era que ele a apertasse mais e com mais força, que fizesse cessar aquela angústia que crescia em seu ventre e a fazia sentir desejo e pressa.

Edward cedeu e deslizou suas mãos por dentro da peça de algodão que ela usava por baixo da camisa. O gemido foi uníssono ao encontro de suas peles.

Ela puxou a blusa dele afoita, voltando com sede ao beijo interrompido por apenas um mísero segundo.

As mãos dele passaram a agir exigentes, explorando os pequenos seios dela com volúpia. Ela apenas se inclinou mais para ele, dando-lhe livre acesso.

- Bella... – Edward arquejou – Espera... Espera um pouco...

Mas apesar das palavras ele já puxava a blusa dela para cima.

- Não... – Ela respondeu num gemido – Eu quero agora... Não quero esperar nada...

Ele parou assim que a camisa dela tocou o chão, o peito nu e escultural dele subindo e descendo rapidamente. Contemplou cada centímetro descoberto do corpo feminino com o olhar tenso e desejoso.

- Você tem certeza?

Bella entrelaçou mais os dedos nos cabelos dele e sorriu.

- Absoluta.

Com vagarosidade ele abriu o fecho nas costas dela, despindo seu tronco completamente.

Bella sentiu seu rosto esquentar ao perceber a intensidade com que ele encarava seu corpo, mas deixou o leve constrangimento de lado assim que a mão macia de Edward deslizou de seu pescoço até seu busto, concentrando carícias mais ousadas ali, fazendo-a estremecer.

Ele desceu um pouco mais os dedos com exagerada lentidão, segurando o cós da calça que ela usava e abrindo, sem quebrar o olhar que os ligava.

- Eu quero que seja confortável pra você... – Ele murmurou enquanto sua mão buscava mais pra baixo no corpo dela – Preciso que confie em mim...

Antes de poder responder Bella foi tomada por uma sensação alucinante e desconhecida. Edward tocara-a em sua região mais íntima e parecia brincar com a agonia deliciosa que sua carícia provocava.

- Edward... – Ela gemeu.

- Você confia em mim? – Ele perguntou num sussurro entrecortado, acariciando-a com um pouco mais de intensidade.

- Con-confio... – Ela gaguejou em meio ao torpor que a onda de desejo gerava em seu âmago.

Edward intensificou ainda mais a carícia, buscando-a de uma maneira quase voraz enquanto a beijava ardorosamente. Bella sentiu como se algo crescesse dentro dela a partir daquela região e se espalhasse por cada membro, fazendo seu coração acelerar e o ar lhe faltar.

Em poucos minutos se sentia incoerente, incapaz de pensar no que quer que fosse a não ser na sensação desconcertante que Edward estava lhe proporcionando. Seus arquejos se tornaram gemidos, e quando ela sentiu como se pudesse explodir, quebrou o beijo e liberou um pequeno grito que rasgou sua garganta.

Como se caísse em um precipício depois de alcançar a mais alta das montanhas, Bella se entregou ao êxtase tão novo e tão delirante.

Mais refeita poucos minutos depois, abriu os olhos para encontrar um Edward sorridente. Ela ainda arquejava quando ele carregou-a no colo, deitando-a no colchão em seguida.

- Você fica linda assim, tão entregue... – Ele comentou enquanto se levantava.

Bella apenas o observou, sentindo todas as terminações nervosas do seu corpo arderem e tremerem e enviar choques por toda extensão de pele.

Ele tirou os tênis e o que restara da roupa dela e da sua própria, sempre fitando-a com uma veemência quase assustadora. Ela sentiu finalmente o receio do desconhecido, do novo, da atitude definitiva que ela estava para tomar.

Mas não pensou em desistir. Principalmente depois das sensações atordoantemente maravilhosas que vivenciara e contemplar o corpo nu do rapaz em sua frente, que lhe sorria um sorriso resplandecente e, ao mesmo tempo, nervoso.

- Está com medo? – Edward perguntou ao colocar-se sobre ela, afagando-lhe os cabelos.

- Não. – Sua voz saiu surpreendentemente firme – Estou ansiosa e um pouco nervosa...

- Se quiser que eu pare, Bella, a qualquer momento, é só me pedir que eu paro.

- Eu não vou pedir isso...

- Eu não queria ficar tão feliz em ouvir isso... – Ele murmurou já em sua boca – Mas é inevitável.

Seus lábios se encontraram novamente, e uma série de pequenas explosões foi acontecendo ao longo de seu corpo à medida que Edward fluía seus toques. Todo ele pulsava e latejava e demandava pela completude. Ela nem ao menos entendia a sensação, mas se impulsionava contra ele, seguindo seu instinto, certa de que apenas a proximidade absoluta seria capaz de sanar aquele anseio.

Com extrema delicadeza e cuidado Edward segurou sua cintura e penetrou sua intimidade, ligando-os de uma maneira que ela nunca havia sonhado ser possível e tão indescritivelmente prazerosa.

Não sentiu dor ou mesmo incômodo. Apenas o poder das emoções e sensações geradas pela união perfeita de seus corpos.

Bella podia sentir os batimentos acelerados, mas singularmente sincronizados de seus corações.

- Eu te amo... – Edward falou mirando seus olhos, o corpo completamente parado cobrindo o dela.

Ela sorriu e se remexeu ansiosa.

- Eu também... Te amo... – Arfou, sentindo o desejo crescer em ondas.

Edward se moveu devagar contra ela e a fez gemer baixo.

- Dói? – Ele perguntou preocupado.

- Não... – Ela respondeu apertando os olhos para controlar um gemido – Não pare...

Eles se amaram muitas vezes naquela noite, apesar da preocupação de Edward com algum incômodo que Bella poderia sentir por exagerar tanto logo na primeira vez, e atingiram o clímax juntos em todas elas.

Quando o dia já começava a amanhecer eles adormeceram, exaustos e felizes, um nos braços do outro, sentindo como se o mundo lá fora tivesse parado para eles.

Faltavam duas semanas para o aniversário de namoro. Fariam oito meses.

Cada vez mais apaixonada e entregue, Bella planejava a noite especial que teriam em sua casa, aproveitando a oportunidade que surgira com uma viagem que o pai teria de fazer para contatar alguns fornecedores.

Ela já tinha organizado quase tudo. Planejara o jantar, comprara roupas de cama novas, lingerie... Tudo para agradar o namorado. Só faltava encontrar um modo de leva-lo até lá sem que suspeitasse de nada. Queria fazer surpresa.

Estacionou sua caminhonete ainda sorrindo, perdida em pensamentos e lembranças das noites de descoberta e prazer que passava com Edward sempre que podiam. Mas a estranha comoção que notou ao descer transformou sua expressão numa máscara de ansiedade.

Porque todos olhavam pra ela? Era realmente só uma impressão ou estavam cochichando enquanto a encaravam sem pudor?

Bella engoliu em seco, seu coração acelerado em angústia.

Caminhou de cabeça baixa e apressada para dentro do prédio de aulas, tentando se manter impassível aos olhares acusadores e escarnecedores que a seguiam.

O que diabos estava acontecendo afinal? Porque todo mundo estava falando dela? Eles nem ao menos sabiam seu nome direito...

Entrou no banheiro refugiando-se em um dos cubículos, tentando se acalmar.

- Você soube da última do Cullen? – Ouviu uma voz feminina e irritante.

A menção do sobrenome de Edward, como ele era conhecido pela escola, a fez estremecer. Devagar ela colocou os pés na tampa do vaso, se mantendo imóvel, prestando atenção.

- A história da nerd que ele pegou? – Uma outra voz soou cruelmente divertida – Toda a escola está comentando. Não sei o que tem demais nisso. Ele é e sempre foi o maior galinha...

- Mas a fofoca é que a garota se entregou a ele... – A primeira voz comentou mais baixo.

- Continuo sem entender o motivo do estardalhaço... Quem ele pegou que não transou com ele?

- Ela era virgem e está apaixonada... Acreditando que ele vai assumi-la como namorada na frente de toda a Forks High...

Houve um momento de silêncio.

- Que otária!

As duas riram sonoramente enquanto Bella sufocava um arquejo de surpresa, dor e horror.

Como elas sabiam? Como a escola toda sabia?

As lagrimas deslizaram por seu rosto sem permissão, nublando-lhe a vista.

Bela engoliu, tentando racionalizar.

Edward nunca a exporia desta forma. Nunca. Ela tinha certeza absoluta.

E a única pessoa que sabia deles, além deles mesmos, era a melhor amiga dele, Tânia.

Suas mãos se fecharam em punhos, a raiva subindo quente até sua garganta.

Ela nunca gostou verdadeiramente da garota loiro-arruivada. Não que ela tivesse lhe destratado ou olhado atravessado, ou mesmo insinuado algum desagrado por ela ser a namorada de seu melhor amigo. Mas Bella sempre sentira uma vibração estranha em torno dela, principalmente quando ela estava perto de Edward.

Ela namorava um dos amigos dele, um tal de John, que era bonito e popular e rico como eles. Mas ela sabia em seu íntimo que ela reservava um sentimento secreto de paixão pelo suposto amigo de infância.

Sempre que ela aparecia no corredor para lhe trazer um recado de Edward ela mantinha um sorriso no rosto, fixo, completamente forçado, Bella podia jurar. Mas não podia provar.

Ela nunca, nunca escorregara. Nunca demonstrara nada, nem mesmo nos poucos momentos em que ficaram sozinhas, qualquer atitude de descontentamento com o namoro deles. E apesar de Bella ter tentado conversar várias vezes com o namorado sobre suas impressões, nunca conseguira convence-lo. Ele confiava piamente nela, a ponto deles quase brigarem por isso.

Passado um tempo Bella acabou relaxando, e o fato da tal Tânia ter se afastado a fazia pensar que talvez ela estivesse mesmo julgando mal a garota.

Mas agora... Agora ela tinha certeza...

Decidida ela discou o número familiar.

- Oi menina... – A voz de Edward era calorosa – Você já chegou na escola? Eu tô super atrasado por causa de ontem...

- Edward... – Ela respirou, tentando controlar a voz – A Tânia...

- O que tem ela? – A voz dele de repente era urgente.

- Ela espalhou pra escola toda... – Ela falava entredentes, se mantendo arduamente.

- O quê? Eu não tô entendendo... Espalhou o quê?

- Todo mundo está comentando sobre... Sobre nós dois...

O telefone ficou mudo.

- Edward? – Bella chamou ansiosa.

- Estou aqui... – Pausou, claramente atordoado – Não foi ela. Eu tenho certeza.

- Você não entendeu... Todo mundo sabe, Edward. Todo mundo tá comentando como eu me entreguei a você... Que eu era virgem...

A voz dela falhou, entrecortada por uma nova onda de lágrimas quentes.

- Isso é um problema... – Ele murmurou, confundindo Bella com seu tom – mas não foi ela. Eu posso te garantir que Tânia nunca faria nada pra me magoar.

- Foi ela! – Bella gritou frustrada.

Não conseguia entender o porquê de Edward estar mais preocupado em defender a amiga pra ela ao invés de defendê-la para toda a escola.

- Não, não foi! – Ele gritou de volta, surpreendendo-a.

Bella ficou muda, sentindo a mágoa se afundar em seu peito.

- Ela nunca faria isso comigo! – Ele continuou, ignorando o silêncio dela – Ela é minha amiga desde sempre! Alguém deve ter nos visto e espalhado... Eu não sei! Mas sei que não foi ela!

Bella continuou calada, decepcionada com a maneira com que ele estava lidando com a situação.

- Bella? – Ele chamou, o tom ainda agressivo.

- Eu falo com você depois, Edward. – Falou secamente e desligou, sem esperar por uma resposta.

Apertou o celular nas mãos, e as mãos contra o peito, permitindo que a dor se libertasse em pranto.

Durante quase duas horas Bella chorou copiosamente dentro do cubículo do banheiro, tentando encontrar uma explicação para a indignação de Edward por ela ter acusado Tânia.

Ele não pareceu preocupado com o que ela estava sentindo, mas sim com o fato de saberem sobre eles.

Aquilo a consumiu como uma chama. E de repente todo o tempo em que estavam juntos lhe pareceu errado.

Ele nunca quis assumi-la. Sempre justificando-se com o medo de tentarem algo para separarem eles dois, ou destratarem ela.

Sacudindo a cabeça, ela tentou dispersar o pensamento que a invadiu.

-Não. Ele me ama. Ele não faria isso. – Murmurou para si mesma.

Saiu determinada do banheiro e marchou até o refeitório.

Ele falaria a verdade. Não era esse o plano afinal? Eles não assumiriam quando ele se formasse? Esse era o combinado. Essa fofoca ridícula só havia providenciado um motivo para antecipar.

Algo rodeou a margem desse pensamento, mas ela não queria admitir.

Vislumbrou o namorado às gargalhadas no fundo do salão.

Se escondeu atrás de uma pilastra próxima, tentando ouvir.

- E então, Cullen, é verdade? Você deflorou mesmo a nerd bizarra do segundo ano? – Um grandalhão falou alto.

- Não fale dela assim Kellan... – Ele disse num tom divertido, enquanto Bella se enchia de esperanças de que ele fosse contar a verdade naquele momento – Ela não é bizarra, é muito bonita...

- E gostosa? – Um outro perguntou, explodindo numa risada espalhafatosa.

Edward o acompanhou numa risada acanhada e nervosa, não notando que Bella havia saído da sombra.

Ela o encarou com um olhar mortal, a expressão entre furiosa e decepcionada. O viu ficar pálido, lívido quando a enxergou ali, notando que tudo que havia sido dito ela tinha ouvido.

- Bella... – Ele murmurou sem emitir som.

- Vai contar a verdade, Edward? Ou vai deixar que eles continuem falando de mim assim?

Ele a encarou aterrado, seu rosto muito vermelho.

- Que verdade, ô garota? – Uma menina morena questionou irônica, enquanto todos olhavam dela para Bella – Que você está rastejando aos pés dele e que ele te ignora pela sua insignificância? Vê se te enxerga!

O grupo todo riu alto, enquanto ela ainda encarava Edward, que parecia paralisado. Seus olhares ficaram conectados pelo que pareceu uma eternidade, mas ele nada disse.

Bella ouviu um dos rapazes berrar sem cerimônia.

- Sai daqui, ralé! Não percebeu que tá sobrando não? – E gargalhou mais uma vez.

Ela teve um último vislumbre do namorado, que pareceu tentar levantar mas foi detido por um comentário baixo de um rapaz à sua direita, baixando os olhos ao chão em seguida.

E então ela correu dali, ouvindo mais risadas em suas costas.

A verdade que ela via agora era simplesmente incontestável, apesar de aterradora.

Ele sempre teve vergonha dela. Ela estava certa desde o começo.

Não vergonha por ela ser simplesmente pobre, mas por não fazer parte do círculo de populares ao qual ele fazia.

Ele tinha tanta vergonha dela que havia sido capaz de permitir que a humilhassem, de esconder o que tinham para se manter ali, entre aqueles idiotas.

Ele não a amava. Não de verdade.

Por isso a idéia de assumir depois de formado. Óbvio. Assim ele teria sempre uma desculpa para não leva-la ao seu meio. Ele estaria em outra cidade fazendo universidade, enquanto ela ainda estaria aqui, longe o suficiente para não ter que ser revelada.

Com os olhos embaçados ela não parou de correr até alcançar seu carro, subindo nele como uma louca, voando para casa.

Era a trigésima segunda vez que seu celular tocava.

Ela olhava a tela tristemente, enquanto as lágrimas ainda escorriam.

Havia falado com a mãe mais cedo pelo telefone, assim que chegou em casa. Tudo estava acertado. Precisaria tomar algumas providências e explicar tudo ao pai quando ele chegasse, mas, nada seria tão complicado como o que teria de ser feito ainda naquela noite.

Respirou fundo, tomando coragem. E antes que pudesse discar, o celular tocou novamente.

- Alô. – Atendeu de forma indiferente.

- Bella... Eu... Eu preciso falar com você... – A voz dele era trêmula, instável.

- Tudo bem. – Ela sentenciou seca – Me encontre na quadra de atletismo em meia hora. Em baixo da terceira arquibancada.

- Eu preciso te dizer que... – Ele tentou falar rápido.

- Eu não quero ouvir nada, Edward! – Ela o interrompeu bruscamente – Apenas me encontre lá. Preciso devolver suas coisas.

- Devolver...? Bella, não – Ele murmurou com o tom embargado.

- Até. – Ela disse, ignorando a frase inacabada e desligando na cara dele.

Se arrastou até o armário, juntando numa sacola plástica tudo que ele havia lhe dado.

Quando chegou ao local do encontro ele já estava lá, escorado numa das largas pilastras de madeira que mantinham a estrutura.

Ele se empertigou e correu até ela assim que ela passou pela rede de proteção que cobria a lateral.

- Bella... – Seu tom era urgente.

Ela não o deixou continuar a falar. Levantou a mão espalmada na direção dele.

- Por favor, me poupe de qualquer comentário. – Falou com raiva – Sua atitude foi muito eloquente. Até demais. Acho que não sobra espaço nem mesmo para um rompimento cordial.

- Rompimento? – Ele murmurou, a feição angustiada – Bella eu...

- O que você achou? – Ela cortou – Que depois de você fingir que tudo que comentavam era verdade, depois de você ter permitido que seus “amigos” me humilhassem, debochassem de mim, eu ainda estaria pronta para atender aos seus desejos? Ainda seria sua namorada secreta?

Ele a olhou por um momento com a expressão aturdida.

- Eu te amo... Me perdoe. – A voz dele soava desesperada.

- Eu não preciso te perdoar... – Ela falou com a voz fria, afiada como uma faca – Eu fui a estúpida. Eu deveria saber desde o começo. Eu não podia esperar nada diferente de você.

- Me deixe explicar, por favor... – Ele implorou, o olhar marejado.

- Nada do que você me diga vai mudar o que aconteceu... Ou como me sinto agora.

Edward, percebendo seu tom impassível, agitou-se internamente, antecipando o final daquilo. A observou calado, em franca agonia, enquanto ela despejava as palavras que ele desejara jamais ouvir.

- Adeus... Até nunca mais.

Ela falou, deixando a sacola no chão entre eles e saindo.

Edward a alcançou e segurou pelo pulso.

- Não faz isso... – Sua voz era só um murmúrio fraco – Pelo amor de Deus, Bella... Só me ouve...

- Eu não tenho que te ouvir... Eu não quero te ouvir, ou te ver, nunca mais. Acabou. – Sua voz era firme, mas seu coração fraquejava miseravelmente dentro do peito – E não adianta tentar vir atrás de mim... Eu estou indo embora dessa cidade.

- Embora? Embora pra onde?

- Isso não te interessa mais... Se é que algum dia realmente interessou.

Ela puxou o braço com um movimento rude e se afastou rapidamente, sem olhar pra trás.

Emmet piscou com força, um sorriso irônico no canto dos lábios.

Ele sabia bem o que Edward havia sentido naquela despedida, ele tinha ouvido o amigo detalhar sua dor tantas vezes...

Era estranho saber daquilo e ter em sua frente sua irmã, totalmente desiludida, ou na verdade, iludida com sua equivocada certeza.

Ele a abraçou ternamente, secando suas lágrimas com a ponta dos dedos.

- Porque você nunca me contou nada disso, Bella? Eu poderia ter te ajudado, ter te aconselhado...

- Justamente por isso... – Ela falou com a voz ainda trêmula – Por que eu tinha vergonha, ou medo, de admitir a verdade... Eu sabia que se te contasse eu ouviria você dizer “Sai dessa, irmã. Ele tá te enrolando! Tá na cara que ele tem vergonha por você não ser uma riquinha como ele!”. Eu não queria ouvir a verdade. No fundo, eu a conhecia, mas estava tão apaixonada, tão cega, que eu não me aproximava de nada que ameaçasse o que tinha com ele.

Emmet pareceu ponderar.

- Eu acho que você tem razão quanto ao que eu diria... Mas a verdade é que eu sei da história pelo outro lado... Eu vi o sofrimento dele por muito tempo e sei bem o que ele sentiu e sente por você...

Bella se endireitou, olhando o irmão nos olhos.

- Ele pode ter sofrido de culpa, de remorso... Mas ele não me amava, nem nunca amou... – Seu tom era mais de questionamento que de afirmação.

- Você acha que sabe tudo, não é Bella? – Emmet perguntou com suavidade, afagando as bochechas da irmã caçula – Pois me deixe te contar umas verdades...

Ela sentiu seu coração errar uma batida, e depois retornar com o dobro de velocidade.

De alguma forma ela teve a certeza que tudo que Emmet sabia seria valioso, e mudaria sua vida.

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Notas finais do capítulo

Até galera!
Lembrem de conferir a programação de postagem no blog!!!

Beijoooooos!