Diz que Me Ama escrita por Sleepless


Capítulo 4
O4


Notas iniciais do capítulo

Queria pedir mil desculpas para quem estava acompanhando a história, mas o meu pc havia dado problema e ameaçado perder, aliás, perdeu tudo... tive que reescrever os capítulos e por isso demorei a atualizar.



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Adormeci na janela. Nem fazia a menor idéia de que horas eram. Olhei para a janela de Pedro e vi a luz apagada. Imaginei que ele estava dormindo. O que era estranho já que eu sabia mais do que ninguém que ele tinha muita dificuldade em pegar no sono. Era de admirar o quanto eu já sabia dele. Acho que ninguém mais sabia melhor do que eu, o que ele representava. Um doido talvez, mas um doido pelo qual eu me apaixonara.

            Não tinha como evitar. Fiquei olhando em direção ao quarto dele como se esperasse um milagre. Também não tinha muito que fazer e não sabia ao certo se estava perto de amanhecer. Mas alguma coisa me dizia que algo ia acontecer naquela noite. Então fiquei parado esperando. Foi quando uma coisa me chamou atenção, um barulho para ser mais exato. Parecia de porta batendo, quando olhei para baixo vi uma pessoa correndo no escuro como se estivesse fugindo de alguma coisa. Meu coração bateu tão forte que desci as escadas rapidamente e segui a pessoa.

            Chegou uma hora que a pessoa parou na ponte e começou a chorar. Um choro alto, desesperador. Não entendi, mas me aproximei. Quando uma pequena claridade da lua me permitiu ver, tive aquela mesma imagem só que de uma perspectiva diferente. Era ele, de um jeito novo.

            - Pedro? – me aproximei devagar.

            - O que você está fazendo aqui?

            - Desculpe. Eu vi você correndo e...

            - E o que? Ta me seguindo é? – disse ele – enxugando os olhos.

            - Não. Quer dizer, talvez, mas...

            - Eu já falei para ficar longe de mim. Seu lunático!

            - Me deixa... Pedro... – olhei nos olhos dele.

            - O que é?

            - Eu... Eu só quero ajudar.

            - E quem disse que preciso da sua ajuda?

            - Seus olhos. – respondi – foi o que pensei na hora.

            Ele me olhou por um segundo com uma cara de surpresa e depois sorriu.

            - Cara... Você é pirado mesmo. – sorriu ele.

            - Obrigado.

            - Hahaha. Obrigado. Lunático! – riu ele – me dando um leve empurrão.

            Eu achei melhor não falar mais nada. Ele ficou olhando para mim sem piscar e depois voltou a olhar para os cantos. Fiquei do lado dele, calado, aproveitando aquele momento que eu sabia que não ia durar muito. Logo ele voltaria a ser o Pedro grosseiro. Meu garoto interrogação me fascinava, aqueles olhos, aquele sorriso raro, a respiração dele me deixava sem ar diante do cheiro que exalava de colônia muito refrescante. Para mim era único. Ficamos tão quietos que dormimos.

            Acordei com uma buzina alta. Esfreguei meus olhos e vi que eu estava no meio da ponte, impedindo os carros de passarem. Tratei de me levantar logo dali. O que me desagradou mais foi Pedro que estava olhando para mim com uma cara antipática.

            - Lunático! Sai da frente dos carros seu maluco!

            - Desculpe. Mas porque você não me acordou?

            - O que? Tu é doido ou se faz? Nem te conheço ou Mané.

            - Mas...

            - Eu vou é pra casa. Nem sei o que eu vim fazer nessa ponte.

            Naquele momento era oficial, ele me irritava, magoava e me dava falsas esperanças para depois me pisotear no fim. Porque eu fui me apaixonar? Ficava pensando cada vez mais nisso. Seria muito difícil desvendar Pedro. Não era a toa que eu o chamava de garoto interrogação.

            Cheguei em casa e minha mãe estava a beira de um ataque de nervos. Estava preocupada comigo. Quase quebra meus ossos me abraçando forte quando eu entrei pela porta.

            - Graças a Deus! Filho. Onde você se meteu?

            - Calma mãe. Eu estava lá na ponte e adormeci ontem.

            - Na ponte? Você dormiu na ponte? Meu Deus.

            - Não foi nada. Estou bem.

            - Com quem você estava? Com o vizinho?

            - Porque essa pergunta?

            - Ele veio aqui dizer que você o chamou ontem para dormir na ponte.

            - Como? – me surpreendi.

            - Filho. Porque você fez isso? Faz idéia do que aprontou? Quase morro de preocupação.

            - Mas mãe...

            - Sem essa. Vou ter que te por de castigo por causa disso. Quero que suba e fique no seu quarto. Nada de ver o seu novo amigo por pelo menos uma semana.

            - Mãe...

            - Nossa conversa acabou.

            - Droga! – gritei – subindo as escadas.

            Entrei no meu quarto e bati a porta. Estava com ódio daquela situação. E o pior que eu não conseguia ter raiva dele, porque, porque eu não conseguia ter raiva dele? O que será que estava acontecendo comigo. Apaixonado vira lezado? Muitas perguntas passavam pela minha cabeça. Fechei a minha janela com raiva. Não queria ve-lo nem que ele me implorasse o que sabia bem que era impossível.

            Estava concentrado na minha raiva quando um barulho forte me assustou e em seguida vidros caíram perto da minha cama. Olhei para o chão e vi o bendito sabonete. Peguei com ódio e não estava disposto a ler, mas quando abri não consegui evitar. Dizia: Me desculpa pelo que eu disse. E obrigado por ter me deixado melhor ontem à noite. Lunático!

            Aquele bilhete me deixou sem reação. Como seria possível? Ele se lembrava do que aconteceu, e ainda me pedia desculpas? O que ele pretendia com aquilo? Cada vez mais era confuso. Mesmo de castigo eu precisava exigir uma explicação. Olhei para ver se minha janela era muito alta e vi que não. Talvez eu quebrasse uma perna, mas era preciso arriscar. Eu tinha que ir lá.

            Depois de descer com dificuldade, consegui chegar inteiro no chão e pegando uma pedra no quintal, joguei contra a janela dele. Não demorou muito para ele colocar a cabeça na janela. Fiz sinal para ele descer. Quando eu achava que ele havia ignorado meu pedido, ele apareceu com aquele mesmo olhar forte, sem expressão.

            - O que você quer dessa vez?

            - Porque você me mandou aquele bilhete?

            - Que bilhete?

            - Como assim? O que você mandou!

            - Não te mandei nada. Era só isso? Então tchau.

            - Espera! – gritei.

            - O que é? – perguntou ele – virando-se pra mim.

            - Porque você é assim? Porque você está fazendo isso comigo? Porque?

            - Eu não estou entendendo nada.

            - Você é tão frio, tão duro com as pessoas, porque?

            - E porque você se importa?

            - Porque eu...

            - Fala lunático.

            - Cansei desse seu jeito de me chamar! Para! Para! Se não eu vou...

            - Vai o que? – interrompeu ele – segurando meu queixo.

            - Eu vou... Chorar. – falei – enquanto ele segurava meu queixo com força.

            - Você é uma coisa mesmo! Que patético!

            - Fala. Fala de uma vez! Porque você se importa tanto? – insistiu ele.

            - Porque eu te amo! – gritei – olhando nos olhos dele.

            De repente ele soltou meu queixo e fez uma cara de surpresa. Eu não conseguia acreditar que eu tinha dito aquilo. Fiquei esperando alguma resposta, mas ele apenas virou as costas e entrou. Comecei a chorar e voltei pelo mesmo lugar que sai.

           


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