Corri até o lado de fora, mas fui alcançada pelo braço de Mikey.
- o que pensa que está fazendo?? Você vão pode simplesmente sair correndo nesse estado!
- eu preciso ir lá, Mikey. Preciso falar com ele antes que seja tarde.
- eu te levo. Entra no carro.
Era por essas e outras que eu adorava o Mikey. Ele era o cunhado perfeito.

Em menos de 15 minutos chegamos na porta da igreja. As portas estavam fechadas e não havia sinal de nenhuma pessoa do lado de fora.
Mikey olhou pra mim assustado e ao mesmo tempo triste.
- cheguei muito tarde. Não há mais esperança. – eu disse desanimada.
Saí do carro com algumas lágrimas caindo e dei um último olhar pra igreja. Um tapete vermelho na entrada demonstrava que os noivos haviam passado por ali. Tudo estava muito silencioso. O casamento já devia ter acabado.
- Anny... – Mikey tentou me impedir.
Eu não respondi. Continuei caminhando sem rumo para longe dali, o mais longe que eu pudesse chegar. Eu tinha chegado tarde, era só nisso que eu pensava.

Caminhei por algumas ruas sozinha e chorosa. As pessoas me olhavam com medo, eu devia estar horrível. Perdida em meus pensamentos, comecei a achar que eu estava louca ao ouvir alguém chamando meu nome de longe. A voz era distante, parecia um sussurro e eu não tinha forças para me virar e encarar minhas alucinações.
A voz foi ficando mais forte, o som mais claro e meu nome era recitado como uma melodia.
Imediatamente, eu reconheci aquela voz.

*~*

- Anny! Anny! – eu ouvia a voz chegando mais perto. Era comigo, eu já não tinha mais dúvidas.
Meus pés congelaram grudados ao chão. Eu não conseguia mais me mover nem um milímetro. Fiquei imóvel esperando alguém me tocar e virar meu rosto. Mas nada aconteceu. A voz parou e eu tive medo em me virar e descobrir se ele ainda estava ali ou tinha ido embora pra sempre mais uma vez.
- Anny... – eu ouvi mais uma vez e inexplicavelmente perdi o medo. Na verdade, fui tomada por uma vontade louca de correr até lá e abraça-lo. Antes disso, me virei.

Nossos olhares se encontraram a alguns poucos metros de distância. Meu corpo ainda estava gélido e imóvel no mesmo lugar. Percebi que ele também continuava parado, apenas me olhando assustado como se eu fosse algum tipo iluminado de anjo.
Seus olhos verdes desceram até minha barriga e depois alcançaram os meus olhos vermelhos de tanto chorar. Um sorriso torto surgiu em seu rosto e seus olhos ficaram marejados.
Ele foi chegando mais perto, caminhando em passos lentos em minha direção. Eu ainda não me mexia, estava com medo. Eu não acreditava.
Quando estávamos a apenas 1 metro de distância, eu olhei pra sua mão esquerda esperando pelo pior, mas me enganei. Seus dedos estavam vazios, o anel que deveria estar cravado no dedo anelar não estava lá.
Ele seguiu meu olhar e sorriu quando viu meu rosto brilhar de felicidade.
- Sim! Sim! – eu gritei desesperada e chorando.
O rosto dele tomou outra cor e um sorriso largo surgiu em sua boca. Ele abriu os braços e eu corri, ou pelo menos tentei, em sua direção.
O impacto dos nossos corpos foi tão forte que por um momento esqueci o tamanho de minha barriga. Nossos lábios se encostaram com fervor, primeiro um beijo de saudade, de reencontro. Depois, um beijo calmo, de felicidade.
- Anny... eu senti tanto a sua falta! Você não sabe o quanto é horrível ficar longe de você... Eu não conseguia respirar cada vez que eu pensava em você, eu fui um estúpido te deixando daquele jeito e...
Eu coloquei o dedo nos lábios dele, fazendo-o parar de falar.
- eu li sua carta. E eu digo “Sim” pra todas as alternativas. Eu te amo, Gerard. Nunca deixei de amar você.
- meu Deus, como eu te amo, princesa! – ele riu e me pegou no colo sem esforço algum. Acho que ele estava realmente feliz.
- Gerard, me põe no chão. Eu estou muito pesada!
- eu não ligo. Eu posso carregar minha família. – ele piscou pra mim e me carregou de volta até a porta da igreja, onde Mikey nos esperava.

*~*