O dia passou rápido e nem sinal de Gerard. Nem um telefonema, nada. Passei a tarde inteira trancada em meu quarto, chorando pela perda do meu querido pai, o único que me entendia naquela casa. Minha mãe não falava mais comigo, e nem eu tinha mais forças para encará-la. Talvez ela estivesse certa, se eu não estivesse com Gerard talvez eu pudesse ter visto meu pai pela última vez...
No início da noite, um telefonema. Atendi e fiquei feliz em ouvir aquela voz de novo.
- Gee, o que aconteceu? Você não apareceu no enterro.
- me desculpe, minha princesa. Eu tive alguns compromissos e não pude faltar. Me desculpe.
- tudo bem. – falei ainda triste.
- mas amanhã eu prometo te recompensar, ok? Eu passo aí bem cedo pra te buscar.
- pra onde nós vamos?
- por enquanto é surpresa. Eu te amo.
- eu também te amo, muito.

Confesso que dormi um pouco mais feliz depois de ouvir a voz dele me dizendo Eu Te Amo. Durante o tempo no hospital, Gerard me ensinou a acreditar que a morte não é o fim de tudo e não devemos temê-la. Agora eu sei que meu pai está em um lugar bem melhor, sem dúvida.

Quando amanheceu, tomei um banho e me vesti rápido esperando ouvir a buzina lá fora. Gerard não demorou muito, chegou antes das 9 da manhã. Antes de sair, minha mãe me olhou de cara feia e fez um sinal de negação com a cabeça. Ela não aprovava nosso namoro e infelizmente não era a única.
- bom dia, linda. Está melhor?
- um pouco. Onde estamos indo?
- deixa de ser curiosa. Você já vai descobrir.

Alguns minutos de carro e chegamos a um local totalmente desconhecido pra mim. Era uma praça com flores cobertas de orvalho. Sim, uma praça bem no meio de New York!
- Gerard...
- aqui fica lindo quando está nevando. - ele sorriu pra mim. – Pena que Deus não quis me ajudar hoje.
- nossa... – eu estava chocada com tanta beleza. – nem parece que estamos em New York. Gee, onde você descobre esses lugares? Na internet?? – eu brinquei e ele deu uma gostosa gargalhada.
- pode ser. Quem sabe. – ele me tomou em seus braços e me deu um gostoso beijo.
- você é com quem eu sempre sonhei estar. E nada vai mudar isso.
- eu te amo Anny, e não acho loucura em fazer isso.
Ele tirou do bolso uma caixinha e eu comecei a chorar.
- você não está falando sério, está?
- hoje mais do que sempre. Annabelly, você aceita se casar comigo?
- mas é claro que sim!
Nosso beijo foi caloroso, romântico, apaixonante. Todos por onde ali passavam sentiram vontade de bater palmas, ovacionar, parabenizar o futuro casal. Muitos o fizeram e nos deixaram extremamente envergonhados. Um novo beijo, dessa vez com borboletas voando no estômago e eu me senti viva, livre e feliz como nunca estive. Esqueci toda a tristeza por um segundo. E me senti feliz.
- olha, está nevando. – ele me chamou a atenção para o fato da neve caindo sobre nós.
- parece que Deus só estava um pouquinho atrasado, senhor Way.
- é verdade, Ele só queria me deixar constrangido.
Nós rimos e voltamos pro carro por causa do frio. Eu olhava minha aliança encantada com o que estava acontecendo na minha vida. Não parecia real, era um sonho.
- é um sonho... – deixei escapar num sussurro.
- é realidade, Anny. Eu te amo.

Voltamos pra casa “secreta” de Gerard, pois a minha vontade de encontrar minha mãe de novo era mínima.
- ai, aqui dentro está tão quentinho.
- vem, vamos ficar embaixo do edredom. – ele puxou minha mão e me levou até a cama.
Não sei se essa era a real intenção, mas quem disse que íamos conseguir ficar embaixo do edredom? O calor de nosso corpo foi o único responsável por aumentar nossa temperatura naquela manhã. Os corpos colados e nus cobertos por um lençol aqueciam mais do que qualquer tecido. Gerard sabia me aquecer, deixar meu corpo suado em plenos 5ºC! Nos amamos uma, duas, várias vezes naquele dia. Afinal, tínhamos que comemorar não é mesmo?

Almoçamos juntos, vimos filmes juntos, mas o dia acabou rápido e quando vimos já era noite. Gerard me deixou em casa e foi embora. A saudade dele era tão grande que não cabia no peito, escorria pelos olhos. Eu olhava sua foto e chorava de alegria cada vez que meus olhos refletiam o brilho da aliança em meu dedo anelar. Era mágico demais para ser verdade. Era felicidade demais para dar certo.