Athena estava sentada junto de Hera na cama, uma dando força para a outra. A festa começaria logo as duas estavam um tanto ansiosas.

- Hera, chegou a hora, vamos?

- Eu estou com um pressentimento – disse ela.

- Bom ou ruim?

- Não sei, mas algo irá acontecer...

- Ahn, é melhor nós irmos – disse Athena.

     Elas caminharam pelo Olimpo, observando cada resultado de seus esforços. Por todas as contruções tinham fitas vermelhas e douradas penduradas e enroladas em pilastras. Incontáveis mesas e cadeiras estavam espalhadas por toda a extensão das ruas, com detalhes verdes e pratas. No centro de tudo tinha a árvore que elas arrumaram, com as bolinhas coloridas e as luzinhas, e a grande estrela de bronze no topo, a qual Poseidon tinha a ajudado colocar. Athena sorriu com a lembrança.

- Athena, eu vou andar um pouco – disse Hera.

- Ah, claro – ela disse enquanto encarava a estrela, por algum motivo, Athena não conseguia parar de sorrir.

- I never really knew that she could dance like this, she makes a man wants to speak spanish. Cómo se llama? Sí, bonita, sí. Mi casa, su casa – aquela voz cantou baixinho em seu ouvido fazendo um arrepio percorrer seu corpo.

- Oh baby, when you talk like that, you make a woman go mad, so be wise and keep on reading the sings of my body. I’m on tonight, you know, my hips don’t lie and I’m starting to feel it’s right, all the attraction, the tension. Don’t you see, baby, this is perfection – ela cantou também.

- Hey, girl, I can see your body moving and it’s driving me crazy. And I didn’t have the slightest idea until I saw you dancing. And when you walk up on the dande floor nobody cannot ignore the way you move your body, girl – Poseidon terminou abraçando-a por trás.

- Eu não sabia que você gostava tanto da Shakira – ela disse rindo.

- Tá linda – ele sussurrou.

- É mesmo.

- Eu não estava falando da árvore – ele disse, virando-a e roçando seus lábios nos dela – Você é muito mais linda que ela.

- E-eu... Obrigada – ela disse com o cenho franzido.

- Não precisa agradecer por eu dizer a verdade – ele disse carinhoso afagando seu rosto – Eu sei que me odeia mas, eu não vou conseguir passar mais um Natal escondendo a verdade... Eu amo você, Athena – ela estava de boca aberta tanto era seu choque – Ahn, Athena? Por favor, você não congelou né? Eu sei que tá nevando, mas...

- T-tudo bem.

- Vai me matar, não é? Desculpe, mas eu precisava falar – disse ele segurando o rosto de Athena – Eu...

- Também te amo.

- O-o que?

- Não disse antes porque tive medo. Me desculpe – ela disse. Ao invés de ficar perdendo tempo, Poseidon tomou seus lábios em um beijo carinhoso, misturado com diversas lágrimas.

     Hera andava sem rumo, observando o céu, a lua estava linda como sempre mas, tudo repleto de nuvens negras, com certeza Zeus não estava bem. De longe pôde vê-lo largado em uma mesinha, uma garrafa de whisky na mão. Não entenda mal, ela ainda se preocupa com o bem estar dele.

     Havia algumas ninfas ali perto, tentando sentar em seu colo. Hera sentiu uma lágrima percorrer seu rosto, ele não mudara; e ela ainda sofria com isso. Ele passou as mãos no cabelo enquanto as mandava embora e ela foi invadida por uma alegria desconhecida.

- Pare de beber, Zeus – ela disse se sentando à sua frente.

- Hm.

- Pare com isso ou vai entrar em coma alcoólico – então tirou a garrafa dele e jogou longe.

- Não tem importância.

- Tem sim. É claro que tem.

- Ninguém se importa. Você não se importa – ele disse.

- Não diga isso – ela disse afagando seu rosto.

- Venha – então ele se levantou e a puxou, os dois corriam e ele parecia não querer parar até que subiu em cima de uma mesa e todos se viraram para olhar – Hera, me desculpe. Me desculpe por tudo que eu te fiz. Eu te fiz sofrer, te fiz chorar, te fiz me aguentar, eu fiz da sua vida um inferno – ele disse num fôlego só – Não sei se vai adiantar mas, eu me arrependo profundamente. Você não tem noção de como eu quero me matar por te fazer mal – nessa hora todos já estavam com a boca aberta, quem esperaria isso de Zeus? Logo depois ele saltou da mesa e se ajoelhou, pegando uma caixinha de dentro do terno e deixando a mostra um anel de ouro cravejado de rubis – Eu juro pelo Styx e por qualquer outra coisa que nunca mais vou te trair, nunca mais você vai sofrer. Por mim, eu começo tudo de novo. Vou fazer as coisas certas dessa vez, desde o início, mas você tem que colaborar respondendo à minha pergunta. Você é a única mulher que eu amei de verdade e não soube dar valor. Você é a única mulher que consegue me prender. Você é a única que eu quero ao meu lado pela eternidade. Então, aceita casar comigo e recomeçar nossa vida?

- E-eu aceito – em um segundo ele colocou o anel e pousou as mãos em sua cintura.

- Eu te amo.

- Faz tempo que você não diz isso.

- Eu disse no dia em que você me deixou – ele disse fazendo-a rir.

- É, mas não valeu.

- E você? Ainda me ama? – ele perguntou sério.

- Claro, seu bobo – ele sorriu antes de trazê-la pra si e beijá-la. Mas não era aquele beijo voluptuoso com que estavam acostumados pois, como ele não demonstrava nenhum amor, a relação deles – por mais que ela não quisesse – tinha se resumido apenas ao sexo.

     Mesmo entorpecidos pelo momento, ainda podiam ouvir as palmas e assovios. Aos poucos, foram se separando e ela sorriu.

- Seu sorriso é lindo – ele disse dando um selinho nela. Hera o abraçou enquanto ele passava os braços por suas costas – Nunca mais vou deixar você ir.

- Me prometa que não vai mais me trair – ela disse com as mãos no peito de Zeus, tentando segurar as lágrimas – Por favor.

- Hera – ele disse também chorando – Eu descobri que você é quem eu sempre quis comigo. Não quero mais ninguém. E nosso casamento vai ser amanhã, na noite de Natal.

- Como? Não. Não pode, nós não arrumamos nada, eu...

- Sh, acalme-se. Afrodite consegue arrumar tudo.

- Não sei...

- O que importa é que nós estamos juntos agora. Não se preocupe com o que não é necessário.

- Você, pode ter feito tudo isso mas – ela disse devagar -, é o único que consegue me acalmar realmente... Apenas com palavras.

- E isso é mais uma prova de que fomos feitos um para o outro.

- Como consegue? – ela perguntou – Depois de tanto tempo se mostrando um homem frio, que não liga pra sentimentos e todo o resto e que só se importa com o orgulho de macho, como consegue ser tão carinhoso quando quer?

- Você me ensinou o verdadeiro significado do amor, Hera.

- Ainda não te entendo – ela disse.

- É, mas isso não importa agora – ele riu – Sabe, isso aqui tá muito chato...

- Acha que tem coisa melhor pra fazer? – ela perguntou mordendo o lábio.

- Por que nós não consumamos nossa nova união? – ele sussurrou.

- Seu safado.

- Ah, vamos? – ele disse fazendo bico.

- Não. É véspera de Natal e eu não vou passar na cama.

- Você é má.

- Okay, amanhã, depois do casamento eu me entrego a você – ela disse diante de sua expressão de cachorrinho abandonado.

- Promete?

- Prometo.

- Todos os dias?

- Zeus!

- Precisamos garantir que, assim como o amor, o desejo continue vivo.

- Tonto. Você sabe que eu te amo – ela disse rindo.

- E eu também te amo, mais do que você pensa.

- Quanta melação – disse Poseidon se aproximando com um braço envolto em Athena.

- Poseidon – disse Zeus sério. Um trovão ribombou no céu – Se magoá-la de novo, eu te mando pro Tártaro.

- É verdade – disse Afrodite se aproximando – E o mesmo vale pra você, Zeus, nós já conversamos.

- Sim.

- Que coisa clichê, não acham? – disse Apolo.

- Gente, vocês não estão felizes?! Amanhã é Natal! – disse Athena.

- Poseidon, eu tô começando a achar que você anda drogando ela – disse Afrodite.

- Dorgas?! Larguei! Vamos dançar?

- Athena, vai tomar uma água, vai.

- Que isso, Hera! Vem dançar.

- Hera, vamos dançar e deixar essa louca – disse Zeus baixinho.

- Okay, okay. Até mais – ela disse.

- Ah, e Afrodite, já sabe o que fazer para amanhã, não é?

- Claro. Já está tudo pronto – Afrodite disse sorrindo.

- Ótimo.

- Ainda não acredito nisso – Hera disse quando já estavam longe.

- Eu sei.