POV DO LOBÃO:

Aquelas duas eram como eu, uma era loba e a outra era um tipo de felino. Mas sempre achei que só existisse essa loucura sobrenatural de lobisomem na reserva. Pelo jeito também tinha em outros lugares e com outras feras, estas duas mulheres provavam isso.

Fiquei bastante intrigado com o perfume delas, além do olhar da Lunna no momento que falei meu nome, pelo rosto dela pude perceber que ela reconheceu meu cheiro.

Quando elas foram embora, houve uma urgência dentro de mim, uma verdadeira inquietação, queria conversar com elas. Em especial a Lunna por ser lobo como eu e por ela me reconhecer, seus olhos azuis escuros me diziam isso. Senti que ela tinha algo a me dizer.

Falei para os outros mecânicos o que deveriam fazer com aquela maquina, o pedido era simples, então não foi difícil explicar, não queria perder tempo com conversas.

Depois fui até o subgerente, Will Toks, avisei que teria que sair mais cedo, eu inventei um problema pessoal, como todo mundo faz, isso não gerava muitos questionamentos. Ele era um cara muito gente boa, ainda me devia uns favores, por arrumar seu carro sem cobrar a mão de obra. Assim el falou que poderia ir sem problema, o movimento já estava tranqüilo.

Dessa forma me arrumei mais rápido possível, troquei meu macacão sujo de graxa, pelas minhas roupas e corri para fora com nariz para frente. Em busca dos cheiros delas, vê se conseguia sentir aqueles perfumes, porém aquelas milhares de pessoas passando prejudicou um pouco. 

No entanto fechei meus olhos, para focar meus sentidos aguçados, evoquei meu lado de Alfa, de caçador, depois de um tempo curto até, consegui um rastro fraco, o cheiro da loba era mais familiar, lembrava dos meus irmãos, facilitando meu trabalho.

Meus passos eram apressados entre a multidão, fiquei focado em encontrar aquela loba, caminhei atento a tudo, nenhum movimento escapava de mim. À noite já começavam a cair entre os prédios, às luzes artificiais já iluminavam as ruas cheias.

O cheiro começou a intensificar no meu nariz depois de uns quinze minutos caminhando entre a selva de pedra e concreto. Era da mulher de olhos azuis, da loba, agora junto o da felina, a loira. Quando notei tinha chegado a um beco sombrio.

Nesse momento senti o fedor de sanguessuga queimar as minhas narinas, deixando minha fera implorando para sair, meus espasmos mostravam que não me seguraria por muito tempo. Conseguia sentir que eram dois sanguessugas com seu cheiro enjoativo

Com cautela virei meu corpo para ruela e ali vi as duas mulheres de costas para mim, as que eu tinha conhecido na oficina, eram aberrações como eu, elas paradas no meio da ruela úmida, onde havia algumas poças perdidas no chão, havia também algumas lixeiras no meio. Típico cenário de filme policial onde sempre tem um assassinato.

Os dois vampiros eram um casal, a fêmea era negra de cabelo bem liso, como uma cortina que cai no rosto, já o macho era loiro de cabeça raspada sei corpo era esguio. Aqueles dois seres faziam sons de raiva, como urros, eles pareciam inquietos, incomodados com a presença das duas feras, se colocaram em posição de ataque, eles estudavam a situação.

Nada parecia abalar Lunna e Melissa, que tinha a postura descontraída, a que tinha perfume de felino, até jogou a cabeça de lado. Aquelas duas pareciam indefessas, até perdidas, como elas não soubessem que aqueles seres eram extremamente mortais.

Meu lobo vendo aquelas duas incitou meu lado protetor, pedia com toda força pra ser liberto, mas minha curiosidade o impedia, queria ver o que iria acontecer. Pois quero ter certeza que elas eram como eu.

Lunna tirou o sapato que usava, jogando para um pouco para trás, no final do movimento vi seu rosto, ela franziu o nariz levemente. Virou o rosto mais na minha direção, nossos olhos se encontraram, com gesto somente com os olhos ela mandou eu ficar observando.

Melissa pegou uma bolsa pesada que repousasse no seu ombro, a mesma que ela tinha tirado da porta-mala antes de entregar o carro.  Jogou perto de uma lixeira, estalou alguns dedos das mãos, em seguida falou numa voz desafiadora:

-Sanguessugas vamos brincar um pouco?

Os seres fétidos encaram incrédulos aquela ameaça, a fêmea veio correndo na direção das duas mulheres. Isso não as intimidou, parecia estimular as duas, que começaram a correr também, iriam se chocar, mas antes a loira se transformou numa leoa enorme, com seus olhos ferozes e um rugido potente ecoou, os vampiros ficaram temerosos, o macho ameaçou fugir.

-Não você não vão fazer isso. - Gritou Lunna entre dentes, que no meio da corrida se transformou numa loba castanho claro.

Ela pulou por cima da negra, num movimento impressionante, indo atrás do careca numa corrida veloz, ela iria o caçá-lo onde fosse. Os quatro começaram a lutar ferozmente, sem ao menos pensar meu lobo pedia para aparecer, assim atendi os anseios dele correndo para meio daquele duelo.

Quando as minhas quatro patas surgiram, um uivo de felicidade escapou dos meus lábios, fazia tempo que não deixava ele aparecer, então ele comemorava sua liberdade e a possível boa briga.

Eu queria controlar minha transformação, para tentar ter uma possível vida normal, ter um recomeço, ou uma sobrevida mais descente. Sem nada desse mundo doentio sobrenatural, mas sempre era difícil, ainda mais com esse estimulo olfativo e visual dessa noite.

Para minha supressa, algo que muito tempo não acontecia surgiu: a minha mente não era só minha, os pensamentos da loba eram compartilhados com os meus. Como isso aconteceu?

-Sou alfa. - ela falou enquanto tentava pegar o vampiro que se esquivava dela subindo em algumas lixeiras e escadas de incêndio.

-Eu também. - Respondi bravo.

-Alfas se comunicam entre mentes. – Ela comunicou rindo.

Esse detalhe eu não sabia, ela então desviou sua atenção da nossa conversa e foi lutar contra o vampiro. Eu já estava próximo para ajudá-las acabar com aqueles dois sanguessugas, cada uma focou seu ataque em um vampiros.

No momento que cheguei mais perto do duelo o cheiro de outro vampiro, de um terceiro, surgiu naquele local, mais precisamente em cima dos prédios, que não eram muito altos. Consegui previ em um segundo que aquele ser nojento ia atacar as costas da loba, no momento que ele pulou nela eu entrei na frente, recebendo o golpe certeiro.

Vampiro enlaçou meu corpo em um abraço, logo meus ossos dos braços e do torax se quebraram, uma dor que eu já conhecia surgiu, como um deja-vu. Outros ossos estalaram, fazendo um grunhido surgir da minha garganta, em seguida as duas outras feras vieram ao meu socorro.

Melissa abocanhou as costas do infeliz, isso o fez ele me soltar, passou atacar a leoa, que conseguiu atrair sua atenção para ela, deixando-me de lado. Cai no chão olhado contorcendo com dores e mais dores pelo meu corpo.

Contudo mantive meus olhos abertos, queria ver aquelas duas feras lutando. Lunna terminou com o careca arrancando vários pedaços, os jogando em várias direções, não demorou para acabar e ajudar a felina.

Elas aniquilaram o sanguessuga com astucia e força, o despedaçando por inteiro, ele não conseguia reagir, os dentes delas eram precisos, em questão de minutos havia menos um vampiro no universo.

No meio daquele tempo senti meus os ossos quebrados já estavam cicatrizando de forma errada. Ao terminar de aniquilar os fedidos elas vieram ao meu socorro se destransformando muito rápido, como se fosse algo muito fácil para elas, até normal.

-Cara tenta controlar seu lobo. - Melissa falou aflita para mim alisando meus pêlos. - Temos que te levar daqui, como humano é muito mais fácil.

-Temos que colocar os ossos dele no lugar certo. - Lunna comentou tensa apertando minhas lesões, parecia avaliá-las. - Controla o fogo e se destransforma lobo.

Com muita dificuldade segui o conselho delas, logo era humano novamente. Lunna deu um sorriso malicioso e comentou:

-Agora vejo o que Bella achou de tão bonito.

Aquele nome me pegou desprevenido, me deu uma força absurda, me tirando do meu sofrimento. A dor física foi esquecida por mim, dando lugar a minha chaga emocional eterna, que sem duvida era meu grande flagelo, então gritei:

-Como Assim? – arregalei os olhos e arquei meu corpo para frente, tentando me erguer.

As dores físicas eram alucinantes, os ossos estavam calcificando nos lugares errados, aquilo fazia ser muito dolorido, porque isso envolvia os músculos, vasos, ligamentos ficarem no lugar errado também, se tornando incomodo e sofrível.

Todavia nada, absolutamente nada, havia importância quando eu escuto aquele nome, que já havia anos que não era pronunciado nos lábios de outra pessoa, só o ouvia nos meus pensamentos e sonhos recorrentes.

-O que você está me falando? - peguei o braço de Lunna com força e falei em meio a rosnados.

- Mel, vai lá pegar a nossa bolsa de auxílio, tem um tranqüilizante. - A mulher falou a outra alheia a minha pergunta e a minha agressão em sua pele.

A loira saiu correndo, escutei-a se transformando, Lunna estava atenta a mim, segurando a minha mão que estava livre com firmeza, pedindo calma para mim, porém eu não quero aquilo, anseio por respostas, sou carente delas. Escutava meus ossos estalando, por estarem na posição errada, enquanto eu me mexia para poder encarar a mulher dos olhos azuis.

-Fica quieto lobo. - ela ordenou brava.

-Como você sabe o nome dela? – apertei mais a minha mão que estava no seu braço, ele já estava ficando branco, sem cor do sangue correndo. Lunna rosnou para mim, mostrando os dentes.

-Há muito coisa que você precisa saber, mas agora não é hora. - ela vociferou com seus olhos tensos nos meus.

-Não me importo com essa maldita dor. - Quando tentei puxar ela pra mais perto de mim para desafiá-la, escutamos meu ombro deslocando por inteiro e urro saiu da minha garganta.

-Não se faz de forte agora, você terá tempo para conversar com ela. - Lunna visivelmente tentava controlar a raiva pela minha teimosia. - Acredite em mim muita coisa mudou depois da ultima vez que a viu.

-O que você fez com ela? - perguntei no meio da minha dor profunda.

-Nada Lobo. - ela falou sorrindo cinicamente olhando para o braço preso. - Na verdade eu a salvei, você me deve agradecimentos por ela estar viva.

A respiração pesada da leoa estava próxima, seus passos apressados eram ouvidos, depois de segundo escutei o barulho característico quando nos destransformamos, a loira voltou ai notei que ela estava nua, olhei para o lado e vi Lunna também nua, ao perceber isso, ela ironizou:

-Não finja que você nunca viu. - eu sorri mesmo sentindo muita dor. – Ninguém aqui é criança.

A loira pegou uma seringa da bolsa, ela bateu na seringa para ajeitar o liquido dourado. Lunna sorriu para mim e falou:

-Quando você acordar estará no paraíso, lobão. – Ela bincava com a situação, até a apelido ela tinha colocado em mim. - Eu te garanto e com os ossos no lugar.

-Não sei por que, mas acredito em você. - eu falei soltando o braço da loba, enquanto a agulha entrava no meu braço.

-Os lobos se entendem, afinal vivemos em matilha bonito. - Minhas pálpebras estavam pesadas, mas relutei em manter-las no máximo abertas.

Escutei Melissa comentar com Lunna:

-Vamos colocar nossas roupas. Vou ligar para Sarah preparar tudo e pedir pra Jonh nos buscar. - Voz da leoa era séria. - Você vai avisar a Bella?

-Por telefone não, conversarei pessoalmente. Não sei como nossa irmã ira reagir!

-Certo.

Tentei argumentar com elas, queria falar com Bells, mas minha língua já estava adormecida, a inconsciência já tentava me pegar a todo custo. Não sei quanto tempo depois escutei freio de um carro parando bruscamente. Duas portas bateram ao mesmo tempo e uma voz feminina, desconhecida por mim falou:

-Coloquem ele no carro. - Mesmo sendo uma ordem tinha algo maternal ali.

-Não pelado. – Agora era uma voz masculina falando irritado.

-Agora meninas. - A voz maternal falou de novo. – Jonh, eu vou fingir que não ouvi esse comentário.

-Ele esta com inveja Sarah. - Debochou Lunna, sua voz esta bem próxima de mim. - O cara é muito melhor do que ele.

-Sem duvida. - ironizou Melissa.

-Vocês são péssimas sabia. - Ele bufou e ligou o carro.

Senti meu pescoço sendo colocado no colo quente, pelo cheiro era Lunna, não sei o real motivo para confiar nela, talvez por me lembrar tanto meus irmãos. A certeza que veria Bella de novo me aquietou por completo, então suspirei.

-Fica tranqüilo Lobão, relaxa. - Lunna brincou comigo. Alisando meus cabelos - Minha irmã vai amar te ver.