Fiquei uma semana no meu quarto. Só Seth e mamãe entravam e de vez em quando Jacob vinha me visitar. Ele sempre tentava me tirar daqui, mas o máximo que conseguia era me fazer descer as escadas e ver alguns filmes na televisão.

Nada do Samuel nem muito menos da minha prima. Trataram de me isolar de tudo o que estava acontecendo e eu aceitei essa imposição. Não me importava com mais ninguém e sabia que podia estar julgando tudo errado, mas ninguém me dizia o contrário. Então permaneci assim por um bom tempo.

# Seth? # Chamei-o quando o vi passar pelo corredor. Ele parou, abriu um pouco minha porta e parou ali mesmo. Até ele estava com medo de entrar no meu quarto. # Pode vir aqui? #

# Tem certeza? # Hesitou mais um pouco.

# Sim. #

# O que foi? # Perguntou sentando na cadeira giratória do computador.

# Eu precisava de alguém pra conversar. # Disse completamente sincera. Seth me olhou assustado, mas sorriu. Mesmo ele sendo um pirralho infernal ele era uma ótima pessoa. E eu o amava demais.

# Lembrou que tem um irmão? # Respondeu irônico e eu lhe dei um cascudo. # Aí! #

# Promete não contar pra mamãe? # Aí sim ele me olhou realmente assustado. Fez que sim com a cabeça e eu repassei trezentas vezes na minha cabeça o que eu ia falar antes de pronunciar tudo de uma vez. # Acho que estou grávida. #

Um silêncio absurdo invadiu meu quarto. Seth processava minhas palavras em sua cabecinha e eu me segurava para não demonstrar desespero na sua frente. Ainda mais porque eu não tinha confirmado minha suspeita.

# A mamãe precisa saber! # Exclamou saindo do seu transe. Fiz que não com a cabeça e praticamente ajoelhei aos seus pés para que ele não contasse. # Ok. Você precisa confirmar então. #

# Eu sei... # Abaixei minha cabeça. O problema é que eu estava morrendo de medo de receber um “Sim”.

# Quer que eu vá com você? # Sorri para ele. Meu irmão era um fofo.

# Não. Acho que eu preciso encarar isso sozinha. # Ele concordou com minhas palavras, beijou meu rosto e voltou para o seu quarto como se nada tivesse acontecido. Eu sabia que ele não ia contar para nossa mãe.

...

Fui até Forks sem ninguém saber. Esperei meus pais saírem de casa para visitarem Emily e peguei algum dinheiro que eu guardava e fui caminhando até a cidade.

No caminho encontrei com Embry, Paul e Jacob. O último insistiu em saber aonde eu iria, mas não falei. O problema é que ele continuou me seguindo e eu não sabia o que fazer.

# Vou comprar remédios. # O que não deixava de ser verdade, mas ele pareceu não acreditar.

# Então por que não posso ir junto? # Voltou a caminhar lado a lado comigo e eu bufei. Acho que teria que confessar meu segredo à ele.

# Olha, você quer mesmo saber? Então lá vai. # Jacob parou e me segurou pelo braço. Olhei fundo em seus olhos e vi o quanto ele estava preocupado comigo. # Acho que estou grávida de um cara que não está mais nem aí para mim. # Soltei meus braços de suas mãos e voltei a caminhar mais rápido dessa vez. Ele acabou ficando para trás.

# Eu preciso voltar para casa! # Gritou nas minhas costas. Dei de ombros.

Quando ia falar alguma coisa, virei para trás e notei que Jacob já tinha partido. Queria ter pedido para ele ficar. Precisava de alguém na hora que o resultado saísse...

Parei em frente à farmácia morrendo de medo. O meu primeiro medo, mas não o maior, era que o vendedor desse com a língua nos dentes. Procurei por alguém na rua e encontrei um semi-bêbado parado na mercearia ao lado.

# Ei, você! # Chamei sua atenção e dei um sorriso amarelo quando ele percebeu que era com ele que eu falava. # Preciso de um favor. #

# E o que essa belezura quer? # Levantou de onde estava e cambaleou até mim. Seu cheiro de bebida invadiu minhas narinas e eu comecei a ficar zonza.

# Se você entrar naquela farmácia e comprar um teste de gravidez com meu dinheiro eu te dou dez dólares extra. # Ele sorriu e me mandou um beijo antes de pegar o dinheiro e entrar na farmácia.

Sentei no banco do lado de fora e aguardei-o voltar enquanto observava a chuva voltar a cair na cidade.

Tomei um susto quando senti a caixinha sendo jogada no meu colo. Ele sorriu e piscou mostrando o dinheiro todo feliz. Sorri entristecida, levantei e caminhei na direção contrária ao bêbado.

Enquanto caminhava encontrei uma garota conhecida. Acho que o seu nome era Jéssica, mas não podia garantir com certeza. Ela vivia aparecendo nas festas da reserva dando em cima de todos os garotos possíveis.

Gritei pelo seu nome e ela me olhou assustada, porém logo me reconheceu. Veio até mim e fiz uma cara de dor assim que ela chegou perto o suficiente para ver.

# Você está bem? # Perguntou segurando um dos meus braços.

# Você mora aqui perto? #

# Sim. #

# Preciso tomar um copo d’água e usar o banheiro. Acho que vou vomitar. # Ela me olhou aterrorizada provavelmente pensando na ideia do seu cabelo todo ensopado de vomito.

Então quando cheguei a sua casa, corri para o banheiro e fui fazer o teste. Comecei a tremer quando deu os cinco minutos para ele ficar pronto...

...

Voltei para casa como se nada tivesse acontecido. Parei em uma loja, comprei uma blusa qualquer para usar de desculpa e quando entrei em casa, meus pais me olharam tentando entender onde eu estava.

# Foi fazer compras? # Minha mãe perguntou sorrindo. Sorri de volta para ela e apontei a sacola da lojinha.

# Olha que linda! # Fingi uma felicidade enquanto desdobrava a blusa e mostrava para os dois. Meu pai nada fez.

Conversei com minha mãe por algum tempo e quando a convenci de que estava bem, fui para o meu quarto e me tranquei lá novamente. Peguei o teste de gravidez, comecei a quebrá-lo em vários pedaços, enrolei os pedacinhos no papel higiênico e dei a descarga. Ninguém iria achá-lo.

# Leah? # Seth começou a bater na porta. Garanti que nenhum pedaço do teste tinha voltado para a privada e fui abrir para meu irmão. # O Jacob falou que encontrou você na rua hoje e pediu pra eu te chamar para ir até a casa dele. Agora. #

Eu sabia exatamente o que o Jacob queria, então topei. Troquei de roupa, avisei meus pais que iria até a casa do Jake e parti para lá.

Quando cheguei, ele me esperava na porta sempre com aquele sorriso maravilhoso que só ele tinha. Abracei-o sem dizer nada e ele retribuiu, me apertando com muita força. Não reclamei, apenas fiquei ali por um bom tempo. Eu não tinha ideia de como sentia falta de um amigo nesses dias.

# Promete que não vai me matar? # Perguntou enquanto nós entravamos em sua casa. Fiz que não com a cabeça, uma vez que não sabia sobre o que ele falava.

Então eu ouvi aquela voz...