Inner Outer Space escrita por matt


Capítulo 5
Explicações


Notas iniciais do capítulo

"Quem é você? O que você quer de mim?"



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                Quatro horas. Estou fazendo o dever de inglês que nem me lembro de ter anotado. Dou uma pausa e como um pequeno lanche na cozinha. Não tem ninguém em casa. A doida, também, parece que saiu, e eu agradeço por isso antes de comer. Assim que eu volto ao meu quarto, percebo que meu agradecimento foi em vão...

                - O que você tá fazendo aqui? ...e assim?! Onde você conseguiu essas roupas? – ela usava um conjunto muito sugestivo, em cima da minha cama.

                - O SPIPA pegou na seção “Proibida” da sua mente.

                - Você não pega só o que é importante pra você?

                - Mas isso é – de repente, eu estou deitado, com ela por cima de mim – É o jeito mais fácil de te persuadir.

                Ela se abaixa e passa a língua pelo meu pescoço.

                “Controle, Matt. Você tem nojo dessa mulher... digo, alienígena”.

                - Peraí, como é que é?

                - Eu te amo tanto! – ainda se esfregando em mim.

                Desprendi-me rapidamente e olhei para ela, triunfante.

                - Eu sabia! Você quer alguma coisa de mim!

                - Ah, o que te faz pensar isso, Me-kun?

                - Não se faça de inocente! Você acabou de dizer que...

                Veio um tipo de flash dos olhos dela e eu perdi a consciência... outra vez.

                Acordei ainda na minha cama (achei ótimo não ter andado contra minha vontade), mas não me levantei. Estava ouvindo uma voz vinda do telhado. Ou eram duas? Parecia alguém em crise de consciência.

                - ...fazendo tudo errado, sua incompetente! Desculpa, esse SPIPA que vocês me deram não tá processando direito. O Matt não está nada feliz, e já foi “apagado” duas vezes. E o que você quer que nós façamos? Bem, de preferência, mandem um novo. Ahh... Ok, parece que não temos escolha – uma pausa e um zunido alto – Muito obrigada! Vê se faz um trabalho decente, desta vez. Eu já disse, a culpa não é minha! De qualquer forma, este SPIPA está atualizado com as reações humanas e emoções um pouco mais naturais e realistas, de acordo com a pesquisa que você já fez. Tá bom, só mais uma pergunta. Sim? Eu posso contar logo pra ele? ... Conte o que você quiser... – e silêncio.

                Tá. Tem algo muito grande acontecendo.

                Fingi estar dormindo quando ela entrou pela janela.

                - Eu sei que você já acordou, Matt. O efeito dura menos que 5 minutos.

                Ela estava séria. Isso REALMENTE não estava certo.

                - Quem é você? O que você quer de mim? – eu estava confuso e um pouco apavorado.            - Desculpa, Me-kun. Vou te contar tudo.

                Ela se sentou ao meu lado e não fez nada simulado.

                - Eu não menti quando disse que sou uma viajante espacial  – continuou.

                - Sei. Mas pelo jeito, você não viaja por si só, certo?

                - É. Na verdade, eu trabalho para uma organização intergaláctica chamada C.E.M. – Centro de Entendimento Máximo.

                - Ah, entendi, é um trocadilho com aquele índice de evolução, né?

                - Ih, sua língua faz isso com ela, mesmo! Hihi, que engraçado! – parece que ela está voltando ao que era no começo – Originalmente, não tem nada a ver, mas isso se relaciona ao objetivo da organização. Eles pretendem coletar informações sobre todos os seres deste universo, do mais inútil ao mais perfeito.

                - Uh. Isso não é um pouco trabalhoso demais? O que vocês querem com isso, no fim de tudo? Não tem algum “objetivo final”?

                - Não me inclua neles, eu não sei. Os rumores são a montagem de uma biblioteca universal em todos os planetas existentes, mas ninguém confirmou isso. Bom, eu deduzi isso por causa de uma peça estranha na minha nave. Ninguém que trabalha comigo sabe o que é.

                - Já tentaram analisar com o capacete?

                - Sim. Ele só diz: “Dados Confidenciais”.

                Desta vez, ela está falando tudo com sinceridade (o que é muito estranho). Parece que ela também sofre com seus próprios mistérios. E falando neles:

                - Ah, sim, tem outras coisas me incomodando além da sua identidade – falei – Primeiro: como é que você estava aqui e na escola ao mesmo tempo?

                - Você viu o dispositivo nas minhas costas, não viu?

                Acho que ela se refere àquela turbina esquisita de sua forma “real”.

                - Aquilo é como uma tinta de utilidades.

                - ... err, cinto.

                - Tá, enfim, uma das utilidades dele é isto – ela mexeu nas próprias costas.

                - ...AH!

                Por algum tempo, nada aconteceu, mas num pequeno instante, a minha casa ficou entupida de alienígenas, todas idênticas, que gritam em coro: “Ohayooou!!”

                - Tá, entendi, clonagem instantânea – disse, pressionado num canto – Desliga isso, por favor!! – todas elas somem, logo após soltar um sonoro “Bai baaaaai!!”

                Agora, estou realmente convencido de que ela mudou. A criatura de antes não atenderia a um pedido meu sem antes tirar um sarro da minha cara ou fazer uma reclamação, qualquer que fosse.

                Paro pra pensar um pouco.

                - Por que você apelou tanto pro lado “apaixonado”?

                - Ah, não, você também?! Já não basta o pessoal do C.E.M. dizendo que é culpa minha?! – ela parecia realmente irritada – Eles me mandaram o pior modelo de SPIPA. Ele julga que os seres de qualquer planeta ficam felizes quando seus instintos carnais são satisfeitos.

                - Bem, geralmente é isso mesmo que acontece nas massas da Terra.

                - Infelizmente, você não pertence a essas massas, então eu precisei trocar.

                - Por que você não foi atrás de alguém “das massas”, então?

                - Porque o Me-kun é muito mais interessante do que eles.

                Ela ainda não perdeu o dom de me deixar corado. Mas agora, eu ainda estava sóbrio.

                - Você sabe que isso destruiu uma parte importante da minha vida...

                - Eu notei algo assim. Só que eu não faço idéia do que, exatamente, eu destruí.

                Pelo jeito, ela ainda não entende tanto sobre relações sociais da Terra.

                - Tudo bem, deixa eu te explicar, então.

                Contei sobre a Ana, o que eu sinto e o que aconteceu até ali.

                - Mas se você gosta tanto dela, por que vocês não se falam mais?

                - Sei lá, eu não consigo manter uma conversa com ela, parece que tem alguma coisa me reprimindo. E agora, seu capacete só piorou a situação.

                - Hm. Pelo jeito, não ser “das massas” tem suas desvantagens.

                - ...

                - Bom – ela continuou – não sei o que eu posso fazer pra você conseguir conversar direito com ela, já que isso é problema exclusivo do seu próprio psicológico.

                - Ah, obrigado – disse, irônico.

                - Mas a minha parte, eu posso consertar!

                - ...?

                - Ok, a casa dela é pra lá...

                - Calma aí, você não tá pensando que vai pra casa dela conversar sobre isso, tá?

                - Não eu. Nós dois vamos!

                - Tá maluca?! Ela vai ficar mais irritada ainda!

                - Por que ela ficaria?

                - Pra começar, aparecer na casa dela com você pra dizer que não estou com você é meio idiota. Além do mais, é invasão de privacidade aparecer assim, sem avisar. E sabe-se lá o que ela pode estar sentindo ali, agora?

                - Ai, Me-kun, seu raciocínio é muito supérfluo.

                - O meu?!

                - Pois bem. O que você sugere que eu faça?

                - Por enquanto, não faz nada. Eu vou tentar resolver isso sozinho.

                - Não vai dar certo...

                - Eu diria isso se você tentasse alguma coisa.

                - Então tá, Vai fundo, Superman-san, mas eu vou acompanhar seu suposto progresso bem de pertinho - me abraçou pelas costas – Tá?

                Enfim, um abraço apenas fraternal.

                - Nada de se esfregar em mim, agora, certo?

                - Só se você quiser – estampa um sorriso malicioso no rosto – Afinal, eu estou aqui pra te deixar feliz.

                - ...

                - É parte da minha missão.

                - Aham...

                - Até a escola amanhã, então, Me-kun!

                - Até... Kasumi.

                - WAA! Você me chamou pelo nome!! Yay! – sai saltitando pelo corredor.

                Ainda não entendo o que essa menina pensa.

                ...eu disse menina?


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