Inner Outer Space escrita por matt


Capítulo 3
Intromissão


Notas iniciais do capítulo

"Mais uma vez, ela usou a boca pra calar a minha. Mas dessa vez, não era uma criatura do espaço sideral puxando informações".



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                Estamos no meu quarto.

                Eu – interrogações.

                Completa desconhecida – acomodada. Até demais.

                - Para de se esfregar na minha cama!

                - Mas é tãããão confortável!! – ela parecia realmente feliz quando disse isso – Não tem nada assim em nenhum dos lugares que eu já visitei.

                - Visitou? Afinal, você vai me dizer o que você é ou não?

                - Ai, ai, você não vai parar de insistir nisso, né? – ela olhou pra mim de um jeito que me deixou envergonhado de novo. Ela tem o dom.

                - Ok, vamos com as tais formalidades – disse – KZM-8230147J, viajante espacial. Muito prazer! – e tentou me beijar outra vez.

                - Ah! Eu já disse que isso não é um cumprimento! E seja mais específica, por favor. Viajante espacial? Como assim?

                - O que precisa acrescentar? Eu viajo pelo espaço e visito outros planetas.

                - Só? Não tem nenhum outro objetivo nisso?

                - Ué, eu gosto de ver outros lugares. O que mais eu quereria fazer?

                - Sei lá. Dominação de outros mundos?

                - Me-kun, você tá lendo muito livro de... como é mesmo? Fricção?

                - Ficção.

                - Eu sei, o SPIPA já me corrigiu.

                - Tá, mas você não precisa de recursos pra viajar assim?

                - ...Não viu a minha cápsula de transporte ali onde ela caiu, não?

                - Não! Aliás, sim! Mas eu me refiro a recursos financeiros.

                - Hihi. Essa é outra coisa engraçada desse seu planeta. Não tem esse negócio de “banheiro” lá em Zerphys.

                - Hã???

                - ... Ah! Dinheiro! Desculpa!

                - Ah, bom, isso soou muito anti-higiênico, agora...

                - Mas também não sei o que é banheiro.

                - ... – Ok, continua bem esquisito... - Aquele exame da minha cabeça não pegou isso?

                - O SPIPA só pega o que é importante pra mim.

                - E banheiro não é?! Onde você faz suas necessidades fisiológicas?

                - Quer dizer, liberar o que eu não absorvi do organismo? Nossa, o 42 faz sentido agora.

                - 42? – é, apareceu esse número na tal análise.

                - É o nível de evolução da sua espécie. Ficou, digamos, abaixo da média. Vai de um a cem, só pra constar.

                - Ah... Mas você ainda não me respondeu. Onde você...?

                - Você não vai querer saber – nessa hora, ela olhou pra mim com uma cara de “é muito avançado pra você entender”. Ou “é muito nojento”. Urgh...

                - Mas eu tô curioso! *caham* Quer dizer, eu preciso saber o máximo possível sobre uma alien esquisita que invadiu a minha casa!

                - Não invadi, não, o Me-kun me convidou a entrar.

                - Quê?! Olha aqui, eu não...

                Déjà vu.

                Mais uma vez, ela usou a boca pra calar a minha. Mas dessa vez, não era uma criatura do espaço sideral puxando informações. Agora, por algum motivo que me deu muita raiva, eu fiquei mais relaxado. Era uma colegial, numa declaração de amor, trocando mil palavras por um único gesto.

                Caramba, ela aprendeu muito bem a simular isso.

                - Me-kun, você é muito chato...

                - ...

                - Que foi, o rato roeu sua língua? ... Quer dizer...

                - Tá, você pode ficar aqui – piruetas e comemorações.

                Deus, por que eu me deixo levar tão fácil?

 

                Parece que eu vou ter que conviver com essa doida por um tempo. O problema maior são meus pais e minha irmã. Eles provavelmente não vão com a idéia de que ela é uma menina desabrigada e baixou o espírito de caridade em mim. Decidi mandar ela dormir dentro do meu armário (vi isso num anime e pensei: por que não?). A muito contragosto, ela se convenceu de que ali ainda é mais confortável que a sua cápsula.

                - Só uma coisa... Você tem que ficar pouquíssimo tempo no banho. Ninguém pode saber que você existe.

                - Banho? Isso é algum apetrecho daquele seu “banheiro”?

                - Ah, esquece! – agora que eu paro pra pensar, mesmo depois de cair dentro da terra, ela não está suja e cheira muito bem. Deve ser aquele capacete.

                - Hora de dormir! – minha mãe, lembrando que eu estou distraído, já são 11 horas e amanhã tem aula.

                - Você a ouviu. Já chega de mexer nas minhas coisas – falei, lembrando a KZ... éé... – Ehh, qual seu nome, mesmo?

                - Me chama de Kasumi, pra facilitar!

                - Shh, fala mais baixo! Tá, Kasumi, pode ser, vai dormir.

                - Haaaaai! – deixa pra lá, não dá pra abaixar o volume dela.

                - Qual é a desse seu “niponismo”? Você nem sabe o que é o Japão!

                - De acordo com o SPIPA, essa é a maneira que você gostaria que uma total desconhecida ideal se portasse, especialmente uma alienígena.

                - Ééé... não.

                - É, sim! Você é muito teimoso, Me-kun!

                - Tá, que seja, boa noite.

                - Boa noite, Me-kun!! – feliz e indiscreta, bate a porta do armário.

                Como é que meus pais não vieram reclamar do barulho até agora?

 

 


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo é maior que o padrão. E acontece bastante coisa! =3



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