Inner Outer Space escrita por matt


Capítulo 2
Uma Visita Forçada


Notas iniciais do capítulo

"Alguma coisa dentro daquela fumaça estava exercendo um tipo de força sobre o meu inconsciente".



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                Voltei pra casa, como sempre, sem criatividade nenhuma pra fazer qualquer coisa nova. É nessas horas que eu sinto uma vontade esquisita de espancar alguém ou alguma coisa, bater a cabeça algumas vezes ou soltar um grito de ódio por nada. Felizmente, eu me limito a colocar meus fones de ouvido e dar uma olhada nos deveres de casa. Mas em matéria de responsabilidade e concentração, também não passo de um lerdo. Além do mais, é um péssimo meio de evasão.

                In the deepest ocean... The bottom of the sea... Your eyes… They turn me. Why should I staBOOOOOOOMMMMMM!!!!!!

                Caí da cama.

                Wow, o que foi isso?! Por que parece que veio do meu quintal?

                Não veio. Explodiu alguma coisa a uns dois quilômetros da minha janela, mas parecia que tinha sido bem do meu lado, pelo som que fez. Dava pra ver a fumaça. Aliás, se alguém não visse, era cego. Aquela era a maior nuvem de fumaça que eu já vi, e isso por que a explosão ocorreu há um bom tempo.

                Alguma coisa naquela fumaça estava exercendo um tipo de força sobre o meu inconsciente. “Não, Matt, não vai, a curiosidade matou o gato”. Péssima escolha de ditado, sou alérgico a gatos.

                Eu tinha certeza que me arrependeria disso.

 

                Ao lado da fumaça, notei que ela tinha uma textura estranha. Parecia uma mistura de pó de ferro e alumínio. Entretanto, o mais peculiar era o que faltava por ali. Ou melhor, o que não faltava. Não tinha nada destruído, nem queimado, nem uma enorme cratera no chão. A única diferença era aquela cortina de pó e o aglomerado de pessoas ao redor do pequeno buraco perfeitamente redondo de onde ela saía. Cabia uma pessoa em pé no buraco, mas ela teria que se espremer bastante.

                De repente, um barulho agudo e um “crack!”. A fumaça ficou num tom mais escuro. Até achei engraçado como isso foi o suficiente para que todos ali fugissem assustados. Só não fiz o mesmo porque aquela força de antes ainda me prendia a olhar a cena que se seguiu.

                Alguma coisa saiu do buraco.

                Parecia um cilindro feito pra perfurar o solo, mas extraordinariamente brilhante. Era muito estranho que eu não estivesse achando aquilo totalmente bizarro e não corresse para o departamento de polícia pra pedir que eles ligassem pro FBI. Depois de um tempo, achei que parecia mais um elevador esportivo do que qualquer outra coisa. E notei que toda a fumaça saía de um único buraquinho na parede da coisa.

                A porta se abriu. (ah, tinha uma porta?!)

                Nesse momento, a minha euforia estava pra sair pelos ouvidos.

                Do cilindro, saiu uma pessoa.  ...Hã?

                Na verdade, eu julguei que fosse uma pessoa por causa do vulto que apareceu. Quando ela estava fora da fumaça, definitivamente não era uma “pessoa”. Tinha formas de uma mulher, mas era totalmente prateada. Parecia usar um capacete que cobria uma possível face até o nariz. E tinha uma turbina nas costas.

                - %$¬£%$+#%$¢£@.

                - O quê? Tá falando comigo?

                - +#%$¢£#&%%&*¨@.

                - Err... Não te entendo.

                De repente, começaram uns sons eletrônicos vindos daquele capacete.

                - #%#%#%#%#%#%!&¬álise completa.

                -Ah! Você disse completa! Eu entendi!

                - Não fui eu, foi o SPIPA.

                - Hein?

                - Sistema de Processamento de Informações de Planetas Alheios.

                - É isso na sua cabeça? – por que eu não me surpreendia?

                - Sim.

                - Ah.

                - Devo te analisar.

                - Como é que é?!

                De repente, ela parou na minha frente e fez o que menos parecia condizente ao contexto: colocou o que conhecemos como mãos na minha nuca e o que chamamos de lábios na minha boca. E ficou assim.

                Milhões de interrogações passaram pela minha cabeça inicialmente, mas algumas poucas desapareceram quando concluí que aquilo não era um beijo. Isso porque surgiram vozes na minha cabeça que se ordenaram e eu consegui entender:

                - Matt. Terra. Escola. Casa. Estresse. Chatice. 42. Ana. Pais. Angie. Joey. Kim. Carbono. Água. Sexuada. Guerra. Paz. – E a partir daí, bagunça outra vez. Mas eram palavras na nossa língua.

                Era esquisito. A única coisa que eu sentia era aquela mulher (ou melhor, aquela criatura sem definição) perto de mim. O resto do mundo desapareceu enquanto tudo o que eu sabia era copiado do meu cérebro e colado naquele dispositivo SPIPA, ou SPAPA, ou seja lá o que for, através da nossa boca.

                - Análise completa. KZM-8230147J será agora convertida para sua espécie e atenderá às suas necessidades mais urgentes.

                Volta o mundo.

                Depois que passei a sentir os pés no chão outra vez, abri os olhos. Na minha frente, estava a face de uma linda garota ruiva, com a pele clara e um ar oriental. Meu impulso foi olhar para baixo, envergonhado, mas foi isso que me deixou absolutamente vermelho.

                Me atirei para trás e cobri meus olhos.

                - O que foi, Me-kun? – ela tinha uma voz aguda, mas doce.

                - Me-kun? O quê? Ah, esquece, veste alguma coisa, por favor!

                - Ah, isso. Hihi, é engraçado que a sua espécie não se permita olhar para alguém como veio ao mundo. Seu bobinho... – e começou a andar na minha direção.

                - Não! Espera! Não dá pra conversar com você assim! Eu vou lá em casa buscar umas roupas...

                - A análise tá certa, você é muito chato! Ok, me dá um minuto.

                Ela começou a mexer no próprio cabelo e, de repente, apareceu um conjunto de roupas igual ao nosso uniforme da escola sobre seu corpo.

                - Nossa!... Quer dizer que você ainda está usando aquele capacete?

                - É SPIPA! E sim, ele fica oculto quando eu mudo de espécie.

                - Você muda de espécie livremente?

                - Na verdade, é um sistema parecido com aquele bicho que tem por aqui... Como é mesmo o nome dele? Caramelão? Ah, camaleão! Obrigada, SPIPA!

                - ...

                - Analisar você foi divertido. Eu não fazia idéia que troca de fluidos corporais era um cumprimento por aqui.

                - Não é um cumprimento! – corei outra vez – É... algo mais.

                - Ah, sim, como um ritual de acasa...

                - Pára!

                - Que bonitinho! Ele ficou envergonhado! *risadinhas*

                - ... O que é você?

                Ela segurou a minha mão e começou a me arrastar pra casa, sorrindo.

                - Depois eu te conto!

               

 

 


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Notas finais do capítulo

Já estou com alguns capítulos a mais escritos, mas se tiverem, mandem sugestões!