A vida não é quantas vezes você respira, e sim quantas vezes te tiram o fôlego.
Filme:Hicht, O conselho Amoroso.

PDV de Percy Jackson.

Na manhã seguinte acordei um pouco mais cedo do que o normal, pois a noite passada ainda parecia loucura para mim.O que me fazia questionar se realmente aconteceu.Tudo parecia um sonho, embora não tão nebuloso.

Elliot já havia levantado, estava mexendo em suas coisas quando eu o chamei.

-Percy? – ele perguntou .

-Oi?

– Onde esteve noite passada?

Olhei para a janela, de onde eu podia ver a praia.Felizmente, não havia sido sonho, e dentro de mim eu sabia que não havia sido mesmo.

-Fiquei na praia com a Annabeth.

-Então vocês fizeram....Você sabe, aquilo?

Olhei para ele assustado.

-O que?Não!

Elliot soltou uma risadinha amigável e disse:

-Hahaha, eu sabia!

-Sabia o que?

-Que não poderia ter acontecido.E ainda ganhei a aposta.

-Que aposta? – perguntei cerrando os pulsos.

-É foi mal cara, mas por que eu deveria ter te contado mesmo?

-Por que é sobre a minha namorado e sobre mim - Disse irritado.

Ele levantou as mãos para o alto, como quem se rende, e suspira.

-Tudo bem, tudo bem, Malcon passou aqui noite passada perguntando se eu tinha visto a Annabeth, e eu perguntei se ele tinha visto você, ai nós deduzimos juntos que vocês deveria estar com o outro em algum lugar afastado do acampamento.E ele postou cinqüenta dólares no que vocês estariam fazendo, mas tinha certeza que vocês provavelmente ficaram olhando o mar e conversando.Bom, eu achava...Você não está mentindo certo?Vai que a Annabeth diz outra coisa lá no chalé dela.

-Arg! – gritei e sai de lá.Fechei a porta do chalé.Tinha vários assuntos para resolver, e um deles envolvia um filho namoradeiro de Apolo.

Quando cheguei ao chalé de Apolo, hesitei em tocar a companhia dourado ao lado da porta.Fazia um barulho estrondoso e provavelmente acordaria todo mundo, o que não era minha intenção.Bati na porta.

A garota que atendeu a porta, me olhou dos pés a cabeça.

-Perseu Jackson, o que quer aqui?

Comprovado!!Existem sim pessoas que realmente não gostavam de mim de jeito nenhum.Fora o chalé de Ares.

-É bem, eu...Queria falar com o Jesse.Pode chamar ele para mim?

Ela não respondeu, nem disse nada.Apenas fechou a porta na minha cara.

Bastava um “Sim” ou um “vai embora”.Mas nããão, tinha que ser desse jeito.

Quando já desistia de falar com o Jesse, ele saiu do chalé.

-Que bom que está ai –eu disse – preciso falar com você.

Ele esfregou os olhos, e fitou o céu.

-Ainda é cedo.Bem cedo.Muito cedo.Bastante cedo.

-Ué, seu pai ta saindo de casa, vocês deviam seguir o exemplo.-Ele me fuzilou com o olhar – to de brincadeira.Mas preciso de um conselho.

Ele fechou a porta.

-Vamos conversar.

Ele deu uma ultima olhada no chalé e começamos a andar por ai.

-Preciso de um conselho de arco-e-fecha?Me disseram que é não bom nisso.

-É...Na verdade não.

-Eu sabia.Ninguém mais me procura para isso, desde que quebrei um dedo, todos me tratam com o se eu tivesse um doença,eu era um dos melhores arqueiros.

-Você quebrou o dedo?

Ele me mostrou o dedo anelar, mexeu todos menos o anelar.

-De qualquer modo, não sou mais tão bom.O que queria me perguntar?

Abaixei a cabeça.

-Tem um monte de coisas acontecendo.Você é o cara que eu conheço que mais deve entender de garotas, namoro e essas coisas.

-Tá bom.Sei, então você não conhece bem os filhos de Afrodite certo?Mas, diga, o que está acontecendo, para que você necessite da minha digníssima ajuda em tal hora da manhã?

-Entre eu e a Annabeth, quero dizer, mas eu não sei o que fazer.E noite passada eu percebi que ...A amava loucamente.

Falar fazia parecer melhor, quase como se fosse fácil de entender.

-Conte mais.

-Olha, é pessoal está bem?

Ele me olhou nos olhos por um instante, e depois virou o rosto novamente para o céu.

-Você é apaixonado pala garota que é apaixonada por você.Isso todo mundo sabe aqui.Ainda não vi a dificuldade.

-Bem que eu queria.Se fosse só isso eu ainda  estaria confuso.

-Então...Ela não é apaixonado por você?

-É só que a noite inteira, eu mostrei que a amava loucamente , mas ela não disse, sabe.Ela não disse: eu te amo.

-Então ela não ama.

Olhei para ele, enfurecido.

-Quero dizer, isso é só uma possibilidade.

-Eu não estaria aqui se não fosse essa duvida.

-Então você está entre Cila e Caribde.

-Quem? – perguntei confuso.

Ele riu.

-Cila e Caribde, dois monstros que ficam lado a lado no mar.

-Eu sei disso.Tive um encontro com os dois na Mar De Monstros.

-Pois bem, na Grecia se falava estar entre Cila e Caribde, como uma expressão de pensamento.É o mesmo que dizer nos tempos reais: você tá ferrado.Mas você quer um conselho?Espere.Se a Annabeth realmente sente..sei lá, talvez só tenha medo.Espere.

(N/a: Eu sei que no Mar De Monstros eles têm um nome escrito diferente, mas no meu livro de mitologia grega é assim)

-Até quando?

-Como é que eu vou saber?A namorada é sua.

-Por que você acha que eu estou aqui? – começamos a cochichar mais baixo quando comecei a ver os campistas saírem dos chalés.É, tinha gente lá que realmente acordava com o deus do sol.

-Acho que você tá precisando de uns conselhos de Eros sabe, ou Afrodite pelo menos.

-Shiii!! Imagina se eles realmente aparecem aqui.

-Serio?A Afrodite é tão legal. O Eros tem uma coisa mais...Sei lá.Ele é tão....Não sei descrever aquela criatura não.

-Não tá ajudando. – eu disse.

-Bom, meu conselho ta ai.Espere.E é isso.As garotas ficam muito irritadas quando você apressa elas sabe?Eu digo por experiência própria para não pressioná-la.

-Arg! Minha vida era mais fácil quando eu só precisava matar monstros.

Ele deu um risada.E em seguida bocejou.

-Bom, se não se importa, vou voltar pro meu chalé.você deveria tentar cochilar mais um pouquinho.As atividades só vão começar mais tarde, sabe.

Ele se despediu e me deixou sozinho com meus pensamentos conturbados.De qualquer modo, não tinha vontade de dormir, não, definitivamente não tinha.

Fui para o lago de canoagem, pegando uma canoa como sempre,e ao me sentar lá, me senti melhor,e antes de começar a remar e pensei em Annabeth, ainda dormindo em seu sono, provavelmente muito cansada e ainda bastante preocupada.

Logo eu poderia remar ou ordenar as correntezas que levassem a canoa, mas parei ao lembrar no começo da lagoa, perto da margem, do rosto de Annabeth na noite passada, aquele momento de susto, e medo, quando ela me olhou com os olhos arregalados.

Talvez era possível eu me esquecer o que disse, o que ela disse, podia esquecer aquela situação.
Mas nunca esqueceria aqueles olhos expressivos arregalados.

Passaram-se apenas alguns minutos, eu imaginava Annabeth deitada sob a cama, o cabelo cacheado caindo sobre o rosto tranqüilo, e a respiração leve.

Eu tinha tudo isso sobre ela na cabeça, quando Annabeth apareceu na margem do lago com os olhos vermelhos.

Ela fez um sinal para que eu voltasse para a margem e então entrou na minha canoa quando assim o fiz.

Eu sorri para ela enquanto remava, e ela devolveu o sorriso.

-Você acredita que um garoto do chalé de Apolo veio me encher o saco a essa hora da manhã?

O Jesse, pensei comigo mesmo, ele provavelmente sabe que ta morto por qualquer estupidez que possivelmente falou para ela.

 -É - eu disse – acredito.

Olhei para ela e então para o sol, e novamente para ela.

-Aquele garoto foi lá me acordar, tipo assim, você acredita?

-É - eu disse – acredito.

Os cabelos loiros estavam presos num rabo de cavalo, e balançavam um pouco quando a brisa passava, olhei para a água e continuei a remar.

-Ele entrou lá e bateu na porta do chalé a essa hora manhã.Dá para acreditar nisso?

-É - eu disse – acredito.

-E ainda disse que se eu namorasse com ele, ele me daria cem mil dracmas de ouro.E eu disse que tinha namorado, mas ainda assim...São cem mil dracmas de ouro.

-Como é?- Perguntei louco.

-Brincadeira – seu sorriso se expandiu mais quando ela disse – era só para ter certeza que estava ouvindo.Mas de qualquer modo, um garoto do chalé de Apolo, chamado........

-Jesse?

-É, ele mesmo. 

-Ele me disse que você teve uma insônia insuportável, e que não tava deixando ele dormir.E que eu sou possivelmente a única pessoa.....

Ela não precisou completar. Sorrimos cúmplices, e eu voltei e remar.

Estávamos frente a frente agora, mas eu preferia manter meu olhar no lago, a descobrir o que se passava naqueles olhos cinzentos.E quando mirei nela novamente,ela não estava mais sorrindo.

-Precisamos fazer algo, não gosto de ficar parada enquanto as coisas entram em declínio no Olimpo. - ela disse.

-Também não gosto. – falei –O que você tem em mente?

-Não planejei nada muito....

Arqueei as sobrancelhas.

-Você sempre tem um plano,mesmo quando não quer admitir.

Ela suspirou.
Eu estava começando a sentir o quanto desagradável aquela conversa poderia se tornar.

-Detesto estar presa aqui, acho..Acho que poderíamos ajudar.

-Fugindo - resumi.

-Não é a primeira vez o que o fazemos. – ela observou.

Eu pensei por um minuto.

-Acha que deveríamos tentar fugir?Quíron deixou bem claro, se fugirmos deixaremos claro que a culpa é toda nossa.

Ela abaixou a cabeça e disse:

 -Alguma coisa está errada.Algo está muito errado no Olimpo. – ela disse.

-Eu também acho.Mas tem muita coisa que a gente não sabe.

Ela mordeu o lábio, mas não respondeu.

-Annabeth?Você sabe de algo que eu não sei?

Era obvio que Annabeth sempre soubia mais coisas do que eu, mas agora eu tinha a impressão de ela estar escondendo algo.

-Eu queria saber mais, juro que queria...Mas só desconfio....Desconfio que nós não podemos confiar em ninguém.

Ela continuava com a cabeça abaixada, eu delicadamente puxei seu queixo para cima.

-Vai dar certo.Você não sente?Parece que os últimos anos nós estamos fazendo coisas quase impossíveis, darem certo.

Ela sorriu novamente.

-Como eu e você.Juntos.Era quase impossível.Mas deu certo.

-Eu estava pensando na gente recuperando o Raio Mestre de Zeus, ou navegando pelo Mar de monstros, mas assim também é um ótimo ponto de vista.

Ela me olhou meio que em duvida, se me afogava, ou me apunhalava.Provavelmente viu que estava desarmada e não podia me apunhalar, e lembrou que eu respirava de baixo d’água, então também não poderia me afogar.E só me olhou atentamente.

-Ah, vem cá.- eu disse.

Puxei ela, enrolando meus braços em sua cintura.

O meu te amo estava quase saindo pela boca, quando lembrei o conselho de Jesse. Esperar.Não forçar a barra.

Ela se acolheu mais contra mim, e percebi que era melhor o silencio.

Obrigada Jesse.