Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 24
Obsessão




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    Katharine vestiu suas sandálias, lavou o rosto e escovou os dentes com a escova fornecida pelo hotel. No elevador eu não conseguia parar de olhar para ela. Não conseguia deixar de sentir uma ponta de tristeza ao pensar que talvez dessa vez estivesse realmente acabado. Katharine sempre seria a primeira mulher por quem eu me apaixonei e deixar uma pessoa assim para trás sabendo que você provavelmente nunca mais a verá novamente pode ser bem triste. Sim, ela fudeu completamente com a minha vida, e em mais de uma ocasião se mostrou uma completa vadia, mas o que eu posso fazer se mesmo assim não consigo deixar de me sentir péssimo com a nossa despedida?

-Você fica mais bonita sem maquiagem. – comentei. Ela sorriu e mexeu no cabelo, colocando-o atrás da orelha.

-Obrigada... Eu acho. – suspirou. – Depois que eu sair pela porta desse hotel será que eu voltarei a vê-lo de novo?

-Você precisa parar de me fazer perguntas que eu não consigo responder. – rimos os dois. Sem conseguir me conter eu abracei-a, não de uma maneira erótica como sempre parecia acontecer entre a gente, eu a abracei de uma maneira carinhosa. Não era carinhoso do jeito de quem ama, mas de quem gosta, ou pelo menos se importa.

-Mas você quer me ver de novo?

-Eu acho que primeiro preciso resolver as coisas com a Beatrice.– Katharine baixou o rosto, e eu sorri pegando em seu queixo levantando-o novamente. - Talvez eu já não a ame do jeito de antes... Mas você sempre vai ser uma parte da minha vida. – Katherine sorriu com meu comentário, dando-me um último selinho.

-Até algum dia, Snoop. Eu espero.

     Ela saiu do elevador, seguida por mim. Os meninos estavam todos sentados no sofá do saguão conversando descontraidamente. Era quase cômica a expressão na cara de cada um deles e o jeito como o silêncio reinou repentinamente com a visão de Katharine. Ela sorriu e cumprimentou um por um, daquela maneira que só ela fazia, e que impedia qualquer homem de proferir qualquer palavra enquanto ela o fazia. Era como um feitiço. Ela me lançou um último olhar antes de sair pela porta giratória.

-Eu não acredito nisso... – Georg foi o primeiro a se manifestar. Tinha aqueles olhos verdes me encarando de uma maneira confusa. – Quando foi que isso aconteceu?!

-Ontem ela me mandou uma mensagem, pediu para que nos encontrássemos no bar do hotel. – joguei-me no sofá ao lado de Bill. – Eu não consegui falar que não.

-Você... – Bill virou para mim, só bastou um olhar para que eu soubesse o quanto ele estava furioso. – Você é um idiota?!

-Você não sabe o que aconteceu... Não me diga se sou idiota ou não sem saber o que eu fiz!

-Você transou com a Katharine! A Katharine!!! – gritava, sem ligar para todas as pessoas que estavam ao redor. – Você dormiu com sua ex-namorada bem agora que as coisas estavam se acertando com a sua noiva! – levantou-se, completamente indignado. Levantei-me também e encarei-o.

-Eu precisava disso, ok?! Desculpe-me se não é o que você, o senhor romântico, faria! Ela reapareceu bem na hora que eu estava mais confuso, eu precisava vê-la novamente, precisava saber se ainda a amava... A dúvida estava me consumindo, Bill. – a raiva foi aos poucos diminuindo, dando lugar ao simples desejo que meu irmão me compreendesse. Bill era a única pessoa no mundo que eu fazia questão que sempre me apoiasse e me entendesse em cada decisão.

-Por que simplesmente não me perguntou?! Eu tinha a resposta!! – apontou para o seu próprio peito. – Para mim era óbvio que você já não a amava mais!

-E como você sabe disso?

-Por que eu namoro há 9 anos, Tom... Por que eu sei o que é o amor, eu sei como funciona um namoro e eu sei como você funciona! Quando a Katherine foi embora o que você sentia por ela já tinha deixado de ser amor há muito tempo...

-Então o que era? Se você sabe tanto, me explica por que meu peito doía toda vez que pensava nela. Explique-me por que eu chorei toda noite por quase 6 meses seguidos! Porra, Bill! – gritei. Eu estava com raiva, estava confuso e estava de certa forma frustrado. Como ele tinha a resposta há tanto tempo e eu não? Como ele sabia e eu continuava andando em círculos?

-Ela era uma droga pra você... Ela era uma obsessão! Você precisava dela, mas isso não quer dizer a amava. – ele tinha tanta certeza na voz que eu vacilei por alguns segundos. Me negava a acreditar que tudo aquilo que sentia não era amor, apesar de Bill tentar provar o contrário. – Você a amava, Tom... Mas nenhum de vocês soube como cuidar desse amor, e aos poucos ele foi ficando doente sem que vocês percebessem. Há uma diferença muito sutil entre o amor e a obsessão.  

-Vamos. A van já está esperando. – Karl, um dos membros da nossa equipe anunciou. Bill lançou-me um olhar que era uma mistura de pena com desapontamento e seguiu os seguranças para fora do hotel sendo seguido por Georg e Gustav. Permaneci mais alguns segundos parado naquele mesmo lugar antes de respirar fundo e segui-los.

     Não é nada legal quando uma pessoa fala que o sentimento que tanto te machucou, que foi o responsável por inúmeras lágrimas era nada mais do que uma obsessão. Quando você acha que esse sentimento é amor, é como se tudo valesse a pena, é como se você fosse apenas mais um humano que foi machucado por esse sentimento tão forte... E isso soa até nobre de alguma forma. Mas saber que foi derrotado por um sentimento tão mesquinho como a obsessão faz você se sentir um grande pedaço de merda.

-Bill, você acha que eu amo a Beatrice? – perguntei, a caminho das entrevistas marcadas para aquele dia. Georg e Gustav encararam Bill, também esperando pela sua resposta.

-Não sei, eu sei que sem querer você fez por ela o que não fez por mais ninguém. Você mudou e continuou lutando para fazer dar certo mesmo quando tudo estava dando errado... Se isso significa se você a ama eu não faço a mínima idéia. – um pequeno silêncio seguiu a resposta de Bill.

-Eu acho que você gosta da Beatrice. – Georg quebrou o silêncio, dando de ombros. – Não me pergunte o porquê, é só o que eu acho.

    Todos o encaramos por alguns segundos e acabamos caindo na risada. Cercado pela minha banda, rindo daquela maneira, do mesmo modo que fazíamos quando éramos adolescentes idiotas, eu me senti bem. Respirei fundo. Em pouco tempo eu estaria em casa, e tudo ficaria bem novamente. Eu espero.


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo:

" -Eu só não consigo entender, Tom... Eu não consigo entender por que você fez isso e por isso não consigo parar de pensar nisso!

—É bom estar de volta... – puxei-a a meu encontro e a abracei, respirando fundo para sentir o seu cheiro agradável de shampoo. "