Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 2
Vivendo uma mentira




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“-Eu nunca pedi para você abrir mão dessas merdas por mim!! Se não me ama por que aceitou se casar comigo!?!

-Por que diferente de você eu tenho um coração...E ele teve pena de você. – ela cuspiu as palavras na minha cara como se tivesse nojo de mim.”

-Eu não quero e nem preciso da sua pena. – disse entre os dentes me levantando e abaixando a cabeça para olhá-la nos olhos já que era quase 20 centímetros mais alto.

-Você pode não querer ou precisar, mas definitivamente é digno dela! Você me dá pena, Tom Kaulitz!! Tudo o que você vive agora é conseqüência da sua idiotice! Foi você que afundou a banda! Foi você que empurrou Katharine contra a mesa de vidro! Foi você que me garantiu que tinha controle sob si mesmo e não quis colocar a camisinha! - continuou gritando e chorando á minha frente. – Tudo isso é sua culpa... E eu pareço ser a única que está pagando.

-Como se atreve...?!

-Já chega! – me calei imediatamente e senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.Não importa quantos anos você tem ou o quão independente você é, a voz dura e autoritária da sua mãe atrás de você sempre vai te dar arrepios. – Ela ainda não parou de chorar?

-Não. – Beatrice disse seca sem desviar seus olhos repletos de raiva e cansaço de meu rosto. Ela deu o bebê à minha mãe, imediatamente usando suas mãos livres para secar as lágrimas.

    Ela e minha mãe seguiram até o quarto e eu permaneci sozinho na sala. Devia saber que Beatrice ia acabar chamando-a... È o que sempre faz quando não consegue lidar com a Tessie. Seu nome, na verdade, era Teresa. Era o nome da avó da Beatrice, foi ela que escolheu. Eu não tive absolutamente nenhuma participação em todo o processo de gravidez, só na hora do ato em si.

    Mais uma vez repeti aquele monótono ritual de me sentar no sofá e ligar a televisão. Era como se minha vida fosse apenas dias repetidos e tediosos, repletos de deja vús que se arrastavam por horas e horas sem que nem um mísero segundo parecesse ter passado.

-Ela só estava com cólica... A Beatrice acabou dormindo. – minha mãe apareceu segurando a Tessie em seus braços algum tempo depois. Soltei um suspiro de alívio ao perceber que ela não chorava. – Eu tenho que trabalhar, vou estar em reunião então nem adianta me chamar.

-Tá... Deixa a... – apontei para o bebê vestido de rosa, envolto em uma manta branca descansando nos braços de minha mãe – ...ela, no berço. – disse por fim, desinteressado.

-Primeiro, ”ela” é a sua filha e segundo, não. Você vai ficar com a sua filha até ela dormir.

-Por que?! Não! Eu não quero! – tive tempo de exclamar antes de minha mãe colocar aquela coisinha pequena, mole e extremamente frágil em meus braços. Enquanto a ajeitava de um modo confortável tentava me lembrar quando foi a última vez que a segurei. Será que eu já fizera isso antes?

-A Beatrice está tão abalada, Tom... Que besteiras você andou fazendo? – se sentou ao meu lado no sofá e me lançou um olhar desapontado. – Eu não te criei para tratar sua noiva e filha com essa indiferença.

-Eu não amo nenhuma delas. Já tenho que viver uma mentira para o mundo inteiro, não me faça ter que fazer o mesmo dentro de casa. – disse a encarando com o canto dos olhos. Tive que me conter para não apertar com força aquela coisinha minúscula que descansava entre minhas mãos.

-Você não as ama por que ainda não tentou. – disse se levantando. – Pense nisso, ok? E não vá me desapontar de novo. Eu te dei a liberdade que quis, você escolheu o que fazer com ela. Agora aja como homem de uma vez por todas. – deu um beijo em minha testa, outro no rosto da Tessie e foi embora.

    Continuei parado na mesma posição, duro como pedra. Tinha medo de me mexer e derrubar o bebê ou, pior ainda, fazê-la começar a chorar novamente. Devagar movi a cabeça e olhei ao meu redor paranóico, procurando por flashes e olhos observadores que sempre pareciam me seguir 24 horas por dia.

-Ok, sem pânico... – sussurrei para mim mesmo ao arriscar o primeiro movimento. Arrumei completamente sem jeito Tessie em meus braços e desliguei a TV com alguma dificuldade. Suspirei aliviado ao constatar que o fizera com sucesso sem causar choros ou maiores desgraças.

    Me encontrei sozinho naquele apartamento de repente estranhamente silencioso, pela primeira vez somente eu e minha filha. Tessie tinha aqueles grandes olhos azuis observando tudo ao seu redor de um modo curioso, como se tentasse identificar o que se passava ao seu redor. Por algum motivo não consegui evitar um sorriso quando seus olhos descansaram sobre mim. Estendi meu dedo indicador e toquei seu pequeno nariz de leve.

-Merda! – exclamei quando ela fechou os olhos em uma careta chorosa e ameaçou começar todo aquele berreiro de novo. – Não! Por favor! Não chora... – quase implorei chacoalhando os braços de leve como vira Beatrice fazer tantas e tantas vezes.

   Tessie aos poucos foi abrindo os olhos tornando sua expressão serena e encantadoramente inocente de novo. Vacilante estendi meu dedo novamente e senti meu coração acelerar algumas batidas quando ela o apertou forte. Pela primeira vez começava a perceber o quanto ela se parecia comigo e Bill quando éramos bebês, com a exceção dos olhos azuis e cabelos loiros claro de Beatrice.

    Já havia se passado quase meia hora, meus braços doíam e eu sentia como se o pequeno peso que Tessie exercia sobre eles havia triplicado de valor. Eu definitivamente não servia para toda essa merda paterna. Ela ainda não havia soltado o meu dedo, me dando uma sensação agradável que era provavelmente a única razão de eu ainda não tê-la largado no berço. Seus olhos foram se fechando até que finalmente dormiu.

    Levantei segurando a respiração para não acordá-la e andei até seu quarto todo decorado em tons entre amarelo e branco. Coloquei-a desajeitado e de uma maneira inexperiente no berço. Me apoiei na grade branca e sorri ao observá-la. Ela era... Perfeita.


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