Sentia o sangue pulsar em minhas veias, meu coração bater irritado em meu peito, a televisão parecia completamente muda apesar de estar quase no volume máximo, o pequeno cômodo era pequeno demais, as paredes pareciam se mover em minha direção. Sentia como se eu estivesse vivendo a droga do clipe de Rette Mich. Apertei minhas mãos na almofada do sofá e senti que poderia quebrá-lo em pedaços facilmente.Levei minhas mãos aos ouvidos tentando abafar o barulho, mas não era o bastante...Nunca era o bastante.

-Faça... Ela... Calar a boca!!! – gritei. Logo se tornou audível o som de passos pesados e apressados pelo piso de madeira, assim como o choro se tornando cada vez mais próximo de mim. – Droga.

-Por que você mesmo não faz isso?! Por que eu tenho que fazer tudo!? – permaneceu alguns segundos em silêncio esperando por uma resposta que sabia que não ia receber. – Me diga Tom, sua filha está perto de fazer 2 meses e quantas vezes você trocou uma fralda? Quantas vezes deu banho nela ou acordou no meio da noite para dar a mamadeira?! – mais uma vez permaneci em silêncio engolindo todos aqueles gritos. Me sentia patético, mas ela estava com a razão. – Responde!!

-Nenhuma.

    Permanecemos em silêncio, um silêncio quebrado pelo choro ensurdecedor que parecia não cessar nunca. Arrisquei pela primeira vez olhar para aquela que era a mãe da minha filha. Seus cabelos curtos e extremamente loiros estavam bagunçados e seu rosto pálido exibia todo o cansaço que sentia. Seus olhos azuis como os do bebê que segurava estavam inundados de lágrimas, algo que surpreendentemente não me causou nenhum efeito. Era como olhar para uma estátua extremamente bela, mas que para mim não significava absolutamente nada.

-Se eu soubesse que minha vida se transformaria nesse pesadelo eu nunca teria aceitado aquele acordo. Eu desisti de tanta coisa, Tom...Desisti da minha casa, da minha família, do homem que eu amava! E tudo o que você consegue fazer é ficar sentado nesse sofá!! Não acha isso injusto?!

-Eu nunca pedi para você abrir mão dessas merdas por mim!! Se não me ama por que aceitou se casar comigo!?

-Por que diferente de você eu tenho um coração...E ele teve pena de você. – cuspiu as palavras na minha cara como se tivesse nojo de mim.

   Como eu deixei tudo chegar a esse ponto? Como uma noite pôde ter tantas conseqüências?

-E então? Vai me falar por que está aqui? – perguntei para o homem denominado David Jost que permanecia calado do outro lado da mesa, revezando seus olhos entre meu rosto e minha barriga, como se estivesse confirmando que os rumores eram verdade.

-Se case com ele.

-O que?! Não! – exclamei levando a mão inconsciente para minha barriga levemente saliente de quem está grávida de 3 meses e meio.

-Você tornou a notícia pública! Lide com as conseqüências agora!!

-Eu nunca quis isso!! Fui traída pela minha melhor amiga, nunca achei que ela ia abrir a boca para anunciar isso ao mundo!! E de qualquer maneira não é motivo para um casamento forçado! Não vivemos mais no século 18!!

-Nós não estamos falando de qualquer pessoa aqui...O pai dessa criança é Tom Kaulitz! – se inclinou na mesa aproximando seu rosto do meu.Observei de perto seu olhar desesperado e cansado. – A banda está decaindo...As fãs estão revoltadas! Ainda mais depois do acontecido com Katharine West. Um escândalo como um filho abandonado significaria o término da banda!!

-Não tenho culpa se o seu guitarrista de merda perdeu controle sobre si mesmo e se envolveu em mais de 20 escândalos envolvendo mulheres no último ano! Não é minha culpa se ele foi idiota o bastante para empurrar Katharine West contra uma mesa de vidro! Eu não tenho culpa de nada disso!! – perdi o controle me levantando indignada. – Eu já tenho um amor, já tenho uma família, já tenho uma vida aqui! Não vou deixar Frankfurt para viver com um estranho!

-Não se esqueça que esse “estranho” é o pai de seu filho...Não tem como voltar atrás agora, lide com as conseqüências do que fez! A pessoa que você ama já está noivo de outra, sua família é a favor do casamento e pelo seu apartamento eu posso julgar que sua vida também não é boa! Se vier comigo poderá ter tudo o que quiser!

-Eu não preciso da opinião da minha família para fazer minhas próprias decisões. – avancei alguns passos para mais perto dele falando baixo e entredentes. - Eu prefiro minha vida assim do que ao lado de um bêbado inconseqüente como Tom Kaulitz. – sussurrei perto de seu rosto, levei minha boca até milímetros de sua orelha. – E quanto ao meu amor...Eu nunca fui ciumenta. – me afastei e abri a porta – Agora, por favor, tire o seu traseiro alemão da minha casa. Fale para o futuro papai que se ele quiser eu mando fotos, e que eu não quero um tustão do dinheiro dele.

-O casamento não precisa durar muito tempo...Só o bastante para as pessoas acreditarem que ele mudou, depois vocês se separam se quiserem! – estava realmente desesperado, podia ver em seus olhos negros que estava aterrorizado de ver a banda pela qual tanto lutou se afundar em meio á escândalos causados por Tom. – Por favor, se não quer o fazer pelo Tom faça por mim, pela banda e por milhares de fãs ao redor do mundo que vêm assistindo o brilho de sua banda preferida ser ofuscado por escândalos.

    Analisei mentalmente tudo o que deixaria para trás, todas as coisas das quais seria obrigada a abrir mão...Fechei os olhos e mais uma vez levei minha mão á barriga, eu errei. Não podia negar isso. Também não podia negar que toda criança precisava de um pai, será que eu tinha o direito de negar isso á minha? E a banda... A banda merecia uma segunda chance.

-1 ano.

-Contando a partir do dia que o bebê nascer. – ele disse, soltei um suspiro de derrota.

-Feito.