Puxa que preguiça! Abri os olhos lentamente. Vi Natasha deitada na cama ao meu lado, ainda dormindo. Fazia uma semana que ela estava em casa. Uma semana que vô Charlie estava no hospital. Ele melhorou bastante, mas ainda precisava ficar lá num sei por quê. Acho que por insistência de mamãe.

Mas veja bem, a semana foi extremamente interessante. Porquê?! Fato 1: Nat estava morando conosco. Fato 2: ela não podia descobrir que éramos vampiros. Fato 3: ela era muuuuito esperta. Era realmente difícil esconder algo dela. Nessa semana nós saímos todos os dias. Com ela fora de casa era mais fácil disfarçar. Ela não reclamava, e muito menos eu. Era sempre muito divertido. Uma vez Alice fora conosco. Fomos até a cidade vizinha fazer compras já que Nat quase não tinha roupas. Ela se sentiu um pouco envergonhada de estar gastando um dinheiro que não era dela, mas nós insistimos, principalmente Alice. Ela adorava Nat assim como Nat a adorava (ela a chamava de borboleta quando não estava na frente dela!). Pareciam duas crianças juntas. As vezes eu sentia certo ciúmes, mas logo passava pois Nat sempre pedia a minha opinião. Foi um dia legal. Mas bem, fomos a muitoos outros lugares. Tantos que acho que eu e Nat poderíamos fazer um mapa de Forks e de todas as cidades a sua volta de olhos fechados. Levantei-me, tomei banho, troquei de roupa e desci. Todos estavam na cozinha, menos os meus avós. Era o dia deles de visitar Charlie. Sentei na mesa. Mamãe fazia waffles e ovos. Desde que Nat viera pra cá ela cozinhava todos os dias. Sentia certo prazer nisso, como se lembrasse dos seus tempos como humana. Não que ela não cozinhasse antes pra mim, mas eu não era muito de comida humana, se bem que eu sempre comia com Nat. Alguém tinha de manter as aparências não é?!

- Bom dia minha flor! Natasha já acordou? - perguntou minha mãe despejando os waffles em um prato. Estavam com um cheiro maravilhoso. Fiz que não com a cabeça e peguei um waffle quentinho apenas para colocá-lo no prato, eu não comeria enquanto Nat não chegasse.

-\Pra onde vocês vão hoje? - perguntou Alice curiosa.

- Sinceramente, não sei. Já a levei a todos os lugares possíveis e impossíveis! Convenhamos, uma hora ela vai ter de ficar em casa!

Todos se entreolharam. Sabíamos que uma hora ou outra, Nat descobriria sobre nós, acho que eles esperavam a recuperação de Charlie antes disso. Houve um silêncio meio constrangedor, até que tia Rose disse.

- Porque você não a leva pra casa daquele pulguento? Vocês ainda não foram lá.

Olhei para ela, pensativa. Era verdade. Eu ainda não levara Nat a La Push. E eu estava morrendo de saudades de Jake. Desde que vovô ficara doente eu não pude vê-lo direito, pois ficara ocupada com Nat. Ele me ligava e vinha aqui ás vezes, e até entendia, mas também estava com saudades de passar um tempo comigo, sabe, sem nenhum Cullen bufando nas orelhas dele (tipo o meu pai). Era unir o útil ao agradável.

- Acho uma boa idéia. Tenho certeza que ela gostará de lá!- disse minha mãe aprovando. Meu pai fez uma cara estranha.

- Não é arriscado? Ela pode descobrir o segredo dos Quileutes. - bufei e minha mãe revirou os olhos. Tenho certeza que ele disse isso porque não queria que eu visse Jacob. Ele sabia que o nosso relacionamento estava avançando de protetor para amigo e, enfim, para algo mais. Pais!

- Okay então, ficamos aqui e ela descobre o segredo dos Cullen. Não é melhor?! - ele fez outra cara feia. Tio Emmett riu.

- Bom dia! - era Nat que aparecera. Ela se sentou ao meu lado na mesa e sorriu radiante. - Olhe waffles! Eu amo waffles!

Minha mãe sorriu ternamente. Serviu um waffle quentinho para Nat que colocou mel por cima e comeu com gosto, eu ainda evitava o meu.

- Está uma delícia senhora Cullen! - minha mãe sorriu mais ainda.

- Não precisa mentir, Sasha! E cuidado para não engasgar! - disse tio Emmett rindo. Ele cismava em chamar Nat de Sasha, isso me irritava (embora ela não parecesse ligar muito.). Minha mãe o olhou com raiva, seus olhos âmbar faiscando.

- Mas não é mentira! Você já provou? - perguntou Nat indignada, com a boca cheia.

- Eu não gosto de waffles! - disse ele fugindo a pergunta. Minha mãe sorriu como uma psicopata. Até me afastei dela.

- Ora, isso porque você nunca provou os meus waffles. Porque não experimenta?

Tio Emmett fechou a cara. Ela sabia que vampiros tinham aversão a comida humana, mas ele não poderia evitar na frente de Nat. Tínhamos de manter as aparências. Nat pegou um dos waffles e o serviu para ele.

- Eu acho uma boa idéia! Você não sabe o que perde senhor Cullen!

Ela colocou o prato na frente dele enquanto ele fuzilava minha mãe que sorria vitoriosa. Alice e me pai seguravam o riso a muito custo. Revirei os olhos e ignorei aquela cena. Às vezes eles pareciam mais crianças do que eu. E olha que tenho 6 anos! Virei-me para Nat que ainda comia feliz seu waffle alheia a toda a tensão ali.

- Preparada para mais uma aventura?

Ela me olhou surpresa. Tínhamos ido a tantos lugares que acho que ela pensava que ficaríamos em casa. Ela fez que sim com a cabeça, animada.

- Pra onde dessa vez? Alice vai junto?

- Não ela não vai. Não gosta muito desse lugar. - o quê era verdade. Ninguém em casa gostava de ir a La Push. Diziam que era o cheiro de cachorro molhado. - Vamos a La Push.

Os olhos de Nat se iluminaram mais. Eu falara tanto de lá para ela e agora ela finalmente conheceria. Acho que estava mais do que animada. Ela sorriu radiante e eu retribui. Engoliu o último pedaço de waffle em seu prato e se levantou.

- Vou me arrumar. Com licença!- ela correu pra fora da cozinha bem na hora que mamãe forçava um waffle pela garganta de tio Emmett. Eles se estapearam um bom tempo até meu pai e tia Rose conseguirem separá-los. Eu não pude evitar de revirar os olhos.

Papai decidiu nos levar de carro depois de perceber que não teria como sabotar a nossa ida a La Push. Eu ligara para Jake e avisara que iria até a casa dele com Nat. Ele adorou a idéia e disse que nos esperaria ansioso. Nat estava sentada no banco de trás e parecia se divertir com vento.

- Olhe Nessie! O sol!

Olhei para Nat. A janela estava aberta e o vento batia em seu rosto, seus olhos permaneciam fechados e ela parecia apreciar o calor do sol que batia em sua face. Ela sorria. Não pude evitar e sorri também. Nat adorava o sol. Onde morávamos também não fazia muito sol (um dos motivos para termos ido pra lá), e sempre que fazia um dia de sol, Nat ficava em êxtase. Ela amava o sol tanto quanto amava a lua. Olhei para meu pai querendo que ele visse a cara de bobo alegre de Nat, mas ele parecia sério e concentrado. Olhava fixamente para suas mãos no volante (a visão periférica tão perfeita que o carro nem oscilou!). Segui o seu olhar e percebi que o sol batia em sua pele fazendo com que ela brilhasse como diamante. Coloquei minha mão perto da dele para que também ficasse no sol. Nada. Nada acontecia, era como se eu fosse... humana (uma humana um tanto desbotada, como dizia Nat). Ele me encarou e sorriu sem graça, eu também lhe sorri compreensiva. Era realmente um bom dia para tirar Nat de casa. Logo chegamos a casa de Jacob. Eu e Nat descemos do carro. Fui até a janela do meu pai.

- Venho buscar vocês mais a noite. Juízo senhorita Rennesme! - revirei os olhos pra ele. 'Pare com isso pai, eu sei me cuidar!' pensei.

- Pode deixar que eu cuido dela, senhor Cullen! E obrigado pela carona! - disse Nat enfiando a cabeça dentro do carro pela janela. Meu pai riu, se despediu e foi embora. Estávamos dando adeus quando alguém me chamou.

- Nessie! - virei-me rapidamente.

- Jacob!

Corri para ele que me abraçou com força, me tirando do chão e me girando no ar. Ele estava sem camisa, o quê fazia com que eu sentisse seu corpo quente preso ao meu. Como eu sentia falta daquele abraço quente e aconchegante que só ele proporcionava. Por um momento esqueci de tudo.

- Estava morrendo de saudade de você, minha pequena! - ele sussurrou em meu ouvido. Eu arrepiei.

- Eu também estava! - ele me colocou no chão e nos encaramos. Eu toquei sua face e lhe mostrei o quanto estava feliz em vê-lo. Ele sorriu e beijou minha mão. Quente. Mais quente que o sol. Então alguém pigarreou, meio constrangida, e quebrou o clima.

- Oras, deixa eu te apresentar. - o levei até onde Nat estava.- Essa é minha amiga Natasha. Nat, este é Jacob Black!

- Então você é a famosa Natasha! - eu sorri envergonhada. Havia falado dela pra ele tanto quanto falara dele pra ela. O quê eu podia fazer? Eram as duas pessoas que eu mais gostava no mundo! - Prazer em conhecê-la! - ele estendeu a mão para cumprimentá-la. Olhei para Nat e ela parecia petrificada, sem ação.  Por que não se mexia? Ri da cara que ela fazia. Parecia o olhar dela para o meu pai, admirado e hipnotizado. O quê raios estava acontecendo com ela?

*Natasha PDV*

Paralisei. Parecia uma estátua. Só podia ser brincadeira que aquele era Jacob Black. O Jake que Nessie tanto me falava. Não era possível! Eu o olhava, hipnotizada com tanta beleza. Seu peito nu parecia desenhado por deuses em uma brincadeira cruel para com as mortais. Sua pele morena refulgia ao sol fazendo com que ele próprio parecesse o sol. Os olhos negros possuíam um brilho diferente, mágico, e me fitavam confusos e divertidos. E o sorriso. Que sorriso meu Deus! Dentes brancos e perfeitos. Não havia criatura mais bela no mundo, nem mesmo o pai de Nessie. Por falar nisso ela ta me olhando com uma cara de "o quê você tem?". Ele também parece confuso. Sua mão continuava estendida pra mim.  Despertei dos meus devaneios da melhor forma possível e sorri meio sem graça.

- O-o prazer é to-todo meu! - POR QUE EU TÔ GAGUEJANDO??! Apertei a mão dele. Meu Deus que aperto de mão! Seus dedos extremamente quentes enlaçaram os meus em um aperto firme e forte. Senti todo o meu corpo estremecer com aquele toque, como se um choque me percorresse. O quê tá acontecendo comigo? O QUÊ, ME DIIZ???? Ele sorriu pra Nessie.

- Venham, papai está com saudade de você também Nessie. Faz tempo que não vem aqui.

Eles caminharam para a casa e eu fiquei um pouco mais atrás tentando, a muito custo, reaprender a respirar. Não entendia o que acontecia comigo. Porque Jacob mexera tanto comigo?

- Ei Natasha! Venha logo! - gritou Jacob na porta da casa. Sorria radiante. Derreti com aquele sorriso e fui até ele. Eu não estava bem, nem um pouco bem.