Quando Felipe Conheceu Johnnie escrita por Zoombie_Misora


Capítulo 12
Despertar


Notas iniciais do capítulo

Chappie fofo e triste
já aviso!



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-O senhor é religioso Sr. Fritz? –Perguntou o médico que cuida de Johnnie.

-Não muito. –Respondeu o pai de Lipe olhando o consultório do doutor.

-Não é muito comum uma pessoa levar um tiro no peito e sobreviver. Mesmo sendo forte e quase saudável como o Johnnie. –O médico começou a girar uma caneta entre os dedos. –A bala desacelerou milésimos de segundo na mão de Johnnie. Esses milésimos de segundo o salvaram.

-Como?

-A bala desacelerou a ponto de passar exatamente quando o coração dele se contraiu. Posso garantir que não é todo mundo que possuí sorte tão grande. Sem contar os rebites. Alguém lá em cima Sr. Fritz, queria que Johnnie vivesse mais.

Fritz saiu do consultório pouco tempo depois. Caminhava pensando no que o médico havia dito. Mas não durou muito, afinal, lembrou que o filho estava longe de casa há uma semana.

Felipe já estava sendo ameaçado a repetir de ano, mas não ligava muito. Estava mais preocupado em cuidar antes de Hans e agora de Johnnie. Não conseguiu ensinar ao filho que, às vezes, é bom ser mais egoísta.

Foi até o quarto do moreno. Eram quase sete horas da manhã. Abriu a porta e não entendeu a cena que viu. Felipe, o seu filho, estava dormindo junto com Johnnie?! Na mesma cama, segurando o braço do moreno.

O coração de Fritz já tinha o alertado. Desde o dia que levou o loiro para o bar de Balthazar. A maneira que Lipe estava inquieto com o lugar e o olhar nada discreto que trocou com o outro.

No fundo sabia que o seu menino estava apaixonado. Mas por um canalha como Johnnie! Tinha que salvar o seu filhote. Ameaçou entrar no quarto e acordar o loirinho aos berros.

Mas não conseguiu. Não tinha visto Lipe dormir tão tranquilamente nos últimos tempos. Ele passava 24 horas pensando no irmão. Um aperto não deixou o maior entrar ali.

Apenas fechou a porta e não voltou mais.

Felipe acordou com o barulho do tranco da porta. Levantou o tronco e se assustou com o moreno ali, tão perto de si. Quase caiu da cama. Com um pouco de dificuldade, conseguiu tocar os pés no chão e fingiu ter dormido na poltrona.

Pegou a mochila, pegou uma camiseta, tirou a que usava, botou um pouco de desodorante e resolveu colocá-la. Tinha que fazer isso, dali a algum tempo, Kazu iria para o hospital, então o loiro tomaria banho na casa de Nando.

Ele não esperava os olhos atentos de Johnnie vigiando o seu corpo. Como Lipe era branquinho! Sua pele parecia leite. E possuía uma cintura tão delicada... A vontade era grande de morder aquela pele tão macia.

Sorrindo um pouco, Johnnie resolveu dizer.

-Bom dia. –Falou o moreno um pouco rouco.

-Bom dia... –Sussurrou Lipe. ESPERA?! Alguém desejou bom dia para o loiro? Ele virou e não pode se conter. –JOHNNIE! ACORDOU, JOHNNIE!

-Calma Lipe! –Disse o moreno recebendo o abraço do outro. –Calma...

-Eu não acredito... –O loirinho começou a chorar no ombro do moreno. –Eu fiquei tão preocupado! Eu queria que tu acordasse! Tu não acordava!

-Eu estou bem. –Johnnie o tranqüilizou.

-NUNCA MAIS FAÇA ISSO DE NOVO, ENTENDEU? –Lipe havia lhe dado um tapa na face esquerda. –Se fizer, eu juro, nunca mais te vejo novamente.

-Eu não podia deixar um cara arruinar o que eu e meu pai construímos durante todos esses anos Lipe. Mas eu prometo não fazer de novo. Por você.

A mão do moreno acariciou a maçã do outro, que logo se tornou avermelhada. Ambos sorriram e suas mãos se encontraram. Os dedos se entrelaçaram e aquele momento estava perfeito.

O médico abriu a porta e percebeu o susto que ambos levaram. Perguntou se atrapalhava algo. Nenhum dos dois respondeu. Examinou Johnnie, fez algumas perguntas e no final da manhã, saía do quarto.

Nenhum tinha coragem de conversar. Passaram o almoço calados. Mal se olhavam. Quando a primeira hora da tarde chegou, Kazuhiro apareceu com um pequeno bolo. O oriental cumprimentou Lipe e viu o loiro sair do quarto como um foguete.

Foi até a cama do outro e com um pouco de dificuldade, beijou a bochecha do moreno.

-Tu parece péssimo. –Disse Johnnie pegando o bolo.

-O Pedro foi embora. –Respondeu o oriental pouco sorridente.

-Não falou nada pra ele? –Perguntou o moreno trazendo o menor para cima da cama.

-Ele disse que vai morar na casa de uma menina. Já são namorados virtuais a um tempo...

-Não vo ficar me... Decepcionando não é Johnnie? Tenho que seguir em frente. Mas tu ainda tem chance.

-Eu não sei se devo falar pra ele.

-Porque não?

-O Lipe... Mora longe, vamos nos ver pouco e...

Kazuhiro pegou a roupa que Johnnie usava e o puxou para perto. Sem mais, nem menos, socou a boca do outro, saiu da cama e pegou o bolo, ameaçando tocar no outro. Johnnie ficou sem reação, afinal, foi um soco bem forte para um pequeno.

-Iludiu ele esse tempo todo pra nada?! –Perguntou Kazu. –Tu é canalha mesmo.

-Não iludi ele... –Disse Johnnie.

-Cala essa boca. –Kazu pegou a mochila de Lipe. –Pensei que tu era um cara legal sabia?

Ele foi indo para a porta. Johnnie tirou o lençol e com dificuldade, saiu correndo até o japa e o parou.

-Espera! –Disse Johnnie. –Eu não quis fazer isso. É que eu... Nunca senti isso antes Kazu, não sei como agir.

-É só fazer o que acha ser certo Johnnie. –O japa estava ofegante. –Ele gosta muito de ti. E tu dele. Vocês merecem ficar juntos. Quer prova maior do que os acontecimentos da última semana? Ele ficou uma semana inteira ao seu lado Johnnie! Perdeu aula, brigou com o Hans e discutiu com o pai dele pra ficar aqui!

-Eu vi.

-Então? Vai esperar alguém roubá-lo de ti? Ou vai mostrar que isso que ele sente é recíproco?

O moreno concordou com a cabeça. O japinha largou a mochila do loiro e reclamou um pouco do ombro. Ajudou Johnnie a voltar para a cama e logo, ambos conversavam sobre a semana.

Depois de uma hora, Lipe chegou com Nando, trazendo um jarro de flores.

-Queria dar um ar mais vivo nesse quarto. –Disse o moreno cumprimentando Johnnie. –Deu um puta susto em nós.

-Desculpe. –Disse Johnnie.

-Ok. –Falou Nando abraçando o moreno. –É um pouco mais interessante te ver acordado, é muito chato ficar parado do seu lado.

-Nando! –Reprimiu Lipe.

-Mas é, ele não se mexe, só fica de olho fechado, francamente, se fosse eu, ia pagar pra alguém ficar aqui esperando ele acordar! –Falou Nando.

Todos começaram a rir. Felipe havia pegado talheres na casa do outro, assim, comeram o bolo que o menor havia trazido. Ficaram juntos até anoitecer. Foi quando, Nando e Kazu foram embora.

Fritz mandou uma mensagem avisando que iria buscar Lipe. Agora que Johnnie havia acordado, o loiro precisava voltar e resolver os problemas escolares que estava se metendo.

-Felipe. –Disse Johnnie sentindo uma dor no estômago. –Preciso dizer uma coisa pra ti.

-Diga... –O loiro corou violentamente.

-Eu... –Ele engoliu um seco. –Agradeço por ter ficado comigo esse tempo todo.

-Foi nada.

-Eu... to gostando muito de ti. –Johnnie corou um pouco.

Lipe ficou paralisado. O moreno parecia suar frio. O celular do loiro estava tocando, sinal que o seu pai já havia chegado no hospital.

-Que merda... –Sussurrou o moreno. –LIPE EU TO APAIXONADO! –Ele gritou se assustando com isso. –Se sente o mesmo, me espera! Eu vou ficar bem nos próximos meses e prometo... Todo mundo vai saber disso.

O loiro estava um pimentão. Suas mãos tremiam por completo, não sabia o que dizer. Estava morrendo de vergonha, só de pensar em olhar pra o moreno. Pegou a mochila, a tocou por cima das costas e saiu correndo do quarto.

Pegou o elevador e não apertou nenhum botão. Só ficou lá dentro. Abriu as portas e voltou para o quarto. Ficou na porta e respirava com muita dificuldade. Estava totalmente atordoado, chegava a chorar.

-Eu falei algo errado? –Perguntou Johnnie.

-Eu choro de vergonha... –Disse Lipe limpando as lágrimas. –Eu... Também... Johnnie.

-Lipe...

-Tchau...

O loiro saiu. Precisava se recuperar. Foi no banheiro, refez a maquiagem. Foi para o saguão e encontrou o pai. Ele o abraçou e não falou uma palavra sequer. Lipe estranhou um pouco, o loiro estava quieto e pensativo.

Quando já estavam fora de Porto Alegre, Fritz bufou e perguntou com a voz enfurecida.

-Quando ia me contar que é mais um na lista do Johnnie? –Ele estava fora do normal.

-Mais um na lista do Johnnie? –Lipe se fez de não entendido. –Como assim?

-Tu não sabe que ele é um canalha? Um filho da puta que transa com todo mundo? Como tu foi fazer isso Felipe!

-Porque tu acha que eu transei com ele?

-Tava dormindo juntinho nele hoje de manhã. –Lipe ficou vermelho. –É... Mais uma coisa que o Balthazar tirou de mim... Mas agora tu vai se ferrar entendeu loiro? Não vai mais vir pra Porto Alegre.

-O que?!

-Vai aprender a ser macho! Eu não admito bicha na minha família.

-Então para o carro e eu vou embora!

-NÃO VAI NÃO! –Fritz segurou o braço do loiro e o apertou. –Vai aprender a gostar de mulher!

-Pai, para tá me machucando!

-Vira homem e me para!

-Tu tá dirigindo!

-FODA-SE! PREFIRO MORRER DO QUE TER UMA BICHA COMO TU, QUE DEU O CU PRA AQUELE CAFAJESTE!

Ele largou o braço do filho. Continuou dirigindo e nem se importou com o choro de Lipe.


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Notas finais do capítulo

e agora José?