Perfeito para Você escrita por Thatah


Capítulo 16
Capítulo 16 - Tarde demais.


Notas iniciais do capítulo

Agora, o POV da Bella para entendermos o que realmente aconteceu. O que essa lesma estava fazendo na festa?!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/105576/chapter/16


POV BELLA

“Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que devia querer outra coisa.” - Adriana Falcão



Edward não demorou a chegar às lágrimas já haviam cessado, quando senti meu corpo sendo entrelaçado por seus braços, arrastando-o para o seu corpo frio. Estava sem forças para abrir os olhos, e tive raiva por saber como deveria estar minha aparecia.

Notei, que ao contrario do que imaginei, a presença de Edward não fez a diferença que eu gostaria que fizesse, o buraco não diminuiu, a dor não passou. E o desejo de não somente ver, mas tocar Jacob novamente parecia assombrosamente superior aos sentimentos que minha razão já tão calejada desejava me proporcionar.
Ao ser entrelaçada pelos braços de Edward, não pude conter o choro. Ele ficou surpreso, não tanto quanto deveria, mas ainda assim não estava esperando tal recepção.

- O que houve, Bella?

Depois de um bom tempo tentando me reconfortar, ele finalmente optara por me questionar, procurou entender o meu novo estado melancólico. Eu tentei, mas o choro não cessava, e as minhas forças foram se esvaindo a cada nova tentativa de reprimir o que estava sentindo. Resultado: não consegui expressar-lhe nada além de muitas lágrimas.

Como sempre, Edward, me proporcionara mais uma de sua infinita dose de paciência, me embalou em seus braços e tentou me acalmar sussurrando melodicamente a canção que fizera para mim. Sua tentativa, porém, foi em vão. Meus pensamentos estavam tumultuados demais para fazerem dominar por tal artifício.
A imagem de Jake não abandonava meus pensamentos, estava enraizada profundamente em minha mente. Nada que eu tentasse, afastava seu rosto e total frieza com que ele me recebera em sua casa.

Não o culpo, porém. Sei que tudo isso é reflexo de minhas escolhas, de minhas atitudes. Não poderia colher melhor reação a tudo o que já provoquei em Jacob.
As ilusões, o sofrimento… Eu nunca fui e nem jamais serei digna de seus sentimentos. E a tal altura, me julgava indigna de todo e qualquer sentimento. Eu era um ser desprezível, que não conseguia decidir o que realmente quer, e quando o faz, não consegue seguir em frente sem que o sabor da perda lhe seja amargamente inadmissível.

O sol já estava ameaçando se por, mas ainda era tarde, tinha tempo de me recompor. Edward esperou pacientemente, até minha voz finalmente se fizesse ouvir, e tomasse o lugar do choro incontrolável.

Ele me encaminhou até o banheiro e me deixando lá, anunciou que me esperaria no quarto. Fiquei ali, deitada no chão do banheiro assim que seus braços me soltaram e a porta foi fechada. Respirei fundo, e depois de alguns instantes deitada no chão frio finalmente me levantei.

A imagem de Jake, unida a frase de Edward no dia em que decidida a me casar com ele, provocará dor ainda maior e “irreparável” em Jacob não abandonavam meus pensamentos.

“Se dói tanto em você, como pode ser o certo?”

Eu amava Edward, não havia duvidas a respeito disso. Mas, no entanto, colocando em comparação o que senti com a sua partida – embora tivesse sido ruim – o que eu cheguei a imaginar e a própria intensidade que atribuí aos meus sentimentos naquela época, hoje se desvendavam razoáveis perto do que passei esses últimos dias a espera de uma noticia boa de Jacob.
Fiquei repassando mentalmente o momento em que vi Edward, pela primeira vez, depois de tanto tempo de angustia; ainda assim, não se comparava com o que senti ao ver Jacob. Eu não conseguia explicar ao certo o que senti ao encontrá-lo, devido ao seu tratamento, tudo em mim se fez ainda mais confuso.
Só sei que até então, não tinha desfrutado tal sentimento. A única coisa da qual eu tive certeza, é que a presença dele me reconfortava, não havia espaço para mais nada, eu me sentia inteira, viva! Senti uma felicidade inigualável. Só a presença dele já me deixava extasiada.

“Se dói tanto em você, como pode ser o certo?” Mais uma vez a pergunta rodou em minha mente…

Jacob era quem eu realmente amava, mas ainda havia recusa diante de meus sentimentos. A cada novo passo que eu dava para aquela floresta, ao lado do Jake, só fortalecia ainda mais a certeza de que é sem ele que não consigo viver e é só com ele que me sentirei completa, e não com Edward como insistentemente pensei. Mas eu ainda me recusava a ter que magoar Edward. Era injusto com ele.

Olhei para o espelho, e encarando a face refletida nele, de repente me veio à sensação de que eu não queria mudar. Nutria, ainda, um sentimento de puro pavor ao envelhecer, mas de alguma forma, eu já não estava mais tão certa de que queria ter aquela face pela eternidade. A eternidade ao lado de Edward, já não seria mais suficiente, não me parecia à escolha certa. Não diante da sensação de que me faltaria sempre algo, algo sem o qual eu possivelmente não seria feliz.
Molhei meu rosto, tratei de tentar melhorar minha aparência. Meus olhos ainda estavam inchados. Fui em direção a porta, mas hesitei, ainda não estava preparada e fiquei ali por mais alguns instantes com a nítida intenção de enrolar o quanto pudesse a minha conversa com Edward, e as conseqüentes explicações.

O que eu iria dizer? Como iria explicar tantas lágrimas derramadas mesmo depois de já garantir-lhe que estava tudo bem, e que aquela era minha escolha final?

Eu queria ir à festa, queria na verdade ver Jacob novamente. Vê-lo, tocá-lo… sentir meu coração se manifestar alegre com seu sorriso. Eu precisava das sensações que Jake provocava em mim… Senti saudades pela Bella que eu era quando estava ao lado dele. Mais natural independente… menos preocupada… Queria ardentemente descobrir o que estava rolando entre ele e a Leah, pois de alguma forma aquela cumplicidade entre eles havia me incomodado.

Sai do banheiro, decidida. Decidida a fazer pelo uma coisa: ver Jake novamente. Eu queria, eu precisava vê-lo.

Edward estava sentado despreocupadamente na cama, com a expressão serena de sempre. Ele sentou-se assim que me viu entrar, e estendeu os braços em minha direção. Sentei em sua frente e, hesitante, olhei em seus olhos. Pude perceber que ele não se alimentará muito bem.

- Vai me dizer o que aconteceu? – perguntou ele, selando nossos lábios no beijo apressado de sempre.

Não haveria sentido em esconder, Alice provavelmente já devia tê-lo informado.

- Jacob voltou.


Ele sorriu, apenas com a boca, seus olhos permaneceram intocáveis.

- Ele está bem?

- Esta…

Sabia que aquela era uma forma indireta, de me perguntar o porquê das lágrimas. Se ele estava bem, não existiam motivos para estar chorando.

- Que bom. Agora que você já tem o seu padrinho, podemos casar sem problema nenhum.
Fiquei um instante em silencio.

- Creio que não será preciso. – murmurei.

- Vocês brigaram? Ele se recusou a ir ao casamento? – ele mal deixou eu responder – Não se preocupe, Bella. Encontraremos alguém para ser seu padrinho, sei que não será a mesma coisa, mas… não será isso que irá impedir o casamento.
Desta vez o sorriso de seus lábios, percorreu seu olhar.

A raiva que senti de mim, pelo que eu estava prestes a fazer ameaçou acabar comigo. Depois de todas as juras, depois de todos os problemas que enfrentamos para ficar juntos eu iria dar um fim, desistir de tudo… do nosso futuro juntos.

- Não, creio que não será isso que impedirá o casamento… - sussurrei.

Finalmente Edward notou o tom na minha voz, perceber que era muito mais sério do que apenas uma briguinha entre amigos tolos.

- O que aconteceu, Bella? Você está pensando em adiar ainda mais o casamento? Não está segura de sua decisão?

- Estou, nunca estive tão decidida.

Ele sorriu, receoso, e então tentou me abraçar; eu me afastei e fiquei de pé.

- Você estava certo, Edward, eu o amo.
Os olhos de Edward me fitaram de uma forma diferente, inexpressivos, insondáveis.

- O que você está tentando me dizer?

Respirei fundo, tentando me recompor, reprimir a dor.

- Que eu fui uma tola, Edward. Eu pensei que você era tudo, e a única coisa que eu poderia querer ter em minha vida, mas não é. – As lágrimas escorreram por meus olhos – Sinto muito Edward, mas não posso me casar com você.

Fiquei surpresa com minhas palavras, eu não as tinha planejado, na verdade cheguei a imaginar uma conversa menos dramática, com um final menos drástico. Mas lá estavam todos os meus sentimentos sendo expostos da maneira mais firme, que eu me permiti expressar.

- Você me ama, Bella. Não pode fazer isso comigo. Eu a amo, você é a minha vida. – Suas mãos afagaram meu rosto. – Minha Bella… - sua voz ecoou em um leve e dolorido sussurro, por minha mente.

- Eu amo você, mas sinto que não serei feliz ao seu lado. E você sabe disso… - encarei seu rosto pálido, aquele rosto que sempre me deixou com as pernas bambas, que sempre me tirou a razão, hoje não passava de um rosto de alguém especial.

- Só sei que não serei nada sem você. – murmurou ele.

Ele me puxou para perto de seu corpo, e uniu ferozmente nossos lábios, mas o beijo não me provocou nenhuma sensação. Minhas pernas permaneceram firmes, os batimentos do meu coração permaneceram estáveis. E a sensação, a vontade que senti… foi por outros lábios, outra boca moldurada na minha, era tudo o que eu mais queria.
Assim que ele encerrou o beijo, suas mãos caíram ao lado do seu corpo. Eu o olhei, suplicando por desculpas, e então retirei a aliança do meu dedo e a entreguei. Sua mão a envolveu com tanta força, que achei que ele a iria quebrar, mas ela permaneceu intacta.

- Sinto muito, mas não irei permitir que você faça isso. - sua voz era fria – Nós nos amamos, e isso não há como negar. Não sei que tipo de conversa você teve com ele, mas lhe asseguro de que está cometendo um terrível erro, Bella.

- Jacob não me falou nada, eu é que descobri que não consigo mais ficar longe dele.

- Você esta confusa, comovida com a tristeza dele. Por isso, te darei um tempo. Assim que tudo se resolver em sua mente, teremos o fim que merecemos.

Tentei argumentar, dizer a ele que eu não estava enganada, pela primeira vez as coisas pareciam se encaixar na minha vida, mas Edward não permitiu dizer mais nada.

- Vou deixá-la, para que possas pensar melhor. Charlie já está a caminho… - ele sorriu – Você sabe onde me encontrar.

Seus lábios moldaram os meus brevemente. E então Edward se foi.


Fiquei ali parada, diante da janela, o vento que atravessava por ela fez meu corpo inteiro se manifestar tremulo. As lágrimas que rolaram por minha face, não me perturbaram, não eram lágrimas de uma dor irreparável, o sofrimento não era latente; era dor de culpa- somente- culpa por magoar alguém tão especial. Senti então que a tristeza que senti ao vê-lo partir, logo seria superada, fiquei satisfeita ao perceber, que não enganara... Minha escolha, finalmente, estava certa.

O sol já havia se posto… Ouvi o barulho da viatura de Charlie e então fechei a janela, peguei uma roupa no armário, troquei e desci as escadas, decidida a ir falar com Jacob, compartilhar com ele a novidade, na esperança de que ele pudesse me perdoar e manifestar que ainda me amava.

- Onde você vai? – Charlie me perguntou assim que passei por ele correndo vestindo um casaquinho leve.

 - A La Push…

Não fiquei para ver sua expressão, muito menos para ver qual seria sua opinião, apenas entrei no carro e segui o meu roteiro. Estava disposta a vê-lo, meu coração martelava ansioso por sua reação ao me ouvir falar do que acabará de desistir.
A estrada pareceu longa demais, apesar de o caminho poder ser percorrido em poucos minutos, a distância parecia longa demais para minha ansiedade.

As batidas do meu coração me fez ter a sensação de que ele sairia pela boca. Minhas mãos grudadas no volante suavam, borboletas percorreram meu estomago e um frio na espinha me dava uma sensação esquisita.



A imagem de Jacob e todas as suas palavras, as juras de amor, a repreensão e até mesmo a nossa ultima conversa, não saia da minha mente. Bem como todos os momentos que passamos juntos… eles me davam ainda mais credibilidade a minha escolha, me passavam a segurança de que precisava para ser feliz.

“- Não vou mais cortá-la ao meio, Bella. “

“Eu sou perfeito para você, Bella. Teria sido tranqüilo… confortável, fácil como respirar. Era o caminho natural que sua vida teria tomado…”

Agora eu via com mais clareza, tudo o que Jacob tentou me dizer. Só pude perceber isso com sua ausência… Fiquei dias imaginando vê-lo, correr para os seus braços e perder a respiração em seu abraço de urso; mas os dias passavam e nada. Jake não aprecia… Fui perdendo o ânimo em tudo, nada que Edward fizesse me alegrava, nada me dava prazer, nada aquecia meu corpo, minha alma ou meu coração. E nem poderia, pois só Jacob tinha o poder de me fazer sentir assim, aquecida, leve e descontraída. Quando Charlie me deu a noticia de seu retorno, eu não podia – embora as minhas obrigações de noiva me dissessem que não devesse – me recusar a vê-lo, não quando cada minúscula parte do meu corpo gritava por sua presença.

Estacionei o carro na primeira vaga que encontrei disponível, as luzes na praia vinham ganhando presença na medida em que eu me aproximava, a música parecia animada. A cada novo passo, eram como se correntes caíssem do meu corpo.


Apreensão. Ansiedade. Um misto de emoções se apoderou de mim, eu não sabia o que exatamente eu iria dizer, como eu iria me aproximar dele, a única coisa que eu tinha certeza era de que eu queria vê-lo.

Havia muitas pessoas, muitos sorrisos, muitos olhares… todos disputando lugar, mas minha atenção só queria estar presa a uma pessoa. Consegui ver algum dos meninos, mas nada de Jake.
Aproximei-me mais alguns passos e então uma figura feminina, alta e desenvolta passou por mim. Tamanha era a sua agilidade que a única coisa que consegui ver foi a sua silhueta, serpenteando pelas pessoas que lhe davam passagem com a expressão de pura admiração. Consegui então encontrar o olhar de alguém conhecido, Embry e Quil a olhavam embasbacados, foi então que o vi de relance.

Jacob estava sentado próximo a eles, de costas para a mulher que a cada passo, parecia ir mais e mais a sua direção. Aquilo me deixou inquieta, meus olhos permaneceram com a garota. Não acreditei quando ela aproximando-se de Jacob lançou seus braços ao redor de seu pescoço e o beijou. O chão saiu de baixo dos meus pés, o pulsar revoltado do meu coração ameaçava romper as paredes do meu peito. Jake colocou-se de pé e aprofundou o beijo e a trouxe para mais próximo de seu corpo.
O que estava acontecendo?
Minha mente rodopiadva, meu coração pareceu desfalecer dentro do meu peito...
O beijo não demorou muito, mas tive a sensação de ter se passado uma eternidade. Ela encerrou o beijo, sussurrou algo em seu ouvido e então afundou a cabeça em seu pescoço.

As lágrimas escorreram pelos meus olhos, ao perceber a nítida intimidade entre eles, aquilo já havia acontecido outras vezes. Queria sair dali, mas meus pés continuavam plantados. Vi Emily e Rachel pelo canto dos olhos, mas não me virei em sua direção, elas caminharam em direção ao casal, foi então que eu pude ver quem era a tal garota. Meu espanto foi ainda maior, mas então percebi que a reação de Leah hoje de manhã tinha fundamento. Eles estavam juntos! Tudo agora fazia sentido, Jake me tratou friamente não somente pelo fato de eu tê-lo magoado inúmeras vezes, ele foi frio e distante porque agora estava comprometido com a Leah.

Os olhos de Jake finalmente cruzaram com os meus, o sorriso em seus lábios abandonaram rapidamente seu rosto.
Finalmente minhas pernas se movimentaram, a vontade de sair dali venceu a paralisação momentânea que aquela cena me provocou, minhas pernas não eram ágeis, levei alguns tombos no meio do caminho, mas finalmente encontrei meu carro.

- Bella! – A voz de Jake me trouxe uma onda ainda maior de histeria.

Procurei a chave, mas minhas mãos trêmulas impediram de tirá-las do bolso, tentei mais um pouco e então consegui tirá-las. Entrei no carro, decidida a ir embora. Meus pensamentos estavam embaralhados, confusos, meu coração se contorcia de dor.

- Ei, espere… - As mãos de Jacob já estavam na porta, impedindo-as de serem fechadas.

- Não sabia que você vinha…

Não consegui olhá-lo, e sua frase me deixou ainda mais chateada, se eu não viesse, talvez nunca descobrisse que fui substituída em seu coração.

- Foi uma péssima decisão mesmo. Vejo que você já superou…

Eu estava ferida, magoada e mesmo sabendo que ele não devia nenhuma explicação a mim, não pude deixar de me comportar como a ofendida. Era mais forte que eu, as palavras apenas saíram, cheias de rancor e uma suplica camuflada de que não fosse verdade, esperança velada de que ainda me amasse.

- O que raios você quer, Bella? Escolheu o Edward, mas não larga do meu pé. É pedir demais que você me deixe ser feliz, já que não quer fazer parte e nem ser o motivo da minha felicidade? – Jake gritou irritado.


O choro cessou, apertei o volante com força, sentindo o baque daquelas palavras, eu não tinha como e eu não podia negá-las. Eu era verdadeira culpada por toda aquela situação. Olhei em sua direção, captando pouco de suas feições já que as lágrimas me impediram de olhá-lo com perfeição.

- Pensei que você me amasse… - sussurrei sufocada não conseguindo admitir que eu o houvesse perdido.
- Eu sou um lobo, Bella, não um cachorro. – grunhiu ele, irritado afastando-se do carro.

- Não quis dizer isso…

Tentei me recuperar do baque de suas palavras, mas o “tapa” ardeu em minha face.

- Você nunca quer dizer o que realmente sai da sua boca. Mas isso não importa… Você escolheu o seu caminho, agora eu irei fazer o mesmo.

Jacob ficou irritado, e começou a jogar as palavras da minha cara. Todos os seus momentos de frustração estavam sendo expostos diante de mim, cobrando e se vingando.

- Não foi para isso que eu vim… - tentei amenizar sua raiva, dizer a ele que finalmente eu tinha feito a minha escolha.

Queria mais do que tudo, saber se ainda tinha alguma chance, alguma forma de ser perdoada. Mas ele estava irredutível, a decisão ardia em seus olhos e queimava meu peito. Eu havia perdido a chance de ser feliz ao lado dele.

- Não importa mais!


Mas eu estava decidida a fazê-lo me ouvir, eu precisava dizer a ele que o amava.


Jacob virou-se para a sombra, achei que ele iria me deixar, que aquele era o fim da nossa conversa e eu nem havia tido tempo de contar a ele. Mas eu não podia deixá-lo sair assim, sem antes lutar por aquilo que eu queria, e a única forma era dizer a ele que finalmente havia desistido do casamento com Edward e que era com ele que eu queria ficar, mas não tive chance, quando sai do carro para detê-lo vi alguém sair das sombras.


Leah aproximou-se, hesitante. Só então pude ver o quanto Leah estava linda. A beleza dela finalmente tinha sido elogiada, com a sutil maquiagem em seu rosto. Pela primeira vez vi a beleza selvagem de Leah estampada diante dos meus olhos, e aquilo me feria muito mais agora que eu tinha consciência do motivo de sua transformação. Leah estava arrebatadoramente feminina. E isso era de deixar qualquer uma no chinelo, principalmente eu, uma garota pequena, franzina e branca. Não havia como competir com suas curvas, seu sorriso, seus olhos imperiosos, selvagens...
Observei Jacob se afastar de mim e então aproximando-se de Leah a puxou pela cintura, de maneira a deixá-la colada em seu corpo. O ciúmes me corroeu por dentro, meus olhos ardiam em chamas, minhas mãos suavam e meu coração oscilava derrotado diante da inegável perda.

- Você como minha amiga, deveria estar feliz por mim. - Tentei me manter firme, mostrar que aquilo não me abalava, mas era inútil o rumo daquela conversa já tinha me causado dor o suficiente para me negar uma recuperação rápida e simples. – Leah e eu somos namorados, espero que compreenda e apóie.

O choro travou em minha garganta, com a única intenção de me torturar. As palavras que eu intencionei dizer ficaram detidas na minha garganta, junto ao choro. Meus olhos se fecharam, impedindo que as lágrimas rolassem… Eu não podia mais derramar lagrima nenhuma, isso não me traria Jacob de volta.

- O que te deixar feliz! Até mesmo amizade à distância… - murmurei, desfazendo o real sentido dos meus sentimentos, da minha intenção.

Eu desejava a sua felicidade, mas mais do que nunca, desejava que ela fosse ao meu lado.

Entrei no carro novamente, eu não tinha estrutura para vê-lo sendo tirado de mim.

- Por que já vai? Você não precisa ir embora. – Jacob disse ao me ver entrar no carro.

- Preciso, minha visita tinha um propósito.

Eu mesma não dei conta da sentença pronunciada por meus lábios, mas tinha certeza de que Jacob entenderia.

- E qual seria ele? – perguntou ele, curioso pela primeira vez desde que começamos a nos falar.

- Não importa mais… - foi tudo o que disse, e então coloquei o carro em movimento.
Dirigi o máximo que pude, as lágrimas escorreram por meu rosto assim que atravessei a fronteira. O estrago, desta vez, era visível, palpável, inegável. Senti-me partida em pedaços, sem a esperança de um dia estar reconstruída novamente. Deixei as rodas encontrarem o acostamento, assim que percebi que seria irresponsabilidade minha continuar dirigindo nestas condições.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali, o choro parecia uma tsunami de dor e sofrimento. Quando ele finalmente foi encerrado, os pedaços ainda estavam espalhados dentro de mim, não havia forças para me levantar, me mover. O banco do carro onde meu rosto estava encostado estava molhado e grudento. Quando me levantei, pude perceber que a noite já havia partido, o sol estava se pondo.

Ouvi algumas batidas na porta e me assustei. Por um instante pensei que pudesse ser Jacob, mas minha decepção ficou estampada no meu rosto, não era quem eu queria, mas pelo menos era alguém conhecido e amigo.

Seth me olhava preocupado, me levantei, passei as mãos sobre o cabelo e então abri o vidro.

- O que aconteceu, Bella? Você está bem?


Ele abriu a porta do carro para avaliar melhor o meu estado, tentei lhe assegurar de que estava tudo bem, mas minha voz não saiu. As lagrimas escorreram – menos revoltosas – pelo meu rosto.

- Charlie deve estar preocupado com você. Vamos, deixa que eu te levo. - disse ele, estendendo a mão na espera das chaves.


Olhei séria para a criança que me pedia as chaves, ele retribuiu o olhar ainda mais carregado de seriedade.

- Qual é Bella? Não confia em mim?

Seus olhos cintilaram assim que os raios de sol bateram em seu rosto, e iluminou o sorriso sorrateiro que apareceu em seus lábios

Pensei em recusar, mas que escolha eu teria? Sem contar que Seth, apesar da aparência, já era bem mais maduro, faltavam apenas alguns quilômetros…

- Boa menina.
Seth colocou-se no banco do motorista, e eu passei, hesitante, para o banco do carona, meu corpo estava cansado, dolorido pela posição que fiquei a noite toda, meus olhos ardiam – devido ao choro, e a claridade – minha cabeça parecia ter sido espancada.

Seth era prudente na direção, muito mais calmo e diligente que outros rapazes na sua idade jamais seriam. Ele dirigiu em silencio, o caminho todo, vez ou outra eu pude sentir seu olhar em minha direção. Eu sabia que ele queria falar algo, mas foi consciente o suficiente para não fazê-lo.

Ao chegar em casa, avistamos a viatura de Charlie, me afundei no banco sem saber o que de fato deveria esperar.

- Esta entregue… - Seth saiu do carro e abriu a porta do carro, como um completo cavalheiro.

Tentei sorrir, mas isso me exigiria certo animo o qual eu não tinha.

Por sorte e por muito pouco não fomos pegos por Charlie, ele saiu minutos depois que o carro já estava devidamente estacionado. Quase nos esbarramos novamente. Charlie me passou um belo sermão, mas Seth o assegurou de que eu estive o tempo todo na praia com eles, e que não aconteceu nada demais, apenas perdemos a hora.

Charlie olhou indiferente para Seth, e lhe deu outro sermão, desta vez ele não falou nada. Ouvimos calados, todas as recomendações de Charlie, a manifestação de toda sua preocupação e para finalizar a sua sentença. Eu estava – novamente - de castigo!
Não era preciso perguntar para onde Charlie iria. Respirei aliviada, por ter a oportunidade de lamentar minha decepção sem ter que contar com Charlie como expectador e especulador ranzinza.

Ficamos na varanda, olhando a viatura de Charlie desaparecer na curva logo no fim da rua.

- Você vai ficar bem? – Seth aproximou-se de mim colocando as chaves em minhas mãos.

- Acho que sim.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!